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Canções de Natal nas janelas do Jóquei Clube Campinas
Posted by Cottidianos
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11:53
Segunda-feira,
23 de dezembro
“A primeira canção natalina da música popular
brasileira foi criada em 1932. O baiano, Assis Valente, passava o natal em
Icaraí, Rio de Janeiro. Longe da família e solitário, viu num pequeno quadro na
parede do quarto onde ele estava. Nesse quadro havia uma menina que olhava para
o sapatinho na janela para ver se estava ali o presente que tanto ela pedira,
contou o próprio Assis Valente. Pensou então na alegria de ser feliz, de não
estar sozinho no mundo. À tarde, a música Boas Festas, estava pronta. A música
Boas Festas, será interpretada pelo tenor, Vicente Monteiro”. A voz bela e
afinada do cantor lírico ecoou das janelas do prédio iluminado, especialmente,
para o natal, e fez-se ouvir por toda a praça, para deleite de todos os que
acorreram ali, com a finalidade de assistir o espetáculo natalino.
“Anoiteceu, o sino gemeu, e a gente ficou
feliz a rezar.
Papai Noel, vê se você tem a felicidade
pra você me dar.
Eu pensei que todo mundo fosse filho de
Papai Noel.
E assim, felicidade, eu pensei que fosse
uma brincadeira de papel.
Já faz tempo que eu pedi, mas o meu
Papai Noel não vem
Com certeza já morreu, ou então
felicidade
É um brinquedo que não tem”.
Era
sábado (21). A noite estava um pouco
quente, ainda assim, agradável. Eu apreciava uma apresentação de canções natalinas,
que ocorria nas janelas do Jóquei Clube de Campinas. O prédio, está localizado
no centro de Campinas, na Praça Bento Quirino. A praça é bastante movimentada,
pois, além de ser localizada em área de fácil acesso, nela estão diversos bares,
restaurantes e botecos. Um pouco mais adiante, vê-se uma das Igrejas mais
antigas da cidade: a Igreja do Rosário.
No
evento, Canções de Natal nas Janelas do
Jóquei Clube Campinas, promovido pela diretoria do Joquei Clube,
apresentavam-se três dos melhores cantores líricos de Campinas: os tenores: Alcides
Ladislau Acosta e Vicente de Paulo Montero e a mezzo soprano, Vera Pessagno
Brescia. Os três cantores pertencem a ABAL (Associação Brasileira “Carlos
Gomes” de Artistas Líricos), de Campinas.
(Na foto acima: Á esquerda, Alcides Acosta; Ao
centro, Vera Pessagno; e à direita, Vicente Montero)
O
trio de cantores líricos emocionava o público com belas interpretações de
canções natalinas bastante conhecidas do público. Glória In Excelcis Deo, White
Christmas, Silent Nigth (Noite
Feliz), Boas Festas, ecoaram pela
Praça Bento Quirino, enchendo o ambiente com a graça e o encanto das músicas
natalinas. Os cantores entoavam as canções com muita beleza, profissionalismo e
sentimento. A apresentação de cada um deles era sempre precedida por um
comentário de Alcides Acosta.
“Jesus, o nosso presente é simples, mas tem o
espírito do natal. Trouxemos nossa família: queremos que a abençoe. Trouxemos o
nosso amor para que o mundo seja melhor. Queremos ter jardins floridos, janelas
sem grades, portas sem cadeado e, sem preocupações, cruzarmos o caminho, uns
com os outros, sem medo, como irmãos, como amigos fraternos. E as crianças, as
nossas crianças, brincarem seguras. Então, que haja paz, solidariedade e
compreensão entre nós”. Enquanto a canção, Feliz Navidad, era entoada, percorri a praça com o olhar. O lugar
estava repleto de pessoas. Em bares próximos, algumas conversavam
descontraidamente, pediam petiscos e bebiam deliciosa cerveja gelada. Outros se
concentravam, exclusivamente, na apresentação dos cantores. Um casal passeava em
meio à multidão com o filho recém-nascido.
A criança, que não devia ter mais que três meses, podia não compreender
o momento do qual participava, mas, certamente, a música, mesmo que de forma
inconsciente, fazia repousar no cérebro do pequeno ser, sua benéfica influência. Uma senhora, em cadeiras de rodas, olhava
ternamente para o alto das janelas, onde os cantores se apresentavam e enxugava
uma lágrima que teimava em escorrer por sua face. Velhos, crianças e jovens
todos bebiam na taça contendo o doce vinho da música. Até um cãozinho da raça Puddle,
apareceu por lá. E pela maneira respeitosa com que se portava, acho que ele
também gostou. Quem deve apreciado muito, foi o maestro Carlos Gomes, um gênio
da música. Naquela praça fica o monumento dedicado a esse grande maestro,
campineiro ilustre.
(Na foto acima, monumento ao Maestro Carlos Gomes,
na Praça Bento Quirino. Ao redor do monumento, na grama que o rodeia, estão
escritos os nomes de óperas escritas pelo Maestro)
A apresentação inteira foi emocionante, porém
dois momentos marcantes, para mim, foi quando Vera Pessagno cantou Glória In Excelsis Deo, confesso que os
meus olhos se encheram de lágrimas, tamanha foi a força da interpretação da
cantora. O outro momento foi quando Alcides Costa cantou Ave Maria. Amo essa
música em especial, pois ela me remete aos meus tempos de infância, quando o
radio tocava essa música, sempre às seis horas da tarde, meus pais gostavam de
elevar aos céus suas orações durante esse momento. Essas lembranças são, para
mim, como jóias preciosas.
Ao
fim da apresentação, conversei com o casal Carlos Alberto e Laura.
“Achei
uma ótima apresentação. A gente tem pouquíssimas apresentações desse nível. É
uma oportunidade das pessoas participarem do natal. Tudo o que eles puderam
fazer de melhor, eles fizeram”, disse Laura Leite Pedrazzi.
“No
meu tempo, há uns 20 ou 30 anos atrás, isso não existia. Nota-se que hoje já
está sendo mais incrementado esse aspecto da cultura musical. As pessoas estão
mais interessadas, independente, do nível cultural”, disse Carlos Alberto C.
Monteiro.
Carlito
Silvares acha que a apresentação lembra o Natal de Gramado, do Rio Grande do
Sul, diz ele: “È um espetáculo bonito, lembra o natal da cidade de Curutiba, no
Estado do Paraná. Eles têm uma voz muito bonita. Vale a pena assistir”.
Aproveitei
também para conversar com Alcides Acosta, da Abal.
José Flávio – É a primeira vez que realizam essa apresentação?
Alcides Acosta – O ano passado, nós fizemos a
apresentação aqui, no Joquei Clube. Foi muito bom na época. A diretoria,
através do Sr. Armando Madeira, que é o atual presidente, pediu que a gente
fizesse novamente. Acho que a resposta foi muito boa, pois, esse ano, há mais
público do que no ano passado.
José Flávio - E quanto ao projeto de levar a música lírica para mais perto do povo?
Alcides Acosta – Nós temos um movimento na ABAL
e, quinzenalmente, nós fazemos um recital lírico, na Associação Campineira de
Imprensa. Apresentamos cantores líricos da Unicamp, cantores de São Paulo. Eu,
o Vicente Montero e Vera Pessagno Brescia, também cantamos. Quero lembrar
também os pianistas que nos acompanham; Carlos Vik, Chiquinho Costa e Ana
Carolina Sacco. Mas já chegamos a levar a música lírica para o Teatro Maria
Monteiro, no bairro Pe. Anchieta. Quem sabe, no ano de 2014, possamos retomar
essas apresentações também em outros bairros. O Vicente Montero fez
apresentações em muitos bairros, inclusive no Parque Oziel. Quanto mais longe a
gente puder levar o canto lírico, melhor... Depende também das pessoas nos
convidarem. Está em nossos planos atender aquilo que a sociedade campineira
pede.
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