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Cartas de amor? Não, de apoio! Casamento? Não, parceria!
Posted by Cottidianos
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00:27
Terça-feira, 14 de agosto
“Como a abelha necessita de uma flor
eu preciso de você e desse amor
como a terra necessita o sol e a chuva,
eu te preciso
e não vivo um só minuto sem você”.
(Eu
preciso de você – Roberto Carlos)
A
sorte está lançada. A guerra declarada. Toda campanha política é uma guerra e
como tal é preciso vencer o adversário. Dessa luta um só sai vencedor e, se ele
for bom, se ele for o melhor, vence junto com ele um país inteiro. Ao contrário,
se a escolha for errada o povo de uma nação inteira pagará o preço da errada
escolha.
Ele,
Aécio Neves, estava sábado (11), em campanha, no Recife, estado de Pernambuco. Recebeu
o carinho do povo e, principalmente, recebeu o apoio de Renata Campos e dos
filhos de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo. O almoço foi na casa de
Renata. Estavam presentes, cerca de quarenta lideranças políticas do estado.
Ela
Marina Silva, mulher difícil, estava em São Paulo, reunida com lideranças ainda
em reunião, decidindo, se diria sim a ele.
Como
todo conquistador, cheio de lábia, ele quis usar o poder da palavra na arte da
conquista. A palavra é sempre poderosa, sedutora. De Pernambuco ele, escreveu
um documento, intitulado “Juntos pela Democracia, pela Inclusão Social e pelo
Desenvolvimento Sustentável”. Com toda eloquência ele disse (trechos):
Terminado o primeiro turno das eleições
as urnas foram claras: a maioria do eleitorado, 60% dele, mostrou o desejo de
mudança. Mudar significa tirar do poder os que o estão exercendo, mas significa
também mudar para melhor, em primeiro e principal lugar visando a aprimorar as
práticas partidárias e eleitorais... É minha intenção, neste segundo turno, ser
consequente com os desejos da maioria dos brasileiros: vamos continuar propondo
mais mudanças para melhor. Para isso, é natural que contemos, nesta etapa, com
as sugestões dos que, comprometidos com a mudança, se lançaram à campanha e,
mesmo não obtendo votos suficientes para chegar ao segundo turno, contribuíram
com suas ideias, propostas e debates para melhorar a qualidade de nossa
democracia.
...
Temos muitas ferramentas para lidar com
nossas desigualdades. A mais importante delas é a riqueza da diversidade
sociocultural brasileira que deve estar expressa no combate a toda
discriminação, seja étnica, de gênero, de orientação sexual, religiosa, ou
qualquer outra que fira os direitos humanos e a liberdade de escolha de cada
cidadão.
...
É com esta visão de brasileiro, mais do
que de representante de um partido, que espero unir o Brasil. Apelo aos
eleitores que já votaram contra a continuidade da situação política atual, e a
todos os partidos e lideranças que propuseram melhorias em nossa política, que
se unam a nós para levar adiante os compromissos que ora assumo, na segunda
fase desta caminhada. Não para abdicarem do que creem, mas para ajudarem a
ampliar nossa visão e para podermos, juntos, construir um Brasil melhor.
Destaco,
especialmente, o legado de Eduardo Campos e o papel que Marina Silva tem
exercido na renovação qualitativa da política brasileira e na afirmação do
desenvolvimento sustentável. Peço a todos os que amam o país: juntem-se a nós!
Só na união, no consenso, os brasileiros e as brasileiras poderão construir o
que queremos: uma sociedade mais justa, democrática, decente e sustentável.
Ela,
Marina Silva, estava na cidade de São
Paulo, reunida em gabinetes, ainda discutindo de se o pretendente merecia o seu
apoio. Fez exigências de que ele mudasse o plano de governo para atender as
exigências dela. Coisas de mulher difícil. Ele, todo arisco. Aceitou mudar um
pouco, mas não de todo.
Depois
de uma intensa semana de conversações, e um dia depois do candidato tucano, ter
divulgado o documento endereçado a todos os brasileiros e, especialmente a ela,
Marina Silva, que nas eleições de 05 de outubro, obteve pouco mais de 22
milhões de votos. De São Paulo, declarou seu apoio, também através de carta. O pombo
correio entre as duas lideranças políticas foi, certamente, a Internet. Nessa
eficiente correio do mundo moderno, publicou, todo mundo fica sabendo.
Domingo
(12) pela manhã, da capital paulista, ela disse (trechos):
Ontem, em Recife, o candidato Aécio
Neves apresentou o documento “Juntos pela Democracia, pela Inclusão Social e
pelo Desenvolvimento Sustentável”.
Quero, de início, deixar claro que
entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a
nação.
Rejeito qualquer interpretação de que
seja dirigida a mim, em busca de apoio.
Seria um amesquinhamento dos propósitos
manifestados por Aécio imaginar que eles se dirigem a uma pessoa e não aos
cidadãos e cidadãs brasileiros.
E seria um equívoco absoluto e uma
ofensa imaginar que me tomo por detentora de poderes que são do povo ou que
poderia vir a ser individualmente destinatária de promessas ou compromissos.
Os compromissos explicitados e assinados
por Aécio tem como única destinatária a nação e a ela deve ser dada satisfação
sobre seu cumprimento.
E é apenas nessa condição que os avaliei
para orientar minha posição neste segundo turno das eleições presidenciais.
...
A
política para mim não pode ser apenas, como diz Bauman, a arte de prometer as
mesmas coisas.
Parodiando-o,
eu digo que não pode ser a arte de fazer as mesmas coisas.
Ou
seja, as velhas alianças pragmáticas, desqualificadas, sem o suporte de um
programa a partir do qual dialogar com a nação.
Vejo no
documento assinado por Aécio mais um elo no encadeamento de momentos históricos
que fizeram bem ao Brasil e construíram a plataforma sobre a qual nos erguemos
nas últimas décadas.
Ao
final da presidência de Fernando Henrique Cardoso, a sociedade brasileira
demonstrou que queria a alternância de poder, mas não a perda da estabilidade
econômica.
E isso
foi inequivocamente acatado pelo então candidato da oposição, Lula, num
reconhecimento do mérito de seu antecessor e
de que precisaria dessas conquistas para levar adiante o seu projeto de
governo.
Agora,
novamente, temos um momento em que a alternância de poder fará bem ao Brasil, e
o que precisa ser reafirmado é o caminho dos avanços sociais, mas com gestão
competente do Estado e com estabilidade econômica, agora abalada com a volta da
inflação e a insegurança trazida pelo desmantelamento de importantes
instituições públicas.
...
Não
podemos mais continuar apostando no ódio, na calúnia e na desconstrução de
pessoas e propostas apenas pela disputa de poder que dividem o Brasil.
O preço
a pagar por isso é muito caro: é a estagnação do Brasil, com a retirada da
ética das relações políticas.
É a
substituição da diversidade pelo estigma, é a substituição da identidade
nacional pela identidade partidária raivosa e vingativa.
É ferir
de morte a democracia.
Chegou o
momento de interromper esse caminho suicida e apostar, mais uma vez, na
alternância de poder sob a batuta da sociedade, dos interesses do país e do bem
comum.
É com
esse sentimento que, tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio
Neves, declaro meu voto e meu apoio
neste segundo turno.
Votarei
em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade
de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à
sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.
Faço
esta declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e
coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu.
Não
estou com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar.
O que
me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas.”
Fiquei olhando de longe esse romance. Achei
que essa moça, Marina Silva, se fez por demais, de difícil. Poderia ter dito
sim há mais tempo. Afinal, os eleitores dela já haviam dito, partidos parceiros
também, idem a família de Eduardo Campos. Não gostei da atitude dela nas
eleições de 2010, quando ela preferiu a neutralidade. Gostei agora que ela
assumiu uma posição ativa, saindo das sombras e entrando novamente no campo de
batalha, dessa vez, na condição de aliada.
E
o outro vértice desse triangulo, Dilma
Rousseff, fica sozinha, “segurando vela”, como se diz popularmente?
Claro
que não! Dilma também deve receber apoios importantes. Além disso, a mulher tem
a máquina administrativa nas mãos. Não é ético, mas faz uso dela em benefício
próprio.
Como
disse, a batalha está sendo travada e, nessa guerra, nem sempre vence o melhor,
mas o que sabe virar o vento a seu favor.
Faço
votos de que nessa guerra não haja perdedores, afinal, é o destino de um povo
que está em jogo. É necessário que todos saiam vencedores.
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