Os
jogadores de Brasil e México se perfilam na escada que divide o vestiário do
campo a apenas alguns minutos do início do jogo. Todos estão sérios,
compenetrados. Os jogadores da seleção brasileira entram em campo com a mão na
direita no ombro do companheiro como se formassem o elo de uma forte corrente.
Alinhados no centro de campo, primeiro é a vez da execução do Hino do México.
Os milhares de mexicanos presentes ao estádio cantam junto o hino do seu país.
Os brasileiros presentes ao estádio ouvem com respeito. Terminado o hino
mexicano é a vez se ser executado o Hino Nacional Brasileiro. “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...”
Diante das câmeras vão surgindo às imagens de Neymar, Daniel Silva, Oscar,
Júlio Cesar, David Luís, e assim, as câmeras vão mostrando às imagens de todo
elenco da seleção verde e amarela.
Os jogadores cantam com o hino com brio, os milhares
de brasileiros presentes ao estádio, cantam juntos. Termina o fim da execução
recomendada pela FIFA, mas esse fato é ignorado pelo coro de brasileiros que
cantam com emoção e amor, o hino pátrio. O estádio de Fortaleza e,
principalmente, o povo do Ceará, são emblemáticos em toda essa cena, afinal,
foi exatamente ali, que em 2011, começou esse gesto tão belo de cantar o Hino
Nacional Brasileiro à capela, em pleno estádio de futebol. Neymar Junior vai às
lágrimas e, junto com ele, milhões de brasileiros. É grande a emoção.
O
arbitro da partida apita o início do jogo e bola começa a rolar em
campo. As duas seleções começam a disputa pela vitória em mais um jogo, mais um
dos degraus que terão de subir se quiserem, ao final do Mundial, levantar a
taça de campeões.
Enquanto
vejo se desenvolver pela TV, uma disputada partida, fico a pensar: Qual esporte
é esse que é capaz de emocionar milhões de pessoas em todo o mundo.Que paixão é
essa que faz torcedores do mundo inteiro deixarem sua terra, sua nação, para
acorrerem ao Brasil, a fim de dar apoio e vibração aos jogadores de suas
seleções? E, dentro do Brasil, percorrer milhares de quilômetros, deslocando-se
entre as cidades sedes, para acompanhar de perto os jogo? Que emoção é essa a
qual se rendem americanos, iranianos, gregos, colombianos, brasileiros, croatas,
mexicanos e uma infinidade de outras nacionalidades? Que esporte é esse que tem
como foco a bola, o campo, a taça de campeão, fazendo com sejam deixados de
lado as guerras, as ideologias, as diferenças étnicas, culturais e religiosas?
Afinal
de contas, o que é o mundo, entendido no sentido de nosso habitat, de nosso
lar? O mundo é uma criança sendo ninada desde milhões de anos no seio do
universo. Um pequeno planeta azul perdido na imensidão do espaço. E homens e
mulheres, quem são? Homens e mulheres não são mais que indivíduos ainda na
infância da eternidade, jogando nos campos da vida que, aliás, é uma grande
escola, uma grande oportunidade de aprendermos o bê-á-bá da existência.
São
tantas as responsabilidades, os afazeres, as tarefas que os habitantes do
planeta têm que desempenhar que, inteligentemente, resolveram inventar formas
de ter um ócio criativo. Sendo assim, inventaram o esporte, a diversão, as
artes.
Os
planetas possuem a forma esférica, o astro que nos ilumina é lembrado como uma
bola de fogo, a terra também tem forma esférica, será por isso que a esférica
que corre nos gramados, chutada pelos pés de grandes e pequenos atletas, de
gente famosa e de anônimos, atrai tantos adeptos e desperta tantas paixões?
Como é bonito ver com quanta alegria as crianças se lançam a correr atrás desse
objeto arredondado, nos campinhos de futebol de várzea ou no gramados dos
clubes de elite. Para esses pequenos aspirantes a craques de futebol, a alegria
e a emoção é igual em qualquer dos dois ambientes. Basta ver o brilho no olhar
e o sorriso nos lábios dos pequenos atletas.
O
futebol veio num processo evolutivo que acompanha a própria evolução dos
hábitos, dos costumes e da cultura das sociedades.
Não
tenho a menor saudade de tempos remotos em que, na China Antiga, por volta do
ano 3000 a.C, o objeto usado para ser chutado eram a cabeça dos soldados
inimigos. Não era, propriamente, um jogo, mas sim, um treino militar o que os
soldados chineses faziam. Após as guerras, eles formavam equipes para chutar as
cabeças dos inimigos. Já pensou que cenas horrendas?!!! Não é bom nem imaginar,
não é mesmo? Ainda bem que, com o tempo, esses soldados substituíram as cabeças
humanas por bolas de couro revestidas com cabelos. Formavam equipes com oitos
jogadores e o objetivo do jogo era fazer a bola passar de pé em pé em cair no
chão. A bola deveria ser levada para dentro de duas estacas fincadas em campo,
ligadas por um fio de cera.
No
Japão antigo também já se praticava um ancestral do futebol. Os integrantes da
corte do imperador japonês se concentravam num campo de 200 metros quadrados.
As equipes também eram formadas por oito jogadores de cada lado. Dentre as
regras do jogo estava a proibição do contato físico e a bola era feita de
fibras de bambu. Pesquisadores da história do futebol encontraram relatos que
confirmam a realização de partidas entre equipes japonesas e chinesas na
antiguidade.
Na
Grécia e Roma antigas os soldados se divertiam com bolas feitas com uma bexiga
de boi cheia de areia. Na Idade Média, surgiu um jogo praticado por militares
que era muito parecido com o futebol atual, porém, era um jogo muito violento.
No Soule ou Harpastum, como era chamado, valia de tudo: socos, pontapés,
pernadas e outros golpes violentos. Quer dizer, o indivíduo entrava em campo
para apanhar e não para jogar. Analisando bem, vendo as faltas cometidas por
alguns jogadores, alguma coisa ainda resta desse esporte no futebol atual, não
acham?
Bem
pior que isso era jogar com os Maias, na Península de Iucatã, onde hoje fica o
México, entre os anos 900 e 200 a.C. o jogo praticado por eles era jogado com
os pés e as mãos e se chamava pok ta pok e
tinha por objetivo arremessar a bola num furo circular feito bem no centro de
seis placas quadradas de pedra. Detalhe interessante: na linha de fundo do
campo havia dois templos, no qual era sacrificado o capitão da equipe
perdedora. E aí pessoal, alguém quer jogar um partida de pok ta pok. Tem vaga para capitão da equipe. Alguém se candidata a
essa vaga?
Seguindo,
digamos assim, essa linha evolutiva, o futebol acabou chegando a Inglaterra por
volta do século XVII. Foi em terras inglesas que o esporte, foi, finalmente,
sistematizado e organizado em regras como as que conhecemos hoje. Com regras
clara estabelecidas, o futebol começou a ser jogado, primeiramente, entre os
estudantes e filhos dos nobres ingleses e, com o tempo, foi se popularizando e
atingindo as camadas mais populares. O profissionalismo no mundo do futebol foi
estabelecido no ano de 1885 e em 1904 foi criada a FIFA (Federação
Internacional de Futebol) que, até hoje, é a responsável pela organização dos
grandes campeonatos de futebol.
No
Brasil, o futebol chegou pelas mãos de um paulistano nascido no bairro do Brás,
chamado Charles Mille. O pequeno Charles foi estudar na Inglaterra aos nove
anos de idade. Ao voltar de lá, trouxe na bagagem, além de muito conhecimento,
uma bola de futebol e um conjunto de regras. A partir daí, o futebol se
espalhou por todos os recantos do país e a bola de futebol encontrou nesta
terra um rei.
O
primeiro jogo de futebol foi realizado no Brasil no ano de 1895, porém, era um
esporte praticado pela elite branca. Somente a partir da década de 20, é que os
negros puderam ter o direito de se divertir correndo atrás de uma bola de
futebol.
Voltando
ao jogo entre Brasil e México, ao qual me referi no primeiro parágrafo deste
texto, não foi uma partida fácil. O time mexicano não deixou o Brasil jogar, o
goleiro da equipe deles fez ótimas defesas e o resultado foi um empate em 0 x
0. Para os mexicanos foi um excelente resultado. Para os brasileiros ficou
aquela sensação de que “não foi bem o que eu esperava”, apesar da seleção
brasileira ter jogado bem. Como diz o ditado popular “dos males o menor”, ainda
bem que não choramos ao final da partida.
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