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Bagdá em chamas
Posted by Cottidianos
on
00:07
Sexta-feira,
31 de julho
“O
mesmo sol, a mesma lua
A
mesma chuva, o mesmo vento
Por
que não termos mesma voz
E
mesmo pensamento?
O
velho sol amigo e bom
Que
brilha aqui que nasce lá
No
horizonte de Washington
É
o mesmo sol de Bagdá”
(Sol
de Bagdá – Jorge de Camargo)
Uma
simples caminhada pelas ruas de Bagdá no dia ontem já era suficiente os
iraquianos se sentirem no inferno, de tanto calor que fez. Bem, eu nunca estive
no inferno, confesso que espero nunca chegar nem perto desse lugar prá lá de
quente, descrito nos livros mitológicos e/ou sagrados. Olha que o povo do Iraque
está acostumado com altas temperaturas. Imagine se não estivessem.
Devido
à onda de calor sem precedentes na região, o governo iraquiano resolveu
decretar feriado de quatro dias, com início no dia de ontem. A recomendação do
governo é a mesma que em todos os lugares onde se faz muito calor: evitem o sol
e bebam muita água. Também, que se animaria a enfrentar um sol escaldante de 520C?
Só mesmo os masoquistas, ou quem tem que sair para resolver um problema de grande
urgência. Coitado desses últimos, não é mesmo?
Para
agravar ainda mais a situação, o povo iraquiano ainda tem que enfrentar os
constantes cortes de eletricidade e água que atingem o Iraque e outros países
vizinhos, que vivem em conflito.
Ainda
se tivesse a brisa da beira do mar a quem recorrer, bem que os iraquianos
podiam aproveitar bem esses dias. Mas eles não foram presenteados pela natureza
com esses paraísos chamados praias. Aí as
opções ficam bastante limitadas. Para refrescar o corpo e a mente, o jeito é ir
tomar um banho em canais de irrigação e rios da região... Ou correr para os
ambientes refrescantes do shopping centers, templos do consumo.
Mas
se a onda de calor é ruim para muitos, é bom também para os bolsos de alguns. Por
exemplo, os vendedores de geradores de energia, ar condicionado, e
ventiladores.
Todas
essas coisas deveriam servir de alertar para qualquer pessoa, em qualquer lugar
do mundo. Não nos esqueçamos de que o homem maltrata o planeta, e o planeta dá
sinais de que está ficando irritado. E com isso quem perde somos todos nós. É fácil
perceber isso, em qualquer do mundo. Sabe aquela frase dita ou pensada: “Antes
não era assim”.
Aqui
na cidade de Campinas, por exemplo, os dezembros e janeiros estão ficando a
cada ano, mais e mais quentes. Não chega a fazer os 520C do Iraque,
mas já dá sentir a pele ardendo sob o sol que deveria ser agradável, mas que se
torna temível. O jeito que tem, nesses dias, é ir se esgueirando pelos toldos das
lojas comercais, ou procurando a sombra primeira da árvore que atravessa nosso
caminho.
Sem
contar que por aqui, ainda vivemos sob o fantasma da possibilidade de enfrentar
uma seca feroz. Já tivemos medo no ano passado, quando vimos nascentes, rios
grandes e pequenos, reservatórios principais e secundários, minguarem suas abundantes
reservas de água, chegando a se tornarem filetes d’água. Com as minguadas
chuvas que caíram esse ano, não dá para ficarmos muito animados, não. Logo chegam
os meses de outubro e setembro...
É bom
a gente abrir bem os olhos. Não dá mais para cair na indiferença e dizer: “Ah,
esse calor infernal é lá no Iraque, bem longe daqui”. Abra mais os olhos ainda
mais, e pense que o Iraque também faz do mesmo planeta no qual todos nós
habitamos, e o qual todos nós devemos preservar. E, coisa importante, é nosso
papel pressionar os poderosos e governos para que tomem atitudes que detenham
esse assassinato em gotas, cometido contra nossa tão querida Terra, nosso lar,
nosso berço, nossa mãe.
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