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Uma manhã de domingo na Unicamp
Posted by Cottidianos
on
20:51
Segunda-feira,
20 de janeiro
Acordei
bem cedo na manhã de domingo, dia 19. Os raios do astro rei ainda nem haviam
inundado a terra com seu brilho e fulgor característicos. Por falar nisso, todo esse brilho e fulgor,
neste mês de janeiro, tem vindo acompanhado de muito calor. Deus do céu, como
tem feito calor por esses dias! O clima tem estado tão quente, não apenas no
Brasil, como em diversas partes do globo. Lembram-se do tenista canadense Frank
Dancevic, que desmaiou na terça-feira (14), no Aberto de Tênis da Austrália?
Pois é, dizem que ele delirou e até viu o Snoopy na quadra. Essa alucinação já
nos dá uma idéia de como estavam as coisas por lá.
Mas,
voltemos ao momento em que o meu despertador tocou às 5h30 da manhã. Estava
super disposto a ir pedalar pelas belas trilhas de Joaquim Egídio e Morungaba.
Após despertar fiquei pensando: “Minha bicicleta preciso de alguns reparos. No
asfalto não terei problemas, mas nas estradas de terra... É melhor ter um pouco
de prudência. Decidi, então, colocar a bike nas trilhas apenas no próximo fim
de semana. Os amigos com os quais eu estou pedalando, não puderam ir neste
domingo. Ricardo, excepcionalmente, teve que trabalhar e Marcelo, estava
fazendo aniversário e tinha programas bem mais interessantes a cumprir. Voltei
a dormir um pouco mais . Acordei por volta das sete e meia. Fiquei pensando
aonde ir.
Imagem: http://guiadepistas.com.br/fiksperto.php?id=3155 |
Foi
quando me veio uma idéia: “Porque não ir pedalar na fábrica de conhecimentos”?
Foi
exatamente o que fiz? Sai de casa por volta das 8 horas da manhã. O clima ameno
matinal acariciava-me o corpo com suavidade enquanto pedalava pelas ruas
semi-desertas. Andar de bicicleta, aos domingos pela manhã, nas ruas da cidade
é uma delícia. Em contraste com os demais dias da semana, os número de veículos
que circulam pelas vias é bastante reduzido. Dá vontade de pensar que as ruas
são só minhas... Mas é bom observar o ditado popular que diz: “Prudência e
caldo de galinha não faz mal a ninguém”. Após pedalar por cinco quilômetros, cheguei
ao Parque Taquaral. O local já estava cheio de gente fazendo caminhada,
correndo, jogando futebol, vôlei e outros esportes. Parei um pouco para
observar um grupo que se dedicava a prática do Skate. Fiquei ali observando a
habilidade com que os rapazes subiam e desciam a rampa. É preciso ter muito
equilibro e treino. Prefiro a bike. Não gosto muito de pedalar no Taquaral aos
domingos. São milhares de pessoas circulando dentro e em volta o parque. O
máximo que o ciclista consegue é andar em ritmo não muito acelerado. Apesar
disso, a pista de ciclismo também fica cheia de gente que prefere usar a
bicicleta para fazer um pouco de exercício. Após ficar observando o grupo de
Skate. Resolvi seguir estrada afora em direção a fábrica de conhecimentos.
Imagem: http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/as-melhores-universidades-do-mundo |
Após
ter percorrido dez quilômetros de distância, cheguei a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no Distrito de Barão
Geraldo, em Campinas. O que é uma universidade senão uma espécie de indústria,
onde se fabricam conhecimentos, ciência e tecnologia? Aos domingos, não há
aulas, mesmo assim, a Universidade de Campinas abre as portas à comunidade para
quem quiser usar o local para a prática de exercícios físicos. Se, no decorrer
da semana o local é adequado para o exercício da mente, aos domingos também se
mostra propício ao exercício do corpo. Cercado de áreas verdes e muitas
árvores. A sensação é de paz e tranqüilidade. Antes de passar por uma das
portarias, liguei o aparelho de mp3 que trazia comigo e escolhi a trilha sonora
para aquele momento de exercício. O som escolhido foi o álbum Country Gospel Favorites, dos The Jordanaires, excelente quarteto vocal americano, e também o álbum How Great Thou Art, de Elvis Presley.
Era uma forma de unir o útil ao agradável: fazer exercícios físicos e invocar
sobre mim a proteção divina.
Enquanto
percorria as arborizadas ruas do Campus e cruzava as áreas das ciências
humanas, exatas e biológicas, pensava em como aquele lugar, no qual eu,
tranquilamente, fazia meu exercícios, era importante para o Brasil e para o
mundo. A UNICAMP é uma das universidades mais bem conceituadas da America
Latina e uma das melhores do Brasil. Quinze por cento da produção científica
brasileira sai dessa instituição de ensino. Ela é responsável também pelo
desenvolvimento de importantes pesquisas nas áreas de medicina, engenharia,
física, química, engenharia de alimentos, engenharia agrícola, estudos de
linguagem, história, geografia e muitas outras. Os cursos de graduação e
pós-graduação da Unicamp estão entre os melhores do país, colocando os alunos
que freqüentam esses cursos em posição privilegiada diante de um mercado de
trabalho exigente e competitivo.
Grande
parte do Projeto Genoma Brasileiro se
concentra na Unicamp. O Projeto Genoma
é um trabalho em conjunto realizado por diversos países. Foi criado com o
objetivo de fazer um mapeamento dos genes existentes no DNA das células do
corpo humano e armazenar essas informações em banco de dados acessíveis. Alem desse mapeamento do DNA humano,
paralelamente, o projeto também se dedica a desvendar códigos genéticos de
animais, vegetais, fungos e bactérias e, até, de vírus.
Imagem: http://namiradoleitor.blogspot.com.br/2010/07/bibliotecas-inesqueciveis.html |
Passando
em frente à Biblioteca Central, pensei em quantos títulos estariam disponíveis para
tornar os estudos e pesquisas mais eficientes. O cuidado com aquele acervo deve
ser enorme, afinal, aqueles livros guardam informações valiosas e são como
verdadeiros tesouros. Ao fazer essas
considerações, lembrei-me do que acontecera na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, em Porto Alegre. Na véspera de ano novo ocorreu um vazamento em um
cano e a água inundou parte da biblioteca de Ciências Sociais. Muitos
exemplares ficaram inutilizados. As jóias, digo, os livros mais raros foram os
mais afetados. No estado em que ficaram, os livros seriam presas fáceis de
fungos que logo os devorariam. Haveria algum modo de salvar o acervo? Houve
sim. Congelar os livros. Os livros foram colocados nessas câmaras frias que se
usam, geralmente, para a conservação de carnes. Mais ou menos oito mil livros
ficarão armazenados por vinte dias, a uma temperatura de menos vinte e cinco
graus. O objetivo dessa operação salvamento é matar os fungos já instalados nos
livros e, ao mesmo tempo, evitar a proliferação de novos fungos. Quando os
livros secarem eles ainda irão precisar de um tratamento químico e, pelo fato
de ficarem com ondulações após a secagem, passarão também por uma prensa para
que fiquem novamente utilizáveis.
Imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Biblioteca_Central_C%C3%A9sar_Lattes.JPG |
Soube
pelo Jornal Bom Dia Brasil, da Rede
globo de televisão, que houve, nesse fim de semana, um mutirão envolvendo
livros na Letônia, antiga republica soviética. Em Riga, capital do país, foi
construída uma nova biblioteca. Como transferir mais de 4 milhões de livros do
prédio para o novo? Essa tarefa seria um pouco demorada para os leitores ávidos
por experimentar o novo prédio e por folhear os tesouros de papel. A solução
encontrada por lá, foi um realizar um mutirão envolvendo milhares de pessoas.
Assim, passando de mão em mão, os livros foram sendo, tranquilamente,
acomodados no novo prédio. É senso comum falar isto, mas não encontro outro
modo de dizer: “A união faz a força”
Voltando
a minhas pedaladas no Campus da Unicamp. O álbum dos Jordanaires havia
terminado e eu parei para trocar o álbum deles pelo de Elvis Presley, How Great
Thou Art. Fico maravilhado com as interpretações de Elvis para as músicas
gospels. É um cantar com a alma, que me deixa maravilhado. A voz firme e encorpada de Elvis cantava “Then sings my soul my savior God to thee,
how great thou art, how great thou art... (Então, minha alma canta a ti,
meu Deus Salvador: Quão grande és tu, quão grande és tu)” “Que vinho delicioso
é essa voz e essas palavras”, pensei eu. Passava neste momento em frente ao
Instituto de Química. “Os químicos inventam tantas formulas complicadas e de
grande utilidade para humanidade... Eles bem que podiam inventar, pelo menos,
duas fórmulas: uma para fazer cessar as guerras, que aniquilam vidas e
esperanças de tantas pessoas. “E outra para acabar com as desigualdades
sociais, que impedem que as riquezas do planeta sejam distribuídas de forma mais
igualitária”. Foi o pensamento que me veio á mente.
Enfim
depois de ter exercitado meu corpo e de ter feito uma higiene mental, resolvi
retornar, após ter percorrido 10 km, dentro do belo Campus da Universidade
Estadual de Campinas. A volta foi tranqüila. O nível de cansaço era quase zero.
Cheguei em casa após 30 km de uma agradável pedalada. Um banho no chuveiro
levou pelo ralo os poucos sinais de fadiga que o meu corpo sentia e me
revigorou para mais uma semana.
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