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Mar em fúria em São Conrado, Rio de Janeiro
Posted by Cottidianos
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23:26
Há
quatro meses do Jogos Olímpicos, trecho de ciclovia desaba no Rio e mata duas
pessoas.
Quinta-feira,
21 de abril
Sábado,
23 de abril, é de homenagear um dos santos mais populares entre os católicos, e
um dos orixás mais queridos pelos umbandistas. Salve São Jorge! Saravá Ogum!
Após
essa merecida lembrança, continuo o texto, dizendo-vos que não há como ficar
impressionado com tantas coisas negativas que tem acontecido no Brasil nos
últimos tempos. Não há como pensar que Deus está furioso para conosco. Estará
ele furioso, com tanta injustiça, ladroagem e corrupção que impera em nosso
país, principalmente, no setor público, que era aquele que deveria estar mais
próximo à população, pois foi para isso que foram eleitos nossos políticos? Ou
Deus não tem nada a ver com isso, e estamos sendo vítimas da ambição
desenfreada e da mediocridade que campeiam em nosso país? Confesso que estas são questões muito
subjetivas e não há uma resposta pronta para elas. O que não significa que não
possamos divagar sobre elas.
O acaso
parece estar rindo de nosso país.
No
dossiê de candidatura do Rio, apresentado em 2009, foram apresentados 17 projetos,
para melhoria da cidade em vista dos Jogos Olímpicos, sendo que essas mesmas
obras, ficariam como legado para a cidade. Se as coisas fossem realmente
levadas a sério em nosso país, estes 17 projetos estariam de bom tamanho. Mesmo
assim, com o tal “jeitinho brasileiro” duvido que essas obras fossem realizadas
a contento. Porém, não contentes com o número de 17 obras, aumentou-se o número
de obras para 27. Se, com 17 projetos, as coisas podem não sair a contento,
imaginem com 27. Não é difícil acontecer no Rio o que aconteceu no país antes,
durante, e pós Copa. Prometeram um grande legado que ficou apenas na imaginação
de nossos governantes, e no desejo de angariar votos, uma vez que muitos
projetos prometidos para a Copa, ou foram mal realizados, ou ainda estão em
andamento, sem previsão de conclusão.
Um
desses projetos que o Rio se comprometeu a fazer foi a ampliação do Elevado do
Joá. O projeto serve para melhorar o acesso entre a Zona Sul e a Barra da
Tijuca. O projeto consta de duas novas pistas e dois novos túneis construídos paralelos
aos atuais, com 5 km de extensão. Como parte do projeto também foi construída
uma ciclovia com vista para a belíssima praia de São Conrado. O projeto custou
aos cofres públicos a quantia de R$ 457,95 milhões.
Pois
bem, no dia em que a tocha olímpica foi acesa na Grécia, em cerimônia realizada
no Templo de Hera, em Olímpia, na manhã desta quinta-feira (21), na manhã desta
mesma quinta-feira — feriado no Brasil, dia de Tiradentes, mártir da
inconfidência mineira — pelo menos para duas famílias outra chama se apagou no
Rio: a chama da vida.
Um
trecho de 50 metros, dessa ciclovia que deveria ser um legado para a cidade, e
que liga as praias de Leblon e São Conrado, não resistiu às ondas gigantes que
se lançaram contra ela, e desabou. Dois ciclistas que passavam pelo local foram
vitimados pela tragédia, e uma terceira pessoa está desaparecida. A ciclovia
havia sido inaugurada em janeiro deste ano. Ainda é cedo para tirar conclusões,
mas tudo leva a crer que a causa da tragédia foi o mau planejamento na obra. Não
se pode colocar culpa nas ondas, pois eles sempre estiveram lá, e quem
desenvolveu o projeto sabia disso.
O
prefeito do Rio, Eduardo Paes, que chegava a Grécia, justamente para participar
da cerimônia que sinalizaria para o mundo que os Jogos Olímpicos no Rio agora
são uma realidade de fato, teve que voltar imediatamente. A tragédia no Rio,
além de vitimar pelo menos dois ciclistas, de manchar a imagem do Rio perante a
comunidade internacional em termos de segurança das obras realizadas, ainda
joga um balde de água fria nas intenções do prefeito, que ainda neste mês de
abril, pretende, ou pretendia inaugurar um novo trecho ligando São Conrado à
Barra da Tijuca.
O
Brasil vive mesmo seu inferno astral. Uma crise econômica que já passou de
grave, e se tornou gravíssima, deixando, não dez, nem dez mil, mas dez milhões
de desempregados; uma rapinagem nos cofres da Petrobrás, para alimentar
campanhas eleitorais, e enriquecer ilicitamente, muitos bandidos de gravata;
uma crise política que tem desafiado as instituições; uma votação grotesca, na
Câmara dos Deputados, de um estranho processo de impeachment, onde os
acusadores da presidente são tão ou mais corruptos quanto as acusações que
fazem ao governo; uma presidente que, ridiculamente, afirma que está sendo
vítima de um golpe.
Por
falar nisso, Dilma Rousseff, vai participar de uma reunião nas Organizações das
Nações Unidas (ONU), e dirá que está sendo vítima de um golpe parlamentar. Na
verdade, não se o que se passa pela cabeça da presidente, e de seus auxiliares
em sua defesa nesse processo de impeachment. Acho essa coisa de afirmar que
está sendo vítima de um golpe uma tremenda burrice. E, se é estratégia, é uma desastrada
estratégia. Primeiro porque ela joga contra si, de uma vez só, a Câmara dos
Deputados, o Senado Federal, o Supremo Tribunal Federal, e a imensa maioria da
população brasileira favorável ao impeachment. Talvez esteja, justamente, nessa
capacidade de jogar todos contra ela, a raiz de nossa crise política, econômica,
e do próprio processo de impeachment.
Dilma
sempre foi arrogante, desde a sua primeira gestão. Aquele tipo de pessoa que
olha para os congressistas e diz: “Sou todo-poderosa, não preciso de vocês para
governar”. Tenho lembranças de ter visto o Fernando Henrique, quando presidente
da nação, dialogar com o congresso, até o próprio Lula, fazia isso. Na gestão
Dilma, não me lembro de tê-la visto discutir com os deputados e senadores os
problemas da nação.
Agora
lá se vai ela dizer perante a comunidade internacional, com já tem dito, que
está sendo vítima de golpe. Estranho golpe, pois quando a presidente deixou o
território nacional em direção aos Estados Unidos, que ficou no lugar dela?
Michel Temer, o vice-presidente. Quem entregará a cadeira presidencial quando
ela retornar? Michel Temer. Então, eu pergunto a vocês: Com tudo funcionando
dentro da mais absoluta legalidade, onde está o golpe?
Diante
de tantos sobressaltos que assaltam a nossa nação, eu peço ao poderoso Ogum
que, montado em seu fiel cavalo, Ginete, e brandido a sua poderosa espada, domine
os inimigos que levam à ruína o nosso Brasil. Bem como peço a todos os Orixás,
que lancem suas bênçãos e proteções sobre este chão verde, amarelo, azul e
branco, e afastem de nós esses males, e tormentas pelos quais atravessamos.
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