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A festa continua nos verdes campos do Brasil
Posted by Cottidianos
on
21:18
Segunda-feira,
23 de junho
Costumo
pensar no Brasil como sendo cinco países dentro de um só. Cinco corações
batendo em um só ritmo, dentro de um só corpo. Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e
Centro-Oeste todas elas com suas diferenças na cultura, na culinária, na dança,
na música, nos costumes, nas tradições. Todos diferentes e todos e, ao mesmo
tempo, iguais, com a aquela sensação de brasilidade que é tão peculiar a toda a
nação. Isso é belo. Melhor ainda seria se entre as cinco regiões de nosso país
não houvesse desníveis socioeconômicos tão graves. Enfim, o Brasil não é apenas
um país, é um continente. Poderíamos ser chamados: Continente Brasileiro.
Dentro
desse continente que somos há um contingente de pessoas que lutam, que amam,
que acreditam num país melhor... E que são apaixonados por futebol! Tivesse eu
o dom de estar em cinco lugares ao mesmo tempo, certamente, teria visto o
camponês nordestino sair de casa, pela manhã, com a enxada nas costas para
cultivar o seu campo; o pescador na Amazônia pegar o barco e sair de manhã cedinho, munido de suas iscas e
redes para pegar um gostoso peixe; o gaúcho sair para os pampas para cuidar do
gado, outros de seus parreirais a fim de obter um delicioso vinho; o empresário
sair de casa para gerir suas empresas. Fosse eu onisciente teria sabido que os
pensamentos de pessoas com estilos de vida tão diferentes estavam voltados, no
dia de hoje, para um assunto convergente: futebol. Mais ainda, na partida entre
Brasil e Camarões.
Eu
também acordei de manhã com esse pensamento. Acompanhei os noticiários matinais
atento às notícias sobre a partida. No show matinal de variedades, Mais Você, da simpática loira, Ana Maria
Braga e seu fiel companheiro, o papagaio Louro José, estava um menino de apenas
dois anos que já é um apaixonado por futebol. O menino sabe o nome de todos os
jogadores da seleção brasileira, conhece os principais astros das equipes
adversárias e, pasmem, conhece a bandeira das 32 nações que participam do
mundial... E sabe cantar o Hino Nacional Brasileiro. Isso com apenas dois anos
de idade. Há humanos que nascem com esses privilégios e ninguém sabe explicar
essas coisas. Dom de Deus.
À tarde,
fui ao supermercado fazer umas compras e, quando estava voltando, encontrei com
três amigos que conversavam em uma das esquinas de ruas próximas de onde moro. Eles interromperam o assunto
que discutiam para me cumprimentar. Nisso surgiu o inevitável assunto futebol. Um
deles fez uma observação interessante. Disse ele: “Vocês repararam que no
primeiro e segundo jogos do Brasil havia muito barulho de apitos e buzinas e hoje
está tudo quieto. Não se ouve uma buzina”. Fomos obrigados a concordar com ele.
Fiquei a pensar no porque desse silêncio.
Creio
que estávamos todos receosos. Temos visto tantas surpresas acontecerem nesta
Copa que ficamos na defensiva. Além disso, o Brasil empatou com a seleção
Mexicana, na terça-feira (17), no Estádio Castelão, em Fortaleza. O brasileiro
não gosta de empate. Gosta de gols, de show de bola, de vitória. Nesse sentido
somos bem exigentes. Como estava um pouco apressado, pois ainda tinha que
comprar mais algumas coisa e as lojas já estavam próximas de encerrar o
expediente, me despedi dos três amigos e eles voltaram a discutir o assunto que
havia sido interrompido.
Enfim,
veio o início da partida no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Hino Nacional cantado
a plenos pulmões no estádio. Tudo como tem sido sempre. O juiz apitou o início
da partida. A cidade silenciou. Nenhum barulho de automóveis passando na rua,
nenhuma algazarra de amigos, nenhum alto falante anunciando produtos nas lojas.
Silêncio absoluto. A impressão que tinha é de que estava numa cidade fantasma. A
seleção de Camarões, já estava eliminada da competição e jogava apenas para
cumprir a tabela montada pela FIFA. Mesmo
assim, jogou bravamente, deu trabalho para o goleiro Júlio Cesar. O zagueiro Joël
Matip fez um gol para a equipe camaronesa. Porém, o Brasil estava com mais vontade ganhar
e fez quatro gols: dois de Neymar Junior, um de Fred e um de Fernandinho. O juiz
apitou o fim da partida e alegria voltou. Saiu feita louca pelas ruas, pelas
esquinas e bares da cidade de todo o país. Melhor assim. Que a tristeza sempre
vá embora e deixe a alegria passar faceira e soberana na passarela de nossas
vidas.
Enfim,
Brasil classificado para a fase das oitavas de final da competição. Assim como
também já estão classificadas as seleções da Argentina, Holanda, Chile, Colômbia,
Costa Rica e México. Agora o Brasil enfrenta o Chile, no sábado, às 13 horas, em
Belo Horizonte, no Estádio Mineirão. Aí meu amigo, minha amiga, a partir de
agora, não tem jogo fácil. É duelo, é emoção, é vontade de vencer. Como diz o
narrador esportivo, Galvão Bueno, “Haja coração”!
A
fase das oitavas de Final da Copa do Mundo começa a ser disputada no dia 28 de
junho, sábado e termina no dia 1o de julho, terça-feira. Serão 16
seleções classificadas na primeira fase, que em oito jogos eliminatórios,
disputarão oito vagas nas quartas de final. Havendo empate no tempo normal o jogo segue
para a prorrogação. Persistindo o empate vai-se para o sofrimento e a loteria
dos pênaltis.
Não
posso destacar aqui o final melancólico da seleção campeã da última Copa do
Mundo. A Espanha se despediu hoje dos jogos deste Mundial jogando com a
Austrália, na Arena da Baixada, em Curitiba. Pelo menos, se despediu com
vitória. Balançou as redes do gol australiano por três vezes. Vou assistir ao
restante do Mundial no conforto de suas casas, na Espanha. Acho que não era bem
isso que eles queriam. Em quatro anos
como as coisas mudam, não é mesmo?!
Antes
de colocar um ponto final nesse texto, vai as minhas boas vibrações para
Neymar. O craque tem correspondido às expectativas que foram depositadas nele e
tem sido decisivo nos jogos. Que a estrela dele e de todos os demais atletas da
seleção brasileira, brilhe por todo o céu dessa competição e leve o Brasil a
mais uma conquista, ao prazer de levantar, pela sexta vez, mais uma taça de
campeões em uma Copa do Mundo.
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