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Os indecisos querem saber... E os decididos também.
Posted by Cottidianos
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12:36
Sábado,
25 de novembro
“Pelos
campos há fome
Em
grandes plantações
Pelas
ruas marchando
Indecisos
cordões”
(Prá não dizer que não falei das flores –
Geraldo Vandré)
Ontem
à noite, realizou-se, nos estúdios da Rede Globo de Televisão, o último debate
entre os candidatos à Presidência da República, Aécio Neves e Dilma Rousseff.
Desta
vez, os ataques pessoais foram deixados de lado, devido a um acordo feito pelos
dois candidatos, junto ao TSE, o que não evitou que o debate fosse marcado por
ironias e acusações por parte dos dois candidatos. Aécio não perdeu a
oportunidade de alfinetar Dilma Rousseff acerca dos escândalos do mensalão e da
Petrobrás.
O programa foi dividido em quatro blocos,
sendo que em dois deles, foram sorteados eleitores de várias partes do país,
para que fizessem perguntas, previamente elaboradas, aos candidatos. Abaixo,
transcrevo as perguntas feitas pelos indecisos, no último bloco do programa. O
atual governo tem escondido dados como desempenho econômico, educação e
desmatamento, que, de algum modo, podem prejudicar a campanha de Dilma, para
torná-los públicos apenas após as eleições. Mas em um debate, fervendo de
perguntas que exigem respostas rápidas, algumas realidades sabidas da
população, são admitidas pelos candidatos, como por exemplo, a grande
organização do crime organizado e a desarticulação do poder público, como é o
caso da fala de Dilma Rousseff, candidata a reeleição, afirma Dilma em relação
ao crime organizado: “Eles agem de forma coordenada. Nós agimos de forma
desarticulada e fragmentada”.
Bem
como as promessas, que sabemos que não serão cumpridas como a do Candidato do
PSDB, Aécio Neves, de lançar o programa Poupança Jovem — que consistiria em
auxilio, no valor de um salário como incentivo para que os jovens na faixa de
18 e 19 anos, que não concluíram os ensino fundamental e médio, voltem à escola
e concluam estes cursos. Penso eu, que a melhor solução para a questão da
educação, é proporcionar melhores salários aos professores e melhores condições
de estudos nas salas de aula para os alunos, ou seja, motivar alunos e
professores para que não haja evasão escolar.
A
cada pergunta feita eram concedidos aos candidatos, o direito à replica e à treplica. Segue
transcrição do último bloco do debate.
***
Elizabeth
Andrade, RJ
Meu nome é Elizabeth da Silva Gomes Andrade, tenho 48 anos, e sou dona de casa. A maioria dos bairros próximos de onde eu moro tem esgoto a céu aberto, quando chove, as pessoas perdem um pouco do que puderam conquistar. O que impede de verdade aos governos de resolver este problema?
Meu nome é Elizabeth da Silva Gomes Andrade, tenho 48 anos, e sou dona de casa. A maioria dos bairros próximos de onde eu moro tem esgoto a céu aberto, quando chove, as pessoas perdem um pouco do que puderam conquistar. O que impede de verdade aos governos de resolver este problema?
Dilma Roussef - Elizabeth,
uma boa pergunta. Eu tenho um compromisso com o futuro, Elizabeth, que é
acelerar esta questão do tratamento e da coleta de esgoto. Nós estamos
colocando hoje R$ 76 bilhões, em parcerias com estados e municípios. Porque em
parceria, Elizabeth? Por que não é o governo federal que realiza diretamente a
obra, pois a constituição passou o saneamento para os estados e municípios, mas
nós sabemos que o governo federal tem a obrigação de colocar dinheiro porque
saneamento é uma questão de saúde pública e, também, de civilização. Nós temos
feito uma série de investimentos, geralmente, obra pública, mas também muitas
PQPs, ou seja, Parcerias Público Privadas. Eu vou dar absoluta prioridade a
esgotamento sanitário. Nós conseguimos um avanço, nos últimos quatro anos, mas
esse avanço ainda não é suficiente, porque durante muitos anos nesse país, não
se investiu em esgoto tratado. No caso da água, do recurso hídrico também é uma
questão muito séria, pois tem municípios que ainda não tem tratamento de água.
Aécio Neves
Elizabeth,
eu não vou terceirizar responsabilidades. Eu, presidente da Republica, vou cumprir
o meu papel. O primeiro deles é desonerar as empresas de saneamento e
PIS/COFINS, algo que foi prometido pela candidata há quatro anos e não foi cumprido.
Hoje Elizabeth, 52% dos domicílios brasileiros, isso é quase inacreditável, não
tem esgotamento sanitário adequado. Sete
milhões de domicílios brasileiros não tem sequer, um banheiro em casa. É sim,
fundamental, que nós resgatemos a capacidade de fazer parcerias com os municípios,
mas é fundamental que nós permitamos aos municípios, darem a contrapartida, e
isso não vem acontecendo nesse governo, eu, Presidente da República, vou tratar
essa questão diretamente, e não, transferir essa responsabilidade para
municípios e tão pouco para estados brasileiros.
Dilma Roussef
Elizabeth,
ele não pode fazer isso porque não é atribuição da União fazer isso. Nós não
podemos interferir no estado, porque seria crime de responsabilidade do governo federal. Nós podemos sim, fazer
parceria, Elizabeth, e é isso que nós fazemos. Nós, geralmente, Elizabeth, nos
estados mais pobres e nos municípios mais pobres, nós tiramos dinheiro de nosso
orçamento e colocamos para pagar as obras de saneamento, que é tratamento de
esgoto e coleta. Agora, nos estados mais ricos, nós financiamos, mas financiamos
em condições muito razoáveis: 20 anos para pagar, 5 anos de carência e juro
bastante baixo. Então, Elizabeth, é preciso melhorar o planejamento nos estados
e municípios.
Adriano Cunha, RJ
Meu nome é Adriano Cunha Dias, tenho 19
anos, sou modelo. Eu morei durante toda a minha vida num lugar que hoje está
tomado pelo tráfico de drogas e assassinos. Há dois anos, além de ter perdido
meu primo, assassinado por bandidos, eu e minha família, fomos obrigados a sair
de nossa casa sem poder levar nada. Quais são as suas propostas para levar segurança
em lugares menos favorecidos.
Aécio Neves
Adriano,
essa, foi talvez, de todas, a maior preocupação de meu programa de governo, e
apresentamos aos brasileiros um programa, que começa pela proibição de que os
recursos aprovados no orçamento da União para segurança pública sejam
represados para o governo fazer superávit primário, como vem acontecendo com
grande parte desses recursos até aqui. A não ser uma política de fronteiras,
diferente da que hoje vem sendo conduzida e que deixa as nossas fronteiras
desguarnecidas. As nossas fronteiras é exatamente por onde as drogas e as armas
entram. Nós vamos ter uma relação com os países produtores de drogas, diferente
da relação atual, cobrando que eles tomem também atitudes interna para coibir
essa produção. Eu tenho dito que, além das casas de recuperação, que nós vamos
ampliar em todo o Brasil para os dependentes químicos, Nós temos de fazer uma
profunda reforma em nosso Código Penal, em nosso Código de Processo Penal, para
que essa sensação de impunidade não continue a permear e se espalhar por todo o
Brasil, portanto, nós queremos uma política nacional que não existe hoje. A
terceirização de responsabilidade, também nesse caso, é muito grave. Para você
ter uma ideia, vou te dar um número apenas: o governo federal é aquele que mais
arrecada, quem mais tem. Eles gastam apenas 13% do que se gasta em segurança
pública no Brasil, 87% é dos estados e dos municípios. Nós vamos ser mais
solidários no enfrentamento da criminalidade do que vem sendo no atual governo.
Dilma Rousseff
Eu
quero te dizer uma coisa: Sua pergunta é ótima, primeiro porque o Brasil, hoje,
tem um grande desafio que é o combate à violência e as drogas. No caso das
drogas, nós fizemos um plano estratégico de fronteira que une polícia
rodoviária federal, polícia federal, com as forças armadas. Conseguimos
apreender 640 toneladas de drogas, além de apreendermos armas, de prendermos
pessoas e de determos veículos. Agora é fundamental que haja uma maior
participação da União nesta ação. Nós fazemos algo chamado garantia da lei e da
ordem. Agora mesmo o governo federal está aqui no Rio, na Favela da Maré,
ajudando o governo do estado, em parceria com ele, para enfrentar o crime e as
drogas.
Aécio Neves
A
grande verdade Adriano, é que nossas fronteiras estão desguarnecidas. Hoje e os
estados precisam fazer uma gestão política, quase que pessoal, junto a União,
para garantir algum recurso do Fundo Nacional de Segurança, ou mesmo do Fundo
Penitenciário. Menos de 40% desses fundos foram aplicados ao longo dos últimos
três anos de governo. Eu tenho um projeto no Congresso Nacional, como Senador,
que, infelizmente, o PT não permitiu que fosse aprovado, que obriga que todo
recurso para a aera de segurança pública seja aplicado para que cada estado
tenha como planejar, seja investindo num aumento do contingente de policiais,
seja investindo em inteligência, investindo em viaturas, portanto, no momento
em que o governo contingencia esses recursos, obviamente, ele mostra que
segurança pública não é uma prioridade e, programas, por exemplo, como
programas de combate ao craque, o uso de craque, 40 % apenas foi executado ao
longo desses últimos anos.
Vera Lúcia, Salvador
Meu nome é Vera Lúcia Azevedo Simões,
tenho 45 anos e sou professora. A droga
tem dizimado boa parte dos jovens. Muitos morrem antes de completar a maioridade.
Conheci um jovem do meu bairro que foi morto devido a um divida de drogas de
apenas R$ 50. Tive um aluno que deixou a escola para ser chefe do tráfico. A
caneta como arma. O caderno pela lápide. Qual a proposta para melhorar essa
realidade que tem prejudicado jovens e destruído famílias?
Dilma Roussef
Vera
Lúcia, muito obrigado pela pergunta que vai me dar condições de responder a
anterior também. Na verdade, esses fundos, aos quais o candidato se refere, são
quatro bilhões e quatrocentos milhões de reais. Nós aplicamos 17 bilhões e
setecentos milhões no combate à droga, ao crime organizado e ao tráfico de
armas e fizemos isso em pareceria entre a polícia federal, as forças armadas e
a polícia rodoviária. Isso deu muito certo na Copa, porque nós criamos um
centro de comando e controle e as policias militares e civil dos estados também
participaram, porque não basta só você controlar uma das maiores fronteiras do
mundo que é a nossa. Além de controlar as fronteiras, tem que ter uma política
de controle das fronteiras dos estados. Aqui por exemplo, nós estamos na Favela
da Maré, nós já estivemos na Bahia, também fazendo essa garantia da lei e da
ordem.
Quando
você vai num estado, eles fogem para outro. Eles agem de forma coordenada. Nós
agimos de forma desarticulada e fragmentada. Por isso é que eu propus que nós
modifiquemos a Constituição, para atribuir ao governo federal, sim, a
responsabilidade, na ação conjunta com os estados, coordenando os estados e
fazendo com que essa atuação seja uma atuação contra o crime organizado e as
drogas.
Aécio Neves
Vera
Lucia, realmente, o governo federal, como diz a candidata oficial, age de forma
desarticulada nessa questão e, como, confirma a candidata, não executa os
fundos que são aprovados pelo congresso nacional, e não são tão expressivos
mesmo, mais uma razão para que estivessem sendo executados integralmente. Eu
quero falar de propostas. Eu estou propondo um mutirão de resgate, Vera Lúcia.
Nós temos, hoje, no Brasil, cerca de 20 milhões de jovens entre 18 e 19 anos
que, ou não completaram o ensino fundamental, ou não completaram o ensino
médio. Nós vamos permitir que ao longo dos próximos 10 anos, todos que se
dispuserem receberão uma bolsa de estudos de um salário mínimo para concluir o
ensino fundamental, e depois o ensino médio. Eu quero criar no Brasil inteiro o
Poupança Jovem, que também é um recurso que é depositado na conta do aluno de
ensino médio e só pode ser sacado ao final do curso, para que ele tenha um
estimulo a mais para concluir sua formação.
Dilma Roussef
Eu
queria dizer uma coisa a você. Eu vi numa reportagem da Globo News, que todas
as pessoas que participaram do debate de 2010, disseram que melhoraram de vida.
Eu quero que com vocês aqui, com os eleitores indecisos, ocorra a mesma coisa:
que vocês, no fim de 2018, cheguem aqui e digam que melhoraram de vida se eu
for eleita. Agora, eu quero dizer uma coisa, eu acho que nos temos de tratar a
questão da droga com duas ações: tratamento e prevenção. A prevenção é um
trabalho fundamental que tem de ser feito nas escolas esclarecendo as consequências,
principalmente do craque.
Elizabeth Maria, Fortaleza
Meu
nome é Elizabeth Maria Costa Timbó, tenho 55 anos e sou economista. Sou uma
pessoa qualificada Profissionalmente, mas pelo fato de estar com 55 anos,
atualmente me encontro fora do mercado de trabalho formal. Qual a sua proposta
para que pessoas maduras tenham sua experiência de trabalho valorizada e possam
manter a sua empregabilidade?
Aécio Neves
Elizabeth,
você toca numa questão absolutamente essencial ao Brasil que nós queremos
construir, ao Brasil do futuro, e os meus olhos, a minha energia está toda
focada nesse Brasil do futuro. O que está acontecendo com o Brasil hoje? Nós paramos
de crescer. Nós estamos na lanterna do crescimento em nossa região. Às vezes,
revezando com a Venezuela ou com a Argentina. País que não cresce, Elizabeth,
não gera emprego, principalmente os empregos mais qualificados. Nós estamos
vendo o desmonte da indústria nacional. Ao longo desses últimos quatro anos,
mais de um milhão de empregos na indústria deixaram de existir, e esses são os
empregos que pagam melhor, para pessoas mais qualificadas como você. Apenas aqui
em São Paulo, a indústria está demitindo cem pessoas por dia. Essa é minha
preocupação: fazer o país voltar a crescer. Porque aí sim, haverá mais espaço
no mercado para pessoas qualificadas também, e para todas as pessoas, porque nos
temos que tratar da qualificação de todos. A grande verdade é que o atual
governo perdeu a capacidade de recuperar esse crescimento porque não gera
confiança nos investidores, sejam eles nacionais, sejam eles internacionais. A
Fundação Getúlio Vargas que você, certamente, conhece, nos últimos sete meses vem
mostrando ao Brasil que a confiança dos empresários de todos os setores vem
diminuindo mês a mês. Por isso o Brasil precisa de um governo novo, com gente
nova e com credibilidade. Certamente, o espaço de trabalho vai ser ampliado e
pessoas qualificadas como você, vão ter novas oportunidades.
Dilma Rousseff
Muito
boa sua pergunta. Eu não acho que o Brasil não esta gerando emprego. O que eu
acho Elizabeth, é que seria interessante que você olhasse entre os vários
cursos que tem sido oferecidos inclusive pelo SENAI, que são cursos para pessoa
que tem a possibilidade de conseguir um salário e um emprego melhor, se você
não acha colocação, porque eles tem uma carência imensa de trabalho qualificado
no Brasil. Não é o que o candidato está dizendo. Nós temos hoje uma taxa de
desemprego de 4,9 %, Ele queira ou não e, uma coisa é certa: se não se fizer
qualificação profissional, o que você não consegue fazer, você não consegue
fechar aquela demanda por trabalho, por mão de obra qualificada com a oferta.
Então o que é o PRONATEC? O PRONATEC é para garantir que você tenha um emprego
adequado a sua situação.
Aécio Neves
Elizabeth,
tem duas formas de ver a questão do emprego: Você olha uma fotografia de um
determinado momento, analisa essa fotografia, olha o fim. O caminho que nos
espera, se não houver uma mudança radical na condução de nossa política
econômica é o pior de todos, porque o que vem acontecendo com os investidores,
impacta na vida dos trabalhadores. Repito candidata, o país tem que voltar a
crescer. Não temos alternativa, a nossa taxa de investimentos hoje, é de 16,5%
do PIB, a menor da última década. Eu tenho absoluta convicção e de que com a
clareza de nossas propostas, com respeito às regras, respeito às agências
reguladoras, com uma política fiscal transparente. Nós vamos gerar novos
empregos para gente qualificada como você, Elizabeth.
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