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Uma mordida que custou muito caro
Posted by Cottidianos
on
20:10
Quinta-feira,
26 de junho
Imagem: http://www.diariodopoder.com.br/diariodacopa/suspenso-e-com-credencial-confiscada-suarez-volta-ao-uruguai/ |
Nove
jogos oficiais de suspensão pela seleção uruguaia. A primeira suspensão já
começa a vigorar na partida de sábado, 28 de junho, no confronto entre Colômbia e Uruguai, pela Copa do Mundo da Fifa 2014, no Brasil. Sendo as seguintes
suspensões aplicadas nas partidas seguintes da seleção uruguaia no Mundial, caso
o Uruguai siga avançando no torneio, caso contrário a suspensão se aplica as
partidas seguintes do Uruguai. Durante quatro meses, também fica impedido de
exercer qualquer atividade relacionada ao futebol, seja ela administrativa ou
esportiva. Também está proibido de adentrar os estádios nos quatro meses em que
durar a proibição de exercer atividade relacionada ao esporte e enquanto durar
os nove jogos de suspensão pela seleção uruguaia. Não bastando isso será
obrigado a pagar uma multa no valor de 100 mil francos suíços (o equivalente a
uma quantia de R$ 248 mil). Some-se a tudo isso uma imagem bastante negativa,
veiculada pela imprensa dos quatro cantos do planeta.
Essa
foi a punição da FIFA divulgada nesta quinta-feira (26). Esse foi o alto preço
que o atacante uruguaio, Luis Suárez, teve que pagar pelo ato impensado de
morder o zagueiro italiano, Giorgio Chiellini, em partida disputada pelas duas
seleções pertencentes ao grupo D, o grupo da morte, na última terça-feira, às
13h, no Arena das Dunas, na bela Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Permitam-me citar a mim mesmo — e faço essa citação
apenas por ser perfeitamente cabível a esse momento e ao presente escrito —
no texto que escrevi em minha postagem do dia 07 de junho, cujo título é No equilíbrio entre razão e emoção, a
receita para uma vida feliz: “Qual bravo general vence uma guerra? Aquele
que preparou melhor o seu exército com treinamento, armas e provimentos? Aquele
que elaborou melhor estratégia de ataque e defesa? Aquele que melhor soube
estudar os hábitos e vícios de seus inimigos, descobrindo dessa forma suas
virtudes e defeitos? Nem um desses, vos digo eu. O único bravo general capaz de
vencer uma guerra é aquele que soube primeiro dominar a si mesmo. Que soube
vencer a si mesmo. Pois é no coração do homem que se encontra o seu melhor
amigo e seu pior inimigo. O homem, ele próprio, é o responsável por sua glória
ou por sua ruína”.
Jogar
uma Copa do Mundo, o maior espetáculo da terra no planeta futebol, é o sonho de
qualquer atleta. Basta ver com que ansiedade eles esperam a convocação para as
seleções de seus países. E como ficam trites e preocupados quando sofrem algum
tipo de lesão às vésperas da competição. Por que todo esse interesse em fazer
parte de uma Copa do Mundo? Primeiro há a questão do patriotismo. Todos querem
defender o seu país, fazer o melhor por ele. Quando os jogadores estão
disputando a bola nos gramados todos os torcedores do país ao qual pertencem se
sentem representados. Pensando dessa foram, não é apenas uma equipe, é um país
inteiro que está em campo. Depois tem a questão da visibilidade. Centenas de
jornalistas de diversos países. Centenas de câmeras de TV. Milhões de flashes espoucando. Na era da imagem na qual vivemos isso é um grande triunfo. E é um
grande triunfo porque isso chama patrocinadores e patrocinadores trazem
dinheiro e dependendo do patrocinador, muito dinheiro.
Luis
Suárez foi um guerreiro. Pouco menos de um mês do Mundial teve que se submeter
a cirurgia no joelho. Quando ninguém mais acreditava que uma recuperação seria
possível à tempo, eis que surge ele no gramado, forte, cheio de garra. Um
campeão. Capaz de estimular os demais companheiros de equipe a jogarem com mais
empenho e vigor.
Na
primeira partida, no dia 14 de junho, contra a Costa Rica, em Fortaleza, Suárez
ainda não estava totalmente recuperado. Ficou no banco de reserva e de lá viu
seu time perder a partida por 3 x 1. Na segunda partida jogada pela equipe, no
dia 19 de junho, o técnico do time, pôs Suárez em campo. O guerreiro apareceu. Foi
um gigante. Fez dois gols na partida. Para a torcida uruguaia, era o herói, o
santo, o salvador.
Na
terceira partida, contra a Itália, Suárez, apesar de não ter feito o feito o
gol que classificou a equipe, vinha jogando bem. Até que resolveu dar a maldita
mordida no italiano. O juiz não viu e, portanto, não registrou nada em súmula…
O juiz não viu mas milhões de olhos espalhados por todo o mundo viram. Os
uruguaios tentaram minimizar aquilo que não se pode minimizar, dizendo que não
tinha sido uma mordida. Que a boca de Suárez apenas esbarrou no ombro do
italiano. Lugano, zagueiro daquela seleção, tentou minimizar o fato, citando
outros casos de violência já acontecidos durante esse Mundial. Disse até, não
com essas palavras, que os jornalistas queriam fabricar notícia.
Enfim,
mas alguém de vocês já viu um esporte seja ele qual for que aceite mordidas como
regra? Nem mo MMA que é um estilo mais violento de esporte, nem lá é permitido
morder. Com os olhos do mundo em cima dela e todo o mundo cobrando uma punição,
a FIFA foi obrigada a tomar uma decisão pesada.
Penso
que a FIFA tomou essa decisão baseada nas imagens, na pressão dos mais diversos
setores do mundo esportivo e no fato de Suárez ser reincidente. Ele já havia
mordidos adversários quando atuava no futebol holandês e no futebol inglês,
onde joga atualmente. Além de relatos de casos de violência quando ainda atuava
nas divisões de base do Uruguai.
Ovácion, o principal
jornal esportivo do Uruguai estampa a manchete “A Pior suspensão” e diz que Suárez, levou um “banho de água fria”. O
argentino Olé, ironiza: “ Lhe cortaram os dentes. A punição foi pior
que a esperada”. Com certeza, o fato teve repercussão em veículos de
comunicação do mundo inteiro, afinal, como disse antes, os olhos do mundo estão
sobre o Brasil.
Suárez,
sem dúvida, é um grande atleta. No jargão do futebol, um atleta de ponta. Torço
para que ele consiga ter maior domínio de si mesmo, antes de ter domínio sobre
a bola. Pois sem domínio de si mesmo o homem pisa na bola, fácil, fácil.
Afinal, queremos ver gols, bom futebol, o espetáculo da torcida… E não
mordidas.
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