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Delação de Delcídio: Nitroglicerina pura contra o governo e contra a oposição
Posted by Cottidianos
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01:08
Quarta-feira,
16 de março
Prezados
leitores, vocês tem percebido que tenho, ultimamente, postado ou compartilhado,
textos que tratam de política, e faço isso, pois estamos vivenciando algo muito
grave em nossa sofrida história republicana. Considero a crise política atual tão
ou mais grave que a crise econômica, pois esta não é senão uma consequência daquela.
O PT
está acuado. Lula está acuado. Dilma também, a ponto de defender ferrenhamente,
alguém que nem membro do governo é, como por exemplo, o ex-presidente Lula. Ao
agir assim Dilma faz algo que não condiz com a presidente de uma nação
democrática mergulhada em uma crise econômica. Querem colocar Lula como ministro. O
argumento é de que Lula poderá ajudar o governo e o país a sair da crise econômica,
sendo que a crise foi causada por eles mesmos.
Ora
é isso é uma conversar para enganar idiotas. Se alguém quer acreditar nessa
conversa do governo e da base do governo, fique à vontade, pois cada um usa o
chapéu que lhe cabe na cabeça. Na verdade, um ministério esconderia Lula da
justiça, pois como ministro ele teria foro privilegiado.
A delação do senador Delcídio do Amaral — um
processo de 254 páginas — foi uma verdadeira metralhadora. O senador atirou
contra todo mundo — e nisso admiro a sua coragem, coragem que não tiveram
Marcos Valério, Marcelo Odebrecht, e José Dirceu, só para citar alguns —
Delcídio falou do ex-presidente Lula, de Dilma, de Aloizio
Mercadante, Aécio
Neves e muito mais gente.
Ficamos
horrorizados com todas essas denuncias de corrupção no governo e na Petrobrás,
imaginem então se a justiça resolver investigar a fundo, a morte dos prefeitos
petistas Celso Daniel, de Santo André, e Antonio da Costa Santos (Toninho), de
Campinas. Lembremos que os dois
desafiaram os esquemas do PT, e pretendiam fazer diferente. O assassinato dos
dois prefeitos, até hoje, está envolta nos véus do mistério. Enfim, não quero
fazer acusações pesadas, pois nem tenho provas disso, mas se a justiça resolver
levantar esse tapete, certamente, veremos que a podridão do poder é algo mais
grave do que podemos imaginar.
Hoje,
apenas compartilho matéria do jornal El País Brasil, falando sobre a explosiva
delação de Delcídio.
***
Delcídio do Amaral |
Entenda
quem a metralhadora giratória de Delcídio acertou
Delação
atinge de Lula e Dilma ao oposicionista Aécio Neves e o vice Michel Temer
Por
GIL ALESSI / R. BORGES
A
delação do senador Delcídio do Amaral, que está de saída do PT, foi mais um
terremoto em terra devastada para o Governo. Ao contrário de outras delações,
desta vez a presidenta Dilma, que passou ilesa ao longo de dois anos das
investigações da Lava Jato, é citada em diversas ocasiões. O mesmo acontece com
o ex-presidente Lula e o senador Aécio Neves. O vice Michel Temer, assim como
senadores petistas e do PMDB também foram mencionados por Delcídio, embora sem
riqueza de detalhes. Todos negam as informações. Acompanhe abaixo as principais
acusações a personagens decisivos da República brasileira.
Em
sua delação, Delcídio acusa a presidenta Dilma de ter agido no sentido de
influenciar a libertação de réus presos pela Operação Lava Jato. Primeiro, ela
teria se reunido em Portugal com os ministros do Supremo Tribunal Federal
Ricardo Lewandowski e Teori Zavaski (relator da Lava Jato no STF) para discutir
os rumos da Operação Lava Jato. O senador afirma que se tratou “de uma primeira
investida frustrada”, uma vez que a resposta dos ministros foi “árida” e “sem
feedback”. Posteriormente o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
teria dito a Delcídio que a nova “estratégia seria buscar a nomeação de Marcelo
Navarro Dantas” para o Superior Tribunal de Justiça. O objetivo da manobra seria
"esvaziar a Operação Lava Jato” na corte. Posteriormente, o magistrado
“cumpriu o "compromisso" e deu um voto favorável à liberação de réus
da Operação Lava Jato, enquanto o restante da turma votou contrariamente”.
Questionado pelos procuradores qual o interesse do Planalto em “esvaziar” a
operação, Delcídio afirma que “existiam figuras na operação de importância para
o Governo, o que trazia uma série de receios, de caráter político, econômico
para as empresas, de proteção aos doadores de campanha, sobre os partidos
políticos, de revelação de informações, dentre outros interesses”.
O
delator também afirma que a presidenta (à época ministra chefe da Casa Civil)
teria agido em 2008 para concretizar a indicação de Nestor Cerveró para a
diretoria financeira da BR Distribuidora. Dilma teria ligado para Delcídio e
questionado se Cerveró “estaria sendo indicado ou não para a diretoria”. O
senador disse que não sabia, e a ministra respondeu “que aquilo poderia ser uma
iniciativa de José Gabrielli para indicar alguém dele no lugar”. No final,
“Dilma teve atuação decisiva” para a confirmação do nome de Cerveró.
Outro
ponto em que Dilma é citada pelo senador é com relação à aquisição da refinaria
de Pasadena. O negócio, que deu prejuízos milionários à Petrobras, teria sido
fechado com o conhecimento da petista, que era presidenta do conselho de
administração da Petrobras. De acordo com o senador, houve “aquiescência do
conselho em relação ao qual (...) não há qualquer possibilidade de isenção de
responsabilidade”. Delcídio diz que ao conhecer a operação de compra da
refinaria entendeu “que haviam sido cometidos ilícitos”.
Propina de Belo Monte em campanhas de
Dilma
As
licitações e obras envolvendo a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte
também aparecem na delação de Delcídio. O senador aponta que “a propina de Belo
Monte serviu como contribuição decisiva para as campanhas eleitorais de 2010 e
2014”. Segundo o petista, os valores pagos para o PT e PMDB chegaram a 45
milhões de reais. As propinas pagas ao PMDB teriam ido para o grupo de José
Sarney, “do qual fazem parte Edison Lobão (...), Renan Calheiros, Romero Jucá,
Valdir Raupp e Jader Barbalho”. Renan, que é presidente do Senado, o
ex-ministro das Minas e Energia e hoje senador Edison Lobão, além dos senadores
Raupp e Jucá, são alvos de inquéritos na Lava Jato.
Já
o dinheiro pago ao PT teria abastecido as duas campanhas de Dilma Rousseff e
“outras” da legenda. Os principais articuladores do esquema por parte do
Governo seriam os ex-ministros Antonio Palocci, Erenice Guerra e Silas Rondeau,
a quem Delcídio se refere como sendo um “triunvirato” em Belo Monte. Da parte
das empreiteiras, o agente negociador do consórcio encarregado das obras foi o
empreiteiro Flavio Barra, da Andrade Gutierrez. Além disso, o senador petista
também cita a “influência direta do ex-governador Eduardo Campos [morto em
2014] a favor, especificamente, da empresa IMPSA”.
As 186 citações a Lula
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o nome citado 186 vezes na delação
de Delcídio. O senador afirma, por exemplo, que Lula “pediu expressamente” que
ele “ajudasse” o pecuarista José Carlos Bumlai - amigo pessoal do ex-presidente
-, a convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a
não incluir o nome do empresário em sua delação. Delcídio afirma ter entregue
pagamento de 250.000 reais para comprar o silêncio do ex-diretor, dinheiro este
que “partiam da família de Bumlai”.
Também
afirma que Lula “teve participação em todas as decisões relativas às diretorias
das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobras”. De acordo com o
senador, o ex-presidente articulou a nomeação de Nestor Cerveró para a
diretoria internacional da estatal: "houve uma reunião com o presidente
Lula" para cravar o nome do diretor. Delcídio disse ter participado de
encontro com "Lula e Zeca do PT em que foi sacramentada a nomeação de
Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras".
Lula
também teria pedido a Delcídio que “visse” a questão da convocação de Mauro
Marcondes e de sua esposa, amigos do ex-presidente, para depor na CPI do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CPI), que gerou a operação
Zelotes. Além disso, o senador afirma que Lula também agiu para comprar o
silêncio do publicitário Marcos Valério durante o escândalo do mensalão.
Mercadante
O
ministro da Educação foi diretamente atingido pela delação de Delcídio do
Amaral. Ex-ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante foi apontado pelo
senador como um agente do Governo Dilma Rousseff contra o andamento das
investigações da Operação Lava Jato. “A mensagem de Aloisio Mercadante, a bem
da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público
Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava
Jato”, relata o texto da delação tornada pública nesta terça. O impacto foi tão
forte que Mercadante convocou uma entrevista coletiva para dizer que o encontro
com Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, não tinha a intenção de fazer a
“ameaça velada” alegada por Delcídio no depoimento à PGR. Segundo Mercadante, a
iniciativa de oferecer ajuda ao senador partiu dele, e não do Governo, e não
passava de um gesto de “solidariedade pessoal”.
Aécio Neves: Furnas e mensalão tucano
A
principal acusação feita pelo ex-petista contra o colega senador envolve um
antigo fantasma dos tucanos: a lista de Furnas, divulgada em 2006. O texto
trazia uma relação de 156 políticos que, nas eleições de 2002, teriam recebido
dinheiro de caixa 2 da Furnas Centrais Elétricas, empresa de capital misto
subsidiária da Eletrobras. Segundo Delcídio disse aos procuradores da
força-tarefa, “um dos beneficiários dos valores ilícitos [de Furnas] sem dúvida
foi Aécio Neves”. Estima-se que 5,5 milhões de reais tenham irrigado sua
campanha para o Governo de Minas. Delcídio detalha o que teria ouvido de Lula
em 2005, quando ele era presidente: “Eu assumi e o Janene [José Janene,
ex-líder do PP na Câmara, morto em 2010] veio me pedir pela permanência dele,
depois o Aécio e até o PT, que era contra, já virou a favor da permanência.
[Dimas] Deve estar roubando muito!". Na interpretação de Delcídio, a frase
de Lula indica que “seria necessário muito dinheiro para manter três grandes
frentes de pagamentos [de propina] a três partidos".
Além
disso, o petista acusa o tucano de ter agido para atrasar investigações da CPI
dos Correios, de 2005, que poderiam jogar luz no mensalão tucano, até então
apontado o embrião do mensalão petista. O chamado mensalão tucano foi um
esquema de corrupção no qual o Banco Rural teria sido usado para financiar de
forma fraudulenta a campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) nas eleições de MG em
1998. Durante a CPI, Delcídio era presidente da comissão, que havia aprovado a
quebra do sigilo do banco. “Curiosamente, quando foi feito este pedido de
quebra dos sigilos do Banco Rural começou a surgir um certo incômodo por parte
do PSDB”. Mais à frente, ele afirma que “o então governador Aécio Neves era uma
dessas pessoas incomodadas com essa quebra (...) Aécio Neves enviou emissários
para que os prazos de entrega das quebras de sigilo fossem delongados". A
desculpa apresentada pelo tucano foi a de que "não haveria tempo hábil
para preparar essas respostas”.
Renan Calheiros e a bancada do PMDB no
Senado
Delcídio
conta em sua delação que “a bancada do PMDB no Senado tem um núcleo duro”
composto pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, e por Romero Jucá, Eunicio
Oliveira, Valdir Raupp e Edison Lobão. De acordo com o delator, “esse núcleo
monopoliza as indicações, não apenas nas empresas de energia, mas também nas
agências reguladoras e Ministérios”. Os interesses do grupo seriam, “não apenas
políticos, mas também próprios”. Nas palavras de Delcídio, Renan é “muito
cuidadoso e discreto nas suas articulações”, e “normalmente se serve de
terceiros” nas negociatas. "O presidente da Eletronorte atual é indicação
de Jader (Barbalho, senador pelo Pará) , e a Eletronorte atende Raupp, Jader e
Juca", afirma o delator.
Além
da Eletronorte, o arco de influência deste grupo se estende à Eletrosul, à
Eletronuclear e às diretorias abastecimento e internacional da Petrobras.
"A ação desse grupo se fez presente em subsidiárias da Petrobras como, por
exemplo, a Transpetro. Lá reinou, absoluto, durante 10 anos, Sergio Machado,
indicado por Renan Calheiros. Seguidas vezes o vi, semanalmente, despachando
com Renan na residência oficial da presidência do Senado".
Esse
“núcleo duro” do PMDB no Senado seria destinatário da cota do partido nas
propinas pagas pelas empreiteiras por contratos firmados com a Petrobras e
outras obras do Governo, como a hidrelétrica de Belo Monte.
Teriam
“jogado pesado” ainda na indicação para
as Agência Nacional de Saúde e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
“Com a decadência dos empreiteiros, as empresas de planos de saúde e
laboratório se tornaram os principais alvos de propina para os políticos e
executivos do Governo”, descreve a delação.
Michel Temer
O
senador Delcídio insinua que há uma relação suspeita do vice-presidente Michel
Temer com um ex-diretor da Petrobras, João Augusto Henriques, que dirigiu a
BRDistribuidora entre 1998 e 2000. Desde setembro Henriques está preso em
Curitiba por operar em nome do PMDB na Petrobras. Segundo Delcídio, Henriques
teria participado de uma compra ilícita de etanol entre 1997 e 2001, sob
apadrinhamento de Michel Temer. Segundo o relato de Delcídio, “a relação de
João Henriques e Michel Temer é antiga e explica a sucessão de Nestor Cerveró
na diretoria Internacional da Petrobras”. Henriques teria sido indicado para
suceder Cerveró, mas Dilma vetou a nomeação. Assumiu Jorge Zelada, preso por
burlar regras de governança da Petrobras para favorecer contratos que lhe
garantiram propina milionária. Zelada foi indicado por Henriques.
Gleisi Hoffman e Humberto Costa
Segundo
Delcídio, é notória a relação da senadora petista do Paraná, Gleisi Hoffman,
com a empresa Consist, que teria atuado como braço financeiro dela e seu
marido, o exministro Paulo Bernardo, desde que trabalharam no governo de Zeca
do PT, no Matro Grosso do Sul, em 1999. Delcídio afirmou que “existem provas
incontestáveis sobre isso”. Aponta, ainda, a passagem da senadora pela
diretoria da hidrelétrica de Itaipu, entre 2003 e 2006, quando ela teria
gerenciado muitos aditivos de contratos de obras. O mesmo valeria para o porto
de Santos, enquanto ela foi ministra da Casa Civil (2011 e 2014).
Delcídio
aponta, ainda, que o senador Humberto Costa (PT-PE), que agiria como parceiro
da empresa White Martins, grande contribuinte das suas campanhas e que teria
proximidade com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
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