0
Corrupção: Um veneno capaz de arruinar as conquistas de uma nação inteira
Posted by Cottidianos
on
00:34
Domingo,
14 de dezembro
“Nas
favelas do senado
Sujeira
pra todo lado
Ninguém
respeita a Constituição
Mas
todos acreditam no futuro da nação”
(Que país é esse? – Renato Russo)
Imagine
o leitor uma árvore frondosa e frutífera. Suas raízes estão firmemente fincadas
nas profundezas da terra e cumprem muito bem a função de ir buscar no seio da
terra, nutrientes para sustentar o vegetal. Se o solo é propício, dará frutos
bons e ainda melhores a cada safra. Com seus frutos, a espécime do reino
vegetal pode alimentar uma aldeia inteira, tornando fortes, sadios e saudáveis,
os habitantes daquele povoado. Porém, se por alguma razão pessoal, e para obter
algum tipo de vantagem ilícita, um dos habitantes resolve colocar, a cada dia,
uma dose de veneno na bela e útil árvore, o que ocorrerá? Não é preciso pensar
muito para saber que a frondosa árvore irá definhar pouco a pouco, perdendo em
muito sua capacidade, até que venha a se tornar infrutífera.
Agora,
transponha o leitor, essa árvore para o campo das relações humanas, econômicas e
políticas, nesse caso, o formoso representante da natureza se transformará em
empresas públicas e privadas, grandes ou pequenas, com muitos ou poucos
funcionários. Ao veneno colocado em suas raízes chamaremos de corrupção. É ela
que mata, aos poucos, dia a dia, a força econômica de uma nação, tendo seus
efeitos repercutidos fortemente no campo social.
Por
todos os ângulos que se possa analisar, esse mal, comum a toda humanidade,
assemelha-se a uma doença. Pode ser uma doença espiritual se entendermos que os
espíritos evoluídos buscam a luz. Com esse “buscar a luz” quero dizer que eles
são completamente cientes que é preciso avançar com segurança nos caminhos da
vida, seguindo os princípios da retidão, da honestidade e da temperança. Mais do
que ninguém, eles sabem que não avançarão em seus objetivos, se tiverem por
objetivo em suas vidas, prejudicar os irmãos em humanidade, seja de que forma
for. Sabem também que todos nós estamos sujeitos as leis espirituais, que dizem
que o mal que fazemos a outrem, virá para nós em dobro. Não me demorarei nas
considerações da seara espiritual, apenas abordei esse assunto para que o
leitor fique ciente de que este é um aspecto importante da questão, senão o
mais importante de todos.
A corrupção
— e consequentemente, os seus agentes, os corruptos e corruptores, — também
pode ser encara como uma doença ou desvio de caráter. Os corruptos são
geralmente pessoas de mente fraca, de cérebros não desenvolvidos por completo,
deficientes em sua formação. Esse aspecto da questão é defendido no artigo “Corrupção
é uma doença”, de autoria de José Carlos Alcântara, publicado no site do jornal
Brasil 247, em fevereiro deste ano.
Resolvi
compartilhar este artigo com vocês, tendo em vista os recentes escândalos no
inestimável patrimônio público brasileiro que é a PETROBRÁS: a maior empresa
pública da América Latina. Este novo escândalo, dessa vez, envolvendo desvio de
dinheiro da estatal brasileira, tem chamado a atenção da imprensa nacional e
internacional, devido a importância que a empresa tem no mercado brasileiro e
no exterior. Com cerca de 86.00 mil funcionários, a PETROBRÁS tem contratos com
mais de 20.000 empresas e é responsável por grande parte dos investimentos
feitos no país.
Corrupção
existe em todos os países. O que existe no Brasil e que se procura a todo custo
evitar nos países desenvolvidos, é que se instale uma cultura de impunidade. Aos
poucos e muito lentamente, temos visto as coisas mudarem. É um primeiro passo
para evitar essa sangria desatada aos cofres públicos e, consequentemente, a
todos os setores e camadas de nossa população. De escândalo em escândalo, temos
visto pessoas mal intencionadas jogarem veneno nessa frondosa árvore chamada
Brasil. É urgente fazer algo para deter esses doentes, antes que seja tarde
demais.
Acredito
já ter me estendido um pouco nessas considerações iniciais. Passo ao artigo que
prometi compartilhar com vocês, senão, me empolgo e acabo escrevendo outro
artigo.
***
CORRUPÇÃO
É UMA DOENÇA
José
Carlos Alcântara - 22 DE FEVEREIRO DE 2014
A
corrupção pode ser diagnosticada a partir do consultório. É possível determinar
a presença do distúrbio por meio do exame Pet Scan, ou tomografia por emissão
de pósitrons.
A psiquiatra
forense Hilda Morana, coordenadora do departamento de Psiquiatria Forense da
Associação Brasileira de Psiquiatria, define o termo no seu sentido social:
corrupção é “ato de cometer atitudes ilícitas com o intuito de conseguir
vantagem financeira ou mais poder”. O típico corrupto é “o indivíduo que busca
driblar regras em benefício próprio, sem levar em consideração outras coisas
que não o próprio benefício”. Ela afirma que esse tipo de comportamento é
causado por um transtorno de personalidade, que pode ser definido de forma mais
clara como sendo um defeito do caráter.
“É o chamado transtorno de personalidade
antissocial. O indivíduo que possui o transtorno de personalidade antissocial,
não foi capaz, ao longo do tempo em que ocorreu o desenvolvimento de seu
cérebro, de desenvolver adequadamente o ‘senso ético’. Ele não é capaz de
respeitar o outro em sua plenitude, espontaneamente”. Esse distúrbio é causado
por falhas cerebrais, mais especificamente, “por falhas do desenvolvimento
cerebral em áreas frontais, chamadas suborbitárias, que muitas pesquisas
apontam como sendo as regiões do cérebro responsáveis pela formação do ‘senso
ético’ e da assimilação da moral estabelecida. Ou seja, é ‘um defeito de
fabricação’. Se o indivíduo apresenta o problema em algum momento da vida,
muito provavelmente vai morrer com ele e, até mesmo tratamentos modernos contra
o transtorno de personalidade, não apresentam resultados 100% garantidos na
recuperação”.
“Por sua vez, o transtorno de personalidade
provoca uma deficiência no caráter, em decorrência de má-formação das áreas do
cérebro responsáveis pela sensibilidade moral”, declara. A psiquiatra forense
argumenta que há poucas dúvidas sobre o caráter herdado do distúrbio. Ela diz
que sempre há pelo menos um parente que também está envolvido em alguma
operação ilícita ou em alguma trapaça, embuste ou situação similar. “O caráter
herdado da doença é inquestionável. Nem sempre o outro indivíduo afetado é um
parente direto, como um pai ou uma mãe. Às vezes um tio, ou primo. Mas é certo
que, se o indivíduo apresentou em algum momento esses sintomas, é possível
encontrar outros afligidos pelo quadro na família”.
A
corrupção pode ser diagnosticada a partir do consultório. É possível determinar
a presença do distúrbio por meio do exame Pet Scan, ou tomografia por emissão
de pósitrons: “o método revela com clareza a área suborbitária afetada pelo
distúrbio do desenvolvimento. A gravidade do quadro pode variar muito. A
gradação do distúrbio altera entre ‘leve’ até ‘muito grave’, e permite
enquadrar a maioria dos criminosos e transgressores. Um quadro ‘leve’, pode se
adequar a um oportunista que realiza pequenos delitos. Já um caso muito grave,
pode representar um político que realiza grandes perseguições ou até mesmo um genocídio,
como um ditador”.
Esse
personagem é constantemente atraído para situações em que se conhecem
possibilidades de obtenção de vantagens diversas com facilidade e, por isso, há
proliferação desses indivíduos no meio político”. Ela declara que “essa situação
não é exclusiva do Brasil, percebe-se esse padrão no mundo. Estatísticas
recentes apontam que cerca de 15% da população mundial é afetada pelo
transtorno. Entre todos os casos, os mais graves, que podem responder por
crimes mais sérios, orbitam entre 1% e 2% desses indivíduos.
Estes,
quase que obrigatoriamente cometerão atos cruéis de algum tipo: grandes golpes,
que podem afetar muitas pessoas, torturas e assassinatos bárbaros para obtenção
de fortunas. “O grande problema é que isso não tem cura e o portador nunca
busca tratamento. A única forma de combater o quadro são medidas de contenção
externas, como a vigilância e a punição. Em situações onde os delitos
praticados são punidos de fato, os portadores do transtorno tendem a se portar
melhor”. Indivíduos ‘normais’ também podem ser corruptos. Tudo depende dos
ambientes nos quais estão inseridos. Ambientes extremamente permissivos e com
acesso a muito poder, marcados pela impunidade, que são típicos da paisagem
política brasileira, normalmente favorecem o surgimento do personagem
corrupto”.
A
compra de votos não é vista como algo inaceitável por todos os segmentos da
população. Segundo Rita Biason, em outro estudo realizado, ela identificou que
a classe socioeconômica que recebe até três salários mínimos não vê problema em
trocar o voto pelo saco de cimento, pela consulta médica e outros bens ou
serviços. “Isso remete à necessidade, o sujeito precisa do saco de cimento
embora haja aqueles indivíduos que tripudiam o coletivo, que exageram nas
solicitações e muitas vezes sem necessidade”. Essa população tem vivido um
ciclo de dependência dos programas do governo – como Bolsa Família. São ações
que acabam não resolvendo a questão, mas sim criando uma dependência e, sob
certo aspecto, reforçando a prática de corrupção.
O problema não são os programas governamentais
propriamente ditos. Ocorre que perguntamos para as pessoas: você considera
aceitável ou inaceitável receber uma Bolsa Família mesmo sem necessidade? A
grande maioria aceita receber. Há, portanto, um dilema ético que só aparece a
partir do momento em que o aguçamos”. O principal fato verificado na pesquisa é
que todas as classes sociais praticam corrupção. “Temos dificuldade de dizer
‘não’ à corrupção no Brasil porque não conseguimos distinguir o público do
privado. Os exemplos ao longo dos anos reforçam a ideia de que o público é algo
que pertence ao indivíduo, e somente ele pode usufruir. A forma como a maioria
dos agentes públicos – eleitos ou não – se comporta no Brasil, especificamente
sobre a ‘coisa pública’ é lamentável e contribui para reforçar esta situação”.
Segundo a cientista política Rita Biason, a
Carta de Pero Vaz de Caminha já continha indícios de corrupção, pois o autor
pede emprego ao rei para um parente. Ela diz que no Brasil Colônia também há
vários relatos do crime na obra Arte de Furtar. Entretanto, considera
imprudente demonstrar que a corrupção no Brasil é um dado histórico. “Se for
esta a lógica, não podemos fazer mais nada, teremos uma situação de imobilismo,
passividade e aceitação. Dizem que há uma cultura da corrupção, mas não creio
nisso. Para mim, há uma cultura de impunidade”, destaca. O ponto mais
vulnerável hoje para a manutenção da corrupção é o Judiciário. “Há uma
dificuldade muito grande para criminalizar a corrupção, ou seja, demonstrar por
meio de provas o ato corrupto”, diz.
O Ministério Público de São Paulo consegue
hoje condenar mais agentes públicos eleitos por meio da Lei de Improbidade
Administrativa (LIA) do que pelo Código Penal. “Isso porque pela LIA, as provas
costumam ser mais evidentes e juridicamente eficientes. No Código Penal, há
algumas vulnerabilidades que dificultam a condenação”, afirma. Para ela, o
ajuste nesse dispositivo iria agilizar a criminalização e diminuir a sensação
de impunidade entre a população. Entretanto, a pesquisadora ressalta que a
corrupção não é eliminada. “Este problema estará apenas sob controle, não há
forma de suprimi-lo. Os países desenvolvidos não são menos ou mais corruptos do
que o Brasil, apenas possuem mecanismos de controle eficazes e punição rápida”.
Postar um comentário