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Revirando as cinzas de um passado que insiste em não ser esquecido
Posted by Cottidianos
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01:12
Quinta-feira,
16 de julho
O
dia 08 de julho de 2014, foi um dia que entrou para qualquer enciclopédia, seja
ela em qualquer mídia, grande ou pequena, de futebol ou não, como um dia histórico
no esporte, de modo geral.
Alguém
lembra o que aconteceu nesse dia? Não lembra, ou não quer lembrar? Não se sinta
incomodado se não quiser lembrar-se do acontecido, afinal, somos mesmos seres
passionais.
Há
cerca de um ano, o Brasil era o centro do futebol mundial. Todos os olhares,
todas as câmeras, todos os jornais online e impressos, emissoras de rádio e TV,
estavam voltados para o Brasil... O país havia se tornado celeiro de craques...
A elite do futebol mundial corria pelos campos do Brasil... E o espetáculo
proporcionado por eles era maravilhoso. Simplesmente, um show de talento e
técnica. Show de bola!
Conseguiu
unir os pontos, e captar aquilo que
quero, de forma sutil, relembrar?
Após
muitas críticas e protestos — alguns deles muito violentos — contra a
realização da Copa do Mundo, estávamos vendo, finalmente, um evento de tão
grande porte, ser realizado sob o manto verde, amarelo, azul e branco.
O
Campeonato Mundial — em sua vigésima edição, a quinta na América do Sul, e a
segunda no Brasil — iniciou-se em 12 de junho e terminou em 13 de julho.
Atletas e fãs do futebol de 31 nações fizeram do chão, e dos gramados Brasil,
naqueles dias, o seu espaço de lazer. 64 jogos fizeram a alegria dos torcedores
nos mais diversos recantos do Brasil e, especialmente, nas doze cidades sedes.
Estádios novos foram construídos e outros reformados para ficarem dentro do
“padrão Fifa”. Isso sem falar no público recorde de público que acompanhou as
transmissões dos jogos nos mais diversos recantos do planeta.
Porém,
vamos aos tristes fatos. Digo tristes para nós, brasileiros, porque para os
alemães, tais fatos estão muito longe de serem tristes...
O Mineirão,
em Belo Horizonte, estava lotado. 58.141 pessoas, em sua esmagadora maioria
brasileiros, lotavam o estádio. Afinal, — Brasil, o país anfitrião, e Alemanha,
país que após poucos dias, já se sentia em casa — dois grandes do futebol
mundial (ao final, descobrimos que não eram dois grandes, e sim um grande e um
pequeno) iriam se enfrentar em um jogo (que achávamos fosse ser emocionante)
que valia a tão sonhada vaga na final da Copa do Mundo de 2014.
Bilhões
de pessoas em todo o planeta estavam ansiosas pelo início do show, digo do
jogo. De um lado, estavam os bravos guerreiros (?) brasileiros:
Brasil: Júlio César; Maicon, David
Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho, intervalo) e Oscar;
Hulk (Ramires, intervalo), Bernard e Fred (Willian, aos 23´do 2º T). Técnico:
Luiz Felipe Scolari.
Do
outro lado, estavam as feras alemãs:
Alemanha: Neuer; Lahm,
Boateng, Hummels (Mertesacker, intervalo) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira
(Draxler, aos 31´do 2º T), Kroos e Özil; Thomas Müller e Klose (Schürrle, aos
12´do 2º T). Técnico: Joachim Löw.
Mas
antes de começar o jogo, congelemos este momento e voltemos à saga dos dois
times e como eles chegaram até momento... E veremos que o caminho cruzado por
eles nos gramados do Brasil foi muito diferente.
Primeiro,
vamos ao desempenho do time alemão, que, por sinal, começou o campeonato muito
bem, como diz o ditado, “sorrindo de orelha a orelha”. Afinal, o primeiro jogo deles havia sido
contra a seleção do grande Cristiano Ronaldo, e já começaram com goleada de 4 x
0 em cima dos portugueses. A seleção de Gana deu trabalho e, com os ganeses, os
alemães conseguiram apenas um empate em 2 x 2. Depois vieram 1 x 0 em cima dos
Estados Unidos. O resultado não poderia ser outro: A seleção alemã se
classificou em primeiro lugar no Grupo G. Passando de fase, os alemães
enfrentaram a Argélia. Pensa que os argelinos entregaram o jogo fácil? Que
nada! Os europeus tiveram que suar a camisa, e assim mesmo, apenas na
prorrogação, conseguiram vencer pelo placar de 2 x 1. Quartas de final! Duelo
de gigantes do futebol: França e Alemanha. Resultado do jogo? 1 x 0. Advinha
quem fez as malas?
Alojados
num verdadeiro paraíso tropical — a bela Santa Cruz de Cabrália, na Bahia — os
alemães pareciam se divertir... E muito! Não apenas pareciam, mas estavam
realmente se divertindo, afinal de contas, à beira daquelas praias
paradisíacas, sentiam os ventos soprarem completamente a seu favor. Se é bem
verdade que os alemães estavam se divertindo na terra onde aportaram os
primeiros portugueses que aqui chegaram, também é verdade que eles treinavam...
E muito! Treinavam de sol a sol. Também, na beira daquelas praias qualquer um treinaria
duro e ainda daria risadas...
Os
alemães também estavam ansiosos por enfrentar os donos da casa...
Já
a campanha da Seleção Brasileira... Bom, tenho que falar dela, não tem outro
jeito, senão esse artigo ficará pela metade. Vamos lá, coragem! Coragem para
prosseguir falando desse fiasco.
Começemos
de longe, na década de 50, no Maracanã. Era final de Copa do Mundo e o Brasil,
jogando com o Uruguai, perdeu pelo placar de 2 x 1. A derrota ficou conhecida
como Maracanazo, e aquela espinha não saiu de nossa garganta desde então. Era
nossa maior vergonha no futebol. Tínhamos, enfim, a chance de expulsar essa
incomoda espinha, 64 anos depois. Um detalhe importante deve ser dito antes de
voltar ao presente: Naquela época, a seleção pecou por excesso de confiança,
pois os jogadores brasileiros jogavam, e muito bem.
No
presente, os ventos pareciam não soprar tão a nosso favor, como sopravam em
Santa Cruz de Cabrália. Enquanto a seleção alemã era uma seleção de muitos
craques, a seleção brasileira era a seleção de um só jogador: Neymar. Era
Neymar, pra aqui, Neymar pra acolá, e blá, blá, blá; uma comissão técnica
ultrapassada, que mesmo vendo que a seleção andava mal das pernas, não fazia
modificação alguma; e jogadores que estavam mais nas redes sociais, do que,
propriamente, onde deveriam estar: dentro de campo, treinando duro. Aí é que
está a diferença: Os alemães se divertiam e treinavam. Os brasileiros apenas se
divertiam. Quando pensaram em “como e porque o Brasil perdeu tão feio para a
Alemanha”, considerem esse importante item.
O
Brasil estreou na competição jogando contra a Croácia, no dia 12 de junho, na
Arena Corinthians, às 5 da tarde. A seleção não jogou bem, apesar disso, venceu
por 3 x 1, e ainda contou com uma pequena e polêmica “ajuda” do árbitro. É a
tal da história: Venceu, mas não convenceu. A partir daquele jogo já dava para
ver que a seleção não ia bem das pernas. Mas não queríamos enxergar essa
realidade. Terminante e decididamente, não queríamos ver isso... E cantávamos o
Hino pátrio a plenos pulmões nos estádios lotados, e em frente a qualquer TV
que transmitisse os jogos... E gritávamos: Hexacampeão... E acima de tudo,
acreditávamos.
Veio
o segundo jogo, com o México. A única coisa que conseguimos com eles foi um
empate em 0 x 0. Na terceira rodada da
primeira fase, iríamos jogar contra Camarões. Era uma seleção fraca, e por isso
dizíamos: “Oba, vamos comer camarões!” Que nada! Vencemos por 4 x 1. Novamente,
a seleção venceu, mas não convenceu. Nas oitavas de final, enfrentamos o
Chile... Terminou o tempo regulamentar com empate em 1 x 1. Veio o sofrimento
da prorrogação. O resultado permaneceu. Quase perdemos nos últimos minutos. Que
sufoco! Veio o sofrimento dos pênaltis. Ufa, ganhamos!... Mas, após o jogo...
Que papelão! Alguns jogadores desabaram a chorar feito crianças. Thiago Silva, chorando, sentado em cima da
bola, era patético. Foi aí que acendeu a luz vermelha. Vimos ali, uma Seleção
Brasileira desequilibrada, sem nenhum controle emocional. Melhor seria, mil
vezes melhor seria, se a seleção tivesse perdido para a seleção chilena naquele
jogo.
Vieram
as quartas de final e enfrentamos a Colômbia, time revelação daquele
campeonato. Vencemos por 2 x 1.
Galvão
Bueno, empolgado nas narrações dos jogos, gritava: “Vai Neymar! Vai Neymar!”.
Mas, contra a Colombia, Neymar não foi. Ficou estendido no chão, em
consequência de uma grave lesão provocada pelo colombiano, Zúñiga, aos 41
minutos do segundo tempo. Foi colocado na maca, levado para o hospital, e
terminou aí sua atuação na Copa 2014.
Começou
aí outro papelão. Os demais jogadores, visivelmente inseguros sem a presença do
craque, invadiram as redes sociais e o restante da mídia, com frases e
homenagens a ele. Até mesmo na hora de entoarem os hinos no Mineirão lotado,
presenciamos — na verdade, o mundo presenciou uma cena patética — ao cantarem o
Hino Nacional, os jogadores seguravam uma camisa do Neymar.
Enfim,
veio a tão esperada semifinal, o tão esperado dia 08 de julho. Nada fugiu a
regra dos jogos anteriores: estádio lotado, torcedores apaixonados cantando
patrioticamente o Hino Nacional. O detalhe nesse jogo era a tal cena patética
dos jogadores segurando a camisa.
Começou
o jogo. Bola rolando em campo. A seleção parecia equilibrada. Apenas parecia,
mas só até os dez minutos do primeiro tempo, quando Müller fez o primeiro gol
da histórica partida. E foi assim...
Müller,
aos 11´, Klose, aos 23´, Kroos, 24´e depois aos 26´, e Khedira, aos 29´, tudo
isso no 1o tempo... E ainda cabia mais. A seleção alemã foi piedosa...
E tirou o pé do freio... Senão, acho que ainda cabia mais uns cinco. 1, 2, 3,
4, 5! Era inacreditável. Ninguém conseguia assimilar isso. De forma alguma.
Muito antes de o árbitro apitar o final do 1o tempo, muita gente,
chorando, revoltada, começava a deixar o estádio, ou o sofá da sala.
Começou
o 2o tempo e... Tome mais gol. De quem? Da Alemanha! Patética, a
seleção brasileira se movimentava dentro de campo sem buscar o gol, pelo menos
um. E veio mais gol... Da Alemanha: Schürrle, aos 24´e aos 34´ do 2o tempo.
Apenas no apagar das luzes, aos 45´do 2º tempo, Oscar fez o gol de honra.
Honra? Que honra?
O
resultado vocês já sabem: Alemanha 7 x Brasil 1.
Mas
as coisas não acabaram por aí, ainda teve outra goleada, na disputa pelo
terceiro lugar. Dessa vez, os carrascos foram os holandeses que golearam a
seleção canarinho por 3 x 0.
Enquanto
isso, no dia 13 de julho, a Alemanha jogava contra a Argentina, ganhava por 1 x
0, e, merecidamente, levantava a tão cobiçada taça, em um Maracanã lotado.
Calma,
isso ainda não é o último capítulo. Tem mais? Tem.
Este
ano de 2015, o Brasil disputou a Copa America e, novamente, teve um péssimo
desempenho, novamente confiou-se apenas em Neymar, novamente Neymar ficou fora
da competição, dessa vez, por falta de equilíbrio emocional, e novamente o
Brasil deixou a competição sem ganhar nada.
Será
que algum dia, teremos, novamente, orgulho da nossa seleção canarinho?
Quando
será que os dirigentes do futebol brasileiro irão iniciar um trabalho de base,
à exemplo da vitoriosa seleção alemã?
Porém,
não há motivos para chorar, nem para lamentar, apesar dos inesquecíveis 7 x 1,
pois os celeiros dos Brasil continuam cheios de craques, basta apenas que dirigentes
corajosos, e ações gestoras competentes, os revelem aos campos do Brasil, e do
mundo.
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