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Morre o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos
Posted by Cottidianos
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01:11
Sexta-feira,
21 de novembro
Será
cremado na manhã desta feira (21), o corpo de um dos grandes nomes do meio
jurídico do Brasil, Marcio Thomaz Bastos. O corpo do advogado, de 79 anos, está
sendo velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, com a presença de
familiares, amigos e membros da elite política. A previsão é que o velório
aconteça até ás 8 da manhã, em seguida o corpo seguirá para o Cemitério Horto
da Paz, em Itapecerica da Serra, na grande São Paulo, para a cerimônia de
cremação.
Abaixo,
compartilho matéria publicada no site Veja.com
***
Morre
o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos
Um dos maiores
criminalistas do Brasil, o advogado estava internado no Hospital Sírio-Libanês,
em São Paulo. Causa da morte não foi informada
Morreu
na manhã desta quinta-feira o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, aos
79 anos. Um dos maiores criminalistas do Brasil, o advogado estava internado no
Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, há uma semana. O hospital não foi
autorizado pela família a informar a causa da morte. Na terça-feira, a coluna
Radar, de Lauro Jardim, informou que o ex-ministro havia sido diagnosticado com
câncer pulmonar e fibrose nos pulmões.
Thomaz
Bastos nasceu na cidade paulista de Cruzeiro, em 30 de julho de 1935. Formou-se
em Direito pela Universidade de São Paulo em 1958. Ao longo de sua vida,
participou de aproximadamente 700 julgamentos. Entre 1964 e 1969, foi vereador
pelo Partido Social Progressista (PSP) em sua cidade natal. Abriu seu primeiro
escritório de advocacia criminal na capital paulista em 1970. Foi presidente da
Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entre os anos de
1983 e 1985. Em 1992, ao lado do jurista Evandro Lins e Silva, foi um dos
redatores da petição que resultou no impeachment de Fernando Collor.
Entre
as atuações de destaque de Bastos estão a acusação dos assassinos do ativista
ambiental Chico Mendes, morto em 1988. Também teve atuação nos julgamentos do
jornalista Pimenta Neves, assassino confesso da namorada, Sandra Gomide, em
2000, e na defesa do médico Roger Abdelmassih. Atualmente Bastos defendia a
Camargo Corrêa e a Odebrecht no escândalo da Lava Jato.
O
criminalista assumiu o Ministério da Justiça em 2003, no governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. Tornou-se o responsável direto pelo mais tradicional ministério
da República e o encarregado da “defesa da ordem jurídica, dos direitos
políticos e das garantias constitucionais”, como dispõe o decreto que regula as
atribuições da pasta. A PF, sob seu comando, ganhou uma capa de VEJA, em outubro
de 2004, que celebrava as megaoperações anticorrupção, como Anaconda, Farol da
Colina e Vampiro, e também o processo de depuração por que passava a
corporação. Deve-se ainda a Thomaz Bastos a modernização dos mecanismos de
combate a crimes econômicos, entre eles o da formação de cartéis. Em março de
2007, ele deixou o cargo e retomou a carreira de advogado.
O
ex-ministro foi o comandante dos
advogados dos principais réus do escândalo do mensalão, em 2012. Designou ao
menos dez advogados, todos seus discípulos, para trabalhar para os mensaleiros.
Coube a ele a defesa do banqueiro José Roberto Salgado, que acabou condenado
pelos crimes de evasão de divisas, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e
lavagem de dinheiro. Salgado, contudo, foi um dos onze mensaleiros com direito
a um novo julgamento pelos crimes em que tiveram ao menos quatro votos por sua
absolvição. Absolvido do crime de formação de quadrilha, em fevereiro de 2014,
teve a pena reduzida para 14 anos e 5 meses.
Bastos no governo - Quando
ministro, Thomaz Bastos livrou o governo de várias crises. Em alguns casos,
porém, acabou por confundir suas atribuições legais com a missão de advogados
criminalistas: ao surgir um escândalo envolvendo membros do governo ou do PT, o
então ministro informava o presidente Lula da gravidade da situação, montava
uma tese de defesa para que os danos fossem os menores possíveis e, por fim,
escalava advogados de sua confiança para acompanhar os envolvidos.
Em
2004, ajudou o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a
safar-se de suspeitas de crime fiscal e de evasão de divisas. Mas foi no
escândalo do mensalão que o ministro advogado começou a brilhar. O então
tesoureiro do PT, Delúbio Soares, assessorado pelo criminalista Arnaldo
Malheiros (indicado por Thomaz Bastos), foi a público alegar que o dinheiro do
valerioduto não saíra de cofres públicos, mas de empréstimos conseguidos por
Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG. Nos dias seguintes, outros
personagens da crise, também auxiliados por advogados ligados ao ministro,
repetiram a falácia. Até o presidente Lula participou do teatro, ao dar uma entrevista
em Paris, em que reduziu o esquema criminoso a um inocente caixa dois
eleitoral.
A
mais notória mistura da função de ministro com a de advogado criminalista
ocorreu no caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos
Costa pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em 2006. No mesmo dia em
que o sigilo foi quebrado, em 16 de março, dois dos principais assessores de
Thomaz Bastos, Daniel Goldberg e Cláudio Alencar, foram à casa de Palocci para
discutir a possibilidade de a Polícia Federal investigar o caseiro. Uma semana
depois, provavelmente após relatos dos seus dois assessores sobre a conduta de
Palocci, Thomaz Bastos foi à mesma casa, acompanhado do onipresente Malheiros.
Lá foi discutida uma tese de defesa que tentasse salvar Palocci de ser
processado e demitido do cargo de ministro da Fazenda. Em 2009, o STF arquivou
a denúncia contra Palocci.
Depois
que o encontro foi revelado, Thomaz Bastos disse que apenas ouviu uma exposição
de Malheiros sobre "aspectos gerais da questão". Negou ter participado da violação do sigilo
do caseiro ou de ter tentado ocultar a responsabilidade do colega Antonio
Palocci. Disse que apenas indicou o nome de um advogado a Palocci. A Comissão
de Ética Pública da Presidência da República concluiu que Thomaz Bastos não
transgrediu nenhuma norma do governo e que o seu comportamento não feriu a
ética.
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