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Diante de processo de cassação, Genoino renuncia a mandato de deputado
Posted by Cottidianos
on
01:53
Terça-feira,
03 de dezembro
Imagem: http://prosaepolitica.com.br/2013/12/03/genoino-renuncia-ao-mandato/#.Up5SlNJDsb0 |
Nessa
novela dos condenados no mensalão, a cada vez surgem novos capítulos. Na tarde
desta terça-feira (03), a cúpula da Câmara dos Deputados, reuniu-se para
discutir a abertura do processo de cassação do deputado licenciado, José
Genoino (PT/SP), condenado e preso por envolvimento no escândalo do mensalão.
Durante a reunião, eis que surge uma novidade: O vice-presidente da Câmara,
André Vargas, do PT- Rio Grande do Sul informou aos presentes que José Genoino
decidira renunciar ao mandato. O Deputado Amauri Teixeira, do PT da Bahia, leu
a carta de renúncia em plenário. A publicação no Diário Oficial da União,
porém, só ocorrerá, nesta quarta-feira (04).
Uma
reunião com tal nível de importância não poderia se dar em um clima de paz e
tranquilidade. O clima era de muita tensão quando Henrique Eduardo Alves, do
PMDB do Rio Grande do Norte abriu a reunião propondo a cassação de Genoino. O vice-presidente,
André Vargas, argumentou que, sendo um parlamentar licenciado, Genoino não
poderia enfrentar um processo de perda de mandato.
Uma
pausa foi feita e o grupo dos petistas fez outra reunião, dentro da reunião
principal. Depois de muita discussão eles montaram uma estratégia: Apoiaram-se
no argumento de que nenhum trabalhador pode ser processado enquanto estiver de
licença do trabalho. Em seguida apresentaram a proposta à Secretaria-Geral da
Mesa. Era a vez da Secretaria-Geral argumentar. Esta, logo derrubou tão frágil
argumento, mostrando que não é possível aplicar a um parlamentar as mesmas
regras que se aplicam aos demais trabalhadores.
Resolvidos
os impasses, finalmente o processo de abertura de cassação foi iniciado. Vendo
que o processo de cassação seria, inevitavelmente, aberto e encaminhado a CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), os petistas entregaram a tal carta de renúncia,
cujo portador foi o irmão de Genoino, o líder petista, José Guimarães, do
Ceará. Como já falei acima, a carta foi lida em plenário por Amaury Teixeira.
A carta
de renúncia foi lida e, mais uma vez, mesmo contra todos os fatos e todas as provas
em contrario, Genoino se diz inocente e uma vítima, inclusive da mídia, que
transformou um processo de cassação em evento midiático. Como se o julgamento
do STF (Supremo Tribunal Federal), que, mediante vasta documentação e depoimentos de testemunhas, acatou a denuncia de um esquema que desviou milhões de reais
dos cofres públicos para a compra de votos, no início do governo do presidente
Luís Inácio Lula da Silva, tivesse sido uma injustiça. O STF condenou Genoino e
fixou a pena dele em 6 anos e 11 meses de prisão.
Genoino
passou por uma cirurgia cardíaca em julho deste ano. Já na prisão teve uma
crise de pressão que foi confundida com um princípio de infarto. Levado ao
hospital e feito os exames os médicos constataram que o problema não era tão
grave quanto se anunciava. Após esses episódios, Genoino seguiu para prisão
domiciliar na casa de uma filha que mora em Brasília O deputado licenciado
pedia à Câmara uma aposentadoria por invalidez. Uma junta médica da Câmara se
reuniu e após avaliações, negou o pedido do deputado. Mas esse capítulo da
aposentadoria não termina aí. Henrique Alves já afirmou que o processo continua.
Mesmo que esse pedido não lhe seja definitivamente concedido, o deputado não
ficará a “chorar pitangas”, quando se trata de dinheiro. Com um salário de 20
mil reais, quem choraria? Isso se deve a aposentadoria proporcional aos anos de
mandato que ele irá receber. Ah, mais um detalhe: Se
for concedido o pedido de aposentadoria por invalidez, Genoino passará a
receber o salário integral de 26 mil reais.
Veja
abaixo, a integra da carta de renuncia de José Genoino
***
Excelentíssimo
Senhor Presidente da Câmara dos Deputados
Excelentíssimos
Senhores Membros da Mesa Diretora
Excelentíssimos
Senhores Deputados
Dirijo-me
a Vossas Excelências após mais de 25 anos dedicados à Câmara dos Deputados, e
com uma história de mais de 45 anos de luta em prol da defesa intransigente do
Brasil, da democracia e do povo brasileiro, para comunicar uma breve pausa
nessa luta, que representa o início de uma nova batalha, dentre as tantas que
assumi ao longo da vida.
Assim,
e considerando o disposto no inciso II, do artigo 56 da Constituição Federal;
Considerando ainda, a transformação midiática em espetáculo de um processo de
cassação;
Considerando,
de outro modo, que não pratiquei nenhum crime, não dei azo a quaisquer
condutas, em toda minha vida pública ou privada, que tivesse o condão de
atentar contra a ética e o decoro parlamentar;
Considerando
que sou inocente; Considerando, também, que a razão de ser da minha vida é a
luta por sonhos e causas ao longo dos últimos 45 anos, reitero que entre a
humilhação e a ilegalidade prefiro o risca da luta; e
Considerando,
por derradeiro, que sempre lutei por ideias e jamais acumulei patrimônio ou
riqueza.
Por
tudo isso e ao tempo em que agradeço a confiança em mim depositada, ao longo de
muitas anos pelo povo do Estado de São Paulo e pelo Brasil, RENUNCIO ao mandato
Parlamentar e encaminho a presente missiva através do deputado José Guimarães
(PT-CE) e do Dr. Alberto Moreira Rodrigues, advogado inscrito na OAB/DF n°
12.652.
Atenciosamente
José
Genoino Neto, deputado federal licenciado (PT-SP)
Alberto
Moreira Rodrigues, OAB/DF - 12.652
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