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Uma carta ridícula repleta de ofensas
Posted by Cottidianos
on
00:20
Quarta-feira,
19 de novembro
Tem
gente que se dá ao trabalho de escrever cartas ridículas. Só pessoas ridículas
escrevem cartas ridículas. Ainda se escrevessem cartas de amor, tudo bem. As
cartas de amor são ridículas, entretanto, nelas há poesia, emoção, sentimento.
Não sou eu digo serem as cartas de amor, ridículas Quem diz isso é o poeta
Fernando Pessoa, sob o heterônimo Álvaro de Campos, o qual, certamente, pensava
assim quando escreveu o poema, Todas as
Cartas de Amor são Ridículas.
“Todas
as cartas de amor são
Ridículas.
Não
seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
…
As
cartas de amor, se há amor,
Tem
de ser ridículas.
Mas,
afinal,
Só
as criaturas que nunca escreveram
Cartas
de amor
É
que são
Ridículas.
…”
Hoje,
quero vos falar de uma pessoa ridícula que escreveu uma carta ridícula… E que
não era de amor, muito pelo contrário…
Aconteceu
no estado do Ceará. Os funcionários do Departamento Estadual de Trânsito do
Ceará (DETRAN-CE) cumpriam suas funções no dia 11 de novembro ao rebocar um
carro que havia estacionado em uma vaga destinada a táxis. Quando ultrapassou o
portão do DETRAN trazendo o veículo que havia sido rebocado, o motorista teve
uma surpresa. Uma mulher se colocou à frente do reboque, dizendo, exasperada:
“Parem! Esse carro que vocês acabaram de “roubar”, é meu”.
No
dia seguinte, a tal senhora, voltou para retirar o carro. Passou na
recepção e muito “educadamente”, entregou três cartas: Uma para o diretor do
DETRAN e outras duas para os funcionários que fizeram a operação de reboque,
sem esquecer de citar nelas, o motorista do carro reboque. Ao ler a carta, os
funcionários daquele órgão público ficaram boquiabertos e irritados. A tal “senhora”,
que se identifica na carta como Jane Cordeiro Alves, desfere sua “metralhadora
cheia de mágoas”, contra os funcionários, atirando contra eles ofensas de todo
tipo. Diz ela na “delicada” carta:
Eu
sou a senhora proprietária do carro que vocês 'roubaram' ontem,
pela manhã, na Rua Marcos Macêdo. Estavam lá parados 4 carros, mas vocês
acharam de só levar rebocado o meu. Um carro 0 KM, com apenas 10 dias de uso,
sem nenhum arranhão, sequer que fosse, do tamanho de uma unha. E vocês
colocaram na avaliação (está apensa a esta) que tinha arranhões, amassados e
pneu cortado. Sejam homens uma vez na vida, seus covardes, e não mintam,
assumam o que fazem, seus mentirosos, canalhas, vagabundos. Vocês vestem é saia
em casa, é? Vocês tem inveja porque não podem ter um carro como o meu, porque
são dois fudidos recalcados, frustados, dois cães, vira-latas.
Seus
desgraçados, excomungados, amaldiçoados: que o diabo, o satanás, o senhor das
trevas acompanhe vocês a partir de agora. Tudo o que eu perdi ontem (horas de
trabalho, quase o dia todo) e o dinheiro referente ao táxi do local de onde
vocês roubaram meu carro até o DETRAN, e
a ataxa que paguei para retirar meu carro, vocês terão prejuízos em dobro.
Podem esperar. Toda desgraça que acontecer com vocês, doravante, cou com algum
membro de suas famílias (o membro mais amado de vocês), podem pensar que fui eu
a culpada, pois eu estou conjurando o satanás para estar sempre guiando vocês e
suas famílias. Eu ainda desejo que vocês sejam demitidos, percam o emprego (já
que são terceirizados), que satanás, o diado faça isto por vocês, malditos!
Vocês seus excomungados e amaldiçoados. Eu estou excomungando, amaldiçoando
vocês, malditos! Vocês mexeram com a pessoa errada. Ainda desejo ver vocês lá
no Fórum, algemados e eu caçoando de vocês. Sim, porque todo marginal que vai a
julgamento lá, nas 6 varas penais onde trabalho, são gentalha da laia de vocês.
Agora
vou me referir ao da cor da noite sem estrelas, o que estava dirigindo o carro
do reboque: hoje tu vive como gente, por causa da maldita Princesa Isabel.
Senão, hoje, tu viveria no tronco, como teus antepassados, levando chicotada
nos lombos. Tem inveja de mim porque sou branca, né? Se tu estivesse vivendo na
época dos meus bisavós (que eram senhores portugueses, donos de escravos) e dos
teus antepassados, hoje tu estaria lambendo o chão que eu piso. Morre de inveja,
né, desgraçado, amaldiçoado: tu nunca será como eu. Nunca estará a minha
altura. Sabe por que, né? Não precisa eu te dizer. Tem o adágio popular que diz
gente como tú.
Só
nascendo novamente tu poderá ser igual a mim, em outra encarnação. Mas, nesta
vida, se conforma em ser lixo, que dói menos. Não se atreva a desejar ser igual
a mim, OK? Quando, ontem, ao chegar ao pátio do DETRAN, vi meu carro no reboque
e fui falar contigo, tu reagiu rindo de mim, fazendo escárnio, sem respeito,
dizendo que o carro estava todo arranhado. Ontem tu riu, quero ver agora tu
chorar, maldito, excomungado, desgraçado, amaldiçoado. Pode esperar que o teu
vem aí, tá? E pode se lembrar de mim quando acontecer. É exatamente porque
estou te desejando agora toda a desgraça do mundo, vagabundo”.
Essa
tal Jane Cordeiro Alves, que se diz funcionária pública, está, no mínimo,
encrencada. O DETRAN já encaminhou a carta ao Ministério Público para que este
apure as ofensas. Uma cópia da carta também foi enviada a polícia.
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