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Os erros de Marina na campanha eleitoral
Posted by Cottidianos
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00:42
Quarta-feira,
08 de outubro
Marina
Silva despontava como esperança de uma nova política, acabando com o monopólio
alternante no poder, protagonizados por PSDB x PT. Ela vinha num crescendo nas
pesquisas eleitorais e era, até as vésperas da eleição, a favorita para
enfrentar Dilma Rousseff no segundo turno. O que deu errado?
As
urnas não foram favoráveis à candidata do PSB. Dilma Rousseff (PT) obteve
41,59% dos votos validos, Aécio Neves (PSDB), 33,55% e Marina Silva (PSB)
21,32%.
Após a derrota no 1o turno, Marina,
passou a ser cortejada, tal qual foi a personagem Florípedes, do clássico romance
de Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois
Maridos. A bela era cortejada pelo fantasma do marido malandro, Vadinho e
pelo farmacêutico vivo, Teodoro. Assim está Marina, sendo cortejada por Dilma e
por Aécio. Afinal, foram 22,17 milhões de votos para a candidata do PSB. Uma quantia
considerável que pode eleger um ou outro, se houver uma transferência de votos.
Em
2010, quando concorria com Dilma e Serra, Marina também não conseguiu ir ao
segundo turno, preferindo ficar em posição neutra. Dessa vez ela já disse que
vai ter uma posição ativa, sem a neutralidade da eleição anterior.
Porém,
é bem mais provável que ela venha a apoiar Aécio Neves, por haver mais pontos
em comum nos projetos do PSDB e PSB. Reforma política, educação em tempo
integral e fim da reeleição são alguns desses pontos. A questão é que ela quer
apoiar o tucano sem parecer incoerente com as propostas apresentadas durante a
campanha.
Há
ainda outro nó a ser desatado. Marina está em casa dos outros, ou seja, o PSB abriu
as portas para ela em outubro de 2013, mas o verdadeiro partido dela é a Rede Sustentabilidade.
Disse Marina que se o PSB não tomar uma decisão, o Sustentabilidade tomara uma
decisão individual e apoiará Aécio.
Para
os candidatos eleitos ao segundo turno, a caça aos votos começou. Dilma
Rousseff se reuniu com aliados para traçar as estratégias para o segundo turno,
em um hotel no centro de Brasília.
Aécio
Neves passou o dia em São Paulo. Na capital paulista, o candidato esteve em um
canteiro de obras, visitando trabalhadores da construção civil. Aécio voltou a
defender o fim da reeleição não apenas para presidente. “Eu sou a favor do
mandato de cinco anos, sem reeleição, para todos os cargos públicos. A questão
desses mandatos, em especial, precisa ser discutida no Congresso, por uma razão
específica. Nós não estamos falando do fim da reeleição para presidente da República
apenas, onde a decisão unilateral do candidato resolveria o problema. Estamos
falando da reeleição de governadores e de reeleição de prefeitos”, disse ele.
Por
sua vez, o dia para Marina, foi de reuniões para decidir para que lado vai
pender. Enquanto isso, PT e PSDB anseiam pelo apoio da candidata. Sabem que é
um apoio de peso.
O
artigo que abaixo compartilho como vocês, publicado no site do Msn Brasil,
discute os erros cometidos por Marina durante a campanha do 1o turno.
***
Os
erros de Marina na campanha eleitoral
A
queda de Marina Silva foi tão brusca quanto a ascensão. Após ficar 45 dias em
segundo lugar nas pesquisas, a ex-senadora perdeu fôlego, foi superada por
Aécio Neves e foi eliminada da disputa já no primeiro turno, numa das eleições
mais surpreendentes desde a redemocratização.
Para
especialistas ouvidos pela DW Brasil, a derrocada de Marina é fruto de uma
conjuntura de fatores, como os ataques capitaneados por PT e PSDB, destinados a
descontruí-la como candidata; as contradições de seu plano de governo; e a
dificuldade de sua campanha de capitalizar o desejo de mudança de parte dos
brasileiros.
“O
tempo do PT na TV e rádio era muito maior, e a presidente Dilma Rousseff e seu
partido elegeram Marina, e não Aécio, como alguém a ser batido. Houve uma
desconstrução muito forte da imagem da pessebista por parte do PT”, diz o
sociólogo Rodrigo Prando, do Mackenzie. “O PT usou de artilharia pesada, mas
Marina ofereceu munição para ser criticada. Enquanto isso, Aécio não perdeu as
esperanças e não desanimou.”
Munição
para adversários
Cinco
dias após a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, Marina já aparecia à
frente de Aécio na primeira pesquisa divulgada pelo Datafolha (21% contra 20%).
Nas duas sondagens seguintes, alcançou o pico de 34%, para, a partir daí,
começar a cair. No último domingo, teve apenas 21% dos votos válidos, patamar
similar ao de quatro anos atrás, quando obteve 19%.
Alçada
ao centro das atenções da corrida ao Planalto, Marina também passou a ser o
principal alvo das críticas e questionamentos de seus adversários. Além disso,
teve que se apressar para fechar um plano de governo, que, aos poucos, foi
revelando contradições.
Marina
chegou a ter em seu plano de governo, por exemplo, o apoio à ampliação de
direitos de casais homossexuais, mas voltou atrás em menos de 24 horas após
sofrer pressão dos evangélicos, que representam um quinto de seu eleitorado.
A
falta de clareza em relação ao programa não deu segurança para o eleitor. E
mesmo o brasileiro que buscava uma alternativa acabou, diante das urnas,
recorrendo à opção mais tradicional, ainda que Marina dissesse representar uma
"nova política".
Para
Leonardo Paz, cientista político do Ibmec/RJ e coordenador do Centro Brasileiro
de Relações Internacionais (Cebri), Dilma e Aécio, com programas mais
estruturados, tiveram munição para atacar a pessebista e mostrar que eram mais
bem preparados.
“Marina
queria ser uma presidente para todo o país e ficar acima de rixas partidárias.
Ela mesma afirmou que gostaria de governar o país com os melhores de cada
partido, o que não agradou a nenhuma das duas legendas”, afirma Paz. “Essas
propostas ficam enfraquecidas quando o eleitor não vê muita clareza na
capacidade dela governar de fato.”
Perdida
entre dois mundos
A
pessebista não conseguiu capitalizar o desejo de mudança observado durante os
protestos realizados no ano passado, que levaram milhões de brasileiros às
ruas. Para o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp, o eleitorado
deseja uma alternativa, mas não quer perder o que já conquistou.
“Aécio
aposta mais na mudança do que na continuidade. Dilma, por sua vez, mais na
continuidade do que na mudança”, afirma Costa. “E Marina não conseguiu
convencer o eleitorado de que ela não colocaria em risco essa continuidade.
Marina ficou perdida entre esses dois mundos e perdeu a confiança do
eleitorado.”
Nos
próximos dias, a candidata deve anunciar se apoiará algum candidato no segundo
turno. A tendência é que ela não repita 2010, quando optou pela neutralidade na
disputa entre Dilma e José Serra. Ficar indiferente, segundo analistas, poderia
relegar a ambientalista a um segundo plano na cena eleitoral brasileira.
“Se
Marina for inteligente, ela vai apoiar Aécio e provavelmente receber um
ministério para comandar a partir de 2015. Como Aécio é contra a reeleição, a
ex-senadora teria a possibilidade de se projetar como nome para 2018”, diz
Prando. “Se ela não fizer isso, significa que ela tem um projeto mais pessoal
do que partidário. E, além disso, em 2018 Lula deve voltar com muita força.”
O
apoio de Marina, no entanto, não significaria a transferência automática dos
cerca de 22 milhões de votos que obteve no primeiro turno. Como militou por
duas décadas no PT, é possível que ela tenha atraído parte dos eleitores de
esquerda, que poderiam agora optar por Dilma.
Por
outro lado, como Marina é uma adversária política da presidente, uma dissidente
do PT e hoje nome forte da oposição, é também provável que boa parte dos seus
eleitores fique agora com Aécio, independentemente de uma eventual declaração
de apoio a ele.
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