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Encerrando ciclos
Posted by Cottidianos
on
11:35
Quinta-feira,
31 de dezembro
A vida é como rio que segue seu curso,
às vezes calmo e tranqüilo, às vezes turbulento, porém sempre em frente. Não há
possibilidade de as águas de um rio passar duas vezes pelo mesmo lugar. O rio é
exemplo de desapego. Ele não fica a lamentar o que ficou para trás, seja uma
bela paisagem, ou uma paisagem triste e melancólica. O rio sabe que seu destino
são as grandes águas. É a elas que ele precisa se juntar. Essa á a sua
natureza. Deveríamos aprender a lição que o rio nos oferece. Acontece que nem
sempre fazemos isso, ou melhor, quase nunca fazemos. Estamos sempre a lamentar
um amor perdido, uma amizade que terminou de forma triste, uma jóia que
perdemos, e uma infinidade de outras coisas. Pelas coisas mais simples estamos
sempre a reclamar, a resmungar, e com isso nos esquecemos de correr para o
grande mar de amor que o altíssimo preparou para nós. E ao resmungar e nos
queixarmos, esquecemos de viver, de ser feliz, nos esquecemos de correr para o
nosso destino que é o amor e a felicidade.
Olhando minha caixa de e-mails esta
manhã, deparei-me com uma linda mensagem enviada por uma grande amiga, Marlene,
que mora em Roma, Itália, junto com o filho Leandro. Marlene esteve
recentemente no Brasil, e voltou à Itália no início deste mês. A mensagem
enviada por Marlene chama-se, Encerrando
Ciclos, escrita em 2003, pela psicóloga colombiana, Glória Hurtado.
A
todos e todas que acompanham este blog, meus sinceros votos de um FELIZ ANO
NOVO! E que os ventos da saúde, da paz e da prosperidade sejam uma constante na
vida de vocês, sempre.
Grande abraço.
Encerrando
Ciclos
Glória
Hurtado
Sempre
é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer
nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras
etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando
capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os
momentos da vida que já se acabaram.
Foi
despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou
a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A
amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você
pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para
si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram
certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente
transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus
pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos
estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos
sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém
pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos
entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos
ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou
rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já
foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As
coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir
embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir
recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os
livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível,
do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças
significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar
ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém
está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às
vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu
esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua
televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você
sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não
há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas
de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são
adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é
preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se
de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada
é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode
mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do
orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já
não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa,
sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
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