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Amores que mudaram o mundo
Posted by Cottidianos
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23:58
Sexta-feira, 12 de junho
“O que é o amor? Onde vai dar?
Parece não ter fim. Uma canção
Cheirando a mar / Que bate forte em mim
O que me dá / Meu coração
Que eu canto / Pra não chorar?
O que é o amor? / Onde vai dar?
Por que me deixa assim?
O que é o amor? / Onde vai dar?
Luar perdido em mim”
(O que é o amor - Danilo Caymmi/ Dudu Falcão)
“— O povo?
Mas o povo precisa ser esmagado equanto é tempo, antes que suspenda a cabeça.
Os homens que falam ao povo são sempre perigosos em liberdade. Os governos
devem tapar a boca dos profetas. Sem eles o povo é inofensivo e deixa-se abater
e oprimir. Manda prender o Batista! Se ele continua livre, a semeadura será
grande e a colheita maior.
Antipas
respondeu convencido:
— Pois sim,
mandarei prendê-lo.
— Quando?
— Amanhã.
Herodíades
mordeu os lábios e retrucou:
— Não és
homem forte. Os fortes não pronunciam essa palavra. Manda hoje mesmo ou não me
amas. Eu odeio o Batista. E somente quando o tiver encarcerado no fundo desta
fortaleza, conhecerei tranquilidade. Então mandarei vir Salomé…
A esse nome,
os olhos de Antipas brilharam.
— Herodíades
ordenou-lhe:
— Manda
prender o Batista hoje mesmo o Batista.
O diálogo acima é apenas um trecho do livro, a Vida de Jesus, escrito por Plínio
Salgado, e lançado, em Lisboa, na páscoa de 1942. O principe Herodes Antipas
conversa com sua mulher, Herodiades, a respeito do profeta, João Batista.
Herodíades era casada com o príncipe Felipe, irmão de Antipas, e o abandonou
para ficar com Antipas. O profeta condena essa relação entre os dois,
despertando a ira da bela e malévola Herodíades, que, por esse motivo,
procurava, a todo custo, vê-lo morto. Certa vez, por ocasião do aniversário de
Herodes, a filha de Herodiades dança tão bem, que agrada ao príncipe. Este
havia prometido dar a moça qualquer coisa que ela pedisse. Instruída pela mãe,
a jovem pede a cabeça de João Batista em um prato.
Este é um exemplo de casal, cujo amor possessivo e
egoísta, mudou a história. Não fosse o veneno da serpente
em forma de mulher, o profeta João Batista teria vivido muito mais tempo, e presenciado
de perto todo o ministério de Jesus.
Assim foi na narração bíblica, assim foi em toda
história da humanidade: casais sempre influenciaram os destinos da história
humana, seja para o bem ou para o mal.
Mas afinal de contas, o que é o amor, esse sentimento
tão cantado em prosa em e verso desde tempos mais remotos? Quando é chama
perene o amor é belo, gostoso. É perfume de rosa, nos faz bem, nos impulsiona e
nos inspira a um viver harmonioso. É como o calor que vem da lareira em dias
muito frios. Ao contrário, quando é fogo descontrolado, causa incêndio, traz
dor, sofrimento, torna-se em seu reverso, o ódio.
Desejo que o amor em vossa vida seja luz que ilumina vossa
caminhada e da pessoa que está ao seu lado e que, essas duas luzes, brilhando
juntas, sejam farol a iluminar uma cidade, que, por sua vez, gera energia para
iluminar o mundo.
Hoje, 12 de junho, desejo a todos, um Feliz Dia dos
Namorados!
Um brinde ao amor!
Que o amor entre você e a mulher amada, ou entre você
e o homem amado, torne-se uma dessas histórias que mudam o mundo para melhor,
porque de maldades já estamos fartos.
Abaixo, compartilho como vocês a história de 5 amores
que mudaram o mundo, publicado em um dos números da revista Superinteressante.
***
5 amores que mudaram o mundo
Se esses
casais não tivessem se apaixonado, a história poderia ter seguido outro rumo.
Texto de Barbara
Semerene
Grandes paixões movem a história, mas raramente são
mencionadas nos livros. Talvez por não querer associar decisões que deveriam
ser racionais ao lado passional do ser humano, a maior parte dos historiadores
costuma omitir episódios bastante relevantes, mas não muito ortodoxos, como
casamentos forçados ou juras de amor. Só que, não raro, esses acontecimentos típicos
da vida privada têm extrema influência nas tomadas de decisão da vida pública.
“Estar apaixonado ou sentir-se sozinho afeta o que a pessoa é e suas decisões”,
diz a jornalista espanhola Rosa Monteiro, autora do livro Paixões, que reúne
histórias de casais famosos. Conheça alguns dos grandes feitos da história que
poderiam não existir, se não fosse pelo cupido.
1. A descoberta
do Oxigênio - Marie e Antoine Lavoisier
Esse é o exemplo de casamento arranjado que deu certo.
Isso porque, mesmo não tendo necessariamente uma “química” inicial, o casal
resolveu o problema rapidinho inventando uma. Juntos, Marie e Antoine Lavoisier
fundaram a química moderna. Suas pesquisas sobre o calor e o fogo substituíram
antigas crenças da alquimia por um sistema de princípios científicos sólidos. E
isso só aconteceu porque, quando Marie tinha 14 anos, seu pai acertou seu
casamento com Antoine, um químico já bem estabelecido, membro da Academia
Francesa de Ciências, e que tinha o dobro da idade dela.
Durante os 25 anos que se seguiram, o casal trabalhou
em conjunto. Lavoisier não dominava outros idiomas além do francês e era Marie
quem traduzia os textos do e para o inglês. Isso foi fundamental para o avanço
das pesquisas e para a divulgação das descobertas do casal fora da França. Além
disso, Marie desenhava os inventos dele, o que era fundamental para a sua
compreensão. Pesquisando juntos, o casal descobriu a existência do oxigênio e
sua importância para a respiração dos animais e das plantas, e demonstrou que
ele está presente no processo de combustão. Também formulou a Lei da
Conservação da Matéria: o peso do produto de uma reação química deve ser igual
ao peso dos reagentes. Assim deduziram a célebre lei: “Na natureza nada se
cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Politicamente, no entanto, os dois não tinham nada em
comum. Em plena Revolução Francesa, enquanto Marie pregava o fim das regalias
para os nobres, Antoine bolava novas maneiras e pedágios para cobrar impostos
dos pobres. Por isso, ele acabou sendo guilhotinado, em 1794. Onze anos depois,
Marie terminou a obra de 8 volumes Memoire de Chimie (“Memórias da Química”) e
a publicou com o nome do marido.
2. A era
Vitoriana - Rainha Vitória e Príncipe Albert
O governo da rainha Vitória entrou para a história
como marco da industrialização, da expansão econômica e do desenvolvimento
urbano na Inglaterra. Nele, foram criadas as linhas de trens e metrô,
disseminados os jornais e inventada a fotografia, só para citar alguns
exemplos. Por causa da governante, o período ficou conhecido como “era
vitoriana”. E, porque ele também foi marcado pela austeridade e rigidez dos
costumes, o termo vitoriana passou a ser usado para denominar uma postura
conservadora e rígida.
Mas a verdade é que os anos da rainha Vitória no poder
(de 1837 até 1901) deveriam ter ficado conhecidos como “era albertiana”, já que
todos esses feitos e características espelham mais a personalidade de seu
esposo, o príncipe Albert Saxe-Coburg. Uma prova de que Vitória não era tão
conservadora assim é que ela pediu Albert em casamento, algo ousado numa época
em que só os homens tomavam a iniciativa.
Os dois se conheceram aos 17 anos quando ele foi
passar férias no castelo de Vitória, sua prima. Ela se apaixonou perdidamente e
relata em diários o seu sofrimento quando o príncipe partiu. Três anos depois,
quando Vitória já havia subido ao trono, eles se reencontraram e o ambicioso
Albert ficou deslumbrado com o fato de ser amado por uma rainha.
No começo, ele enfrentou a resistência de Vitória ao
tentar discutir qualquer assunto relacionado à política. Gradualmente, porém,
foi conquistando sua confiança. Primeiro, ela o indicou como regente, no caso
de sua morte. Depois, o nomeou seu secretário particular, um conselheiro para
assuntos confidenciais. E, a partir daí, bastava que ele expressasse uma
opinião para que Vitória ficasse a seu lado. Ele passou a escrever os discursos
dela, a lhe dizer o que responder aos ministros e a aconselhá-la em cada
atitude. Todos os grandes feitos da era vitoriana passaram pelo crivo de
Albert.
Depois da morte do marido, a rainha Vitória continuou
levando a Inglaterra exatamente como havia feito a seu lado. Ela viveu por mais
40 anos, dormindo, todas as noites, com a foto do príncipe sobre o travesseiro.
3. A
unificação da Itália e a Revolução Farroupilha - Anita e Giuseppe Garibaldi
Giuseppe era um italiano de ideais republicanos que
lutava contra a ocupação austríaca em seu país. Perseguido pela polícia, fugiu
para o Brasil e juntou-se ao governo farroupilha, que lutava por um Estado
federalista no Rio Grande do Sul. Foi lá que ele conheceu Ana Maria Ribeiro da
Silva, uma moça de origem humilde, que era casada com um sapateiro. O casal se
apaixonou e, sem hesitar, Anita, como era conhecida, largou o marido e fugiu
com o romântico guerreiro Giuseppe. A partir daí, ela passou a lutar ao lado do
amante e sua batalha era sempre travada em nome da liberdade e da justiça.
O casal lutou bravamente em batalhas no Brasil,
Uruguai e Europa. Em 1848, com 4 filhos, eles resolveram se mudar para a
Itália, a fim de lutar pela independência e unificação do país. Mas, apenas um
ano depois, Anita morreu nos braços do companheiro, vítima da febre tifóide. Em
lugar de desistir, Garibaldi seguiu ainda mais disposto. Agora, era sua
obrigação lutar por aquilo em que sua amada acreditava. Depois de refugiar-se
por 5 anos nos EUA e Peru, ele voltou à Europa, em 1854, e, utilizando táticas
de guerrilha aprendidas na América do Sul, liderou milhares de soldados que
buscavam anexar novamente à Itália diversos territórios ocupados. Ele também
lutou para recuperar Roma, porque estava convencido de que a cidade deveria ser
a capital do recém-criado Estado italiano.
No mesmo ano da sua morte, e depois de ser eleito
membro do Parlamento italiano, Garibaldi ditou sua biografia ao escritor
francês Alexandre Dumas. Sobre Anita, ele diz: “Era a mãe dos meus filhos, a
companheira da minha vida nas boas e nas más horas, a mulher cuja coragem
tantas vezes desejei que fosse minha”.
4. A
Declaração Universal dos Direitos Humanos - Eleanor e Franklin Delano Roosevelt
Poucos casais foram capazes de uma parceria tão
eficiente quanto Franklin e Eleanor Roosevelt. É difícil mensurar qual deles se
beneficiou mais com o casamento, mas é fato que a união provocou mudanças importantes
na vida dos dois.
O namoro começou na adolescência. Franklin se encantou
com a seriedade e inteligência de sua prima Eleanor, uma garota sem afetação e
totalmente desligada das futilidades de debutantes. Quando subiu ao altar, em
1905, Eleanor já era uma ativista social. Sobrinha do presidente dos EUA
Theodore Roosevelt, ela brigava contra a exploração de trabalhadores e foi
eleita para a Assembléia Legislativa de Nova York em 1910. O marido também era
deputado estadual e a união entre eles fez com que a casa se tornasse um espaço
de discussão política. A ligação entre eles, aliás, sempre foi mais intelectual
do que amorosa. Eles eram, sim, apaixonados, mas pelos mesmos ideais, não tanto
um pelo outro. Tanto que, depois de descobrir que o marido a traía com a
secretária particular, Eleanor não se preocupou com uma separação. Em vez
disso, dedicou-se intensamente à sua carreira, tornando-se uma das mulheres
mais influentes da política americana no século 20 (alguns historiadores também
dizem que ela saiu do armário, descobrindo que gostava de mulheres).
Em 1921, Franklin ficou paralítico por causa da
poliomielite. Desanimado, estava a ponto de desistir da vida pública, mas
Eleanor salvou sua carreira convocando novas eleitoras para ajudar a elegê-lo governador.
Enquanto ele se concentrava em recuperar a saúde, Eleanor expandia suas
atividades políticas a fim de manter o nome Roosevelt em evidência.
As campanhas de Eleanor deram certo e, em 1932,
Franklin foi eleito presidente para o que seria o primeiro de 4 mandatos. Com
isso, a carreira política dela também deslanchou. Eleanor se tornou a primeira
esposa de presidente a comparecer ante um comitê no Congresso, a primeira a dar
uma entrevista coletiva à imprensa e a escrever uma coluna publicada em vários
jornais, por exemplo. Ela também incentivou o marido a contratar mulheres
qualificadas para seu governo e lutou pela igualdade racial nas Forças Armadas.
Em 1940, uma pesquisa Gallup a mostrou em maior destaque do que seu marido, com
67% de aprovação dos entrevistados.
Isso fez com que, após a morte de Franklin, o
presidente Harry S. Truman nomeasse Eleanor delegada na ONU. No novo cargo, ela
usou toda sua influência – e a força do sobrenome – para criar a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (o primeiro acordo internacional sobre os
direitos da humanidade), adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações
Unidas em 10 de dezembro de 1948.
5. A Guerra
Civil espanhola - Francisco Franco e Carmen Pólo
Só há muito pouco tempo, a vida íntima do general
Francisco Franco, responsável pela ditadura espanhola que durou 36 anos,
começou a ser explorada. E as primeiras biografias de seu governo mostraram
algo que, para a maior parte do mundo, era impensável durante os anos de ferro
do general: a esposa de Franco, Carmen Pólo, tinha total controle sobre ele. E
não só no âmbito doméstico. No livro Las Damas del Franquismo (“As Damas do
Franquismo”, sem tradução em português), lançado em 2000, o historiador Jesus
Pardo diz que “quem conheceu a família Franco não duvida que quem governava
tudo era Carmen Pólo, uma mulher astuta, inteligente, ambiciosa”. E Pardo não é
o único a fazer afirmações do tipo. Paul Preston, no livro Palomas de Guerra,
diz que Carmen foi a pessoa que teve mais influência no governo durante os 38
anos da ditadura de Franco.
Há inúmeros testemunhos de que, na presença de sua
mulher, Franco parecia submisso, como se temesse sua desaprovação. A ponto de
as carreiras de seus ministros dependerem, muitas vezes, do favor da “patroa” –
o que lhe rendia valiosos presentes. Essa era a forma mais eficiente de
assegurar um contrato com o governo, uma licença de importação ou um posto
alto.
O casal se conheceu em Oviedo, cidade natal de Carmen,
em 1917, quando ela tinha 15 anos e Franco, 24. Ele era um oficial valente e
ansioso por ascensão rápida. Ela era uma jovem ambiciosa, que venerava a
aristocracia. Franco se apaixonou imediatamente e ficou obcecado pela idéia de
tê-la como esposa. Mas Carmen foi taxativa: Franco era apenas um soldado e não
poderia voltar a vê-la nunca mais.
Ele, no entanto, não desistiu. Mandou diversas cartas
para a amada, que nessa época vivia em um convento, e passou a freqüentar a
mesma igreja que ela. Ao mesmo tempo, triunfava militarmente. A insistência e a
ascensão de Franco dentro do Exército fizeram com que Carmen mudasse de idéia
e, em 1923, os dois se casaram.
Em 1935, Franco foi nomeado chefe único das forças
rebeldes contra o governo republicano e, a partir daí, começaram as maquinações
para que ele se convertesse em chefe do Estado Nacional por meio de um golpe.
Carmen adorava cada uma dessas notícias e alguns historiadores acreditam que,
se não fosse pelo incentivo dela, que era mais apaixonada pelo poder de Franco
do que pelo homem em si, ele não teria tido forças para dar o golpe de Estado e
enfrentar a conseqüente Guerra Civil Espanhola.
Em 1936, depois que uma aliança política de liberais,
socialistas e marxistas venceu as eleições livres espanholas, Franco resolveu
“restabelecer a ordem pela força”. O golpe militar foi seguido por uma intensa
guerra civil, que custou mais de meio milhão de vidas em combate e outras
tantas por causa de fome, desnutrição e doenças. Franco permaneceu no poder até
sua morte, em 1975. Carmen morreu 12 anos depois de Franco. Durante esse tempo,
mudou do palácio de El Pardo e viveu o resto do tempo sozinha em seu
apartamento, dedicada à sua única filha, seus netos e bisnetos.
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