0
ELVIS PRESLEY: Um astro de brilho incomum - II Parte
Posted by Cottidianos
on
03:49
Domingo, 18 de agosto
Nessa segunda parte
do texto, falo da vida e da carreira de Elvis nos 70 e da morte trágica em 1977.
Em meio à correria louca imposta por Hollywood, no vai e vem de gravações
de cenas de filmes e trilhas sonoras, o ator e cantor conheceu um farmacêutico
que passou a lhe receitar remédios para os mais diversos fins – um jeito fácil
e rápido de resolver problemas de saúde que não tardaria em cobrar a conta.
Um fato que também chama atenção nessa fase da vida de Elvis foi o
isolamento espontâneo a que se submeteu. Isolou-se em Memphis. Cercou-se de
alguns poucos amigos, familiares e funcionários no que ficou conhecido como
máfia de Memphis. Uma relação que era sustentada por presentes caríssimos, tais
como; carros, jóias, motocicletas – dentre outros. E uma submissão de súditos
em relação ao rei. Enquanto Elvis se fechava em Graceland, lá fora o fenômeno
Beatles ia “de vento em popa”. Emplacavam sucesso após sucesso. Parecia que
Elvis estava alheio a tudo de novo que acontecia no mundo da música do lado de
fora dos portões. Entretanto, quem convivia com ele sentia que a depressão nele
crescia dia após dia. Teria o rei um fim de carreira triste e melancólico?
Haveria um retorno possível? Um renascer das cinzas?
Imagem: http://downtheroad.tunicatravel.com/2010/08/25-miles-to-graceland/ |
Houve! O grande, ansiado e esperado retorno aconteceu! Em 03 de Dezembro
de 1968 a NBC-TV (National Broadcasting
Company) exibia, em horário nobre, um especial de Elvis Presley. Antes do
especial o cantor suava frio. Nervoso. Inseguro. E não era para menos. Contando
os tempos de Exército, já era uma década longe dos palcos e do publico. A
crítica já anunciava o seu declínio. Não diz o ditado que “quem é rei nunca
perde a majestade”? Pois foi justamente o que aconteceu. Quando o astro subiu
ao palco fez o que de melhor sabia fazer: cantar e fascinar as multidões. O
show foi um verdadeiro sucesso. Um desempenho magistral. Aplaudido por crítica
e público. Enfim, para delírio da multidão de fãs, o rei estava de volta.
O retorno aos palcos aconteceu na cidade dos grandes astros e estrelas:
Las Vegas. Estava para ser inaugurado na cidade um hotel luxuoso: o Hotel
Internacional. Quem convidar para o show de inauguração? Elvis Presley? Não!
Disseram os diretores do hotel. Melhor Barbra Streisand, a estrela está em
franca evidência. Vai lotar o showroom. Elvis se apresenta em seguida. A
cantora, e também atriz, fez a inauguração conforme decidido pelos magnatas.
Não lotou a casa uma noite sequer. Nem na tão esperada inauguração. A temporada
de Elvis Presley no mesmo hotel lotou a casa todas as noites. Não sobrou um
lugarzinho sequer. Nessa temporada e em todas as outras que faria no Hotel
Internacional.
Imagem: http://www.baurupocket.com.br/conteudo/?idConteudo=1764 |
Em 1970 começava a temporada das turnês e mega turnês. Apresentações e
mais apresentações ao vivo. Aquele que havia ficado afastado tanto tempo dos
palcos voltava com força total. Os críticos não acreditavam no que viam e no
que ouviam. Como era possível a um cara que havia ficado tanto tempo longe dos
palcos, atuando em filme de baixa qualidade, voltar agora com uma voz melhor
que antes? Mais encorpada, cheia de vigor e sensualidade? A partir daí, vieram
uma coleção de sucessos. O documentário That’s
The Way It Is é lançado ainda em 70. Em 72, outro documentário, Elvis on Tour. Em 14 de janeiro de 1973
ia ao ar, via satélite, com transmissão ao vivo para vários países o show Aloha from Havaí. Esse show marcou a
primeira transmissão via satélite.
Tudo parecia ir bem na carreira do astro. Na vida pessoal a história era
outra. Problemas pessoais e de saúde se avolumavam. Os últimos anos de vida de
Elvis foram um verdadeiro calvário. A separação da esposa Priscilla, ocorrida
em 1972, o deixara abalado. O coquetel de pílulas que tomava freqüentemente
começou a bater à porta exigindo seu preço. Começou a ganhar peso, tanto pelo
efeito dos remédios, quanto pelo fato de que, durante o decorrer da vida,
adquirira péssimos hábitos alimentares. A depressão veio mais forte. Mais
remédios. Para perder peso, para dormir, para estimular. O pai, Vernon Presley,
e amigos próximos perceberam o perigo. Quiseram interná-lo numa clinica para
solucionar o problema. Elvis não admitia que fosse dependente das pílulas. Os
inofensivos comprimidos não representavam nenhum perigo, dizia ele. No palco,
por diversas vezes, teve que parar o show devido a problemas de saúde. Esquecia
as letras das músicas durante as apresentações. A aparência debilitada
assustava a quem o conhecera no auge de sua vitalidade.
Na madrugada de 16 agosto de 1977, desfrutava suas últimas horas de
vida. Jogou tênis, fez um pouco de bicicleta. Tocou piano. Foi dormir por volta
das quatro ou cinco da manhã. A namorada Ginger Alden, exausta, foi dormir. Ele
não. Tomou soníferos pelos menos umas três vezes em um curto período de tempo.
Ainda assim, não conseguiu dormir. Por volta das nove ou dez da manhã,
levantou-se para ler no banheiro. O que aconteceu daí até o início da tarde
desse mesmo dia, quando a namorada o encontrou caído, sem vida, no chão do
banheiro, permanece um mistério.
Em 16 de agosto de 1977, a imprensa noticiava o falecimento do superstar
Elvis Presley. Foi encontrado morto em sua residência em Graceland, aos 42
anos. O motivo segundo os médicos: arritmia cardíaca profunda. Estava com mais
uma turnê marcada para a noite seguinte: 17 de agosto, em Portland, no Maine.
Imagem: http://www.clickriomafra.com.br/rocknauta/a-historia-de-elvis-presley/elvis_grave |
Para uma melhor compreensão do que acontecia com Elvis em seus últimos anos de vida,
vejamos o depoimento de Joe Esposito, integrante da equipe e produtor de turnês
de Elvis, para o documentário Elvis
Presley – Biografia não autorizada, narrado por Peter Graves:
“Em 1975, ficou mais complicado e não era fácil estar na estrada. Era
dificíl levá-lo de um lugar para outro. Dizíamos:
_ Elvis, temos que estar prontos para irmos a outra cidade. Eles
respondia:
_ Não estou pronto, não estou pronto ainda.
Não era Elvis que falava, e sim, as pílulas. Tentamos ajudá-lo,
conversamos muito. Um cara disse:
_ Como proteger um homem de 42 anos dele mesmo? Você não pode. Ele tem
que querer”.
Depois de conhecer melhor a vida e o trabalho de Elvis, fico a me perguntar: como um cara bonito, carismático,
talentoso, milionário, que alcançou fama e reconhecimento mundial, enveredou
por esse caminho de depressão e tristeza. Não encontro respostas. Então deixo
com vocês, como reflexão, um trecho do livro Elvis, do autor Maurício Camargo
Brito: “Como se não bastassem os transtornos físicos, o astro vivia sufocado
por uma tremenda pressão psicológica desde que se tornara o personagem mais
conhecido do mundo. O fato de ser ELVIS PRESLEY, não era uma carga fácil de
sustentar. Elvis era o nome mais famoso do planeta (continua sendo segundo
várias pesquisas). Desde que despontou na década de 50, encantou crianças,
adultos e avôs, qualquer que fosse a faixa econômica ou social. A idolatria por
Elvis Presley superou em muito a de Valentino, a de Sinatra ou dos Beatles. Sua
imagem até então vinha sendo mantida como impecável junto ao público. Para os
fãs, Elvis era o sonho de uma mãe pelo filho, de um irmão caçula pelo mais
velho, de uma mulher pelo seu homem. Como teria se sentido Elvis quando
descobriu que forjou os costumes e transformou a sociedade? E que tudo
aconteceu de maneira inconsciente. Tornou-se dono de uma das maiores fortunas
do mundo da noite para o dia. Vendeu mais discos que qualquer outro artista.
Ganhou mais discos de ouro que todos também. Foi quem mais lucro deu aos
estúdios de Hollywood. Foi o maior nome do show-biz em Las Vegas. Seu show no
Hawaii via satélite, bateu todos os recordes de audiência da televisão,
superando até a transmissão da descida do Homem à Lua. Qual ser humano teria
condições de não sucumbir sob tamanho encargo?”.
Postar um comentário