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Lembranças de Elvis Presley no coração de Campinas
Posted by Cottidianos
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00:25
Terça-feira, 20 de outubro
“Maybe I didn't treat you,
Quite as good as I should have.
Maybe I didn't love you,
Quite as often as I could have.
Little things I should have said and done,
I just never took the time.
You were always on my mind.
You were always on my mind”
(Always On My Mind - Johnny
Christopher / Mark James / Carson Thompsom)
Era
noite de sábado, 17, e eu estava de pé, no balcão do Tonico’s Boteco, um bar
tradicional, no centro de Campinas. O lugar no qual estava ajudava-me, de certa
forma, a exercitar minha força de vontade, que era posta a prova a
cada vez em que o barman
entregava a algum cliente, alguma cerveja estupidamente gelada. Tenho evitado o
prestigiado liquido, apesar de apreciá-lo muito. Enfim, contentei-me com alguns
Schweppes que, com gelo e limão, até que ficaram deliciosos.
O ambiente
estava lotado e, em meio ao burburinho, aproveitei para explorar visualmente o
ambiente. Localizado no coração de Campinas, — pois foi justamente naquela
região que a cidade começou a nascer — o bar está instalado em um casarão
centenário — que, provavelmente, tenha sido de propriedade de algum dos barões
do café — e cuidou-se para que fosse preservada a estrutura arquitetônica
original, fato que transmite certa sensação de aconchego misturado com bom
gosto.
Na
parede do lado oposto ao qual estava havia painéis fotográficos mostrando
aspectos e lugares antigos da cidade, transformados pelo tempo, mas preservados
em sua lembrança naquelas pitorescas fotografias. Também havia cartazes de
grandes obras de Carlos Gomes, tais como, Il Guarani, Maria Tudor, Salvator
Rosa, Lo Schiavo, dentre outras. Na verdade, o lugar é um tributo a Carlos
Gomes, a começar do nome, Tonico, que era o apelido carinhoso com o qual o
famoso maestro era chamado na intimidade pelos familiares e amigos. A obra de
Tonico também está presente no cardápio, cujos pratos receberam nomes de
grandes Óperas de autoria dele.
Quando
passo pelo Largo do Carmo, lugar onde está instalado o Tonico’s Boteco, tenho
sempre a sensação de que há um toque de passado em meio à modernidade da
cidade. Algumas ruas ainda conservam os paralelepípedos, e muitos prédios ainda
conservam o jeito de antigos casarões. A movimentada Rua Benjamim Constant
divide ao meio duas praças: Bento Quirino, defronte da qual fica a Igreja do
Rosário, e a Praça Antonio Pompeu, na qual fica o monumento túmulo a Carlos
Gomes, no lado oposto à igreja.
Durante
o dia, o lugar é um movimentado centro comercial e, à noite, reduto da boemia.
Enfim, no Largo do Carmo convivem pacificamente e harmoniosamente, passado e
presente, sagrado e profano.
banda Memphis Tenessee |
Após
esse rápido passeio por fora do ambiente, voltemos ao bar. A noite estava
gostosa, embora logo mais, à meia-noite, soubéssemos que nos seria roubada uma
hora devido ao avanço dos ponteiros do relógio rumo ao horário de verão. Olhei o
palco montado a um canto do bar, onde logo estariam Johnn Elvis e Banda Memphis Tenessee,
apresentando o show, Elvis in Concert.
Johnn Elvis é cover do grande astro da música americana, Elvis Presley, há pelo menos
quatorze anos. Ele sempre se apresenta usando replicas das Jump-Suits, ou os
famosos macacões que passaram a fazer parte do figurino de Elvis na década de
70 e que ficaram para história como sua marca registrada, além, obviamente, de
sua potente voz.
Já
eram quase dez horas quando os músicos da banda Memphis Tenessee subiram ao
palco e colocaram fogo na plateia, ao interpretar grandes clássicos dos Beatles
e de música americanas. Vozes perfeitas casavam-se harmônica e melodiosamente
com o som do baixo, teclado, guitarra e bateria. Assim que a banda começou
aqueles rocks clássicos e representativos de uma época de ouro da música, o
público começou a se levantar e a movimentar o corpo ao ritmo daquele ritmo
dançante e gostoso. A maioria preferiu ficar sentada em suas mesas, saboreando
suas bebidas e petiscos, e curtindo o som que invadia o ambiente.
Enquanto
me deixava envolver pelo som da banda, meu pensamento voou até Memphis da
década de 50. Naquela época, a cidade era uma fonte de boa música. Uma fonte de
boa música, não seria bem o termo apropriado, afinal eram tantos artistas
fazendo música de qualidade que é melhor dizer que Memphis era um manancial de
música. Era tudo o que um adolescente apaixonado pelas mais diversas correntes
musicais, queria. Fiquei imaginando o jovem Elvis, antes do estrelato, bebendo
naquelas fontes de onde brotavam a toda hora e a todo o momento, acordes
maravilhosos e vozes idem. Acordes e vozes que muito influenciariam a formação
musical de um dos artistas mais marcantes da música americana, e porque não
dizer mundial.
Johnn Elvis e banda Memphis Tenessee |
Após
cerca de uma hora de show, foi a vez de Johnn Elvis se juntar ao grupo... E sua
entrada foi triunfal, bem ao estilo do rei rock, com direito a, See See Rider,
música que acompanhava a chegada de Elvis aos palcos. Vestindo sua bela Jump
branca, adornada de pedras azuis, ostentando sua vasta cabeleira, Johnn Elvis
subiu a palco, pegou o microfone, e mostrou que sua semelhança com o rei do
rock não estava apenas no visual, mas na voz. Uma voz afinada e potente,
acompanhada dos bem executados e afinados acordes da banda Memphis Tenessee,
encheu o ambiente, e incendiou ainda mais o público.
Já
havia participado de um show de um cover do Elvis, também aqui mesmo da cidade
de Campinas, mas creio que o show do Johnn Elvis expressou melhor a obra de
Elvis Presley. Elvis era um artista bastante versátil. Cantava com propriedade
o rock, as baladas românticas, o country, o R&B, e o gospel, e o cover
campineiro mostrou que sabe captar muito bem a alma do artista americano, ao
passear, com maestria por todos esses estilos.
Também
não faltou no show de Johnn a descontração que havia nos shows de Elvis. Certamente,
a interpretação dos grandes sucessos de Presley, na voz de John Elvis, foi um agradável
modo de iniciar o horário de verão.
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