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Anderson Silva e Nick Diaz: Uma luta de tirar o fôlego
Posted by Cottidianos
on
13:33
Domingo,
01 de fevereiro
“Veja!
Não
diga que a canção
Está
perdida
Tenha
fé em Deus
Tenha
fé na vida
Tente
outra vez!”
(Tente outra vez – Raul Seixas)
Após
o quinto round de uma luta emocionante, no MGM Grand, em Las Vegas, Anderson “Spider”
Silva, desabou no octógono, chorando convulsivamente. Seu adversário, o
norte-americano, Nick Diaz, pegou na mão dele, e o ajudou a se reerguer,
abraçando-o em seguida. Dessa vez, as lágrimas do Spider não eram de dor, nem
de tristeza, eram lágrimas de alegria de quem experimentava um retorno
vitorioso ao octógono do UFC, após um ano e trinta e nove dias, recuperando-se
de uma grave lesão na perna e buscando o preparo corporal e a força psicológica
para viver uma história de superação. Logo
em seguida, o brasileiro foi abordado pelo jornalista do UFC, a quem concedeu
uma entrevista, ali mesmo no palco da luta, lotado de fãs do esporte, e de admiradores
de Anderson Silva.
UFC — Este é um momento muito importante para você. O que estava passando
pela sua cabeça quando você caiu ao chão, no final da luta?
Anderson Silva — Eu preciso
falar... Obrigado Deus. Obrigado por me dar mais uma chance de entrar aqui. Obrigado
minha família, meus filhos, meus amigos de verdade. Obrigado!
UFC — Você estava muito emocionado. Qual
foi a importância dessa vitória para você?
Anderson Silva — Esse momento
é muito importante pra mim, pra toda minha família, e pra todos os brasileiros.
Queria agradecer a todos vocês que vieram aqui, todos os brasileiros, e o
momento para mim é muito importante por conta de tudo o que eu sofri durante um
ano, eu achei que não ia voltar a lutar no começo. Queria agradecer ao meu
médico, Dr. Márcio Tannure, ao médico que me operou aqui... é isso. Obrigado,
Deus.
UFC — Essa foi, psicologicamente, uma das lutas mais difíceis de sua
carreira, depois que você perdeu duas lutas, saindo de duas derrotas?
Anderson Silva — Sem dúvida, o
Nick é o melhor. Eu vejo ele muitas vezes, mas essa é a primeira vez que eu
luto com ele, um cara muito forte mentalmente, fisicamente. Muito obrigado Nick
pela oportunidade de lutar.
UFC — O que o Nick estava te falando no começo do primeiro round, quando ele
estava te provocando?
Anderson Silva — Esse aqui é
um grande show pro povo, o Nick é um grande show, eu sou um grande show, isso é
pro povo aqui. Ele não é uma pessoa ruim, ele é o Nick Dias, ele é o show, esse
é o UFC.
UFC — Anderson, você conseguiu essa vitória, você voltou, e agora?
Anderson Silva — Eu vou voltar
para minha família agora, e meu filho Kalil falou: “Pai, não luta mais, para de
lutar”. Mas eu vou voltar para casa, ficar com os meus filhos e... Não sei. Talvez,
talvez eu volte, não sei.
UFC — Parabéns, Anderson, é uma honra ver você lutar todos esses anos.
Anderson Silva — Povos escutem,
esse é um esporte, esse é o maior esporte do mundo, preciso agradecer a todos
vocês que vieram aqui hoje. Obrigado, obrigado. Deus abençoe todos vocês,
obrigado.
***
Já
haviam acontecido outras luta antes da luta principal na madrugada deste
domingo no palco do UFC, em Las Vegas, e dessas lutas, seis brasileiros saíram
vencedores. Era um bom presságio. Uma dessas lutas que prendeu a atenção do
público foi a do brasileiro Thales Leites, de Niterói contra o norte-americano Tim
Boetsch. Thales venceu Tim, de virada com golpe de estrangulamento. Durante toda
a luta Tim tentou levar a luta para o chão, pois é aí que ele tem mais
habilidade e, ao conseguir levar a luta para o chão, confirmou sua especialidade.
As
lutas de UFC são mais que lutas. Elas são um show. As luzes coloridas brilhando
sobre o octógono... Os gritos entusiásticos dos expectadores... A música Ain't no sunhine como trilha sonora... A ansiedade dos lutadores... A orientação
dos técnicos. Bruce Buffer, apresentador das lutas do UFC, é um show à parte no
desenvolvimento dos combates. Com sua voz entusiástica ele anunciou: “Senhoras e senhores essa é a luta principal,
o principal evento da noite...” Era chegada a hora do grande embate, tão
esperado por todos. Nick Diaz chegou primeiro ao octógono. Depois foi a vez de
Anderson Silva. Os dois adentraram o cenário da luta com ares de supestars.
A primeira
tentativa de ataque foi um chute de esquerda por baixo do norte-americano,
Anderson desviou. Nick procurou o centro do ring. Anderson girava em torno
dele. Ambos os lutadores concentrados estudavam e observavam atentos os
movimentos um do outro. Nick Diaz começou a provocar o Anderson Silva, chegando
a deitar-se no ring, esboçando uma reação, ou de provocar o brasileiro, ou de
excesso de confiança. Tranquilo, Anderson Silva mantinha o controle da
situação. Nick colocava o joelho para defender todas as tentativas de chute por
baixo do Anderson.
No
princípio, Anderson Silva se movimentava muito, sem uma ação mais incisiva em
relação ao adversário, porém, aos poucos foi se soltando, se sentindo em casa,
partindo para cima do Nick. A luta permanecia em cima, com bastante trocação. Passadas
as primeiras provocações do Nick Diaz, a luta ganhou respeito de ambas as
partes. Os dois sabiam que não podiam abrir a guarda, afinal, se era uma luta
importante para Silva, também era para Diaz. Aproximando-se o final de primeiro
round, Anderson começou a se soltar ainda mais. Voou com uma joelhada para cima
de Nick. Foi para cima, encostou o adversário no octógono. A essa altura, Nick
já havia abandonado completamente a atitude de deboche, pois já percebera que o
aranha estava de volta. Aos primeiros golpes do Anderson, o rosto de Nick já começava
a mostrar marcas avermelhadas. Ao afinal da luta, o rosto do norte-americano
não estaria apenas com marcas avermelhadas, mas sangrando. O primeiro round
terminou com Nick no sufoco.
Na
volta do segundo round, Anderson Silva estava ainda mais confiante. Era visível
a excelente preparação física e psicológica do brasileiro. Nick dias se defendia
muito mais do que atacava, naquele momento, Anderson “Spider” Silva,
assemelhava-se muito mais a um leão encurralando sua presa, do que a uma
aranha. A luta permaneceria até o fim em cima, na trocação. Em alguns momentos,
Nick até tentou levar a luta para o chão, mas Anderson evitava que isso
acontecesse. O norte-americano tentava atingir perna do brasileiro com a finalidade de
diminuir sua mobilidade. Quase ao fim do segundo round, Anderson mostrou que
estava com uma técnica afiada. Ele entrou com um soco de direita por cima,
deixou o punho passar e, na volta desse movimento, deixou o cotovelo atingir o
rosto do adversário.
Na
volta do terceiro round, Anderson tinha o domínio total da luta. Mostrava uma
atitude impositiva, sem chances para o adversário. Durante esse round, atingiu
várias vezes a perna direita do Nick Diaz, fazendo com que ele perdesse a
mobilidade. Nick, realmente, começou a sentir os efeitos dessas pancadas, ao
ficar mais parado, tornando-se um alvo mais fácil para o brasileiro. Este
atacava, mostrando toda a sua versatilidade com golpes de golpes de box e
muai-tai. Entrou com um soco de direita, atingindo o rosto do Nick. Seguido de
outro de direita... e mais outro. Entrou com um cruzado por cima,
imediatamente, entrando com o joelho, levando o público a loucura. Nick reagiu
com um contra golpe. A essa altura o rosto de Nick sangrava bastante, enquanto
Anderson Silva não mostrava nenhuma marca ou sangramento, como se apenas
tivesse acabado de iniciar a luta.
Quarto
round e Anderson Silva continuava implacável nos seus ataques. Chutes e socos
em cima de Nick Diaz. Nick já havia perdido o entusiasmo inicial e seus
movimentos pareciam lentos, os chutes e socos fracos. Anderson tomou o centro
do octógono e Nick o rodeava. Experientes em combates, os dois lutadores compreendiam
perfeitamente a situação. Nick Diaz procurava avançar, pois sabia que estava
perdendo a luta, e Anderson relaxava um pouco, sem, contudo descuidar da
guarda, pois sabia que estava em vantagem, administrando bem a luta. Nick partiu
para cima de cima Anderson e este o jogou contra a tela. Nick consegue sair. Anderson
dá um chute frontal que, se atingisse o adversário poderia levá-lo a nocaute,
mas o chute não atinge Nick. Ao fim desse round, o técnico do Anderson
dizia-lhe: “Ultimo round agora. Mais serio
que nunca... Não tem essa de ficar trocando porrada com ele agora. Só você que
bate. Cinco minutos. Só você que vai bater agora”. Do outro lado, o técnico
do Nick, dizia-lhe: “Você consegue. Você consegue,
homem”. Porém, já era visível o quanto ele estava sentindo a luta.
Enfim,
chegou o quinto e último round. Na face do Anderson podia-se perceber a atitude
de um campeão. Firme, sereno e forte. Partiu para cima de Nick com tudo. Soco e
chutes bem colocados. Anderson girava, como forças e atitudes de quem iniciava
a luta. O sangue escorria pelo rosto machucado de Nick Dias, banhando-lhe o
peito. Nick não tinha mais reação, seus movimentos eram lentos, ele já não
conseguia bater em Anderson. Direita. Esquerda. Cruzado. Joelhada. Rodada. Anderson
Silva mostrava toda a sua habilidade e técnica. Nick Dias com o rosto banhado
em sangue, sabia que estava no fim da luta e esboçava alguma reação, porém, não
conseguia atingir Anderson. Fim de luta. O Spider pulava de um outro para outro
do round, subia na tela do octógono, como se fosse uma criança. Parecia que nem
tinha lutado. “Senhoras e senhores, a
decisão, após cinco rounds, 49 a 46 e 50 a 44, o vencedor é Anderson “Spider”
Silva.” Anunciou o locutor, Bruce Buffer... E Anderson desabou no octógono,
chorando convulsivamente. Uma cena emocionante.
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