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Um mergulho no mundo da literatura
Posted by Cottidianos
on
09:39
Sábado, 18 de
janeiro
(Corrindo informação. Ontem (17), ao publicar pela primeira vez a presente entrevista, por um equívoco, citei a idade do Leonardo, como sendo
11 anos, na verdade, o entrevistado tem 13 anos. Publico-a novamente, apenas para corrigir esta informação, e peço desculpas ao Leonardo, e os caros leitores, por esse equívoco)
Entrevista Leonardo
Pagano Landucci
“Cada livro é
uma forma diferente de ver o mundo”
Apresento a
vocês mais uma entrevista. Dessa vez, meu entrevistado é um adolescente de 13
anos de idade, aluno do nono ano do ensino fundamental, no Colégio Integral, em
Campinas. Nesse blog, não importa se você tem 13 ou 90 anos, se você tem algo a
dizer, seja sempre bem vindo.
Na quinta-feira
(09), peguei minha bike e fui até a casa do Leonardo. Eram, mais ou menos,
19h15, quando sai de casa. O trânsito era intenso, mas me preocupavam mais as
pesadas nuvens de chuva que se aproximavam, do que, propriamente, os carros com
os quais eu dividia espaço nas ruas e avenidas. Cheguei à casa do entrevistado,
por volta das 19h30. A chuva não veio, era apenas uma nuvem ameaçadora.
Confesso que estava um pouco ansioso, por ser a primeira vez que entrevistaria
um garoto de 11 anos. Não sabia por quais veredas de palavras, caminharíamos.
Fui muito bem recebido por Leonardo Pagano Landucci e por seus pais; Mauricio
Zanfurlin Landucci e Stela Maris Pagano Landucci.
Sentamo-nos para
conversar na mesa da sala de jantar da casa dos pais do Leo, como ele é
carinhosamente chamado pelos amigos e familiares, e saboreamos uma deliciosa
sopa de idéias. Leonardo acaba de escrever um livro, que apresenta uma visão de
mitologia, que eu nunca havia visto antes, em lugar algum. Ele me pediu para
não revelar o enredo, pois o livro ainda aguarda registro na Biblioteca
Nacional, para em seguida, procurar alguma editora que se interesse em publicar
o trabalho. Confesso a vocês que fiquei com vontade de ler o livro.
À medida que
íamos conversando, fiquei impressionado com a desenvoltura do Leo em falar de
temas sérios. Nessa entrevista, que começa de forma poética, ele fala de questões
ambientais, da sua paixão pela leitura, da moderação no uso das redes sociais e
do convívio com os demais amigos de sua idade, dentre outras coisas.
Foto cedia por Leonardo Landucci |
José Flávio – Leonardo, vamos começar nossa
entrevista de forma diferente. Peço que você leia esse poema que você escreveu,
quando cursava o 6º ano do ensino fundamental, em 2011, e que foi publicado no
livro Presença Poética.
Leonardo Landucci _ (declamando o poema):
Vamos salvar
O mundo... Precisamos ajudar.
Ele... Precisamos salvar.
Não se esqueça de se preocupar.
Vamos nos preparar:
O mundo logo vai precisar.
Este é o nosso lar,
Não vá se enganar.
Vamos ajudar.
Está na hora de arrumar
e de tirar
os problemas do nosso lar.
Do resultado você vai gostar,
Isso vai muito agradar.
Vamos pensar
Em como isso vai mudar.
Vamos acabar. Toda a poluição vai gritar,
Porque o verde vai ficar.
Terra... Este é o nosso lar.
Vamos raciocinar,
E depois vamos ficar
Com o verde para gratificar.
Não se preocupe.
O mundo... Vamos salvar.
Vamos nos preparar.
José Flávio – Diga-me:
Como nasceu esse poema?
Leonardo – Minha escola estava elaborando uma
coletânea, com as melhores poesias dos alunos da escola e minha professora
pediu que a gente fizesse um poema. Eu queria fazer um poema que fosse bem
legal e que tivesse idéias novas. Eu
tive essa idéia de fazer um poema sobre salvar o mundo da poluição.
José Flavio - Como
funcionou essa seleção?
Leonardo Landucci – Uma equipe da escola recebeu
os poemas, leu um por um e, depois, escolheu os melhores e os reuniu em livro,
chamado Presença Poética, publicado em 2011, pela Berto Editora.
José Flávio – No
seu poema, noto uma preocupação com a questão ambiental, com a consciência de
que é preciso salvar o planeta. Em sua opinião como se poderia fazer isso de
forma prática?
Leonardo Landucci – Acabar com a
poluição, com o desmatamento e transmitir mensagens como essa para que todo
mundo possa fazer o mesmo. Eu acho que seria a forma mais rápida. Mas é difícil
conscientizar todas as pessoas do mundo a agirem dessa forma. Sempre vai ter uma
que insistirá em continuar a prejudicar o planeta. Mas tenho a esperança de que
dia todos se conscientizem.
José Flávio – Acho
que essa nova geração que está vindo por aí, e da qual você é um representante
legítimo, se estiverem mais preocupadas com as questões ambientais com o
objetivo de vivermos em mundo melhor... Porque sabemos que, se não cuidarmos bem
dos recursos ambientais, um dia eles poderão acabar. Já estamos vendo as
conseqüências do mau uso desses recursos acontecendo na prática. Você acha que
temos condições de mudar esse quadro?
Leonardo Landucci – Se todas as pessoas se preocuparem, se
todas as pessoas pensarem essas mesmas questões, se nos lembrarmos que o mundo
é importante para nós, é possível que essa mudança aconteça.
José Flávio – Eu
soube que você é um adolescente que gosta muito de ler. É verdade?
Leonardo Landucci – É verdade.
José Flávio – Tem
idéia de quantos livros você já leu?
Leonardo Landucci – Não sei... Acho que em torno de
uns quinze, vinte, por aí
(Isso sem contar os livros indicados pela
escola e das revistas em quadrinhos que Leonardo
lê com freqüência).
José Flávio – Qual
o livro que você está lendo atualmente?
Leonardo Landucci – Eu estou lendo, agora, Esperança, de Suzanne Collins, que é o
último livro da trilogia Jogos Vorazes.
José Flávio – Fale
um pouco sobre esse livro.
Leonardo Landucci – A história se passa no futuro, no qual os Estados
Unidos da América se transforma num país chamado Panem. Esse país é dividido em
doze distritos, comandados por uma Capital. Por causa das guerras contra a
capital são criados os jogos vorazes. Jogos vorazes é um jogo em que a cada ano
os distritos devem enviar duas pessoas, um garoto e uma garota, entre doze e
dezoito anos, para participar desses jogos. Os jovens que participam dos jogos
são chamados tributos. Os jovens são levados a uma grande arena e lutam entre
si até ficar apenas um sobrevivente. Uma garota do Distrito 12, chamada Katniss,
ela vai aos jogos e conseguem se manter viva, devido a suas habilidades de caça
e pesca. Peeta Mellark, amigo de Katniss, também é selecionado. Ainda no livro,
Em chamas, ela volta para os jogos
com ele, porém os rebeldes, eles começam a mexer nesses jogos que eles estão
usando e eles conseguem escapar... Ela consegue escapar. O cara que está com
ela não consegue escapar e é pego pela Capital. Nesse livro (Esperança), ela está com os rebeldes no
distrito 13, que disseram que havia sido destruído, mas não era verdade, e ela
está tentando salvar, os distritos por causa dos jogos vorazes e de maus hábitos
que a Capital está tendo com os distritos.
José Flávio – De
onde vem esse seu interesse pela leitura? Vem do ambiente familiar? Seus pais
gostam de ler?
Leonardo Landucci – Meus pais gostam de ler. Mas
quem lê bastante é meu avô (Edson Pagano). Acho que esse meu interesse pela
leitura vem dele.
(Depois que nós terminamos a entrevista,
soube por Maurício, pai do Leo, que grande parte desse estímulo, se devia
também a uma escola infantil que ele havia freqüentado quando moravam no Rio de
Janeiro. Segundo Maurício, a escola soube muito bem, estimular nos pequenos
alunos, o gosto pela leitura)
José Flávio _
De que forma a leitura lhe ajuda a
viver?
Leonardo Landucci _ Não sei... Acho que
cada livro é uma forma diferente de ver o mundo. Cada experiência de leitura te
leva a lugares diferentes que você não precisa estar lá, mas você está, de
certa forma, vivendo aquela experiência. Isso é legal para a criatividade.
José Flávio _ E
em termos de vocabulário...
Leonardo Landucci _ Também ajuda. Porque está lá no
livro... Ás vezes há uma palavra nova, você não conhece aquela palavra, então
vai procurar o significado dela... É mais uma palavra que você aprendeu.
José Flávio _
Na escola... Você se sente estimulado a ler?
Leonardo Landucci _ Na minha escola, a cada ano, nós temos que ler
dois livros por bimestre. Alguns livros, vou ser sincero, li por causa porque
tinha que fazer prova (exame) mesmo, mas na escola eu também li vários
escritores que até hoje eu gosto de ler os livros que eles escrevem.
José Flávio _ Quem,
por exemplo?
Leonardo Landucci _ Ah,... O Rick Riordan, que
escreveu o Percy Jackson... Ah, vários. Até mesmo Sheakspiere a gente leu esse
ano (2013).
José Flávio _
Um nível elevado de leitura, não é mesmo?
Leonardo Landucci _ É. A professora até leu com a
gente na sala porque é uma linguagem muito difícil. A gente sempre lê uns
livros legais... Geralmente é sempre um livro que tem continuação, que é para
depois a gente ir procurando o restante. Isso eu acho legal, porque depois a
gente vai pesquisando mais sobre determinado livro.
José Flávio _ E
a mitologia, como ela entrou na sua vida?
Leonardo Landucci _ Então, como eu falei, o Rick
Riordan escreve uma série do Percy Jackson, que é sobre mitologia grega. Eu
sempre quis escrever um livro e, quando eu li sobre mitologia grega, então eu
pensei, “Eu posso escreve sobre mitologia grega de um jeito totalmente
diferente”. E foi isso que eu fiz
escrevi um livro que mostra a mitologia de um modo diferente.
José Flávio _ Em
que fase está este livro que você escreveu sobre mitologia?
Leonardo Landucci _ Eu enviei para a Biblioteca
Nacional para que fosse registrado. Depois que ele for registrado eu vou mandar
para alguma editora, porém, vou continuar escrevendo, porque não quero fazer
apenas esse volume, quero fazer uma série. Já estou escrevendo o segundo. Tudo
isso que eu escrevo, eu determino que não sejam capítulos curtos. Sempre coloco
capítulos longos. Sempre vou pesquisando sobre mitologia grega, em livros, na
Internet...
José Flávio _
Quantas páginas tem o seu livro?
Leonardo Landucci _ O primeiro tem
109 páginas, no segundo eu já estou escrevendo a página 54. Mas, como já te
falei, não quero parar no segundo. Quero escrever uma série de cinco livros.
José Flávio _ Como
acontece o seu processo de criação?
Leonardo Landucci _ Eu nunca tenho uma história
pronta na minha cabeça. Eu tenho alguns finais de alguns personagens. Daí eu
vou pensando na história, ao longo do dia e quando eu paro para escrever eu
mudo o jeito que eu criei a história... Prefiro escrever em silêncio, pois se
estou escrevendo e ouvindo música, às vezes, eu começo a escrever a letra da
música, então, prefiro escrever em silêncio. E sempre pesquisando bastante para
não correr o risco de escrever alguma coisa absurda.
José Flávio _ Além
dos livros, que outras atividades você gosta de fazer?
Leonardo Landucci _ Eu gosto de assistir filmes. Adoro assistir filmes...
Principalmente os filmes adaptados de livros que eu já li. Eu gosto de assistir
filmes porque é como se fosse um livro, na minha opinião. Mas eu prefiro os
livros.
José Flávio _ É
difícil os livros que são adaptados para o cinema serem fielmente retratados na
telona. Você lembra-se de algum filme ao qual assistiu e que se manteve fiel ao
original do livro?
Leonardo Landucci _ Nenhum é fiel. Nenhum. Você pode ver qualquer filme... Mas o que mais
chegou mais próximo do livro foi o filme Em
Chamas, que é o segundo livro da trilogia Jogos Vorazes. Eu achei que a parte
que mostra a arena foi bem fiel ao livro. Foi o único, os demais são muito
diferentes do que está no livro.
José Flávio _ Que
gênero de filmes você gosta de assistir?
Leonardo Landucci _ Gosto de assistir filmes de
aventura. Além disso, gosto de jogar Volei.
José Flávio _ Quantas
vezes por semana você joga Volei?
Leonardo Landucci _ Duas vezes por
semana. Terças e quintas, das cinco às seis e meio da tarde.
José Flávio _ Como
você se relaciona com os seus amigos da sua idade?
Leonardo Landucci _ Eu tenho bastantes amigos que
gostam das mesmas coisas que eu. Eu gosto de quadrinhos, eles também gostam.
Eles gostam de ver os mesmos filmes que eu. Mas eu também tenho muitos amigos
que ficam muitas horas nas redes sociais e eu também converso com eles. Mas eu
sempre gosto mais de priorizar a leitura do que ficar no computador. Mas para
mim é normal, eu falo com os dois grupos, mas não os mesmos assuntos, claro. Eu
também fico no Facebook, mas não o dia inteiro. Tenho amigos que jogam
videogame o dia inteiro, às vezes eu jogo com eles, mas não é com muita
freqüência.
José Flávio _ Para
finalizar, você gostaria de dizer mais alguma coisa?
Leonardo Landucci _ Ah, não sei...
Eu gosto de livros, porém, meu tipo de leitura favorita são os quadrinhos. Eu
gosto bastante. Deixo tudo empilhado assim... Tem um monte. Gosto de ler quadrinhos
de heróis. É como um livro, mas com imagens.
José Flávio _ É
mais fácil ler os quadrinhos ou livros?
Leonardo Landucci _ Os quadrinhos são mais fáceis... Mas, assim,... Às vezes tem
alguns quadrinhos que são cheios de segredos, mistérios, essas coisas
envolventes, mas não é difícil ler quadrinhos. O livro, dependendo do gênero, é
mais difícil.
José Flávio _ Você
também já pensou em escrever quadrinhos?
Leonardo Landucci _ Não. Não é uma coisa que eu
gostaria de escrever. Eu gosto de ler quadrinhos, mas para escrever, eu prefiro
livros, porque você não está fazendo algo que só vai aparecer um quadrinho. No
livro, você pode colocar os seus pensamentos naquilo que está narrando. Por
isso que é bem mais interessante escrever livros.
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