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Celso Daniel: Um fantasma que assombra o PT ressurge na Lava Jato, após 14 anos de sua morte
Posted by Cottidianos
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23:08
Sábado,
02 de abril
Prezados
leitores, boa noite!
Na
postagem de hoje, apenas compartilho matéria de autoria dos jornalistas, Carla
Gimenez e Gil Alessi, no site do jornal El País Brasil.
Pensei
em escrever um texto introdutório mais longo, ou um texto próprio sobre o
assunto — é provável que o faça —, porém, o caso do prefeito petista de Santo
André, assassinado em Janeiro de 2002, não é um caso qualquer. Ao contrário, é um caso complicado, complexo
e, até hoje, ainda envolto nas nevoas do mistério, apesar de investigações
policiais sobre o caso terem sido encerradas e reabertas. A morte de Celso
Daniel, embora tenha sido classificada por agentes policiais, como morte comum,
possui todos os mistérios e ingredientes de um crime político, desses que a
gente costuma ver em filmes de mafiosos. É possível que escreva algo sobre
isto. Apesar de não ter sido citada na Operação Lava Jato, segue na mesma linha
a morte do prefeito, também petista, de Campinas, Antonio da Costa Santos,
assassinado em 10 de setembro de 2001, véspera dos terríveis atentados terroristas
que atingiram as Torres Gêmeas, nos Estados Unidos.
Coincidências
da vida, — ou não, quem as saberá? — os dois prefeitos petistas foram
assassinados, há apenas quatros meses um do outro, e nas mesmas circunstâncias,
cujas mortes estão ainda envolvidas pelos véus do mistério.
De
qualquer modo, Celso Daniel e Antonio da Costa Santos (Toninho) são dois
fantasmas que rondam o PT, e que devem fazer muito medo a muita gente.
***
OPERAÇÃO
LAVA JATO
Por
que o caso de Celso Daniel chega à Lava Jato 14 anos após a sua morte
Empresário
preso saberia da ligação do PT com esquema de propina e da morte do prefeito
Tese
é contestada por quem acompanhou o caso
CARLA
JIMÉNEZ
GIL
ALESSI
São
Paulo 2 ABR 2016
A
última fase da Operação Lava Jato, desencadeada nesta sexta-feira, trouxe à
tona um dos casos policiais mais discutidos e investigados nos últimos anos,
reavivado mais uma vez, num momento de forte pulsação política. O prefeito de
Santo André, Celso Daniel, foi assassinado em janeiro de 2002, quando começava
a coordenar a campanha presidencial do então candidato Lula da Silva. Santo
André compõe a região do ABC, junto com os municípios vizinhos de São Bernardo
e São Caetano, famosa pelas indústrias automobilísticas ali instaladas desde os
anos 70.
Passados
14 anos, as circunstâncias da morte de Celso Daniel voltam à baila por meio da
Lava Jato, que enxerga no episódio um potencial esqueleto no armário do PT. O
então prefeito foi morto depois de ser sequestrado, torturado e morto. Foi
arrancado por seus algozes de um carro dirigido pelo seu segurança, Sergio
Soares da Silva, o Sombra.
Em
julho daquele ano, a Polícia Civil de São Paulo encontrou os assassinos de
Daniel, uma quadrilha comandada por Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como
Monstro, que atuava na favela Pantanal, na divida de Diadema, cidade vizinha de
Santo André. A publicidade do caso o fez correr de maneira célere, a pedido do
então presidente Fernando Henrique Cardoso, que em 2002 vivia seu último ano de
mandato. Monstro já era conhecido da Divisão Anti-Sequestro da polícia, por
outros crimes similares cometidos nos anos anteriores. O sequestro seguido de
morte de Daniel seguia o mesmo padrão – escolher vítimas que estivessem em
carros de luxo, em sequestros curtos, para exigir dinheiro e liberá-los. Mas
alguns casos haviam terminado em morte sem motivo aparente. Era o caso do prefeito.
A polícia concluiu que se tratava de um crime comum praticado pelo bando de
Monstro.
O
assunto, porém, teve diversas idas e voltas na Justiça pelos elementos reunidos
nessa trama. Além de ser ligado ao PT, Celso Daniel, que foi prefeito de Santo
André três vezes, tinha Sombra como homem de confiança, e era próximo do
empresário Ronan Maria Pinto – preso nesta sexta pela Lava Jato – que estaria
ligado a um esquema de extorsão em empresas de ônibus da região. Um esquema do
qual Daniel tinha conhecimento, ao que tudo indica. Essa tese implicaria o PT,
pois o partido se beneficiaria dos recursos desviados.
Catorze
anos depois, Ronan Pinto, empresário do setor de ônibus e dono do jornal Diário
do Grande ABC, foi preso nesta sexta por uma suspeita levantada pelo time do
juiz Sergio Moro, que traz de volta esse crime. O empresário é suspeito de ter
recebido 6 milhões de reais, em 2004, por intermédio do pecuarista João Carlos
Bumlai, amigo de Lula, a pedido do PT. A tese da força tarefa da Lava Jato é
que o dinheiro pode ser fruto de propina paga pelo partido para que ele não
revelasse detalhes da morte de Daniel, que implicariam o PT.
A tese do crime político
A
tese de que o assassinato de Daniel podia se tratar de uma “queima de arquivo”
foi levantada no mesmo ano da sua morte por um irmão de Celso, João Francisco,
para quem o caso podia se tratar de uma tentativa de eliminar o prefeito por
conhecer os casos de corrupção entre empresas de ônibus de Santo André. Uma das
suspeitas era que seu segurança Sombra, próximo ao empresário Ronan Pinto, e ao
secretário de Transportes de Santo André, Klinger de Oliveira Souza, estaria
desviando dinheiro das empresas do setor para benefício próprio. Os irmãos de
Daniel começaram a reclamar que o PT fazia pouco para chegar a conclusões
definitivas. Some-se, ainda, a informação de que o corpo de Daniel, encontrado
dois dias depois do desaparecimento, tinha marcas de tortura, o que não poderia
configurar um crime comum, mas alguém que sofria agressões para que ele, em
tese, revelasse alguma informação.
O
Ministério Público decidiu reabrir o caso ainda em 2002, no mês de agosto, a
pedido dos familiares do prefeito. Eles alegavam, inclusive, que havia
evidências de que o então deputado José Dirceu, e que Gilberto Carvalho, então
secretário de governo de Santo André, se beneficiavam do esquema de propina de
Santo André. Dirceu e Carvalho viriam a ser ministros de Lula e Dilma,
respectivamente. Essa linha de investigação foi apresentada pelo irmão de
Daniel, João Francisco, que teria ouvido um desabafo de Carvalho no dia do
velório do prefeito, contando que ele teria levado recursos do esquema de
propina a Dirceu.
O
então ministro da Justiça de FHC, Nelson Jobim, não levou o processo adiante,
por considerá-lo inconsistente. No estado democrático de direito não cabe
denuncismo, disse Jobim à época. "A prova com a qual o Ministério Público
Federal quer desencadear um inquérito policial contra o senhor [então] deputado
José Dirceu não tem fundamento legal", afirmou Jobim. Quatro anos depois, João Francisco viria a se
retratar com Dirceu.
O
assunto foi esquecido até 2005, quando o Ministério Público de Santo André decidiu
reabrir o caso novamente, para entender que ele merecia uma nova investigação
para verificar se não houve falhas na primeira operação e entender o papel de
Dirceu e Carvalho. A apuração do caso, conduzida pela delegada Elisabeth Sato,
levou um ano, e ouviu os sete sequestradores presos pelo crime. Todos negaram
que tivessem mandantes. Em 2006, a inquérito da delegada chegava à mesma
conclusão que o que havia sido feito em 2002: tratava-se de crime comum.
Em
2012, o caso foi reaberto pelo Ministério Público de São Paulo uma vez mais.
Agora, seguindo a tese de que o assassinato do prefeito teria sido planejado
por Sombra, que na verdade seria o chefe da quadrilha da favela do Pantanal.
Para o MP, Daniel aceitava que houvesse propina desviada das empresas de ônibus
para abastecer o caixa do partido, dinheiro este que abastecia também o caixa
de outras legendas, conforme reportagem da revista Carta Capital.
Segundo
o MP, porém, Sombra, junto com Pinto e e o ex-secretário dos transportes de
Santo André, Klinger de Oliveira Sousa nos tempos de Celso Daniel, estariam
utilizando recursos para enriquecimento próprio, o que teria contrariado o
prefeito, que teria entrado em choque com o trio. Por isso, ele teria sido
assassinado.
É
essa ligação entre a propina de empresas de ônibus e a morte de Celso Daniel
que fez o juiz Sérgio Moro insistir no pedido de prisão de Ronan Pinto nesta
sexta. Pinto foi preso porque teria recebido um empréstimo fraudulento em 2004
de 6 milhões de reais por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai. Seria um
malabarismo financeiro que tirou recursos do Banco Schahin, passou pela empresa
do pecuarista, para chegar a empresas
indicadas por Pinto que recebeu o dinheiro.
A
força tarefa da Lava Jato desconfia que esse recurso recebido era fruto de
chantagem de Pinto sobre o PT para não revelar o que sabia sobre a morte do
prefeito. Ronan Pinto, por essa versão, poderia ligar o crime a um esquema de
caixa dois no partido. Em seu despacho que justificou a detenção do empresário,
Moro escreveu que “é ainda possível que
este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de
2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais
grave”.
A chantagem, segundo Marcos Valério
e Delcídio do Amaral
O
primeiro a levantar a hipótese de que o empresário Ronan Maria Pinto teria
chantegeado membros do PT, incluindo o ex-presidente, foi o publicitário Marcos
Valério, preso em 2013, e condenado há mais de 30 anos por sua participação no
mensalão. Valério afirmou, em depoimento prestado em 2012, que Ronan Pinto
havia ameaçado Lula, seu ex-secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o
então ministro da Casa Civil, José Dirceu, por isso teria recebido os 6 milhões
de reais do PT, através de Bumlai. O pecuarista teria conseguido um empréstimo
de 12 milhões, metade para pagar contas do partido, e a outra teria sido
destinada a Ronan Pinto a título de chantagem.
Valério
não é considerado um delator dos mais confiáveis, uma vez que ele já foi
acusado de "mentir e alterar suas versões”, segundo disse o ministro
aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa na época do julgamento
do mensalão. Além disso, ele já foi acusado por integrantes do Governo petista
de tentar prejudicar a legenda como vingança pela longa pena a que foi
condenado no mensalão. O próprio juiz Sergio Moro faz essa ressalva. Embora a
fala de Valério “deva ser vista com muitas reservas, o fato é que metade do
valor do empréstimo foi, pela prova colhida, inclusive documental, destinada a
Ronan".
A
tese foi reforçada por outro delator famoso: o ex-líder do Governo no Senado
Delcídio do Amaral (Sem partido-MS), que colabora com a Justiça no caso de
corrupção da Petrobras, também afirmou que os 6 milhões de reais que o
pecuarista Bumlai entregou a Ronan Pinto “foram destinados ao pagamento de
chantagens efetuadas por empresário de nome Ronan contra a cúpula do PT, a
partir do município de Santo André”.
Apesar
dessa declaração, integrantes da força-tarefa da Lava Jato afirmaram que ainda
não há nada conclusivo que possa ligar o pagamento feito a Pinto com eventuais
chantagens feitas contra quadros do PT relacionados à morte de Daniel. Mas por
outro lado, de acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, “nada justifica
esses repasses”, e esta seria uma das linhas de investigação do caso.
Contestações
Dirceu,
que foi preso no mensalão, Carvalho, e o PT sempre negaram com veemência essa
versão, vista como uma tentativa de criminalizar o partido. “ Nunca houve
empréstimo do banco Schahin para o PT. Aqui há uma inversão do ônus da prova,
quem acusa tem que provar”, diz o presidente do PT, Rui Falcão.“ Eles dizem que
PT diz empréstimo, e eu digo que não. Onde está o empréstimo? Cadê a assinatura
do PT? Quem acusa tem que provar. O ônus
da prova é de quem acusa”, completa.
Em
entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no ano passado, José Carlos Bumlai
também negou a existência dessa operação financeira. Mas, em delação premiada
tornada pública em novembro do ano passado, um dos donos do banco Schahin, Salin
Schahin, confirmou tal empréstimo, que teria beneficiado o PT. Salin contou que
recebeu a visita de Bumlai e do ex-tesoureiro Delúbio Soares numa das reuniões
em que foi solicitado o empréstimo. Soares, inclusive, foi levado a depor,
nesta sexta, por condução coercitiva. O dono do banco Schahin foi arrolado no
esquema de corrupção da Petrobras pelo gerente da petroleira, Edson Musa, um
dos primeiros a ser preso na Lava Jato.
Crime político X Crime comum
A
ideia do crime político no caso da morte de Celso Daniel ganhou uma narrativa
que teria capacidade de aniquilar presente e passado do PT, caso o partido
estivesse envolvido. Mas, a dúvida é de que forma o PT estaria diretamente
envolvido na morte de Celso Daniel, visto com uma promessa de liderança de
projeção nacional dentro da legenda naquela época, e que estava cotado,
inclusive, para ser ministro da Fazenda caso Lula fosse eleito. Celso Daniel
havia se licenciado da prefeitura de Santo André, para a qual havia sido
reeleito no primeiro turno, e era um quadro muito importante para o partido.
A
tese do crime comum é sustentada por vários delegados que acompanharam a
investigação, como foi o caso de Marcos Carneiro Lima, que trabalhava na
Divisão Anti-Sequestro no ano 2000, onde atuou por sete anos. Ali, acompanhou
mais de uma centena de casos, e conheceu todos os macetes das quadrilhas e seus
principais líderes. Inclusive Monstro, o líder do sequestro de Daniel. “Ele
havia comandado um sequestro poucos dias antes de uma travesti com as mesmas
características”, conta Lima, que assegura não haver ligação entre Ronan Pinto
e Monstro. “É uma leitura que está sendo conveniente neste momento”, afirma
ele, que aponta um viés político que foi dado a um assunto que já foi
amplamente investigado. “A quem interessa?”, diz ele. Cinco inquéritos chegaram
a ser abertos sobre o caso, e todos chegavam à mesma conclusão.
Mas a corrupção em Santo André tem
testemunhas
A
história da corrupção nas empresas de ônibus em Santo André é antiga e tem sido
amplificada por uma personagem que foi vítima de achaques de Ronan Pinto. A
deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) conhece bem o assunto. Filha de um
ex-empresário do ramo dos transportes na cidade, ela repetiu a história da sua
família, durante sessão da CPI da Petrobras no ano passado. “Na época do
governo de Celso Daniel, foi criada uma quadrilha que extorquia empresários.
Era formada por Ronan Pinto, Klinger Maria Souza e Sergio Sombra”, afirmou ela,
que lembrou visitas intimidadoras de Ronan Pinto ao seu pai, sempre com uma
arma que depositava na mesa para iniciar uma conversa que derivava para pedido
de propina.
Gabrilli
também reforçou a suspeitas sobre o caso de Celso Daniel, ao solicitar a Bumlai
que ajudasse a esclarecer a sua morte, insinuando que Ronan Pinto tem um papel
central nesse sentido. Segundo a deputada, o que ocorreu na cidade foi um
“pequeno laboratório do que culminou no mensalão e posteriormente no petrolão”.
Na mesma época, a juíza Maria Lucinda da Costa, que condenou em novembro de
2015 o então empresário Sergio Gomes da Silva, o Sombra, a 15 anos de prisão
por participação no esquema de corrupção em Santo André, concorda com a
parlamentar: “o esquema de corrupção [em Santo André] era tão estruturado que
se ramificou e atingiu a administração federal”.
As dúvidas que persistem
Há,
porém, uma série de dúvidas e circunstâncias sobre o caso Celso Daniel que
aumentam o mistério sobre o assunto. O fato de que ao menos quatro testemunhas
do caso – incluindo o legista que identificou sinais de tortura no corpo do
petista, além de um garçom que teria visto Ronan Pinto, Celso Daniel, o
secretário Klinger e Somba dividindo sacos de dinheiro num restaurante –
morreram desde 2002, fermentam as teses políticas.
Há,
ainda, as dúvidas de por que a ligação política foi feita dez anos depois do
crime, quando várias investigações haviam dado o caso como encerrado.
E ainda, os questionamentos dos familiares de
Daniel, que exigem rever as novas informações. Bruno Daniel, irmão do prefeito
morto, afirmou em entrevista à rádio Estadão nesta sexta que as novidades do
caso precisam ser investigadas. “É necessário esclarecer por que a direção do
PT remeteu 6 milhões de reais a Ronan, mediante suposta chantagem. Qual é o
teor dessa chantagem?”, indagou. A opinião da família é que o empresário
conhecido como Sombra não teria arquitetado a morte de Daniel sozinho. De
acordo com Bruno, com raras exceções, o PT agiu para desestimular qualquer
investigação do assassinato que não o relacionasse a crime comum.
Bruno
cita uma conversa que ele teve com Gilberto Carvalho durante a missa de sétimo
dia do irmão, no qual Carvalho lhe disse que havia um esquema de arrecadação
ilegal para a campanha de Lula aquele ano. “A impressão que tive é que ele
disse isso com a intenção de nos desestimular a continuar com as investigações,
como se, caso isso viesse à tona, fosse macular a memória do Celso”, afirmou
Bruno. “Sendo que, caso tenha havido algum esquema espúrio de arrecadação, isso
teria que ser apurado”. Carvalho sempre negou ter conversado sobre este
assunto, bem como seu envolvimento em qualquer irregularidade.
Outra
dúvida é por que o Governo do PT nunca trabalhou para esclarecer o esquema de
propina em Santo André, embora a própria deputada Gabrilli tenha solicitado
isso diretamente ao então presidente Lula.
Catorze
anos depois, o juiz Sérgio Moro realimenta a trama que já rendeu livros e
centenas de reportagens sobre o caso Celso Daniel. Um roteiro policial que
ainda vai render muito assunto.
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