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Senhor, livrai-nos do mal!
Posted by Cottidianos
on
17:42
Domingo,
06 de março
“A corrupção dos
governantes quase sempre começa
com a corrupção
dos seus princípios”
(Barão de
Montesquieu)
Então Jesus foi levado pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo Diabo.
Depois de jejuar quarenta dias e
quarenta noites, teve fome.
O tentador aproximou-se dele e disse:
“Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”.
Jesus respondeu: “Está escrito: “Nem só
de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”.
Então o Diabo o levou à cidade santa,
colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse:
“Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para
baixo. Pois está escrito: “ “Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com
as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”.
Jesus lhe respondeu: “Também está
escrito: “Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus”.
Depois, o Diabo o levou a um monte muito
alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor.
E lhe disse: “Tudo isto te darei, se te
prostrares e me adorares”.
Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás!
Pois está escrito: “Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto”.
Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e
o serviram.
(Evangelho segundo Mateus, capitulo 4,
versículos de 1 a 11)
Nesta
postagem não vou falar de religião, mas de política. Por que começar então com
um texto bíblico? Porém, como pretendo falar de comportamento, valores e
princípios, creio que essa passagem do evangelho de Mateus se encaixa bem
nessas linhas.
Ao
lançar um olhar para o noticiário político e para as manchetes de jornais me
deparo com a imagem de ex-presidente, o Lula, envolvido em esquemas nebulosos
de corrupção, isso me causa um pouco de tristeza, mais do que de revolta. Claro
que essa acusação não é nenhuma novidade para mim. Qualquer um, com um mínimo de
bom senso, desconfiava do envolvimento do presidente nesses malditos esquemas. Se
é que não era ele mesmo, mentor disso tudo. Os sinais são claros: Todos os
principais assessores deles, ou foram acusados, ou estão presos por corrupção e
formação de quadrilha. Quando um assessor do alto escalão era apanhado na ratoeira,
e outro o substituía, a roubalheira não apenas continuava, mas parece que se
tornava pior.
Semana
passada Lula a Polícia Federal conduziu Lula, à força, para depor, no ato que a
PF chama de condução coercitiva, que significa que o sujeito não tem opção: via
ter que prestar esclarecimentos a PF de qualquer maneira. Muita gente achou o
máximo, muita gente do meio jurídico criticou. E vejo essas críticas com
desconfiança, pois muitos outros já foram depor nessas condições e os juristas
não disseram absolutamente nada. Só porque o Lula foi presidente da nação significa
que ele é melhor que os outros, e não deve ser submetido às mesmas leis?
Confesso que não entendi as críticas dos juristas que se manifestaram contra a
ação da policia.
Os
atos policiais se referiam a 24a fase da Operação Lava Jato, que
recebeu o nome de Aletheia. A operação apura se o pecuarista José Carlos Bunlai
e empreiteiras favoreceram Lula, nas compras de um sítio em Atibaia e de um
Triplex no Guarujá. Nesta fase da Lava Jato, o Ministério Público Federal fez
uma das afirmações mais contundentes até agora nessa operação. O MP afirmou
categoricamente que o ex-presidente foi “um dos principais beneficiários” do
dinheiro desviado da Petrobrás.
Mas
tudo o que Delcídio disse, juntamente, com o que a polícia apura, não é novo,
nem é novidade. Outros que flertaram com o poder, e com toda essa engenharia do
crime que o PT montou com a finalidade de fazer uma rapina nos cofres públicos,
já foi afirmado por outros que, igual e perigosamente, cederam às perigosas
tentações do luxo, da riqueza, e da influência pessoal.
Um
exemplo clássico é o de Marcos Valério. O empresário é acusado de ser o
operador do mensalão — e todo operador é apenas o que a própria palavra diz:
operador, e todo operador para operar precisa de alguém que mande executar
ordens — era o queridinho dos figurões do mundo político, melhor dizendo, do
submundo político. Para proteger tais figuras acabou assumindo sozinho
responsabilidades em crimes que não cometeu sozinho. Ficou em silêncio, e em
troca deve ter recebido algumas garantias. Valério foi condenado a uma das
penas mais altas no julgamento do mensalão, enquanto os reais mandantes ficaram
intocáveis. Um pouco desiludido com isso, Valério resolveu falar. E ele disse,
claramente, “Lula era o chefe”.
Os
fatos foram relatados em reportagem de capa da revista Veja, em setembro de
2012. Lembro que, na época, a reportagem não causou tanto alvoroço, talvez
porque naquela época Lula gozasse ainda um alto índice de popularidade, apesar
das suspeitas que contra ele recaiam. Para elaborar a reportagem, veja se baseou
nas revelações de familiares, amigos, e associados, mais próximos de Valério.
Na
época, o MP afirmava que o caixa dois do PT havia sido abastecido com R$ 55 milhões
de reais, oriundos de operações fraudulentas. Segundo revelações de Marcos Valério,
na citada reportagem de Veja, o dinheiro sujo era três vezes maior, e que o
caixa dois do PT recebeu R$ 350 milhões. Ainda segundo Valério, o ex-presidente
Lula, se empenhava, pessoalmente, nessas operações clandestinas, angariando
dinheiro daqueles “contribuintes” que tinham algum interesse no governo
federal. Obviamente, todas essas operações, corriam por fora, sem nenhum
registro formal. Havia reuniões e encontros, às escondidas, onde eram acertadas
as contribuições, e, em seguida o dinheiro entrava farto nas contas do partido.
O controle da contabilidade era feita pelo tesoureiro do partido, à época,
Delúbio Soares. Valério estimou na reportagem que, por causa dessas operações ilegítimas,
o valor da arrecadação da campanha de Lula em 2002, tenha sido, cerca de dez
vezes maior que o declarado à Receita Federal.
“Com a segurança de quem transitava com
desenvoltura pelos gabinetes oficiais, inclusive os palacianos, e era
considerado um parceiro preferencial pela cúpula petista, Valério afirma que
Lula "comandava tudo". Em sua própria defesa, diz que como operador
dos pagamentos, ele, Valério, não passava de um "boy de luxo" de uma
estrutura que tinha o então presidente no topo da cadeia de comando. "Lula
era o chefe", repete Valério às pessoas mais próximas. A afirmação se
choca com todas as versões apresentadas por Lula desde que o esquema foi
descoberto, em 2005. Primeiro, escudou-se no argumento de que tudo não passou
do uso de dinheiro “não contabilizado” que havia sobrado das campanhas
políticas, prática suprapartidária e recorrente na política brasileira - não
por acaso tem sido essa a estratégia de defesa dos mensaleiros no STF. Num
segundo momento, Lula se disse traído e pediu desculpas à nação em rede de
televisão”, diz trecho da reportagem de Veja, de setembro de 2012.
Depois
a estratégia de defesa de Lula evoluiu para dizer que “o mensalão nunca existiu”,
assim como também agora ele diz que é “a pessoa mais honesta do mundo”. As afirmações
de Marcos Valério a Veja, não deixam dúvidas de que Lula não apenas sabia de
tudo, mas também estava no comando de toda a operação.
Agora,
vem Delcídio de diz tudo de novo, se não com as mesmas palavras, mas com o
mesmo significado. E o que diz Delcídio Amaral, que era uma das peças chaves do
governo Dilma? O senador diz que Dilma tentou interferir nas operações da Lava
Jato em três ocasiões, diz que o ex-ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, tinha
uma movimentação sistemática para promover a soltura dos presos na operação,
diz que Dilma sabia de toda a podridão que envolvia a compra da refinaria de
Passadina.
Quanto
a Lula, Delcídio diz que ele tinha conhecimento do todo o esquema criminoso que
ocorria na Petrobrás, e de que Lula agiu diretamente para barrar as
investigações, tendo, inclusive, mandado comprar o silêncio de testemunhas. O
vazamento da delação premiada de Delcídio pode não ser oficial, mas é muito improvável
que ele não tenha dito todas essas coisas.
E,
ao finalizar, volto ao início e vos explico o motivo da citação de Mateus no
início desse texto.
Olhando
todo esse bizarro cenário político brasileiro, que, digo a vocês, é apenas a
ponta de um iceberg, há muito mais sujeira, e sujeira da grossa, escondida
debaixo desse tapete, eu fico pensando: O que terá acontecido com Lula, José
Dirceu, José Genuíno, a própria Dilma Rousseff, e outros integrantes do
partido? Como eles se transformaram de idealistas em criminosos, ou cúmplices deles?
Na
época da ditadura, eles estavam protestando contra o sistema injusto e
opressor, e, agora são eles mesmos a promover um sistema injusto e opressor. No
início da década de 80, era possível encontrar um Lula abrasivo, gritando
palavras de ordem em cima de um carro som, liderando o movimento sindical,
contra as injustiças que o governo promovia contra os trabalhadores. Lula
estava no meio do povo, era um aliado na luta por um Brasil melhor para todos
os trabalhadores. Era tudo fingimento?
Por
mais que eu penso, é difícil chegar a uma conclusão exata sobre o exato momento
em que esses antigos idealistas pegaram o bonde errado. Em que momento eles se
aliaram ao mal.
Ás
vezes, penso foram idealistas que mudaram de rumo. Às vezes penso que eram
aproveitadores que se fingiram de idealistas. Fico mais confuso ainda do que
ouvi outro dia da boca de um motorista de taxi. Dizia-me ele, que, no início
dos anos 80, o irmão dele,era envolvido com o movimento sindical, e contou uma
das manobras de Lula. Ele, Lula, foi até uma indústria e montou um esquema de
greve, depois se reuniu, secretamente, com o dono da empresa, e exigiu uma alta
quantia em dinheiro para que os trabalhadores abandonassem o movimento grevista.
Como o prejuízo para a indústria seria maior com a greve, o empresário
concordou em pagar a quantia pedida pelos grevistas, cujo líder era Lula.
Inconformado, o irmão do taxista denunciou o esquema. Em consequência disso, o
homem foi perseguido e, por muito tempo, teve dificuldade de arranjar emprego.
O
problema é que o poder é como o diabo que tentou seduzir Jesus no deserto. Primeiro
com o alimento, depois, induzindo-o a autopresunção — És filho de Deus e nada
de mal vai acontecer contigo —, e depois oferecendo a Jesus o poder.
Claro,
Jesus tinha uma profunda consciência de sua missão, e ordenou que o demônio se
afastasse, em nenhum momento cedendo a qualquer tentação. Lula não tinha
consciência nenhuma de sua missão — e que poderia ter se tornado uma bela
missão — e juntou-se aos demônios, deu e aceitou presentes conseguidos de forma
desonesta, e hoje corre o risco de arder no fogo do inferno da prisão, e junto
com ele o seu séquito de auxiliares e assessores. Alguns deles, inclusive, já
experimentam esse fogo.
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