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Do jeito que tá, só rezando
Posted by Cottidianos
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00:14
Quinta-feira, 19 de maio
“Um país que é doente e não se cura
Quer
ficar sempre no terceiro mundo
Que
do poço fatal chegou ao fundo
Sem
saber emergir da noite escura
Um
país que engoliu a compostura
Atendendo
a políticos sutis
Que
dividem o Brasil em mil Brasis
Pra
melhor assaltar de ponta a ponta
Pode
ser o país do faz-de-conta
Mas
não é com certeza o meu país”
(Meu País – Zé Ramalho)
Dá
certa revolta quando vemos nos noticiários o descaso do poder público para com
a população brasileira, principalmente, para com os mais necessitados, ou seja,
aqueles que não condições de contratar um plano de saúde, aqueles que não têm
condições de matricular seus filhos na rede particular de ensino.
É triste
ver aqueles que precisam de atendimento médico, morrerem em frente aos
hospitais, ou mesmo dentro deles, por falta de médicos, ou por falta de
medicamentos, de equipamentos, ou até mesmo por falta de humanidade de certos
profissionais da aera da saúde. É triste ver, nas áreas rurais, crianças tendo
que viver uma verdadeira aventura, para ter o mínimo de educação aprendida nos
bancos escolares, ensinada por professores que tem de ser, a cada dia, um
Indiana Jones, para poder transmitir um pouco de conhecimento aos seus alunos.
Tudo
poderia ser tão fácil. Tudo poderia ser tão diferente. E não é. E por que não
é? Por que o Brasil foi tomado há algum tempo, por aves de rapina que, na
desenfreada corrida pelo poder, roubam o que podem e o que podem não podem dos
cofres públicos, chantageando, extorquindo, mentindo, roubando, e matando
aqueles que se recusam a se enquadrar em seus fraudulentos esquemas. Hoje, nós
brasileiros, compreendemos tão claramente quanto às águas cristalinas que rolam
do alto das pedreiras, o motivo de estarmos com hospitais sucateados, escolas
idem. E isso nos enche de revolta. Não queremos mais isso para a nossa nação. O
povo brasileiro não merece ser tratado assim. O Brasil, essa terra linda em que
vivemos, não merece ser tratado assim.
Ainda
não entrarei no mérito das questões práticas das medidas adotadas pelo nosso
presidente interino, Michel Temer. Continuarei a bater nessa tecla da corrupção,
pois os fatos continuam a vir à tona e não podem ser ignorados, até porque a
causa de toda essa esculhambação que estamos vivendo atualmente, têm suas
origens na terrível e injusta praga da corrupção.
Mas,
Oxalá seja louvado, justiça está sendo feita. Ainda que tardiamente, a justiça
brasileira tem acordado de um longo sono. Quando vemos partidos, empresários, e
políticos poderosos sendo presos e condenados, isso nos faz ver que o
judiciário brasileiro descobriu enfim, que justiça é para todos, e que cadeia não
é apenas para pobres. A luta contra a impunidade ainda está longe de ser
efetiva em nosso país, mas já dá sinais de que esse é um caminho possível.
Vamos
aos fatos que vão aos apontando que a luta contra a impunidade não é um discurso
utópico. Inspirados no exemplo de Sérgio Moro, outras luzes vão sendo acesas no
mundo do judiciário.
O juiz
Genilson Rodrigues Carreiro, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santo André,
condenou o Partido dos Trabalhadores a devolver R$ 3,5 milhões aos cofres
públicos da cidade. O juiz alega em sua decisão judicial, que o PT teria se
beneficiado de um esquema de corrupção que vigorou quando era prefeito da
cidade, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. Carreiro, na mesma
decisão, suspendeu, por cinco anos, os direitos políticos de Gilberto Carvalho,
que foi ex-ministro do governo Dilma, e atuou como secretário no governo Celso
Daniel. Segundo entendimento do juiz, Gilberto Carvalho era o responsável por
arrecadar o dinheiro da propina para o grupo criminoso.
Também
foram condenados, Sérgio Gomes de Souza, ex-assessor de Celso Daniel, Ronan
Maria Pinto, dono de uma empresa de ônibus, e o ex-vereador, Klinger Luiz de
Oliveira Souza. A mesma quantia com a qual o PT deverá ressarcir os cofres
púbicos também são obrigados a ressarci-los os demais condenados na decisão do
juiz.
Através
de ameaças, a quadrilha extorquia dinheiro de empresários, e desviava dinheiro
dos cofres públicos, principalmente, em operações que se referiam a contratos
de obras públicas, e com empresas de serviço de coleta de lixo.
Segundo
o Ministério Público, Celso Daniel sabia do esquema, e até concordava com ele,
pois pensava que o dinheiro arrecadado ilicitamente ia para os cofres do PT, de
onde saia para financiar campanhas eleitorais do partido em várias partes do
território nacional. Porém, ao descobrir que a quadrilha embolsava parte do
dinheiro, Celso Daniel quis sair do esquema, e foi assassinado.
O
PT vai recorrer da decisão.
Enquanto
isso, o machado firme do juiz Sérgio Moro vai tomando decisões corajosas.
Moro
condenou o homem de ferro do governo Lula, José Dirceu, a 23 anos de prisão,
pelo envolvimento dele nos escândalos apurados pela Operação Lava Jato. Dirceu,
que já cumpria pena pelo seu envolvimento no escândalo do mensalão, acumulou
mais uma pena ao seu currículo. Moro o condenou por lavagem de dinheiro,
corrupção e organização criminosa. Segundo o juiz, Dirceu recebeu R$ 15
milhões, de dinheiro desviado da Petrobrás. Em relação a Dirceu, a sensação de
impunidade era tanta, que ele ainda recebia propina da Petrobrás, mesmo
enquanto o plenário do Supremo julgava a ação penal 470, mais conhecida como
mensalão. Há registros de que ele recebeu propina, pelo menos, até 2013. Nem o
Supremo Tribunal Federal ameaçava Dirceu.
Sérgio
Moro ainda condenou outras dez pessoas, incluindo o sócio e irmão de José
Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e João Vacari Neto, ex-tesoureiro do
PT, e o ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque. Vaccari já acumula duas condenações
na Lava Jato, e Duque, três.
Viremos
a página. Olhando para o governo interino de Michel Temer — não para as medidas
urgentes que ele está adotando para tirar o país da crise, ou, pelo menos,
fazer respirar um pouco aquele que está se afogando, — mas para as pessoas que
o rodeiam, as pessoas que ele chamou para dirigir o barco junto com ele, o que
podemos concluir? Não quero ser pessimista, mas as perspectivas não são nada
animadoras. É tudo mais do mesmo. Apenas se mudou o comando, ainda que interinamente,
e penso que definitivamente, mas os sinais são os mesmos.
Comecemos
pelo novo líder do governo na Câmara, André Moura, do PSC. Cruz credo! A ficha
do homem não é, nem de longe, das mais animadoras. Moura aparece apenas em
oito, oito, repito, investigações do Supremo Tribunal Federal. Em três ele já é
réu. No Estado de Sergipe, ele é alvo de um inquérito por tentativa de
homicídio. Nesse inquérito, ele é suspeito de matar um segurança de prefeito
que o sucedeu, na cidade de Pirambu. O deputado, claro, nega todas as
acusações. Como isso é possível? Confesso a vocês que não tenho respostas a
essa pergunta.
Será
que estamos tão ruins assim de políticos que não haja alguém acima de qualquer
suspeita a quem Temer chamasse para seu governo? O pior é que parece que no
Congresso não existe mesmo alguém acima de qualquer suspeita.
Outro
fato que acho estranho é que sete novos ministros nomeados por Temer são
investigados na Lava Jato. São eles: Romero Jucá (PMDB-RR) - Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão; Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) - Secretaria de Governo;
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – Turismo; Mendonça Filho (DEM-PE) – Educação;
Raul Jungmann (PPS-PE) - Defesa, Bruno Araújo (PSDB-PE) – Cidades, e Ricardo
Barros (PP-PR) – Saúde.
Obviamente,
eles são investigados. Mas, e se virarem réus, que providencias tomará o
governo interino, Michel Temer. Além do que teremos mais um vexame da dança das
cadeiras na esplanada dos ministérios.
Porém,
se sobre o próprio presidente interino pairam os fantasma da Lava Jato, que
dirá sobre seus assessores e ministros.
A
nós brasileiros, não vejo alternativa senão dobrar os joelhos em terra e pedir
que venha sobre nós a sabedoria de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o poder do
machado da justiça de Xangô. E temos que fazer isso antes que os céus se
irritem conosco, e façam descer brasas ardentes sobre nossa nação. Aí será o
fim.
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