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Haverá alguma luz no fim do túnel do propinoduto?

Posted by Cottidianos on 01:08
Quarta-feira, 23 de março

Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar
(Lanterna dos Afogados – Paralamas do Sucesso)


Aqui estou, novamente, falando de política, porém não muito como fugir desse tema, principalmente, quando estamos imersos em um momento tão dramático da vida, e tão importante, na vida política brasileira.

Lá está o governo tão desgovernado, como máquina sem rumo pelas rodovias do país, tentando, de todas as formas, evitar um desastre do qual ele mesmo, governo, foi o causador.

De um lado, está o povo consciente, que representa a maioria da população, gritando nas ruas, nas praças, no recesso de seus lares: Parem a máquina! Tirem o piloto do controle! E o povo grita que sabe que o piloto, em atitude suícida vai arrebentar o carro contra as rochas provocando chagas profundas nos seus ocupantes, e os ocupantes do veículo desgovernado é um país inteiro.

Do outro lado, um número expressivo, porém, bem menor que a minoria, cegos, ou pelas velhas ideologias, ou por interesses sobre o que podem ainda usufruir dos atos ilícitos praticados pelos poderosos, que não percebem que o piloto nos arremete a todos contra as rochas.

Movimentando o cenário estão Ministério Público Federal, Polícia Federal, Supremo Tribunal Federal, e outras instâncias do poder judiciário, feridos em seus brios pelo ex-comandante, que chamou de covardes a uns, e agrediu com palavras de baixo calão a outros.

Os fatos se sucedem com uma velocidade estonteante, e fico a me perguntar se dessa lama toda saíra algo de bom.

Passam as semanas e a novela Brasil continua eletrizante.

Ontem (22), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, determinou que a investigação envolvendo o ex-presidente Lula, vá para o Supremo. Também por decisão de Teori foram colocadas em sigilo as gravações telefônicas interceptadas pela Lava Jato. Porém o ministro não fez isso por causa do ex-presidente, mas sim por causa da presidente Dilma, essa sim, com foro privilegiado. Digamos que o ex-presidente apenas pegou carona no foro privilegiado de Dilma. Com essa decisão, Teori derruba parte da decisão do companheiro de Supremo, Gilmar Mendes, que havia determinado a devolução das ações judiciais contra Lula à justiça paranaense. Porém, a decisão de Teori não anula a decisão de Gilmar Mendes que havia suspendido a nomeação de Lula como ministro do governo Dilma Rousseff. Mas ainda é possível que as ações contra Lula voltem às mãos de Sérgio Moro, uma vez que ele, Lula, não tem foro privilegiado.

Apesar disso, o governo continua tratando Lula como uma espécie de ministro informal. Ele está em Brasília fazendo articulações políticas para impedir o impeachment da presidente, cujo processo caminha a passos rápidos no Congresso.

Por sua vez, Dilma critica o juiz Sérgio Moro. Ela diz que o juiz colocou em risco a soberania nacional ao divulgar seu dialogo com Lula. Aí eu questiono: Se Moro cometeu um crime ao divulgar as gravações na qual Dilma e Lula deixam cair suas máscaras de bons moços, não teriam Dilma e Lula cometido crime muito maior ao agir para, com a ajuda da lei, fugir da justiça, e de serem responsabilizados pelos crimes que cometeram?

Também nesta terça-feira (22), a Polícia Federal iniciou a 26a fase da Operação Lava Jato. E o foco dessa vez foi a Odebrecht. Foram cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e quatro mandados de prisão preventiva. As operações policiais ocorreram em oito estados e no Distrito Federal.

Os investigadores afirmam ter encontrado um departamento de propina dentro da empresa. Em meio a toda essa turbulência, pode-se afirmar que a Lava Jato conseguiu hoje um ponto importantíssimo no tabuleiro de xadrez. É que a Odebrecht decidiu fazer um acordo de delação premiada que envolve seus principais executivos.

A posição adotada pela empresa no dia de ontem chega a surpreender, pois antes a empresa negava participação em esquemas de propina envolvendo contratos com a Petrobrás. Hoje a empresa reconhece que há um forte sistema ilegal de financiamento de campanha nos bastidores políticos do Brasil, mas ressalta que não dá as cartas nesse jogo. Ora, se a empresa não dá as cartas no jogo, apenas participa dele de modo enérgico, alguém dá as cartas, de fato. E é isso que o Brasil quer saber. Talvez essa seja a chave que falta para estancar a sangria da corrupção. O acordo de delação premiada está sendo negociado, mas ainda não foi firmado. Acho que finalmente, os diretores da Odebrecht abriram os olhos e resolveram salvar o pouco de credibilidade que ainda lhes resta. Como diz o ditado popular, acho que eles decidiram não mais segurar rojão alheio.

Tem ainda a questão do PMDB, partido do vice-presidente, Michel Temer. Na semana que vem o partido deverá decidir se abandona o barco no qual navega junto com o governo, ou se pula fora dele. E isso é mais uma dor de cabeça para um governo que já tem tantas.

O governo está acuado, sitiado. A nação está tensa. A crise econômica continua, e continua forte, apesar de ter sido deixado um pouco de lado, pois o que interessa, momentaneamente, tanto no Congresso quanto no Planalto é que os lobos tentem salvar suas peles, a fim de abocanhar mais ovelhas.


Que Deus nos livre de cenário tão tenebroso, e nos envie uma luz, ainda que tênue, no fim do túnel escuro que é esse propinoduto.

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