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Deixa brilhar a tua luz
Posted by Cottidianos
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00:17
Segunda-feira,
02 de junho
Publiquei
o texto abaixo em novembro do ano passado, por ocasião dos 50 anos da morte de John
Kennedy. Relendo-o recentemente, vi que ele podia ficar melhor. Resolvi então
reescrevê-lo. Feito isso, apresento-o novamente a vocês.
***
Deixa
brilhar a tua luz
Dedico
o texto abaixo a John Kennedy e a todos os pacifistas que, com sua coragem e
com a força de suas ideias, foram luzes no caminho de muita gente, e, apesar de
todas as adversidades, ajudaram a construir um mundo novo.
Não
importa em quão distantes épocas duas pessoas vivam ou tenham vivido. Sonhem ou
tenham sonhado. Nem em que condições de vida experimentem ou tenham
experimentado ser diferente num mundo de iguais, nem sob qual sistema de
governo se façam ou se fizeram cidadãos. Se as suas ideias e pensamentos estão
em harmonia com os princípios universais do amor, fraternidade, justiça e paz,
seus discursos e ações serão de tal forma harmoniosos, que parecerá estarem
esses indivíduos, dialogando juntos, num rico diálogo entre o passado e o
presente.
Penso
em Jesus Cristo pregando a paz em um de seus lugares preferidos: O Mar da
Galiléia. Sem fazer uso de discursos
rebuscados, porém, usando de grande profundidade e sabedoria em suas palavras,
o homem da Galiléia sacudiu as estruturas religiosas e sociais vigentes à
época, ao se declarar filho de Deus. Terá sido ao raiar do dia? Ou será que foi
ao entardecer? Pode também ter sido em pleno meio dia que aquele homem simples,
chamado Jesus, pisou pela primeira vez nas areias daquele grande lago de águas
doces. Foi ali entre os pescadores, entre a gente simples e humilde da região,
que Jesus iniciou seu ministério. Foi ali que viu os irmãos pescadores, Simão
Pedro e André e os convidou para serem os seus primeiros apóstolos. E assim,
com voz suave, porém firme, foi percorrendo o lugar, recrutando homens para
ajudar na missão de semear o bem e a paz, através da valoração da pessoa humana.
Fico
a pensar: Porque Jesus não escolheu seus discípulos dentre os letrados e sábios
de Jerusalém, preferindo escolhe-los entre o povo simples da Galiléia?
Belas
passagens do ensinamento de Jesus acontecem em meio a essa paisagem singular. Uma
delas é o caminhar de Jesus sobre as águas. O Mestre havia ficado na beira do
mar despedindo-se da multidão e ordenara que os discípulos seguissem para alto
mar. O vento era contrário e a ondas açoitavam a frágil embarcação. De repente,
os discípulos veem Jesus vindo até eles, caminhando sobre as águas. Assustam-se
ao pensar que, talvez, seja um fantasma. O Galileu percebe seus espíritos
agitados e diz: “Sou eu. Não temais”. Pedro lhe diz que se é, realmente, ele
que está ali, que lhe peça então para ir aos seu encontro caminhando sobre as
águas. Jesus diz a Pedro que não se opõe a esse pedido e que o apóstolo pode ir
até ele caminhando sobre as águas. Pedro desce do barco e vai até Jesus. Porém,
durante o curto percurso, as ondas se agitam. O vento sopra mais forte. Pedro
tem medo e o medo faz com que ele perca a concentração e comece a afundar.
Jesus toma então sua mão e diz: “Porque duvidaste”? Chegando ao barco onde estavam
os discípulos, Jesus ordena aos ventos e ao mar agitado que se acalmem.
Assim
somos nós: Às vezes duvidamos e temos medo. Não! Não devemos ter medo e
duvidar. Temos que nos concentrar e nos manter firmes em meio ás águas da vida,
mesmo que estejamos enfrentando mar e vento revoltos. Tenhamos a consciência de
que não estamos sozinhos: Uma força maior que nos guia e nos rege está o tempo todo ao nosso lado. Quanto menos ouvirmos do Mestre: “Porque duvidaste”? Mais serena
será nossa caminhada e mais firme a nossa fé.
O
Mar da Galiléia devia ser um lugar realmente inspirador, pois foi em um monte
situado às suas margens, que Jesus pronunciou o mais belo dos sermões: O Sermão da Montanha, que abrange os capítulos de 5 a 7 do evangelho de Mateus. Diz o
mestre, em trecho desse discurso: “Vós
sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para
nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois
a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem
se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para
colocá-la no candeeiro onde ela brilha para todos que estão em casa. Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.
Num
mundo conturbado, Deus não nos deixa às escuras, ao contrário, ele vai acendendo
lâmpadas ao longo do caminho, para que possamos caminhar com mais conforto e
segurança. Vai fazendo nascer pessoas iluminadas que lembram ao mundo, de que a
paz é um caminho possível. Ainda do Sermão da Montanha, colhemos a perola: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem
uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz
bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar
maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom
fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.
E
quantas árvores de frutos bons já não passaram pelo mundo?! Nelson Mandela,
Ghandi, Martin Luther King, Dom Helder Câmara, Madre Teresa de Calcutá, Imã
Dulce, Heinz Kraschutzki, Francisco de Assis. Esses e muitos outros homens e
mulheres, em seus respectivos momentos da história e, mais importante, em suas
histórias de vida, foram exemplos dessa centelha de luz divina, pela qual o
mundo tanto anseia e da qual sente tanta falta. Essas pessoas acenderam suas
luzes e não as colocaram debaixo da mesa, ao contrário, colocaram-nas em um
lugar bem alto de onde pudessem iluminar o mundo inteiro.
Os
promotores da paz, apóstolos, discípulos e discípulas de Cristo em qualquer
tempo, são exemplos de vida em plenitude. Luzes iluminando uma infinidade de
consciências comprometidas na busca pela verdade e pela harmonia no planeta.
Não amar pela metade, não lutar pela metade, não viver pela metade, são algumas
das lições que podemos aprender com eles.
Esses
personagens nos dizem com palavras e nos mostram com exemplos, que dentro de
cada ser humano, há uma força em potencial, em harmonia com os princípios
fundamentais que regem o universo. Força que comandam as mentes e os corações
dos homens em direção à paz, ao bem e à verdade. Os ensinamentos de Cristo,
refletidos na pessoa daqueles que lutaram e lutam para fazer um mundo melhor, estão
o tempo todo a nos impulsionar para o alto, jogando nossos pensamentos por cima
das barras das dificuldades, do pessimismo e do desânimo. Pensemos no exemplo
dos atletas que praticam o salto com varas: eles estão diante do obstáculo,
porém, não desanimam nem se abalam. Sabem-se capazes de tal feito. Sabem que
terão êxito. Sabem acima de tudo que, se fizerem a mente transpor aquele
obstáculo momentâneo, o corpo, inevitavelmente irá junto.
Transporte-se mentalmente, ainda que seja por
uns breves momentos durante o dia. Vá para as margens do Mar da Galiléia.
Chegando lá, dispa-se de toda arrogância, de todo egoísmo, de toda maldade e,
simples — como simples são os lírios do campo, que nem mesmo o rei Salomão, em toda a sua grandeza, jamais se vestiu
como um deles — sente-se aos pés do mestre Jesus e tente compreender a
riqueza contida nas lições que ele lhe oferece. Ah, procure também despir-se
dos mantos religiosos, pois eles, muitas vezes, nos impedem de beber da taça
dos ensinamentos morais e espirituais que cristo nos oferece. Procure ficar a
sós com o Mestre. Afaste tudo que pode limitar essa paz que ele oferece.
Quando
você pensar que não é capaz de fazer alguma coisa, lembre-se que a mola
propulsora que lhe fará transpor os obstáculos que a vida apresenta, está
dentro de você. Basta apenas ativá-la. Não queira ser pela metade, nem viver
pela metade. Dentro de seu coração há um rio de felicidade, de sucesso, de
prosperidade, de amor e de paz, querendo encontrar-se com o mar. Deixe esse rio,
correr para a imensidão do oceano de beleza que lhe está reservado. Pense
sempre que é capaz de realizar qualquer atividade a que se propuser. Ah, mas é
tão pouco o que posso oferecer, tão pouco aquilo no qual posso contribuir, você
poderia dizer. Cada um fazendo um pouco, todos nós teremos feito muito.
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