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Anjo da vida
Posted by Cottidianos
on
00:59
Segunda-feira,
21 de março
Às vezes a
poesia diz a realidade. Às vezes a poesia é a realidade. Às vezes, e quase sempre, a poesia exprime a dor que vai no peito, e
que insiste em não abandoná-lo.
Navegando nas ondas da Internet, descobri essa poesia
que, não por coincidência, fala da desilusão que parece não querer abandonar a
alma do brasileiro.
Na maioria dos casos, o sofrimento não é de todo mal,
é simplesmente sinal de que acordamos para a realidade, e que, a partir desse
despertar, nos motivamos a construir uma nova realidade.
A seguir, e para começar a semana, compartilho um
pouco de poesia. O texto poético chama-se, Anjo da Vida, e é de autoria de
Edson Rufo, palestrante, escritor, e consultor de qualidade.
Boa semana de paz a todos!
***
Anjo da Vida
Amanhecemos.
Dia, clara
esperança nova, isso se chama vida.
A turbulência
passada deixa rastros e desgosto.
Aprendemos que
um sonho também alguém destrói.
Dói.
Mas amanhecemos
sem rumo sem sonho.
Avaliamos que
tudo que queríamos a vida toda se foi.
Sim, foi uma
grande mentira.
Um farça
articulada uma simetria.
O laço quebrado
historia interrompido.
Somos vida somos
anjo somos luz
Amanhecemos de
todas as maneiras
E queremos de
todas as formas.
Anjos que voam
perdidos no céu
Anjos que pairam
plumando no ar
Anjos fingidos
de risos.
Anjos da vida,
mentidos.
Amanhecemos
certo de que nada é verdadeiro
A palavra o
abraço o riso o amor.
Sabemos que tudo
é uma grande arte.
A arte de
enganar de articular
A arte de
disfarçar, a arte de encenar.
A arte de
dissimular, a arte de combinar.
A arte de
desfazer, a arte de nunca crescer.
Amanhecemos
frios e sem sorriso
Ávidos de gloria
e sem sinal
Apanhamos a fé
como historia
Mas mentimos a
arte de acreditar.
Somos anjo
vestidos de realidade e de maldade
Somos anjos do
bem e anjos do mal.
Mentimos e
maltratamos
Minha alma é
solida e concreta.
Nada deixar
acontecer por acontecer
Muito menos
entender que a maldade existia sempre.
Olhos que fechei
para não absorver
Amanheceu e eu
não acreditei
Que não era você
quem me conheceu.
Olhos que eu não
abri, mas sempre senti
A presença de
alguém.
Amanheceu, um
anjo da vida
Que por ironia
trocou a historia por fantasia.
Amanheceu a
realidade e o disfarce caiu
Amanheceram,
anjos sem asas
Anjos que não
são da vida
Anjo que nunca
existiu
(Edson Rufo)
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