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Entrevista do novo presidente da Petrobras ao Jornal Nacional
Posted by Cottidianos
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19:51
Quarta-feira,
11 de fevereiro
Após
uma busca desesperada por um novo presidente da Petrobrás, ele, finalmente, foi
escolhido na quarta-feira (4). A princípio o mercado reagiu negativamente a
escolha do nome de Aldemir Bendini para comandar uma das maiores empresas do
mundo. O receio era de que ele tivesse sido colocado na direção da empresa
apenas por conveniência do governo, para ser mais claro, para manter as coisas
do jeito que estão, sem muitas perspectivas de mudança.
Para
assumir a Petrobrás, Bendini deixou a presidência do Banco do Brasil, cargo do
qual herdou uma polpuda aposentadoria, que será calculada com base no salário
mensal de R$ 62.400. Essa aposentadoria, chamada de “aposentadoria cheia”, criada
na própria gestão de Bendine. A Associação Nacional dos Funcionários do Banco
do Brasil (ANABB) considera indevida essa aposentadoria, pois à ela se somam
benefícios como férias e vale-alimentação. Segundo Fernando Amaral,
vice-presidente da Associação: “Eles não
poderiam fazer a contribuição sobre seus honorários brutos porque contêm o
empilhamento de verbas de benefícios que o plano não admite. Esses valores são
considerados no cálculo das aposentadorias, o que não é permitido para os
demais funcionários”.
Ontem,
Bendine falou ao Jornal Nacional, em entrevista ao repórter, Paulo Renato
Soares, não sobre esse assunto da aposentadoria indevida, mas sobre as perspectivas à frente da Petrobrás.
Abaixo,
compartilho com vocês essa entrevista.
***
Novo
presidente da Petrobras fala em entrevista exclusiva ao JN
Aldemir
Bendine falou, em entrevista exclusiva ao repórter Paulo Renato Soares, em
transparência e em recuperar a credibilidade da empresa.
O
novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, deu nesta terça-feira (10) uma
entrevista exclusiva ao Jornal Nacional. Ao repórter Paulo Renato Soares, ele
falou em transparência e em recuperar a credibilidade da empresa.
Jornal Nacional: O senhor acaba de assumir uma das maiores
empresas do mundo, com sérios problemas econômicos: perda de valor de mercado,
grande endividamento, falta de recursos para investir já em projetos aprovados
e segundo analistas com um grau elevado de ingerência do governo. Como é que o
senhor pretende enfrentar essas questões e resolver esses problemas?
Aldemir Bendine, presidente da Petrobras: Por etapas.
Primeiro, o mais importante na companhia, neste momento, é justamente a sua
gestão de caixa e a sua gestão financeira. O endividamento não é tão elevado
quanto se parece, dada a capacidade de geração de resultados da Petrobras. É
natural que nós vamos ter que fazer um esforço em relação a essa captação.
Então, sob esse aspecto, eu me sinto muito tranquilo até pela experiência
adquirida nesse tipo de gestão. Do ponto de vista de ingerência, se eu for usar
o exemplo da onde eu estou vindo agora: seis anos de presidência de um banco,
que também era uma sociedade de economia mista, eu me senti muito confortável
nesse período. Pois eu tive total liberdade e autonomia para trabalhar, e é o
que me foi também confidenciado pelo Conselho de Administração.
Jornal Nacional: A Petrobras é uma empresa de capital
aberto, com milhares de acionistas, mas com controle do governo. Analistas do
mercado dizem que uma administração mais independente do governo seria mais
recomendável, para que a Petrobras pudesse ter melhores resultados. A sua
indicação sugere o movimento oposto, né? O senhor já falou disso do Banco do
Brasil. O senhor acertou previamente com a presidente Dilma que a Petrobras deve
ter liberdade para tomar suas próprias decisões?
Aldemir Bendine: O Conselho de
Administração me fazer o convite, me deu total autonomia e liberdade na gestão
da companhia. Em relação à questão do preço, eu acho que isso é uma coisa muito
bem definida, a definição de preço. A Petrobras nunca vai se sujeitar à
volatilidade do mercado internacional seja para cima, seja para baixo. O que a
Petrobras faz no momento da sua definição de preço é uma visão, um cenário de
longo prazo.
Jornal Nacional: O histórico mostra que o preço da gasolina
foi usado para ajudar a política anti-inflacionária. O senhor tem conhecimento
disso, né? O senhor acha que hoje a Petrobras teria mais liberdade de praticar
os seus preços?
Aldemir Bendine: Não tenho
dúvida nenhuma disso.
Jornal Nacional: Como é que o senhor pretende resolver o
problema do custo da corrupção no balanço da empresa? O senhor vai reavaliar
contrato por contrato para lançar o valor real dos ativos?
Aldemir Bendine: Nós estamos aí
reavaliando uma série de ativos e as metodologias empregadas. A gente há de
separar e a gente precisa deixar isso muito bem claro, que esse balanço vai
refletir a situação atual da empresa em 2014. Ela pode estar sendo
influenciada, sim, por conta da corrupção, mas também por outras variáveis como
preço do commodities, enfim, uma série de variáveis que estarão apontando
também o real valor desses ativos.
Jornal Nacional: Por causa da corrupção a imagem da Petrobras
está muito comprometida, né? Vista hoje como uma empresa bastante envolvida com
a corrupção. Como é que o senhor pretende reverter essa situação?
Aldemir Bendine: O quadro
técnico da empresa é o melhor quadro técnico do mundo neste setor. São pessoas
extremamente engajadas que eu não tenho dúvida que darão uma resposta à altura.
A Petrobras não vai parar. Ela não vai entrar em marcha a ré. Ela vai continuar
trabalhando efetivamente. Estamos aguardando e colaborando com as investigações
necessárias e isso vai nos ajudar muito em algo que eu também tenho muita
experiência, que é aprimorar o modelo de governança aqui da companhia para se
evitar erros, no futuro, como esses que aconteceram.
Jornal Nacional: O senhor está falando mais especificamente
do quê?
Aldemir Bendine: Principalmente
o modelo de decisões, o modelo de alçadas, tudo isso que diz respeito a uma boa
governança. Fazer uma sinergia, uma interação entre todas as diretorias, dar um
processo ágil para a empresa, mas com muito mais segurança.
Jornal Nacional: Eu queria voltar um pouco na questão da
corrupção do balanço. Como é que o senhor pretende chegar a esse número? Se
falou neste número de R$ 88 bilhões, mas que envolvia superavaliação de ativos,
mas também a corrupção. Esse número para o senhor significa alguma coisa? Como
o senhor pretende chegar a um número?
Aldemir Bendine: Não. Esse
número não é um indicativo. Isso é um trabalho sendo feito com empresas que
estão fazendo avaliações desses ativos. Isso vai ter que ser certificado
depois, inclusive pela auditoria externa. O que nós estamos discutindo neste
momento são as métricas, são a forma a ser utilizada na apuração disso. Com
certeza nós teremos uma baixa de ativos até porque nós também estamos fazendo
uma correção do passado. Então nós queremos em 2014 um valor justo e que mostre
com muita clareza e transparência qual é o número da companhia no momento.
Jornal Nacional: O senhor acha que com isso não vai ter
problema com auditoria. Os auditores assinarão este balanço da companhia?
Aldemir Bendine: Eu não tenho
dúvida que a gente garantindo a credibilidade das informações prestadas, a
auditoria já se manifestou, inclusive vai estar nos acompanhando, no dia a dia,
para certificar essa metodologia a ser utilizada.
Jornal Nacional: O mercado não recebeu bem a sua nomeação,
pelo menos nos primeiros dias, porque o senhor fez carreira em um banco público
e não teria sido testado em um ambiente de concorrência. O que o senhor tem a
dizer sobre essa percepção?
Aldemir Bendine: Bom, primeiro
que o Banco do Brasil, ele é um banco sociedade de economia mista. Então ele,
efetivamente, trabalha muito pesadamente na concorrência e nesses seis anos nós
tivemos a oportunidade de fazer uma gestão que triplicou os ativos do banco e
dobrou o seu resultado. Então eu acho que eu sou muito testado em relação a
mercado.
Jornal Nacional: Logo após sua nomeação, o Tribunal de Contas
da União e a Polícia Federal decidiram investigar empréstimo concedido pelo
Banco do Brasil, sob o seu comando, à empresa Torke Empreendimentos e
Participações. Essa empresa, ligada a uma amiga sua, teria sido favorecida com
a dispensa de formalidades exigidas pelo banco. Como é que o senhor responde a
isso?
Aldemir Bendine: Bom, primeiro
que são denúncias antigas e denúncias vazias, o que é muito comum quando você
está à frente de um cargo público. Todas as informações foram prestadas e quem
conhece minimamente o processo de decisão do Banco do Brasil, sabe que seria
impossível um tipo de concessão que não tivesse dentro da norma. O banco já
prestou os devidos esclarecimentos, inclusive isso já foi avaliado por mais de
dez órgãos reguladores e fiscalizadores e com tranquilidade acho que o banco
está lá à vontade e à disposição para prestar mais esclarecimentos, se eles
forem perguntados.
Jornal Nacional: O que o senhor diria hoje aos pequenos
acionistas?
Aldemir Bendine: Que continuem
a acreditar na companhia. Eu acho que essa companhia é uma companhia que é
motivo de orgulho para toda sociedade brasileira. Ela está passando por um
momento de dificuldade onde ela é a maior prejudicada. Mas passado a limpo essa
situação, que as autoridades brasileiras darão uma determinação, eu não tenho
dúvida que, a partir desse momento, a companhia está olhando para o futuro. Ela
tem uma capacidade enorme de geração de valores para os acionistas, seja grande
ou seja pequeno, e para a sociedade brasileira. Eu não tenho dúvida, o quadro
da Petrobras está muito engajado nesse momento para mostrar o real valor da
empresa.
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