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Emoção e confrontos na festa de abertura da Copa do Mundo de 2014
Posted by Cottidianos
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Sexta-feira,
13 de junho
12
de junho de 2014, certamente, não foi, para os brasileiros, um dia como outro
qualquer. Foi um dia especial. Um dia para ficar na história. Afinal, após 64
anos — e, como diziam meus queridos pais adotivos, Francisco Henrique e Maria
Julieta: 64 anos não são 64 dias — o país sedia sua segunda Copa do Mundo.
Ontem foi um dia tão diferente, que até as árvores se vestiram de verde e amarelo.
Deem uma olhada nessa árvore que encontrei enquanto pedalava, ontem, na Avenida
Norte Sul.
Se,
em todas as Copas do Mundo, o Brasil, literalmente, se aquieta para ver sua
seleção e seus jogadores, imaginem então quando a festa é em nossa própria
casa? Aí o país para totalmente. A maioria das instituições bancárias,
judiciárias e escolas, fecharam suas portas ao meio dia. Os estabelecimentos
comerciais fecharam às 3h da tarde. Todos queriam estar em suas casas, ou nos
bares, ou casa de amigos, enfim, em qualquer lugar que tivesse uma TV ligada na
transmissão do jogo. A empolgação era geral. A ansiedade pelo início da partida
era geral. Logo pela manhã começaram a se fazer ouvir o som das buzinas, das
cornetas, dos apitos, enfim, todos queriam era fazer muito barulho. Bandeiras brasileiras
agitavam-se nos altos dos prédios e não estavam sozinhas: lá embaixo, nas ruas
de toda a cidade e por todo o país, outras bandeiras, igualmente brasileiras,
também se agitavam em frenética alegria. Não apenas as árvores se vestiram de
verde e amarelo, mas também as crianças, os jovens, adultos e velhos. Essa
agradável confusão durou até às cinco da tarde. Após esse horário e até as
quinze para as sete da noite, toda a cidade enfeitada, silenciou. Parece que
havia se transformado em uma cidade fantasma. Naquela hora, entrava em campo a
nossa seleção: a seleção brasileira, para o seu primeiro duelo, contra a
Croácia. O silêncio absoluto só era quebrado quando o Brasil marcava um gol.
Antes
disso, às três e quinze da tarde, o mundo assistiu a belíssima festa de
abertura do Mundial, no estádio Arena Corinthians — popularmente conhecido como
Itaquerão. Naquela meia hora em que durou o espetáculo vi a origem do Brasil
desfilando no maravilhoso e colorido tapete, montado em cima da grama do
estádio. Me emocionei com a
representação de nossa cultura, de nossa dança, de nossa música e, de nosso
futebol. Dançarinos, capoeiristas, ginastas e 600 bailarinos deram brilho e
colorido à festa comandada pelo italiano Franco
Dragone e pela belga Daphné Cornez, diretores artísticos do show. Daphiné está
no Brasil, desde outubro do ano passado, e está encantada com o povo
brasileiro. Durante todo esse tempo em que aqui está, a artista percorreu todos
os estados brasileiros, pesquisou nossa cultura e até aprendeu a falar
português. Pensei em como seria ver o Brasil pelo olhar dos estrangeiros, e
fiquei contente com o resultado: o olhar da belga sobre o nosso país foi
brilhante.
O
espetáculo foi dividido em três partes. Cada uma delas encenadas com
personagens e adereços muito bem montados. No centro do gramado havia uma “bola
viva” com lâmpadas de led que ia dando forma e cor ao espetáculo. O compositor
brasileiro, Otávio de Morais compôs a trilha sonora que embalou todo o espetáculo.
Na
primeira parte, a homenagem foi para a natureza destacando as maravilhas
naturais e vegetais. Bailarinos, usando fantasias e adereços, representaram
plantas típicas das cinco regiões do Brasil. Pelo gramado, desfilaram
samambaias, vitórias-régias, brincos-de-princesa, araucárias, dentre outras. Bailarinas,
vestidas de azul avam fantasias que representavam pingos d’água que se abrindo até formarem um rio. Dois índios,
nativos de tribos de áreas de proteção ambiental, da bela região de Parelheiros,
em São Paulo, navegando em barcas, representavam as nossas origens primeiras.
Essa primeira parte pode ser. Essa primeira parte pode ser entendida como um
retorno às nossas origens, quando o Brasil era apenas e tão somente natureza,
em seu estado mais puro.
A
segunda parte do espetáculo representava as pessoas do Brasil, sua alegria de
viver, sua paixão pela música e pela dança. Nessa parte tivemos a apresentação
das baianas, da roda de samba, da capoeira, e também de danças típicas do
nordeste e do sul do país.
Na
terceira parte, a artista belga trouxe a nossa paixão pelo futebol.
Na
última parte do espetáculo, a “bola viva” no centro do gramado se abriu em
forma de pétalas de uma flor, e o centro dessa flor, transformou-se em palco de
onde surgiu, primeiramente, a diva baiana, Claudia Leite, cantando, belamente,
a música Aquarela Brasileira, acompanhada pelo som vibrante dos tambores do
Olodum. Em seguida surgiram no palco, a bela Jennifer Lopez e o rapper Pitbull,
respectivamente, juntando-se a Claudia Leite para cantar “We Are One” música
oficial da Copa.
Ainda
durante a festa de abertura, a ciência marcar um belo e importante gol que
entrará para a história. Utilizando um mesoesqueleto, equipamento desenvolvido
pela equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, um paraplégico deu
um chute simbólico em uma bola de futebol. O voluntário escolhido para esta
experiência foi o jovem Juliano Pinto, de 29 anos. Juliano tem paraplegia
completa do tronco e membros inferiores. O nome do projeto é “Andar de Novo” e
envolve 156 cientistas de vários países, juntamente com o brasileiro Miguel
Nicolelis. Segundo o site do portal Globo.com, “No caso do exoesqueleto do projeto "Andar de novo", uma touca
especial vai captar as atividades elétricas do cérebro por
eletroencefalografia. Quando o voluntário se imaginar caminhando por conta
própria, os sinais produzidos por seu cérebro serão coletados pela touca e
enviados a um computador que fica nas costas da veste robótica. O computador
decodifica essa mensagem e envia a ordem aos membros artificiais, que passarão
a executar os movimentos imaginados pelo paraplégico. Ao mesmo tempo, sensores
dispostos nos pés do voluntário enviam sinais para a roupa especial. A pessoa,
então, sente uma vibração nos braços toda vez que o robô tocar o chão. É como
se o tato dos pés fosse transferido para os braços, naquilo que Nicolelis chama
de "pele artificial". Depois que havia terminado a demonstração,
o cientista brasileiro postou em sua conta no Twitter a seguinte frase: "We
did it!!!!” que pode ser traduzida como “Nós fizemos isso”, ou numa tradução
mais livre “Nós conseguimos”. Certamente, mesmo antes de terminar a Copa do
Mundo, a ciência já pode levantar a taça. Quem sabe não seja o começo de um
grande avanço e transformação na vida de milhões de pessoas? Vamos torcer para
que sim.
Imagem: http://placar.abril.com.br/galeria/2014-06-12-brasil-x-croacia-jogo-de-abertura-da-copa-do-mundo-2014 |
Às
cinco horas as seleções do Brasil e da Croácia entraram em campo para o tão
esperado confronto. E o jogo foi dramático. A pressão de vencer uma partida da
Copa do Mundo em casa é uma realidade. Afinal de contas, os números são
grandiosos. Segundo estimativas da FIFA, cerca de 700 milhões de pessoas em
todo o mundo assistirão aos jogos do Mundial. Até o final do torneio terão sido
realizados 64 jogos. São 32 paíse na disputa pela título de Campeão Mundial. Ao
todo são 736 atletas correndo atrás da Brazuca — nome da bola oficial da Copa
de 2014. Presentes ao estádio estavam pouco mais de 60 mil pessoas, em sua
grande maioria, vestidas com camisetas verde e amarela.
Quem
pensou que ia ser jogo fácil se enganou completamente. A Croácia chegou com
vontade de vencer a partida. A seleção brasileira, por sua vez, abriu espaços
e, em vez de pressionar, foi pressionado. Aos dez minutos do primeiro tempo, um
grande susto: o atacante croata Ivica Olić fez um cruzamento de bola pela
esquerda e a bola atravessou toda a área. Quando retornava para fazer a
cobertura, Marcelo esbarrou na bola e ela foi direto para o fundo do gol. Foi o
primeiro gol contra da seleção brasileira em todas as Copas.
Após
o susto, o Brasil passou a jogar o que sabe. Jogadas criativas, entusiasmo no jogo.
Aos 21 minutos Neymar empatou o jogo para alívio da torcida brasileira. Aos vinte
e quatro minutos do segundo tempo, Neymar faz novo gol, deixando a torcida e os
companheiros de time ainda mais aliviados. Para deixar tudo à vontade e
garantir a vitória, no finalzinho, Oscar fez mais um gol.
Imagem: http://fotos.estadao.com.br/protestos-marcam-abertura-da-copa-do-mundo-no-brasil,galeria,9622,238851,,,0.htm?startSlide=0&f=4 |
Essa
foi a festa bonita na grande maioria das cidades brasileiras, porque em algumas
cidades sedes do Mundial, as coisas não foram tão tranquilas. Em São Paulo,
logo pela manhã, a polícia entrou em confronto com manifestantes. Barbara
Arvanitidis e Shasta Darlington, jornalistas da rede americana CNN foram atingidas
por estilhaços de bombas atiradas pela polícia militar contra os manifestantes.
As duas jornalistas foram encaminhadas para atendimento médico e passam bem. Em
Belo Horizonte, Sérgio Moraes, fotografo da agência Reuters, foi atingido por uma
pedrada na cabeça e levado às pressas para o hospital. Em Natal, o início da
Copa foi de transtorno para os natalenses, os motoristas de lá entraram hoje em
greve por tempo indeterminado. A greve dos motoristas natalenses prejudica
cerca de 530 mil usuários do transporte coletivo. Das 12 cidades que sediam
jogos, 7 delas foram palcos de confrontos violentos entre manifestantes e a
polícia, sendo que os confrontos mais graves se deram nas cidades de São Paulo,
Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O motivo dos protestos foi o dinheiro público
usado para custear gastos com o Mundial.
Hoje (13), pelo grupo A, jogarão México x Camarões,
às 13 horas, na Arena das Dunas, em Natal. E às 16 horas, pelo grupo B, no
estádio Fonte Nova, em Salvador, Espanha
x Holanda se enfrentarão em uma reedição da final da Copa do Mundo de 2010,
na África do Sul. Ás 19 horas, também pelo grupo B, jogarão Chile x Austrália, no Arena Pantanal, em
Cuiabá.
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