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Oração à Virgem negra de Aparecida, Padroeira do Brasil
Posted by Cottidianos
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12:37
Segunda-feira,
12 de outubro
“É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito
eu perdido em pensamentos
Sobre
o meu cavalo
É
de laço e de nó, de gibeira o jiló
Dessa
vida cumprida a sol
Sou
caipira, Pirapora nossa
Senhora
de Aparecida
Ilumina
a mina escura e funda
O
trem da minha vida”
(Romaria – Renato Teixeira)
Virgem
negra de Aparecida, padroeira do Brasil!
Rogai
por nós, brasileiros, filhos desta pátria construída à custa do sangue dos
negros, roubados do solo africano, e obrigados a cruzar o oceano em horrorosos
navios que tinha o sugestivo nome de “tumbeiros”.
Ao
aportar em solo brasileiro eram rotulados, simplesmente, como peças, coisas,
objetos. Levados aos canaviais trabalhavam dez vezes mais, e eram dez vezes
mais castigados que os burros de carga. Dentro dos domínios da Casa Grande eram
obrigados a participar dos devassos caprichos sensuais de seus senhores. Quando
mães, assistiam, com o coração traspassado de dor, a morte dos seus filhos
negros, para que dar vida e saúde aos filhos dos patrões. Ah, Mãe Aparecida,
volvei teus olhos ao passado e lançai tua luz sobre aquelas escuras senzalas, e
sobre as belas e tenebrosas casas senhoriais. Curai toda a dor acumulada nos corações
daqueles pobres negros, que nem chegavam a ser considerados, humanos. Retirai daqueles
sofridos corações toda raiva, ódio e rancor que, por séculos, aqueles corações
carregaram. Purificai-os, lavai-os e tornai-os leves e suaves como o algodão
que nasce livre nos campos. Tornai seus sentimentos tão aromatizados e doces
quanto o café e a cana-de-açúcar que eram obrigados a cultivar de sol a sol.
Perdoai,
mãe do Brasil, aos cruéis e devassos senhores que destruíam os costumes e a
moral de um povo inteiro, em benefício da própria lascívia, cobiça e egoísmo. Perdoai
as mãos que jogavam sal e vinagre nas chagas e feridas abertas no corpo dos
escravos, feitas pelo chicote dos feitores das fazendas. Perdoai-lhes assim
como Jesus perdoou àqueles que lhe colocaram na cabeça uma coroa de espinhos e
lhe deram vinagre para beber quando ele estava sedento de água pura.
Perdoai
aos negros que se deixaram levar pelo rancor e pela ira, tornando suas vidas
amargas, e suas noites escuras como o breu. Por mais fortes que fossem, e por
mais que quisessem resistir a tais sentimentos, eram por eles engolidos, devido
aos dias ininterruptos de castigos, humilhações e sofrimentos.
Perdoai
aos padres e bispos que compactuavam e abençoavam um sistema tão injusto e
vergonhoso, como o foi o sistema escravocata. Em nome do deus dinheiro, do deus
poder, e do deus influência social, sentavam-se à mesa com os carrascos, e com
eles bebiam, comiam e festejavam, enquanto, no escuro das senzalas, suspiros de
lamento e dor, saíam do coração daqueles a quem deviam proteger, amar e cuidar.
Volvei
também vosso olhar ao nosso tempo presente, Mãe Aparecida, e intercedei por nós
juntos ao teu filho Jesus.
Nossa querida pátria Brasil tem sido, literalmente, saqueada por governantes
desonestos. Eles,
mãe, a quem foi confiado, através de voto popular, comandar os destinos da
nação e do povo brasileiro, são os primeiros a dar as costas a um e a outro, e
a voltar-se apenas aos seus mesquinhos interesses. Fazei-nos fortes, e
conservai em nossas em nós a integridade e esperança, para
que o ódio não encontre lugar em nossos corações, mesmo que, todos os
dias, vejamos as gritantes injustiças que são cometidas, contra aqueles que, com
justiça e com o suor de seu rosto, pagam em dias os impostos. E quantos são
eles, minha mãe. São tantos impostos, e pagos por tanta gente, que daria para
vivermos em um paraíso, semelhante àquele no qual vivam os índios, antes da
chegada o homem branco.
É verdade,
Mãe Aparecida, que temos um sistema democrático bem organizado. Na teoria as
coisas funcionam magnificamente. Mas, na prática, minha mãe, as coisas não são
bem assim. Esse sistema político parece uma cartilha colocada nas mãos de
crianças que não sabem ler. Daí, fazem tudo errado, e, em consequência disso, o país não anda, não vai para a frente.
A
nossa divisão de poderes é perfeita. O poder
executivo, formado pela presidência da República, juntamente com seus
ministros e secretários, deveria
governar o país com equidade, administrar os interesses públicos com justiça, e
sempre, e acima de tudo, respeitando a lei máxima de nosso país: a Constituição
Federal. O poder legislativo teria a missão tecer o manto da lei e as
normas do Direito, fiscalizando o poder executivo, acatando as boas propostas e
rejeitando as más, por ele apresentadas. Ao poder
judiciário, caberia julgar de
forma imparcial, e dentro das normas constitucionais, os conflitos surgidos no
país.
Note,
santa padroeira do Brasil, que, ao usar do verbo pertinente as funções de cada
poder, expressei-os no futuro do pretérito do indicativo. Esse tempo verbal,
mãe, é usado também quando se quer falar de um fato que poderá ou não ocorrer,
para isso, dependendo de uma determinada condição. E o se, nesse caso, ou a condição,
a completar os verbos em destaque, seria a de que, esses políticos que foram
eleitos para representar o povo, o representasse de fato.
Mas
isso, de fato, não acontece, basta olharmos o cenário político nacional e
veremos isso, de forma clara e nítida. Está o governo, não digo
necessariamente, a pessoa da presidente Dilma Rousseff, imerso em lama, em
denúncias de corrupções, atos mal explicados e outras tantas coisas nebulosas. Há
suspeitas de que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenha se
beneficiado do criminoso esquema de desvios de dinheiro na Petrobrás. Nesse mesma
balança de suspeitas pairam nuvens nebulosas a respeito do possível envolvimento
do ex-presidente Lula, e de seu filho, hoje, milionário, no mesmo esquema
criminoso. Com o presidente do Senado, Renan Calheiros, também não é diferente.
Não seria exagero dizer que a árvore do poder está com suas raízes deterioradas
e seus frutos estão podres.
Não
há fatos notórios de envolvimento do poder judiciário em esquemas de corrupção,
mas, do jeito que andam as coisas, não duvido nada de que se balançarem a
árvore, também não caiam muitas frutas podres.
Virgem
de Aparecida, enquanto empresários e políticos fazem farra com o dinheiro
público, nos hospitais, faltam médicos, faltam remédios, faltam equipamentos, e
sobram pacientes a necessitar de cuidados. Nas escolas faltam professores,
falta material didático, faltam condições de dignas de aprendizagem, e sobram
alunos sedentos de conhecimento, e de um futuro digno através da educação. Rogai
por todos esses necessitados, e ilumina-os com a luz da esperança.
Há
também aqueles brasileiros que possuem uma condição melhor de vida, e não
precisam passar por todas essas dificuldades. Que podem matricular seus filhos
em boas escolas particulares. Abençoa aos lares nos quais as crianças não
conhecem a falta do pão material, e os mais variados brinquedos não lhes faltam
para o entretenimento. Abençoa-os também, e toca no coração deles a fazer algo
por quem não dispõe desses privilégios.
E,
especialmente, neste teu dia, volvei vosso olhar para as crianças do Brasil. Volvei
teu olhar ao futuro de nossa nação, que são estes pequeninos. Peço-lhe que
intercedas junto ao teu filho Jesus, para que sejam plantadas no coração dessas
crianças, as sementes do amor, da verdade, da paz, da ética e da justiça, do
respeito ao diferente, para que, vendo crescer em seus corações, essas
sementes, fiquemos esperançosos, de que a árvore Brasil, em um futuro próximo,
nas próximas gerações seja árvores frutífera e frondosa, porque alicerçada em
valores edificantes, e que, iluminados, todos nós, pela luz divina, fujam de
nosso sagrado solo as trevas da corrupção, que tanto mal faz à nossa gente
brasileira.
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