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Fúria de Titãs na Virada Cultural
Posted by Cottidianos
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00:52
Segunda-feira,
01 de junho
“Quem
espera que a vida / Seja feita de ilusão
Pode
até ficar maluco / Ou morrer na solidão
É
preciso ter cuidado / Pra mais tarde não sofrer
É
preciso saber viver.
Toda
pedra do caminho / Você pode retirar
Numa
flor que tem espinhos / Você pode se arranhar
Se
o bem e o mal existem / Você pode escolher
É
preciso saber viver.”
(É
preciso saber viver – Roberto e Erasmo Carlos)
A
Virada Cultural Paulista, em Campinas, ficou em muito prejudicada por causa do
fim de semana frio e chuvoso, principalmente, no sábado (30). Foi um sábado de
muito frio, e uma chuva fina e insistente, que começou no início do dia e
atravessou a noite. Mesmo assim, os eventos programados aconteceram, com um
público menor, é verdade.
O domingo
(31) também amanheceu chuvoso e frio. Acordei às 6h40min da manhã. Planejava
fazer minhas costumeiras corridas dominicais de bicicleta. Olhei pela janela. O
tempo lá fora ainda caía fina e insistente. Não tive ânimo de colocar a bike na
estrada, e voltei a dormir novamente.
À tarde,
fui ao distrito de Souzas, celebrar o aniversário do amigo, Ricardo Silva. A chuva
havia cessado, mas o frio permaneceu. Após festejar o aniversário do amigo, e
brincar um pouco com as crianças, voltei mais cedo para Campinas, pois não
queria perder o show do Titãs,
marcado para as 6h30min da tarde. Desde o dia anterior me preocupava em como
estaria o tempo, na hora da apresentação da banda de rock. Entretanto, pensava
eu, fizesse frio, chovesse ou fizesse calor, eu estaria lá.
Entre
dezenas de canhões de luzes rosa, verde, amarela, vermelha, alaranjada, azul, lilás
e branca, a nave Titãs pousou no Largo do Rosário — Praça localizada no coração
do centro de Campinas. Ela chegou envolta em fumaça de gelo seco, aumentando
ainda mais o clima de encantamento... E arrebatou a multidão.
Sob
um céu cinzento e um clima frio, milhares de pessoas estavam reunidas, na
expectativa de ver o show de uma das melhores bandas de rock brasileiras. Não
era possível ao público reunido na praça, ver estrela alguma brilhando no
firmamento... Elas, as estrelas, haviam descido do céu e estavam brilhando no
palco montado ao livre. Difícil era disfarçar a ansiedade com que todos
aguardavam o início da apresentação.
Finalmente,
a voz potente do vocalista, Sérgio Brito, disse: “Boa noite! Campinas!”. As guitarras
afinadas entoaram as primeiras notas, como a dizer: “Estamos aqui, viemos para
incendiar vocês”. A partir de então, a ansiedade pela espera se transformou em
euforia. A banda formada por Branco Mello - vocal e baixo elétrico; Paulo
Miklos - vocal, guitarra e saxofone; Sérgio Britto - vocal, teclado e baixo; Tony
Bellotto - guitarra, violão e Mario Fabre – bateria, entregou-se em show
eletrizante e o publico por sua vez, entregou-se ao show cantando junto ás
musicas escolhidas para o repertório da noite e dançando, e gritando, por
várias vezes: “Titãs, Titãs!”
Entre
uma música e outra, lançava um olhar para o céu. Ele ainda estava cinzento, mas
com toda aquela energia gerada pelos dínamos do rock, até o frio parece ter
ficado envergonhado de estar ali no meio da euforia. Devido a essa atitude do
frio, ao final do show, já estava mesmo era com calor, e resolvi tirar o
agasalho cinza que usava.
O
som potente da banda tocava clássicos como Homem
Primata, Sonífera Ilha, Marwin, Televisão, Comida, dentre
outros. Em determinado momento, o público pediu para que a banda tocasse o hit,
Polícia. Nesse momento, o também
vocalista, Paulo Mikos, que estava no palco, apesar de estar, nessa apresentação,
estar com pé direito imobilizado, e durante toda a apresentação esteve sentado
com a guitarra no colo,e microfone
ajustado, disse aos fãs: “É engraçado que vocês sempre pedem, Polícia, nessa hora. Não é a próxima,
mas a gente vai tocar. Agora vamos baixar um pouco a bola (algo equivalente a “vamos
baixar a adrenalina”). Em seguida tocou um clássico mais suave, Enquanto Houver Sol, após cantar mais
alguns sucessos nessa linha, atendeu ao pedido feito anteriormente, e cantou Polícia, para delírio dos fãs.
As
luminárias em estilo antigo que adornam e iluminam a praça, e que naquele
momento estavam apagadas, e a enorme árvore florida ao lado do palco, davam certo
clima romântico ao ambiente, enquanto os altos prédios próximos à praça nos
situavam dentro de uma modernidade. Pichações em dois prédios ao lado apenas
mostravam um tipo de rebeldia que, além de não ter significação alguma, ainda
deixam a cidade mais feia.
Aos
que ainda não conheciam, a banda apresentou quatro sucessos do novo álbum, “Nheengatu”.
Nheengatu, é o 14o da banda, e foi lançado em 2014.
O show
terminou. A banda saiu do palco. O povo não saiu do lugar e pediu bis. A banda
voltou e cantou mais algumas músicas, — para alegria de todos — encerrando
definitivamente, com a canção, É preciso
saber viver — Clássico sucesso de autoria de Roberto e Erasmo Carlos.
Os
Titãs estão na estrada desde 1982. Em sua formação oficial estavam; Arnaldo
Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto,
Tony Belloto, Ciro Pessoa e André Jung. Ao longo do tempo foi sofrendo
transformações em seu quadro pessoal, até chegar à formação atual.
No
ano de 2001, uma tragédia se abate sobre a banda. No dia 11 de junho daquele
ano, o responsável pela guitarra base dos Titãs, Marcelo Frommer, foi
atropelado por uma moto, em São Paulo, vindo a falecer dias depois, devido à
gravidade dos ferimentos. Na época, chegou a se pensar que a morte de Frommer
também seria a morte dos Titãs. Porém a banda superou esse momento difícil e
seguiu em frente.
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