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Brasília em chamas

Posted by Cottidianos on 00:11
Sexta-feira, 06 de fevereiro

A corrupção dos governantes quase sempre
começa com a corrupção dos seus princípios”.
(Barão de Montesquieu)



"A assessoria de imprensa do PT reitera que o partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral. As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de 'delação premiada' e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT."
A mais recente denúncia de corrupção na Petrobras é tão séria que levou a assessoria de imprensa do Partido dos Trabalhadores a divulgar, na tarde de ontem, a nota acima.

A nota rebate as declarações de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás. Segundo ele, altas quantias estimadas, entre 150 a 200 milhões de dólares, foram parar nos cofres do partido. Essa vultosa quantia, advinda do recebimento de propina do esquema de desvio de dinheiro da estatal, teria sido arrecadado entre 2003 e 2013, nos governos de Lula e Dilma.  Ainda segundo as informações do ex-gerente, a fonte desse dinheiro teria sido o recebimento de propinas referentes aos 90 maiores contratos da Petrobrás.

As revelações de Pedro Barusco foram feitas durante depoimento a Polícia Federal, no dia 20 de novembro do ano passado, mas somente foram tornadas públicas nesta quinta-feira (05). Barusco foi funcionário da estatal entre 1979 e 2011. Em novembro do ano passado fez um acordo de delação premiada e também se comprometeu a devolver a fortuna de 100 milhões de dólares ganhos com negócios escusos. Segundo o depoimento que deu a polícia, Barusco disse que embolsou 50 milhões de dólares nesses esquemas fraudulentos na Petrobras. Disse ainda que era a empresa holandesa SBM que repassava o dinheiro ao PT. Ainda segundo ele, em 2010, foi pago ao partido a quantia de trezentos mil dólares, com a finalidade de reforçar a campanha do partido naquele ano. Esse dinheiro foi pedido pelo ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, ao lobista da SBM, Julio Faerman. Barusco disse suspeitar que essa quantia tivesse sido originada de propinas, dinheiro sujo.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, teve atuação especial nesse esquema de suborno. No depoimento prestado à polícia, Barusco afirmou que o tesoureiro acompanhou, pessoalmente, uma negociação que envolveu a quantia de 22 bilhões de dólares. Tratava-se de um acordo fechado entre estaleiros nacionais e internacionais e funcionários da Petrobrás, envolvendo 21 contratos destinados a construção de navios equipados com sondas. Desse acordo, ficou acertado um pagamento de suborno de 1% , que, posteriormente, caiu para 0,9%.



Essa é a nona fase da Operação Lava Jato, e exigiu dos policiais uma mega operação. Para realizá-la, foram mobilizados 200 policiais federais, 25 agentes fiscais cumprindo 62 mandatos judiciais, e 25 empresas investigadas, a maioria delas, empresas de fachada. A polícia também realizou 18 mandatos de condução coercitiva — que é quando os acusados são obrigados a ir a uma delegacia prestar depoimento.  Foi feita uma prisão preventiva, três temporárias, além de mandados de busca e apreensão, nos Estados da Bahia, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Um desses mandados de condução coercitiva foi expedido para interrogar João Vaccari Neto. Porém, não foi fácil levar o tesoureiro à delegacia. Ele se recusou a abrir a porta da residência, localizada na Zona Sul de São Paulo, e os policiais tiveram que pular o muro. Em nota divulgada no site do PT, o tesoureiro afirma: "Todas as perguntas feitas pelo delegado foram esclarecidas. Respondi a tudo com transparência, lisura e total tranquilidade”. Entretanto, ao ver a imagem dele nos noticiários televisivos, não tive a impressão de que ele estivesse tranquilo, ao contrário, percebi um homem imensamente preocupado... E não é para menos.

Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras, dá uma visão geral de como funcionava a divisão do suborno ao homem do PT no esquema, João Vaccari Neto. Segundo ele, as ações centralizavam-se em quatro diretorias:

Diretoria de Abastecimento – Estava sob o comando de Paulo Roberto Costa. Nela o valor da propina equivalia a 2% dos contratos. 5% desse valor era destinado ao tesoureiro do PT.

Diretoria de Serviços – Comandada por Renato Duque. Aqui o valor da propina era de 2%. Entretanto, metade desse valor ia para os cofres do PT.

Diretoria de Exploração – Sob o comando de Guilherme Estrela, metade da propina também era destinada ao PT, sendo que, em algumas negociações, o valor repassado ao PT foi integral.

Diretoria de Gás e Energia – Sob a liderança de Ildo Sauer e Graça Foster, o esquema funcionava nos mesmos moldes.

No meio político, as novas denuncias caíram como uma bomba. Deputados e senadores dizem que elas tornam muito mais graves as denuncias de corrupção na Petrobrás. Ainda nesta quinta-feira (05) o novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assinou o ato de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso de desvio de dinheiro na empresa. “Os U$ 200 milhões é um escândalo para o Brasil e para os brasileiros, mas também um escândalo pro mundo inteiro, é o maior escândalo do mundo. Impõe-se que a punição exemplar venha, doa a quem doer, chegue aonde chegar”, disse o senador José Agripino, DEM-RN, presidente do partido, em entrevista ao Jornal Nacional.

Enquanto via o circo pegar fogo, a presidente Dilma ainda teve que quebrar a cabeça para escolher o novo presidente da Petrobras. A presidente também quer deixar a cargo do novo presidente da estatal, escolha dos cargos de diretoria que estão vagos. Certamente, ela deve estar tendo muitas dificuldades em achar um novo nome para o cargo. Afinal, para assumir a presidência da Petrobras, nas condições em que ela se encontra hoje, com prejuízos financeiros, em meio a uma gigantesca crise e sem um balanço auditado, precisa ser muito corajoso.

Em meio a toda essa crise, o presidente do PT, Rui Falcão, viaja em teorias conspiratórias — aliás, sem bem lembrarmos, há dez anos ouvimos que tudo não passa de teorias conspiratórias. “trata-se de uma tentativa de criminalização, uma coisa induzida, que vem sendo feita há muito tempo, com o interesse de criminalizar o PT e os nossos dirigentes. Nós recebemos doações legais, todas elas declaradas na Justiça, que aprovou todas as nossas contas” disse Rui.

Enquanto isso, a fantasma dos aumentos na conta de água, energia, a volta da inflação, hospitais funcionando sem as mínimas condições de higiene e infraestrutura, escolas sem professores, falta de segurança nos grandes centros... E tantos outros, assustam os brasileiros.

Enquanto isso, nessa nona fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal apreendeu tanto dinheiro, mas tanto dinheiro, que a PF ainda não conseguiu contar tudo... E olha que eles devem ter aquelas máquinas que contam dinheiro muito rápido. Ressalte-se: toda essa dinheirama foi apreendida apenas no dia de ontem.

Pelas coisas que temos visto, ainda tem muita lama para sair de dentro desse mar de lama, chamado Operação Lava Jato.

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