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Direito Animal: Uma reflexão que leva a ação
Posted by Cottidianos
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01:39
Terça-Feira,
06 de agosto.
No
sábado, dia 03 de agosto, a cidade de Campinas/SP teve a honra de sediar, o I
Seminário de Proteção e Defesa do Animal. O evento foi realizado no auditório
da Guarda Municipal da cidade. O Seminário foi uma realização da GM com apoio
da OAB/Campinas. Das 10h30min às 15h30min o local tornou-se um campo aberto ao
diálogo, debate de ideias e a um aprofundamento dos conhecimentos da causa
animal.
Dr.
Alexandre Vasquez, advogado, integrante da Comissão de Proteção e Defesa do
Animal, da OAB/Campinas abriu o evento dando boas vindas a todos e fez a
apresentação do programa do evento. Em seguida, foi a vez do Dr. Daniel
Blikstein, advogado, presidente da OAB 3ª Subseção de Campinas, tomar a
palavra. Em seu discurso o Dr. Daniel
relatou um curioso fato envolvendo um animal de estimação. O advogado andava em
seu carro pelas ruas de Campinas, quando percebeu a presença de um pequeno
animal e logo viu que o bichinho estava perdido. Parou o carro e, com a ajuda
de outros transeuntes conseguiu pegar o animal, um cachorro. Entregou o
bichinho a uma moça que havia ajudado na “operação captura”, pois, naquele
momento, não estava indo para casa. Ali mesmo, enquanto decidiam o que fazer,
surgiu a ideia de colocarem a foto do cachorro no Facebook. Assim fizeram e a
dona do animal logo foi encontrada, com isso o Dr. Daniel destacou a força da
solidariedade e o poder das redes sociais que, quando usadas para o bem,
produzem resultados positivos. Encerrando essa primeira parte do evento os
participantes ouviram o Sr. Marcelo Duchovni Silva, representante da Secretaria
Municipal de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública que também agradeceu
a todos os presentes e destacou a importância do evento.
O
I Seminário Animal de Campinas, contou com a presença de quatro gabaritados
palestrantes; Jorge Antonio Pereira; Dr. Wilson Ligiera; Tatiana de Freitas e
da Dra. Adriana Serra. Os textos a seguir são baseados na palestra proferida
por cada um e à medida que for apresentando os textos, farei também a
apresentação dos palestrantes. Dividirei o texto em duas partes, sendo que nessa primeira parte apresento textos baseados nas palestras da Dra. Adriana Serra e Jorge Ferreira. Na próxima postagem apresento as palestras de Tatiana de Freitas e do Dr. Wilson Ligiera.
Dra. ADRIANA GONÇALVES SERRA
Dra. Adriana Gonçalves Serra |
A Dra. Adriana Gonçalves Serra é
advogada e Presidente da Comissão de Proteção e Defesa Animal, da OAB/Campinas.
Há
algum tempo atrás quando a carrocinha passava nas ruas recolhendo animais, uma
menina ficava enfurecida com aqueles homens que iam recolhendo os animais, sem
dó nem piedade. Ela pegava pedras e atirava na carrocinha. As pedras não
alcançavam mais que alguns metros. Ás vezes, ela saia correndo na rua xingando
os homens que faziam o serviço. O máximo que conseguia era arrancar risadas
deles.
Hoje
aquela menina é uma defensora da causa animal e, como advogada, tem ajudado a
mudar a visão que a sociedade tem em relação aos animais. A legislação nessa
área ainda não é a ideal e as penalidades são muito frágeis.
Dra.
Adriana atua em uma cidade onde as ONGS são fortes e atuantes. Já por duas
vezes houve tentativas de implantar rodeio em Campinas. E por duas vezes as
ONGs conseguiram derrubar o projeto. Essa situação seria difícil a nível
nacional por a questão dos rodeios remete a outra questão: a do poder
financeiro. E onde corre muito dinheiro...
Em
relação aos animais domésticos, esses são protegidos pela lei 9.605, de 12 de
fevereiro de 1.998 (Lei de Crimes Ambientais) que diz que a prática de atos de
abusos, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos, resulta em uma pena é de 3 meses a 1 ano, e
multa. Sendo que essa punição, na maioria das vezes, é substituída por penas
alternativas; tais como cestas básicas, e trabalhos comunitários, dentre
outras.
Outro
aspecto interessante nessa questão é que os crimes de abandono, apesar de não
estarem tipificados em lei, estão sendo denunciados. Quando se abandona um
animal à própria sorte o estamos sujeitando à fome ao frio e a outras situações
adversas. Isso caracteriza maus tratos.
Animal
em apartamento é permitido? Quanto a essa questão não há uma legislação
específica para o caso, então o jeito é apoiar-se na Lei de Propriedade, que
diz que da porta para dentro de casa o individuo pode ter o que quiser,
inclusive animais de estimação. É claro, tendo com eles todo cuidado adequado
para que eles não fiquem incomodando os vizinhos.
JORGE ANTONIO PEREIRA
Jorge Antônio Ferreira |
Jorge é consultor Comportamental Canino,
Especialista em Controle de Agressividade e Fundador do Projeto Segunda Chance,
que tem a função de reabilitar cães considerados agressivos devolvendo-os ao
convívio social.
Pitoco era um cão arredio, feral. Completamente
avesso ao convívio social. Vivia dentro de um buraco num terreno baldio. Ali
naquele ambiente era o dono do pedaço. Ai de quem se aproximasse! O bicho
virava uma fera. Até que um dia o terreno foi vendido para uma dessas empresas
de empreendimento imobiliário. E pra tirar o bicho do lugar dele?! Era difícil. Pitoco ameaçava com unhas e
dentes quem tentasse se aproximar dele. Enfim, depois de muita luta conseguiram
resgatá-lo e levá-lo a um Centro de Controle de Zoonoses. Logo que chegou ao
novo ambiente o animal apresentou enormes dificuldades de convívio com outras
pessoas e, inclusive, com outros animais. Depois do trabalho feito por Jorge e
por sua equipe o cachorro que antes era arredio, “mudou da água para o vinho”.
Hoje ele é uma simpatia de cachorro. Um animal querido por todos.
Quando
a lei estadual 12.916, de 16 de abril de 2008, proibiu o sacrifício de animais
muitas vidas destes queridos seres foram poupadas. Em contrapartida, não se
sabia o que fazer com o problemas de superlotação que os abrigos e Centros de
Zoonoses passaram a enfrentar. O Projeto Segunda Chance veio ao encontro dessa
realidade de dificuldade de adoção. Pois quando um animal sofre abandono ou
maus-tratos isso gera nele, além dos danos físicos, também um dano psicológico.
Quando ele vai para um abrigo ou Centro de Zoonoses o ambiente representa para
ele um lugar hostil, apesar do
tratamento e cuidado que lá recebem. Isso o deixa agressivo e o afasta ainda
mais do contato com humanos. Mesmo cachorros com características de sociabilidade
acabam perdendo essa característica nesses ambientes. É preciso todo um
trabalho de ressocialização que envolva, além de intenso treinamento, muito
amor e carinho, deixando o animal, que antes era agressivo, pronto para ser
adotado por qualquer família. E disso o Jorge entende muito bem.
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