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Inimigo do leão
Posted by Cottidianos
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00:09
Quinta-feira,
30 de julho
“Atrair com uma isca e matar um animal ameaçado
como
esse leão africano e considerá-lo um ato esportivo
não
poder ser chamado de caça,
mas
sim de uma vergonhosa amostra de crueldade desapiedada”
(Betty McCollum –
Congressista democrata americana)
Na
segunda-feira, dia 20 de julho, fiz uma postagem que falava de uma história
bela e comovente: a amizade entre um alemão e uma leoa, em Botswana. Infelizmente,
hoje falo do reverso cruel dessa medalha que expressa os conceitos de vida
humana x vida selvagem. Ou seriam alguns humanos selvagens e alguns selvagens
humanos. Afinal de contas, o que é ser humano e o que é ser selvagem? Penso que
tudo passa por uma questão de caráter. E caráter, depende de que? Do dinheiro
que se tem? Da cor da pele? De orientação sexual? De nacionalidade? Não!
Definitivamente não para todas as questões. Penso também que caráter tem a ver
com o processo evolutivo de cada um de nós. Tem gente que avançou bastante em
conhecimento, posição social e todas essas coisas, porém em se tratando de
processo evolutivo rumo à verdadeira descoberta de si mesmo como ser humano,
estão bem longe disso.
Hoje
falo de um assassinato que comoveu o mundo: o do leão africano, Cecil. Ele era
jovem, tinha 13 anos. Era um símbolo da vida selvagem em sua terra, o Zimbábue.
Vivia em plena liberdade em um parque nacional. Apesar de seu porte majestoso e
forte, era um animal dócil. Era paparicado pelos milhares de turistas que
visitam o parque. Foi morto com requintes de crueldade.
Infelizmente,
no início deste mês, o rei da selva, teve o azar de cruzar o caminho de Walter
Palmer, um dentista americano, de 55 anos, frio e cruel. Não foi a primeira vez
que o dentista mostrou sua natureza selvagem. Mas sempre se saiu bem com o
poder do dinheiro, como verão no texto que compartilharei logo abaixo.
Segundo
denuncia da ONG Zimbabwe Conservation
Task Force (ZCTF), Walter Palmer pagou 50.000 dólares à empresa Bushman
Safari, para que fosse organizada uma caçada noturna. Tudo certo para a caçada,
o grupo prendeu um animal morto no carro por eles utilizado e, com isso,
atraíram Cecil para fora do parque.
Palmer,
então, com os olhos cheios de prazer, o prazer de matar, armou o arco,
posicionou a flecha, e mirou o alvo. Veloz como um raio a flecha correu em
direção ao rei da selva. Um urro de dor ecoou pelo ar, quebrando a quietude da
noite. Cecil, ferido correu pela selva. O grupo de caçadores, entre eles, o seu
patrocinador, Palmer, não descansaram enquanto não encontraram o leão. Encontraram-no
agonizando devido aos ferimentos provocados pela flecha.
Ao
aproximarem-se, descobriram que o leão trazia ao pescoço um GPS, e que era
protegido da Universidade de Oxford. O animal fazia parte de um estudo daquela
universidade. Logo perceberam que a “prazerosa” caça havia se tornado para eles
um problema. Resolveram então livrar-se dele. Um tiro ecoou, quebrando, pela
segunda vez, o silencio das matas. Em seguida, Cecil foi decapitado e teve a
pele arrancada.
O ato
covarde provocou revolta no mundo inteiro. Já em sua casa, no estado americano
de Minnessota, fechou sua clinica e ainda teve que bloquear suas contas nas
redes sociais, tão grande foram as intensidades dos ataques dos internautas. Em
frente a clinica do dentista, pessoas colocaram bichinhos de pelúcia e colocaram
flores, em memória de Cecil.
"Animais
estão aqui para aproveitar o mundo e nos ajudam a sobreviver. Sem as abelhas
não teria mel, sem as vacas não haveria leite". Estas foram as sábias
palavras de uma menina do Zimbábue, comentando o triste fato, em entrevista à
imprensa.
Abaixo,
compartilho matéria publicada no site do jornal El País Brasil.
***
Caçador
do leão Cecil já matou um urso de maneira irregular
SILVIA
AYUSO Washington
Walter
Palmer, o dentista norte-americano que matou o leão protegido ‘Cecil’ em uma
batida de caça no Zimbábue, tem antecedentes de caça ilegal. Palmer, que dirige
uma clínica em Minnesota, foi condenado em 2008 por abater um urso negro no
estado de Wisconsin dois anos antes. O caçador disparou no animal fora da área
autorizada e tentou disfarçar o feito, como se tivesse sido abatido em outro
lugar. Palmer foi condenado a pagar uma multa de 3.000 dólares (9.974,40 reais)
e esteve em liberdade condicional durante um ano. Além disso, as autoridades
limitaram sua permissão de usar o arco — a mesma arma que usou para matar o
leão protegido — a usos esportivos.
Não
foram seus primeiros problemas com a justiça. Em 2006, Palmer foi denunciado
por assédio sexual por uma recepcionista que trabalhava com ele. O dentista
evitou o julgamento com um acordo privado no qual pagou à mulher mais de
127.000 dólares (422.249,60 reais), segundo os registros da Junta de
Odontologia de Minnesota.
O
dentista norte-americano, de 55 anos, está sendo objeto de uma campanha massiva
de críticas que o levaram a fechar sua clínica – até mesmo bloqueou sua página
online –. Mais de 265.000 pessoas assinaram uma petição na Internet que pede
justiça para ‘Cecil’ e exige que o Governo do Zimbábue pare com a emissão de
permissões de caça para os animais que estão em risco de extinção. Além disso,
Palmer poderá ter problemas legais pela morte de Cecil.
As
investigações do Escritório de Parques e Vida Selvagem do Zimbábue e a
Associação de Operadores de Safári desse país mostram que Palmer supostamente
pagou 50.000 dólares (166.240 reais) para caçar o felino protegido. As
investigações indicam que o dentista norte-americano e o responsável pelo
safári em que estavam enganaram ‘Cecil’, de 13 anos e o animal mais
representativo do parque nacional de Hwange, para que saísse da área protegida.
Com o leão fora do parque, Palmer o acertou com uma flecha. ‘Cecil’ – que
estava com um GPS pois fazia parte de um estudo da Universidade de Oxford –
agonizou durante 40 horas. Depois, foi morto, decapitado e despelado.
As
autoridades do Zimbábue já abriram processo contra duas pessoas pela caça
ilegal de ‘Cecil’. Elas são Theo Bronkhorst, caçador profissional e organizador
do safári, que ocorreu no começo de julho, e Honest Ndlovu, dono da fazenda
onde foram encontrados restos do animal e onde ele morreu, segundo os dados do
GPS que levava. Ambos enfrentam acusações por caça ilegal.
Palmer,
que em um comunicado na terça-feira lamentou o ocorrido e afirmou que
acreditava que a caça do felino havia sido legal, afirmou que não foi contatado
pelas autoridades do Zimbábue e dos EUA. Ainda que diga que irá colaborar em
qualquer investigação. O dentista, um grande entusiasta da caça que possui
quase cinquenta troféus por matar com arco e flechas desde búfalos e alces até
um urso polar, poderá ser acusado no país africano por praticar caça ilegal,
segundo a porta-voz da polícia do Zimbábue, Charity Charamba.
A
associação de defesa dos direitos dos animais PETA pediu através de um
comunicado que o dentista norte-americano seja extraditado, julgado e condenado
pela morte de ‘Cecil’, um símbolo do Zimbábue.
Os
problemas legais de Palmer, entretanto, poderão começar em seu próprio país. Se
ficar comprovado que o dentista subornou os caçadores para realizar a caça
ilegal, poderá então ser julgado nos EUA por violação de leis nacionais que
proíbem esse tipo de prática no estrangeiro.
A
congressista democrata por Minnesota Betty McCollum já pediu a investigação de
um caso que a afeta pessoalmente. Não somente por ser representante do estado
onde vive Palmer, mas porque é uma ativa defensora de espécies em perigo e faz
parte do caucus (grupo parlamentar) para proteção animal da Câmara de
Representantes em Washington.
“Como
alguém comprometida em pôr fim à caça ilegal de espécies africanas icônicas,
acredito que a Promotoria Geral e o Serviço norte-americano de Pesca e Vida
Selvagem deveriam investigar se foram violadas leis norte-americanas em matéria
de conspiração, suborno de funcionários estrangeiros e a caça ilegal de uma
espécie protegida”, informou em um comunicado.
“Atrair
com uma isca e matar um animal ameaçado como esse leão africano e considerá-lo
um ato esportivo não poder ser chamado de caça, mas sim de uma vergonhosa
amostra de crueldade desapiedada”, frisou McCollum, que além disso prometeu
continuar lutando para que sejam aprovadas leis que protejam os animais
“icônicos, ameaçados e em perigo de extinção em todo o mundo da ‘caça
esportiva’ bárbara nas mãos das elites ultra ricas”.
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