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Para se compreender a Guerra Paulista de 1932
Posted by Cottidianos
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00:17
Quinta-feira,
09 de julho
Hoje,
9 de julho, é feriado no Estado de São Paulo. Feriado é bom para descansar, ir à praia, ir ao campo, participar de eventos relativos ao fato rememorado, ou,
simplesmente, ficar em casa. Mas um feriado também é bom para compreendermos
aquele evento importante ocorrido no passado, e que faz da comemoração, uma
data tão especial. E 9 de julho é uma data pra lá de especial, pois é o maior
evento cívico do calendário paulistano.
No
dia 09 de Julho, o paulista empreendia um movimento armado contra o governo
ditatorial de Getúlio Vargas e por uma nova constituição para o país. O site do
Wikipédia diz que: “Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual
acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da
Constituição de 1891. A Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente
(atualmente denomina-se governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na
presidência da República e derrubou do poder o presidente da república
Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de
1891 e instaurando o governo provisório, chefiado pelo candidato derrotado das
eleições de 1930, Getúlio Vargas”.
Na
Revolução de 1932 estavam de um lado: as tropas federais do governo Getúlio
Vargas. Do outro: o Exército Constitucionalista, formado por militares
insatisfeitos, membros da Força Pública Paulista (FPP), e milhares de civis, também
descontentes com o governo.
A
inexperiência dos civis que manejavam as armas, a precariedade do material
bélico utilizado, e o fracasso de estratégias anteriormente planejadas, levaram
os paulistas à rendição, em 02 de outubro daquele mesmo ano. Apesar de terem
perdido a guerra, os paulistas a consideram uma vitória, pois em 1934, foi
promulgada uma nova constituição.
Navegando
pelas ondas da Internet, encontrei um texto didático e bastante esclarecedor
sobre esse importante momento das páginas da história do estado de São Paulo. O
texto é de Agostinho Toffoli Tavolaro, advogado e atual presidente da Academia
Campinense de Letras. A Revolução Constitucionalista de 1932, pela forma de
apresentação parece ser um discurso feito por Tavolaro a uma plateia jovem.
Resolvi
apresentar o texto do escritor campineiro por ele nos permitir navegar nas
águas do passado, e recolher elementos que nos permitam viver melhor o momento
presente.
Aos
leitores que estão no Estado de São Paulo, BOM FERIADO!
***
A
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932: UM EXEMPLO PARA OS JOVENS DE HOJE
AGOSTINHO
TOFFOLI TAVOLARO
Da
Academia Campinense de Letras
1932....
Eu não havia nascido. Nem nenhum dos
jovens que me escutam. Por que então falar dela? E por que falar aos jovens?
Porque
naquele ano, nas terras paulistas, aconteceu uma coisa diferente, um fenômeno
singular e raro, que foi uma revolução não para se conquistar o poder, nem para
impor ideologias políticas de um partido, menos ainda para atingir objetivos pessoais,
mas apenas e tão somente para se ter uma lei.
E
porque me atrevo eu a falar dela, se não a vi? Porque eu a senti e ouvi de meu
pai – voluntário que se alistou como soldado para lutar por São Paulo, e que
foi promovido no campo de batalha a Segundo Tenente, porque a ouvi de minha mãe
- noiva ansiosa e preocupada pelas noticias e pela vida de meu pai, e por tudo
que li, ouvi e aprendi com os veteranos de 1932, reunidos no MMDC e nas
comemorações do 9 de julho.
1
– A CONSTITUIÇÃO ALMEJADA
Uma
lei, perguntarão? Que lei é esta que vale uma revolução? E eu respondo: Não uma
lei qualquer, mas uma CONSTITUIÇÃO, uma lei a que todas as outras leis de um
país devem obedecer. É a Lei Suprema do país, regra mãe de todas as outras, lei
que dá o perfil e o contorno da nação, elencando os direitos de seus filhos e
lhes reconhecendo o direito de fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
O
que se buscava com isso? Buscava-se que a vontade do povo, que se exprime
através das eleições, fosse feita pelo voto livre e secreto de cada um, e não pelo
sistema de assinar o eleito uma lista indicando o nome do candidato que sempre era
o que o governo indicava. Buscava-se com isso acabar com os chamados “currais eleitorais”,
para onde o povo mais humilde era conduzido como gado pelos “coronéis” para
votar, Buscava-se com isso assegurar a igualdade de todos perante a lei.
Essa
busca para concretizar esses anseios levara, dois anos antes, em 1930, à vitória
uma revolução conduzida pela Aliança Liberal, que derrubou a chamada Velha República
e colocou no poder GETULIO VARGAS e os jovens tenentes do exercito. No entanto,
uma vez no poder, Getulio e seus tenentes passaram a exercer poderes ditatoriais,
revogando a Constituição então vigente, de 1891, reformada em 1926 e prometendo
outra que viria concretizar aqueles anseios. Perguntarão agora os jovens: o que
é ditadura? E a resposta é: ditadura é o governo de um país por um homem e seu
grupo ou partido, sem ter outro limite que não sua vontade e seu arbítrio,
quase sempre simulando atender aos anseios do povo e fingindo obedecer às
regras em vigor para ditar as leis.
2
– A DITADURA DE VARGAS
Subindo
ao poder, GETULIO passou a exercer um poder ilimitado, destituindo os governadores
dos estados (então chamados presidentes dos estados) e substituindo-os pelos
tenentes , que vinham como interventores, sem qualquer ligação ou vinculo com
os estados para os quais eram nomeados, pois sua missão era fazer com que as decisões
do ditador fossem obedecidas.
A
nova constituição prometida? As reformas anunciadas? Nem falar!
Após
quase dois anos de atos discricionários, impondo-se a ferro e fogo as ordens do
ditador, entupindo o povo de palavrório, São Paulo não mais aguentava o que
acontecia. Estado moderno, com comércio, agricultura e indústria pujantes, adiantado,
formador em suas escolas de elites intelectuais e berço de movimentos artísticos,
literários e sociais da mais alta importância, a situação de desprezo às aspirações
legitimas de seu povo e o espezinhamento a que era submetido tornavam intolerável
o estado de coisas.
3
– 23 DE MAIO – O MMDC
E
aconteceu o 23 de Maio. Ao se manifestarem os paulistas contra na ditadura, frente
à sede do partido governista (era o Partido Popular Paulista , ex- Legião Revolucionária,
fundado pelos asseclas da ditadura), Rua Barão de Itapetininga, esquina da
Praça da República (atual no. 298), foram recebidos à bala, morrendo os estudantes
Euclides Bueno Miragaia, de 21 anos, Mario Martins de Almeida , atingido por um
tiro no peito, Drausio Marcondes de Souza, de 14 anos e Antonio Américo de Camargo
Andrade, campineiro, com 31 anos.
De
seus nomes nasceu a sigla MMDC, de
M - Miragaia,
M – Martins,
D – Drausio
C – Camargo
Criada
por sugestão de AURELIANO LEITE, eternizou–se como representativa da luta de
São Paulo, fundada como sociedade civil que reúne hoje os veteranos de 1932 e
os que lhe rendem o justo reconhecimento e homenagem, com departamentos por
todo o estado.
4
– O NOVE DE JULHO
Avolumou-se
o inconformismo paulista com as atitudes do governo ditatorial, o que também
ocorria em outros estados, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, de tal forma
que se fixou como data para eclosão da revolução o dia 14 de julho.
No
entanto, os fatos se precipitaram e em 9 de julho de 1932 teve inicio a revolução,
havendo sido ocupados o Quartel General da 2 ª Região Militar, o prédio dos Correios
e Telégrafos e a Companhia Telefônica.
5
– O ALISTAMENTO DOS VOLUNTÁRIOS
Deflagrada
a revolução, imediatamente começaram a se apresentar os voluntários, para lutar
por São Paulo. Tropas com instrução militar, somente tinha São Paulo e por São
Paulo lutaram 3.000 soldados do exercito e 9.000 da Força Publica, hoje Polícia
Militar. No entanto, cerca de 200 mil voluntários se apresentaram, deixando
família, negócios e tudo para se oferecer à luta.
De
meu pai, sei que deixou sua noiva que chorava (minha mãe) na estação da estrada
de ferro Mogiana, no hoje Espírito Santo do Pinhal para ir se alistar em São Paulo.
Aliás, ao se alistar foi objeto de rigoroso e demorado exame médico, que, na sua
impaciência de jovem, levou-o a queixar-se, irritado, ao capitão-médico: “Como
é difícil morrer pela pátria”.
Desses,
somente 66.000 lutaram nas frentes de combate, pela falta de armas para todos.
Lutaram contra as forças federais de quase 350.000 homens do Exercito, da Marinha,
das polícias estaduais, “provisórios”, nestes incluídos jagunços e mercenários.
6
- O CHAMADO ÀS ARMAS
Pelas
ondas do rádio vinha a voz vibrante do campineiro CESAR LADEIRA conclamar o
povo paulista a se unir e lutar.
Cartazes
espalhados por todo o estado lembravam:
VOCÊ
TEM UM DEVER A CUMPRIR: CONSULTE A SUA CONSCIÊNCIA
ELLES
ESTÃO A SUA ESPERA PARA COMPLETAR O BATALHÃO
ALISTE-SE
PAULISTAS
ÀS ARMAS
7
– A MULHER PAULISTA E A REVOLUÇÃO
Não
se pode falar da revolução de 1932 sem mencionar a mulher paulista, heroína da
guerra muda e do sofrimento atroz que lhe causava o perigo constante, que rondava
os seus entes queridos e a si próprias, expondo-se ao fogo inimigo e ao bombardeio
aéreo.
Atuou
de forma relevante nos hospitais e nos postos de saúde, inclusive os de campanha,
nas frentes de combate. Trabalhou nas Casas do Soldado, costurando fardamento e
preparando lanches e refeições que levava às tropas em seu deslocamento.
Nos
bondes da capital paulista, as moças, ao verem de pé um homem válido levantavam-se
e lhe ofereciam um lugar para sentar, dizendo-lhe com ironia: “Sente-se, por
favor, pois o senhor deve estar muito doente para não estar lutando na frente
de combate.”
E
episódios como de MARIA ROSA STELA SQUASSÁBIA, de São João da Boa Vista,
tiveram lugar. Ela, professora, ao ter a noticia da prisão de seu irmão pelas forças
inimigas, assumiu seu lugar na tropa, empunhando o fuzil e chegou, mesmo, a fazer
prisioneiro um tenente das forças ditatoriais. Conta-se que, envergonhado por haver
sido capturado por uma mulher, esse tenente, sedento de vingança teria oferecido
um prêmio por sua cabeça.
8
– AS CRIANÇAS
Até
as crianças prestavam serviço às tropas, servindo os escoteiros como mensageiros
e estafetas.
Nossa
Campinas, alvo do primeiro ataque aéreo contra uma população civil, em uma
manhã de domingo, 16 de setembro de 1932, teve a desventura de perder um heroico
escoteiro de 10 anos de idade, o menino ALDO CHIORATTO, no bombardeio que os
“vermelhinhos” - nome que se dava aos aviões da ditadura – fizeram contra a cidade.
Morreu o jovem em frente à sua casa, na esquina das ruas Campos Sales e Visconde
do Rio Branco, como escreveu posteriormente a acadêmica CELIA S. FARJALAT
(Correio Popular, 09/07/72).
9
– A MOCIDADE
Generosa
e idealista, a mocidade estudantil e operária acorreu aos centros de alistamento,
oferecendo sua vida e seu sangue a São Paulo, que a pena de GUILHERME DE
ALMEIDA ressalta na frase que se encontra gravada no monumento do pátio da
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco:
QUANDO
SE SENTE ARDER NO PEITO A HEROICA CHAMA
DEIXA-SE
O PAPEL DOBRADO E SE VAI MORRER
10
– UM DE NOSSOS ACADÊMICOS NA REVOLUÇÃO
Fundada
em 1956 nossa Academia Campinense de Letras orgulha-se do fato de um de nossos
acadêmicos ter lutado na frente de combate, pois o padre, capelão e oficial de
ligação do Batalhão 23 de Maio, depois Monsenhor LUIS FERNANDES DE ABREU lutou
e, de “parabellum” em punho foi aprisionado em Amparo, no dia 18 de setembro,
havendo amargado prisão por 5 meses na ilha das Flores, no Rio de Janeiro.
11
– OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO
Como
toda revolução não se faz sem lastro monetário, fez-se a campanha “DEI OURO
PARA O BEM DE SÃO PAULO”, trocando os casais suas alianças de ouro por anéis de
ferro, como me lembro de ver meus sogros usando.
Emitiu
ainda São Paulo os bônus paulistas, com lastro no ouro arrecadado, como papel
moeda. Tão bom, que após a revolução o Governo Federal os honrou.
12
– A HISTÓRIA OFICIAL: O SEPARATISMO
A
propaganda oficial, rendendo preito à parêmia de que “em tempo de guerra a primeira
vítima é a verdade” e que “em tempo de guerra mentira é como terra”, divulgou
que pretendia São Paulo pretendia se separar do Brasil, chamando a revolução
inclusive de “revolução dos italianinhos”, dada a forte imigração peninsular para
nosso estado.
E
a história oficial reproduziu essa balela, como alguns historiadores
posteriores também o fizeram, fruto de leitura pouca e desavisada.
Separatista,
no entanto, não foi a Revolução Constitucionalista, como mesmo seu nome o
atesta, pois tinha como objetivo dotar o Brasil, e não somente São Paulo, de
uma Constituição.
Que
São Paulo não desejava separar-se do Brasil comprovam os fatos pois, durante os
três meses que durou a revolução (de 9 de julho a 2 de outubro de 1932) lutas
com o objetivo de apoiar a revolução houve no Rio Grande do Sul (Vacaria, Pelotas,
São João, Caçapava, Rio Fão e Serro Alegre), no Pará (Belém), no Amazonas (Itacoatiara),
Mato Grosso (Bela Vista, Ladario, Quiteria, Coxim, Porto Esperança,Porto
Murtinho e Mandioca Assada), em Minas Gerais (Belo Horizonte e Zona da Mata),
na Bahia, onde foram aprisionados mais de 500 estudantes na Faculdade de Medicina,
em Santa Catarina e no Paraná, conforme relata PAULO BARROS CAMARGO.
Como
separatista, se seus comandantes foram o General Isidoro Dias Lopes (gaúcho), o
coronel Euclydes de Figueiredo (carioca) e o General Bertholdo Klinger (gaúcho)?
Separatista
não foi, pois como me relatou meu pai ouviu ele de Abelardo Vergueiro Cesar,
influente homem público e deputado que a venda de armas por países estrangeiros
lhe foi negada por não desejar constituir-se em país independente e soberano,
quando poderia, como beligerante, receber auxílio em armas e equipamentos do
exterior. Assim, as poucas armas que lhe vieram do exterior o foram por contrabando.
Melhor
que qualquer outra coisa, o brasão de São Paulo, com a divisa latina PRO
BRASILIA FIANT EXIMIA, demonstrou e evidencia, até hoje o sentido de brasilidade
que sempre prevaleceu em São Paulo, vez que em tradução livre significa a divisa:
PELO BRASIL FAÇA-SE O MELHOR
13
– O ARMAMENTO E A MOBILIZAÇÃO INDUSTRIAL
Com
armas obsoletas, espingardas, revolveres, garruchas e fuzis descalibrados, São
Paulo conseguiu por 3 meses lutar contra as superiores forças inimigas, transformando
fabricas de “batom” em fábricas de cartuchos e balas, fabricando nas oficinas
de reparação das ferrovias o famoso “Trem Blindado” e inclusive tanques de guerra.
Para
fazer crer ao inimigo que possuía armas automáticas (fuzis-metralhadores) utilizou-se
a famosa matraca, que produzia o som de uma dessas armas, ou se faziam funcionar
motocicletas.
A
aviação paulista era, no início da revolução, de dois aviões, passando a um máximo
de oito, contra toda a aviação federal.
14
– A LUTA
O
plano de ação militar era avançar sobre o Rio de Janeiro – então capital
federal, e ali depor o governo, com o auxílio das unidades militares que ali
havia, cujos comandantes já se haviam afinado com os ideais revolucionários.
No
entanto, esse plano estratégico não foi cumprido porque se decidiu esperar a vinda
de tropas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, parando as tropas paulistas na
fronteira do estado do Rio e transformando a guerra, de uma ação dinâmica, em
uma guerra estática, cavando-se trincheiras. Não houve ofensiva, passando os paulistas
do ataque à defesa. E Rio Grande do Sul e Minas Gerais, em vez de enviarem
tropas apoiando a revolução, enviaram suas forças para lutar contra ela.
Desenvolveu-se
a luta em três frentes de batalha, a frente norte, na região do Túnel, no vale
do Paraíba, a frente leste, na fronteira com Minas Gerais e a frente sul, na
fronteira com o Paraná.
Foi
uma guerra estática, de trincheiras, em que o resultado menos dependeu do valor
dos soldados mas muito mais do poderio bélico. Nesse guerra morreram 2.800 paulistas,
nascidos em todos os estados. O Governo Federal jamais divulgou o número de
suas perdas.
15
– UMA ANÁLISE DA REVOLUÇÃO
Foi
a Revolução Constitucionalista uma revolução romântica, por ideais e não por
conquista de poder, que terminada por um armistício, veio alcançar seu
resultado maior com o advento da Constituição de 1934, que introduziu o voto
secreto e o voto das mulheres, constituição essa infelizmente revogada pela
Carta de 1937, de inspiração facista e que implantou o chamado Estado Novo de
Getulio, ditadura que perdurou até 1945.
Não
foi tampouco um movimento partidário, pois os dois principais partidos de então
– Partido Republicano Paulista e Partido Democrático - se uniram, pois a ideia era
a continuidade da revolução de 1930, onde se lutou para terminar com a velha republica,
a fim de se assegurar o voto secreto e não o voto por assinatura “a bico de pena”.
O
que teria acontecido se a revolução constitucionalista houvesse triunfado?
Levantou-se
um símile com a Guerra Civil americana, onde os estados do sul, rurais,
atrasados e escravocratas, buscaram a secessão dos estados do norte, industrializados
e no caminho da modernidade. Embora a Revolução Paulista tenha de fato oposto o
estado líder da federação em desenvolvimento, industrialização e modernidade
aos demais estados predominantemente rurais, o paralelo para por aí, pois
jamais teve São Paulo como objetivo separa-se do Brasil. Houvesse triunfado a revolução
também no campo das armas, pois a vitória moral lhe foi reconhecida em 1934,
teríamos sim o Brasil na senda da modernidade e do desenvolvimento, de que usufruiriam
todos os brasileiros mercê da CONSTITUIÇÃO que se buscava e que daria representatividade
a todos os segmentos da população e ao livre curso de ideias.
Teríamos
ganho , no mínimo, quinze anos de desenvolvimento dentro de um país mais justo,
com a livre manifestação de ideias que caracteriza a verdadeira democracia, com
responsabilidade e consciência do dever e respeito à lei .
16
- GUILHERME DE ALMEIDA
Quando
falamos de 1932, não podemos omitir menção a um filho de Campinas – GUILHERME
DE ALMEIDA, Príncipe dos poetas brasileiros, título que recebeu por votação em
1959 e que havia sido anteriormente conferido a OLAVO BILAC (1902), ALBERTO DE
OLIVEIRA (1918) e OLEGARIO MARIANO (1937).
Dele
se conta que, aos quatro anos de idade, indagado sobre o que queria ser quando
crescer, respondeu: “Campineiro”.
Dele,
mais e principalmente o poema sobre a bandeira paulista, que assim
começa
:
BANDEIRA
DE MINHA TERRA,
BANDEIRA
DAS TREZE LISTAS
SÃO
TREZE LANÇAS DE GUERRA
CERCANDO
O CHÃO DOS PAULISTAS.
17
– MENSAGEM AOS JOVENS
A epopeia
de 1932, no entanto, não pode ser jogada na lata de lixo da história.
Exemplo
de ideal e civismo, contém uma mensagem às gerações futuras e aos jovens de
hoje.
Essa
mensagem é a de
NÃO
DESESPERAR QUANDO TUDO LHES PARECE ADVERSO
ACREDITAR
NA LEI E NAS IDÉIAS
LUTAR
POR ELAS
POIS
ESTA É A BOA LUTA
QUE
ENOBRECE QUEM A FAZ
Ao
trazer aos jovens as lições aprendidas com meu pai, que como os jovens de São
Paulo não hesitou em lutar contra a ditadura, pretendo apenas que eles as adaptem
a um país assolado pela corrupção, pela demagogia e pela incompetência que
obscurecem uma paisagem que deveria ser brilhante .
Campinas,
4 de julho de 2004
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