0
Uma festa inesquecível
Posted by Cottidianos
on
21:27
Sábado,
06 de agosto
“O sol há de
brilhar mais uma vez
A luz há de
chegar aos corações
Do mal será
queimada a semente
O amor será
eterno novamente
É o Juízo Final,
a história do bem e do mal
Quero ter olhos
pra ver, a maldade desaparecer
O amor... será
eterno novamente”
(Juízo Final – Nelson Cavaquinho)
Prezados
(as)
Ontem,
sexta-feira, 05 de agosto. Fiz questão de esquecer que era abertura dos Jogos
Olímpicos, no Rio de Janeiro, e mais ainda de que a cerimônia seria
transmitida, ao vivo, para todo o mundo, pelas redes de televisão. Mas não fiz
por descaso, não. Conhecem aquele ditado que diz “o que os olhos não veem o
coração não sente”. Pois bem, como já havia falado em postagem anterior, não
podia mesmo assistir a cerimônia. Então, como gosto demais desses momentos
festivos, e ainda mais quando eles têm o sabor da pátria em que nasci, preferi
não pensar muito a respeito do assunto.
Quando
cheguei em casa a cerimônia ainda estava sendo transmitida, mas já estava quase
no final. Já fiquei maravilhado assim que liguei a TV e dei cara com aquele
gigante Maracanã, tão cheio de cores, tão cheio de vibração.
O que
sei, além do pouco que vi da cerimônia de abertura dos jogos, veio das imagens
posteriores que vi na TV... E, apenas com isso, fiquei encantado, maravilhado,
orgulhoso de ser brasileiro. Sempre gostei das aberturas de Jogos Olímpicos. Sempre
as achei lindíssimas. Mas a do Rio foi mais que belíssima. Foi deslumbrante,
suntuosa.
Mesmo
sabendo que os brasileiros são especialistas em fazer uma boa festa. Mesmo sabendo
que os cariocas são campeões em fazer a maior festa do planeta que é o deslumbrante
carnaval carioca, assim como também é sensacional a queima de fogos em
Copacabana, na virada do ano, nós brasileiros fomos pegos de surpresa com tanta
beleza, tanta sensibilidade, e tanto esmero, na forma como nosso país foi
apresentado ao mundo.
A suntuosidade
dessa festa de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, que ficará para história,
também deslumbrou o mundo.
Para
nós brasileiros, foi um momento especial, pois estamos vivendo momentos
conturbados em nosso país. Um momento cheio de trapaças e confusões em todas as
esferas da sociedade, e em todas as esferas do poder. Isso acaba afetando
também a nossa estima. Mas a noite de ontem foi uma injeção de animo em um país
cujas sombras da corrupção têm ofuscado o brilho da esperança. Foi uma sensação
de “sim, nó podemos”.
A
seguir compartilho texto do jornal, El País Brasil, escrito pela jornalista,
Carla Jiménez.
No
mais, fica a torcida para que a festa seja bela do início ao fim. Sem o menor
sinal das ameaças que insistiram em rondar esta edição da maior festa do
esporte.
***
Ok,
eu me rendo à fantasia dos Jogos Olímpicos
A
cerimônia de abertura derreteu até os corações mais cascudos para o que mais
interessa: assistir aos atletas que furam o bloqueio do Brasil real para
brilhar durante os Jogos
CARLA
JIMÉNEZ
6
AGO 2016
Como
vamos acordar neste final de semana depois de ouvir Paulinho da Viola cantar
docemente o hino do Brasil? Ver Elza Soares, Jorge Benjor, Zeca Pagodinho, Gil,
Caetano e até a homenagem às favelas sob a trilha sonora do Rap da Felicidade,
além da Aquarela do Brasil de Ary Barroso? Ver a homenagem a nosso Santos
Dumont? O parâmetro era a insossa abertura da Copa do Mundo há dois anos. Mas
desta vez, chorei… e os relatos de choro se multiplicaram nas redes sociais. De
alegria, de nervoso, de alívio. De cansaço. O país está cansado de tanto
excesso de realidade que tivemos de encarar até aqui com essas trapaças
políticas que nos roubaram a esperança.
Mas
veio a festa. E a fantasia. A projeção do Brasil que queremos ser, que acolhe
negros, transexuais, e respeita indígenas, ainda que os que se sentaram nas
tribunas de autoridade não deixem que esse país (ainda) utópico aconteça.
Ousado ainda para um país campeão de desmatamento dar lições de preservação do
meio ambiente… Mas (ainda) somos a cultura do contraditório ambulante, e isso
nós sabemos desde que nascemos.
A
cerimônia de abertura conseguiu ser uma janelinha de calor que derreteu os
corações mais cascudos. O cineasta Fernando Meirelles e a coreógrafa Débora
Colker foram de sensibilidade ímpar. Artistas… justamente os que foram
desrespeitados pelo presidente em exercício Michel Temer quando assumiu o
Governo e tentou aniquilar o ministério que os protege.
Não
é Temer, não é Dilma Rousseff, não é a corrupção da Odebrecht que devem ser
lembrados por esta abertura dos Jogos Olímpicos de 2016. Os louros não são
deles. Os voluntários que trabalharam de graça pelo evento, os profissionais
que se dedicaram com afinco para fazer uma festa tão bonita são os verdadeiros
merecedores do reconhecimento.
Agora,
ficaremos com os nossos nobres atletas, esses sim, autoridades. Nobres por
sobreviver a um país arisco a incentivar o próprio esporte, a cuidar dos mais
vulneráveis. Guerreiros, filhos de empregadas domésticas, pessoas humildes,
pessoais reais, gente íntegra de verdade. Como a jogadora de rugby Edna Santini,
filha de um pedreiro e uma costureira, ou a tenista Teliana Pereira, filha de
um ex-cortador de cana. Pessoas que furaram o bloqueio do Brasil real, que
nesta noite esquecemos por algumas horas. É por esse Brasil que eu me rendo
todos os dias.
Postar um comentário