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Ouro. Água. Papelão... E uma vergonha imensa
Posted by Cottidianos
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00:14
Sexta-feira,
19 de agosto
Na
segunda-feira (15), os jornais do mundo inteiro estampavam em suas manchetes,
que o nadador americano, Ryan Lochte havia sido assaltado no Rio de Janeiro,
juntamente com mais três atletas. Segundo a versão de Ryan na ocasião, o grupo
foi assaltado quando voltava de uma festa na Zona Sul do Rio.
Fez-se
grande alarde em torno do assunto, e jornais americanos chegaram a estampar
manchetes do tipo “Eu já sabia que isso iria acontecer”, “Era algo previsível”,
e coisas desse tipo.
O nadador
americano foi mais além, disse que os assaltantes eram policiais, e que tinham
exigido dinheiro dos atletas e também pertences pessoais. Que os supostos
policiais apontaram armas para os atletas e pediu que eles se deitassem no
chão. Que ele, Ryan, havia se recusado, pois não fizera nada de errado, momento
em que os tais policiais sacaram uma arma e encostou na cabeça dele e
ordenou-lhe que se abaixasse. Segundo essa versão, Ryan teria colocado as mãos
na cabeça. O grupo de policiais teria então pego o dinheiro dos atletas, e
pertencem pessoais, mas, estranhamente, não levaram os celulares e as
credenciais dos atletas.
Ryan,
que havia sido medalha de ouro no revezamento livre masculino 4 x 100, viajou
em seguida para os Estados Unidos, deixando os outros três atletas que também
haviam sofrido com a violência. Estes ficariam no Brasil até o dia 17 desse
mês, mas nesse curto espaço de tempo, se deslocariam pela cidade em carros
blindados.
Mas,
para a Polícia, algo na história contada pelos nadadores americanos não se
encaixava. Por que os assaltantes, teriam levado os pertences pessoais e não
teriam levado os celulares? A polícia do Rio já está mais do que acostumada com
essas situações, e sabe que, na imensa maioria das vezes, os assaltantes, levam
tudo o que podem, inclusive, telefones celulares. As versões contadas pelo
grupo à imprensa também não eram claras e havia muita contradição a cada vez
que contavam o fato.
A
investigação policial que, a principio, focou em encontrar os suspeitos, passou
então a focar nas supostas vítimas do assalto. Qual o caminho traçado pelos
jovens naquela noite? Teria havido falsa comunicação de crime? Estariam os
moços, deliberadamente, mentindo com a finalidade de enganar suas namoradas
após uma noite de aventuras na noite carioca? Tudo estava envolto em mistério. E
olhem que o caso nem teria chegado a se tornar público se eles não tivesse ido
à polícia, e se a mãe de Ryan não tivesse, imediatamente, repassado o caso para
imprensa internacional.
A
polícia analisou vídeos, dos rapazes saindo da festa, e chegando na Vila
Olímpica. Em ambos os momentos, os jovens estavam calmos e tranquilos, sem a
ansiedade e estresse que caracteriza as situações pós-assalto. Baseado nessas constatações, a justiça ordenou
a retenção de seus passaportes. Foi outra confusão. Muitos jornais estrangeiros
criticaram duramente a decisão da justiça brasileira. Disseram que era muito
barulho por nada. Um deles chegou a sugerir que os jovens fugissem pela
fronteira com a Argentina.
A situação
criou um grande embaraço em termos de relações públicas entre os dois países, e
também certa vergonha para nós brasileiros, especialmente, para o povo carioca.
Lá
se vão os jovens aos depoimentos policiais. Lá eles disseram ter bebido
bastante álcool. Que não lembravam, exatamente, o local onde haviam sido
assaltados. Nem o tipo de taxi que pegaram eles conseguiriam definir. Deram informações absolutamente imprecisas.
As
investigações prosseguiram. A polícia procurava o motorista do taxi que havia
levado os jovens de volta à Vila Olímpica. Os policiais também buscaram imagens
de câmeras de segurança no trajeto feito pelos jovens atletas, e também de um
posto de gasolina, onde eles teriam parado.
Gunnar
Bentz e Jack Conger, integrantes do grupo que teria sofrido a suposta
violência, já respiravam aliviados, sentados tranquilamente, no avião que os
levaria de volta para casa, na quarta-feira (17), quando chegou uma ordem
judicial impedindo-os de viajar.
A casa
havia caído.
Nesta
quinta-feira (18), quatro dias depois de começadas as investigações, os
policiais concluíram que não houve assalto, e, portanto, a comunicação de crime
havia sido falsa. No mesmo dia, a Globo divulgou com exclusividade um vídeo
esclarecedor da situação. Na conclusão das investigações, a polícia carioca
usou a mesma arma que os jovens usaram para espalhar a mentira: a imprensa. A
notícia de que havia sido falsa a história do assalto foi feita pela polícia,
ao vivo, durante o telejornal RJTV, 1a edição.
Segundo
relatos da polícia, não houve assalto nenhum. As Câmaras de segurança de um
posto de gasolina mostram os jovens chegando bastantes embriagados ao local. Lá
promoveram arruaça e quebra-quebra no banheiro do posto. Durante todo o tempo
em que os jovens permaneceram no local, o movimentos registrado pelas câmeras
foi tranquilo, como em qualquer posto de gasolina, em qualquer lugar do mundo,
à exceção das que mostram um pouco da desordem que os jovens promoveram no
local.
Dentro
do banheiro, o jovens quebraram placas de anuncio, e, pelo menos, um deles
chegou a fazer xixi no chão do banheiro. Os funcionários do posto se aproximam,
um deles entra no banheiro, e retira a placa quebrada. Outro chama a polícia, e
os jovens, querendo se evadir, entram num táxi que estava parado no local. Um dos
funcionários do posto vai até o táxi e pede para que o motorista não dê
partida, pois os jovens haviam promovido à desordem, e que ele já havia chamado
a polícia. O motorista parte então sem os rapazes.
Claro,
essas informações ao foram baseadas nas câmeras de segurança, mas também em
relatos dos funcionários. Um deles disse que os americanos pediram para não
chamar à polícia, que eles pagariam o prejuízo. Houve um calculo por parte dos
funcionários, e os atletas pagaram com duas notas de cinquenta reais e outra de
vinte dólares.
A seguir,
reproduzo depoimento de um dos funcionários do posto de gasolina, publicado no
site do Jornal Nacional.
“Primeira
coisa que eu fiz foi chamar a polícia. Comuniquei ao taxista para não sair com
o veículo, que eles tinham cometido um ato criminoso. Eles tinham destruído o
patrimônio do posto e falei que era para aguardar, que eu tinha chamado a
viatura. O taxista falou: ‘Tudo bem’. Desligou o táxi e que ia aguarda a
viatura. Eu escutei um barulho na parte de trás do posto onde fica o banheiro.
Eu escutei um barulho de garrafa caindo no chão. Eu fui até o local estava
vindo o gerente com uma placa na mão toda arrebentada e falou: ‘Guilherme me
ajuda aqui que estão fazendo a maior algazarra aqui. Estão quebrando tudo’.
Quando eu cheguei perto do banheiro, esses quatro estrangeiros correram para
dentro do táxi. Quando eles correram para dentro do táxi, eu fui até o taxista
e falei: ‘Não sai que eles quebraram um monte de coisas aqui no banheiro. Tô
ligando para a polícia agora’. Entrei em contato com o 190, chamei a polícia e
fiquei aguardando. Só que eles não queriam ficar dentro do táxi de jeito
nenhum, queriam que o táxi fosse embora. Eu falei que não iam embora que estava
esperando chegar a viatura. E começaram a falar ‘F...’ e saíram do carro para
se evadir do local. Dois correram para a rua. Dois ficaram porque eu segurei.
Eu falei que não ia sair. Quando esses dois que foram para a rua viram que os
amigos deles estavam comigo, voltaram na minha direção. Quando eles voltaram na
minha direção, se eles iam me agredir ou não, porque eles estavam muito
alterados. Muito, muito, muito. Meu amigo que estava comigo no posto viu os
dois vindo na minha direção, sacou a arma, falou para eles pararem. Foi quando
eu saquei a minha arma também, me identifiquei. Falei para todo mundo deitar no
chão. Depois que chegou uma pessoa que conseguia se comunicar em inglês.
Botaram. Falou para eles deitarem, que era policial, que estava ali para
ajudar, e falaram que eles quebraram o banheiro, fizeram xixi no chão. Urinaram
no chão e eles falaram que estavam com 20 dólares e 100 reais para pagar o
prejuízo que eles deram no posto. Eu chamei o gerente do posto lá na hora e
falei: ‘Estão com 20 dólares e 100 reais”. Eles querem ir embora, não querem
confusão. Peguei. Eles entregaram o dinheiro na mão desse rapaz que estava
verbalizando com ele. Entreguei na mão do gerente para o dono do posto. Esse
dinheiro é para pagar o prejuízo que eles estão indo embora. A viatura não
chegou”.
Os
seguranças afirmam que, em nenhum momento, revistaram os americanos, ou lhe
abriram as carteiras e pego qualquer coisa de lá. Foram os próprios atletas que
abriram suas carteiras e deram o dinheiro.
Apenas
depois de toda essa confusão, os jovens saíram do posto de gasolina, e foram em
direção à Vila Olímpica. Segundo, depoimento do motorista que os levou até lá,
os rapazes ainda estavam muito sob o efeito do álcool e também durante o
trajeto do táxi, fizeram grande algazarra.
Os
jovens não ficarão detidos por causa desse episódio. Já prestaram os
esclarecimentos devidos, reconheceram a mentira. Saíram da delegacia debaixo de
vaias e gritos de mentirosos, ditos em inglês. Mas a vergonha fenomenal que
experimentaram com este episódio vai lhes servir como castigos para o resto de
suas vidas. Sem contar que é uma mancha em suas carreiras esportivas.
Acho
que os nadadores, deviam, no mínimo, fazer, através da imprensa, um pedido
formal de desculpas ao povo brasileiro, e, especialmente, ao povo do Rio.
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