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Palhaçada do Waldir
Posted by Cottidianos
on
22:29
Segunda-feira,
09 de maio
“Ah, o mundo sempre foi
Um
circo sem igual
Onde
todos representam
Bem
ou mal
Onde
a farsa de um palhaço
É
natural...”
(Sonhos de um palhaço – Sérgio Sá e Antonio
Marcos)
Waldir Maranhão |
A democracia
brasileira, juntamente com as instituições que a formam, está, com certeza,
sendo provada no fogo... E o que é provado no fogo, ou torna-se cristal, ou
cinza. Vamos ver se, ao final dessa prova de fogo, teremos cristal ou cinzas. O
tempo dirá.
Hoje,
uma decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, do PP, do
Maranhão, surpreendeu a todos, e deixou o Brasil à beira de um ataque de
nervos. A decisão de Waldir tentava,
simplesmente, anular as três sessões da Câmara que aprovaram a admissibilidade
do processo de impeachment da presidente, Dilma Rousseff, em 17 de abril
passado. Quando o processo já está nas mãos do Senado, que ainda esta semana,
se reúne para decidir sobre o afastamento da presidente, ele, de uma hora para
outra, resolve acolher um pedido que havia sido feito por José Eduardo Cardozo,
advogado-geral da União, em fins de abril.
O
fato causou uma tremenda confusão. Primeiro, porque ninguém, em sã consciência,
esperava que uma decisão como esta fosse tomada a esta altura do campeonato, segundo
porque o deputado havia votado a favor do prosseguimento do processo de
impeachment, e terceiro porque, era aliado fiel de Eduardo Cunha, a quem
substituiu na presidência da casa legislativa desde a semana passada, por
ocasião do afastamento de Cunha. Lembrando que, ainda durante seu voto na
própria sessão de votação do impeachment, Waldir declarou lealdade a Cunha. Que
lealdade, hein?!! Bastou Cunha dar as costas para ele tentar derrubar um
processo conduzido por aquele a quem declarou fidelidade.
Bom,
pelo que se diz por aí, a reputação do deputado não é das melhores. Ele é
investigado na Lava Jato por suspeita de propina. Mas quem não é, neste nosso
Congresso, não é verdade? Waldir, votou a favor da admissibilidade do
impeachment contrariando uma ordem de seu partido, e o voto dele foi mudado há
apenas três dias antes da votação na Câmara. Mas não pensem vocês que isso
tenha sido uma atitude patriota, ou em favor do povo brasileiro. Que nada. Segundo
informações da imprensa, Waldir Maranhão teria votado em contrário ao partido pela
promessa de concorrer ao Senado nas próximas eleições de 2018. O convite teria
vindo de Flávio Dino, do PC do B, do Maranhão, que será candidato à reeleição.
Outro
fato que nos leva a admitir que o “nobre” deputado, nem de longe está preparado
para o cargo que está assumindo, mesmo que interinamente, é que o recurso
protocolado pela Advocacia Geral da União (AGU), dia 25 de abril, estava fora
do prazo, pois a essa altura, o processo já havia sido enviado ao Senado. E por
estar fora de prazo, foi desconsiderado, sem que alguém tivesse a preocupação
de arquivá-lo. Ao assumir a presidência da Câmara, Waldir, estranhamente,
resolveu analisar o processo, e como se fora ele a própria instituição
soberana, sem consultar ninguém, resolve anular um processo aprovado pela
grande maioria dos deputados, com a chancela da maioria da população
brasileira. Fico a pensar se teria rolado algum dinheiro nessa jogada... Do
jeito que o dinheiro voa rasteiro no meio político, quem vai saber? Ou teria
ele simplesmente a intenção de causar confusão? Acho muito difícil.
Felizmente,
e para felicidade geral da nação, o presidente do Senado, Renan Calheiros, resolveu
ignorar uma decisão tão estapafúrdia e prosseguir com rito do impeachment no Senado.
Sábia decisão. Mesmo não sendo um político pelo qual tenho admiração, dessa
vez, pelo menos, palmas para ele.
Por
falar nisso, o processo de impeachment continua a todo vapor no Senado, com
direito aos discursos de defesa e acusação, coisa impensável em uma situação de
golpe. Golpe é golpe, e acabou. Não tem conversa. Não sei a quem os petistas
querem enganar quando dizem que o impeachment é um golpe. Talvez a eles mesmos,
e aos menos esclarecidos, seus seguidores, sejam eles intelectuais ou não. Pois
quem disse, que todo intelectual é esclarecido? A história presente está nos
mostrando que não.
Na
próxima quarta-feira (11), está prevista a instauração do processo de
impeachment da presidente no Senado. Havendo uma decisão favorável a isso, a
presidente será afastada por 180 dias, até o julgamento final do processo. Só
um milagre salvará a presidente desse afastamento... Porém, um milagre de fato,
não um milagre forjado, como foi a tentativa de hoje.
Se
tudo correr como o previsto, terminaremos a semana com um novo presidente no
comando do Brasil. Claro, não é o presidente que gostaríamos de ter, mas o
presidente que a força das circunstancias no impôs.
E
se Dilma se for... Será muito difícil que ela volte.
O
afastamento dela, com certeza não varrerá de nosso país a impunidade, uma vez
que ela está tão entranhada na política e na sociedade brasileira, como estão
entranhadas na terra as raízes de um frondoso ipê. Mas, com certeza, Dilma
levará consigo uma era petista de mentiras, chantagens, corrupção, dissimulação,
e, quem sabe, até crimes mais graves...
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