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Eduardo Cunha é afastado das suas funções de parlamentar: Uma vitória da lei, da justiça, e da sociedade brasileira
Posted by Cottidianos
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22:15
Quinta-feira,
05 de maio
Eduardo Cunha |
Acompanhamos
essa pitoresca tragicomédia através das redes televisivas, dos jornais online,
dos jornais e revistas impressos, e das rádios. To mundo quer transmitir essas
aberrações primeiro, porque dá audiência, e segundo porque se trata de momentos
que, certamente, entrarão para os livros de história de nosso país. É triste
ver o nível moral de nossa classe política em todos os seus níveis, as
desastrosas consequências que isso acarreta para a população, principalmente, e
porque não dizer essencialmente, a classe menos favorecida da população, ou
ainda como diriam os sociólogos, aqueles que estão, mais do que nunca
espremidos na base da piramide.
Hoje,
Eduardo Cunha acordou com um oficial de justiça batendo à sua porta. Em suas
mãos o homem trazia uma notificação. No início, ele se recusou a assinar. Mas
enfim, os seus advogados devem tê-lo convencido a tal ato. Toda essa confusão
na porta do presidente da Câmara se deveu a uma ordem do ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que, na noite de quinta-feira (04),
havia determinado o afastamento do “nobre” deputado, de suas funções como
parlamentar, e, consequentemente como presidente da Câmara.
Essa
era uma notícia que o Brasil aguardava com ansiedade e se perguntava porque o
STF ainda não havia tomado tal decisão, uma vez que pelos seus aliados no
congresso, talvez Cunha não chegasse a ser afastado nunca, mesmo com o mar de denúncia
e evidências de corrupção dos quais ele é acusado.
Com
essa decisão, Zavascki atende a um pedido do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, feito em dezembro do ano passado. Em seu pedido, Janot
argumentava o óbvio: Cunha usava de seu poder e influência como presidente da
Câmara para obstruir, colocar todo o tipo de entrave nas investigações feitas
contra ele pelo Conselho de Ética da Câmara, no processo que pede sua cassação
por quebra de decoro parlamentar. Cunha havia mentido na CPI da Petrobrás ao
dizer que não tinha contas no exterior. Depois surgiram fartas provas da
existência dessas contas, mesmo assim o parlamentar continuou negando a
existência delas.
Apesar
do afastamento de Cunha da Câmara, ele não perderá o foro privilegiado. Teori
respeita a Constituição Federal na questão de que cabe ao Congresso Nacional a
decisão de cassar o mandato de um parlamentar, mesmo se ele tiver sido
condenado pela justiça e da decisão não caiba mais recursos.
O ápice
da decisão do Supremo, ocorreu, de fato, na tarde desta quinta-feira, que para
muitos juristas representou um momento histórico. Reunidos em plenário, os
ministros do STF apreciaram a decisão de Teori Zavascki e, por unanimidade, votaram
pelo afastamento de Cunha.
Os
nobres ministros nos livraram assim de uma possível vergonha ou humilhação,
pois se a Dilma for realmente da Presidência por 180 dias até a conclusão do
processo, como prevê o rito do impeachment no Senado — e é mais do que provável
que isso aconteça — numa ausência de Michel Temer, Cunha assumiria o cargo de
presidente do Brasil. Imaginem sermos governados, ainda que interinamente, por
um presidente réu no Supremo, por crimes de corrupção na Lava Jato, e ainda
enfrenta processo por falta de decoro parlamentar no Conselho de Ética da
Câmara.
Graças
aos céus, o Supremo Tribunal Federal nos livrou desse vexame.
Em
um dos grampos telefônicos divulgados com a autorização do juiz Sérgio Moro, em
conversa com a presidente Dilma Rousseff, Lula dizia: “Nós temos uma Suprema
Corte totalmente acovardada”. Lula se referia a incapacidade de a Suprema Corte
não enterrar a Operação Lava Jato, ou pelo menos minimizar seus efeitos. Eu tomo
em outra direção essa fala do ex-presidente — também ele envolvido até o
pescoço em escândalos — e digo “por muitos anos, nós sempre tivemos um
judiciário acovardado e conivente com as falcatruas dos poderosos”.
A
corrupção que reina soberana em nosso país, com direito a trono e cetro, não é
de hoje, muito pelo contrário, sua origem remonta a formação de nossa terra como
nação. É verdade que o PT institucionalizou essa prática de tal forma, que até políticos
da oposição entraram a participar da macabra festa onde o dinheiro ilícito jorrava
como fontes abundantes. Se a corrupção reinava como rainha, todo rainha tem que
ter seu rei, e este é a impunidade que impera no Brasil, de norte a sul, de
leste a oeste. Sempre foram noticiados de casos de poderosos que faziam e
desfaziam, mandavam e desmandavam e não lhes aconteciam absolutamente nada.
Parece
que, aos poucos, as instituições brasileiras vão criando coragem, deixando de
ser covardes. Sabemos que não surgirá em nosso meio uma mágica fada com uma
varinha de condão, que, com apenas um toque mágico, transforme a abobora em carruagem.
Mas esperamos que essa crise intensa na qual estamos imersos seja o limiar de
um novo começo. Desejamos que toda essa humilhação pela qual estamos passando,
seja o início de um novo Brasil.
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