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ELVIS PRESLEY: Um astro de brilho incomum - I parte
Posted by Cottidianos
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Sexta-feira, 16 de agosto
A
Lonely Life Ends on Elvis Presley Boulevard
(Uma vida solitária chega ao fim na Elvis Presley Boulevard), dizia a Manchete de um jornal de
Memphis – o Jornal Memphis Pess-Scimitar
– em edição especial, no dia 17 de agosto de 1977. Naquele dia, a Elvis Presley
Boulevard, avenida onde morava o cantor, estava em polvorosa. Em frente a Graceland – residencial oficial de
Elvis, circulavam centenas de fãs e curioso. Alguns aproveitavam a oportunidade
para ganhar algum dinheiro vendendo balas e refrigerantes, dentre outros
produtos. Pessoas subiam em árvores
tentando ver o que se passava para além dos muros de pedra que cercavam a
mansão. No rosto de todos havia muita tristeza. Na verdade, desde à tarde do
dia anterior, a cidade chorava a morte de seu morador ilustre: Elvis Presley.
Um artista que marcou para sempre seu nome na história da música
norte-americana. Naquele e nos dias subsequentes, a cidade de Memphis, no
estado do Tennessee/USA, foi invadida por uma multidão de jornalistas. Meios de
Comunicação do mundo inteiro noticiaram a morte do astro.
Imagem: http://natedsanders.com/Elvis-Presley-Death-Newspaper----Special-Edition-From-Memphis,-Elvis-Hometown,-Following-His-16-Aug-ITEM6324.aspx |
Escrevi
o texto abaixo em agosto de 2010. Ele foi publicado originalmente no site http://www.rec2010.blogspot.com.br/. Para quem já leu, boa
releitura. Para quem ainda não o conhece,
boa leitura. Sou fã do rei há cinco anos. Elvis chegou em minha vida em momento
de mar agitado, daqueles com direito a vagalhões, raios e trovoadas. E suas
canções agitadas me animaram. Suas baladas me acalmaram. Seu repertório gospel
me ajudou a elevar o espírito. Por isso tudo, considero Elvis um amigo. Pois
quem é amigo de verdade? Aquele que chega nos momentos mais difíceis e ajuda a atravessar a tempestade, como uma
ponte sobre águas turvas.
Vamos ao texto.
06 de Julho de 1954. Noite quente e gostosa de verão em Memphis,
Tennessee. Nos abafados estúdios da Sun
Records estava Sam Philips na parte técnica. Sob seu comando, três jovens
talentosos: Scoot Moore na guitarra, Bill Black no contrabaixo e Elvis Presley na voz e no violão. As
sessões de gravação haviam começado na primeira noite de Julho. Já haviam
passeado por diversos estilos indo do pop ao gospel, passando pelo country e
pelo R&B. Elvis era afinado, cantava bem. Os rapazes davam show na guitarra
e no contrabaixo. Mas o som que estavam produzindo era tudo muito igual ao que
já existia. E Sam Phillips, dono da Sun Records, procurava um diferencial. Algo
completamente novo. Seu maior sonho era encontrar um branco que cantasse como
negro. Cansados de tantas tentativas pararam para um lanche.
Dizem que “Quando
o gato sai os ratos fazem a festa”. Foi bem por aí. Aproveitando a ausência do
chefe na sala, Elvis pegou o violão e de forma alegre e descontraída começou a
cantar That’s All Rigth Mamma, um
antigo sucesso de Arthur Crudup. Scoot e Bill deram prosseguimento à farra.
Quando Sam retornou e viu aquela brincadeira, correu imediatamente para a
técnica. Os rapazes ficaram com aquela cara de “Ih, o chefe chegou!” Quiseram
parar. Sam incentivou: “Vamos, continuem!”. Ele havia finalmente encontrado o
que procurava. Na mesma noite gravaram também Blue Moon of Kentuck, um country
gravado anteriormente por Bill Monroe. Dessa loucura naquela noite de verão,
nascia uma música que abalaria as estruturas da música norte-americana: o rock.
E um cara que se tornaria uma lenda no cenário musical mundial: Elvis Presley.
Com as duas
músicas gravadas Sam, imediatamente, procurou Dewey Philips, DJ local que
apresentava o programa radiofônico Red
Hot and Blue, e pediu-lhe para que tocasse as músicas. Dewey atendeu ao
pedido. Choveram telefonemas à rádio pedindo que repetissem as músicas. O
resultado vocês já conhecem.
Imagem: http://hq-pictures.ru/pt/preview.php?hd=13677 |
Esse primeiro
disco de Elvis, gravado pela Sun Records,
teve o efeito de uma bomba. Explosivo tanto quanto. Numa Memphis conservadora,
quem ousaria misturar melodias brancas e negras numa mesma música? Impensável
para os mais lúcidos! Sam Philips ousou. E muito! That’s All Right Mamma foi cantada nesse disco como country, enquanto na
versão original era um blues. O inverso com Blue
Moon of Kentuck, na gravação original um country, recebia com Elvis uma
roupagem de blues. Ou seja, o cara já chegou subvertendo as regras da equação
musical da época. Resultado muita gente torceu o nariz. Muitos DJs relutaram em
tocar as músicas, entretanto o disco aconteceu. O nome Elvis Presley em poucos meses já era bastante popular. Um sucesso
regional. Entretanto, aos poucos, Elvis foi se tornando grande demais para a
pequena gravadora.
As raposas são
animais espertos e enxergam longe. Em fins de 1954, a carreira de Elvis
começava a decolar, mas ele era conhecido apenas no Sul do país. Uma raposa
estava a sua espreita, cercando-o. Queria empresariar o menino. Seu nome Tom
Paker, mais conhecido como Coronel, empresário esperto, ambicioso e bem
sucedido do show-biz. Conseguiu tirar o cantor da Sun Records e levá-lo para uma grande gravadora: a RCA (Radio Corporation of America). Essa
transação custou aos cofres da RCA,
nada mais, nada menos que U$ 40 mil dólares. Sendo que U$ 5.000 mil foram para
o bolso do cantor. Se U$ 40 mil dólares é uma grana boa hoje, imaginem em 1955...
O contrato com a RCA foi assinado
definitivamente em 21 de novembro de 1955. Representou uma grande virada na
carreira do cantor.
A partir daí, a
indústria fonográfica e, posteriormente, a cinematográfica, o transformou numa
máquina de ganhar dinheiro. Muito dinheiro! Milhões de dólares! Ao ser alçado a
condição de superstar em tão pouco tempo, o jovem talento perdeu sua vida
própria. Não só pelo fato de que não podia sair mais às ruas como qualquer
pessoa, por razões obvias, mas também pelo fato de que passou a ser manipulado
pela indústria para fins comerciais e de marketing. Foi considerado, no início
de sua carreira, má influência para a mocidade. Era preciso mudar a imagem de
rebelde. Era preciso transformá-lo num produto que fosse facilmente consumido
não apenas pelos jovens, mas também pelo restante da família. Então que tal uma
boa jogada de mestre. O Exército? Perfeito! Caía como uma luva. E lá se vai
Elvis servir ao Exército em 1958, sob uma ampla cobertura da imprensa. Servindo
na Alemanha, conheceu a jovem Priscilla Beaulieu que viria a ser a Sra.
Presley, com a qual teve uma filha: Lisa Marie - Lisa veio posteriormente a se
unir a Michael Jackson com quem passou dois anos casada. Provavelmente foi no
Exército que Elvis conheceu suas maiores inimigas: as anfetaminas – comprimidos
que foram companhia constante no restante de sua vida. Outro fato marcante na
carreira e na vida pessoal do astro ainda nesse período, foi a morte de sua mãe
Gladys. Gladys sempre fora uma mãe superprotetora. Elvis aos quinze anos de
idade ainda era levado pela mãe à escola, conforme contam alguns de seus
biógrafos.
Enfim, o fenômeno
retorna do Exército em 1960. Volta diferente. Já não é o rebelde que na década
anterior era visto com maus olhos pela sociedade conservadora. Mudou também o
comportamento. Ele que sempre fora tido como um cara bonachão, alegre, simples.
Mostrava agora, por vezes, um lado agressivo, arrogante. Ainda na adolescência
uma de suas paixões era o cinema. Fascinava-se com as interpretações de James
Dean e Marlon Brando. Pediu e o coronel o levou também a Hollywood. Na década
de 60, afastou-se dos palcos, do público e dedicou-se quase que 100% a sétima
arte.
Imagem: http://rockabillynblues.blogspot.com.br/2011/11/elvis-love-me-tender-movie-premiered.html |
A carreira no
cinema havia começado antes de entrar para o serviço militar, em 1956, com o
filme Love me Tender (Ama-me com ternura, 1956). Essa fase de
sua carreira abrangeu o período de 1956-1969. No total foram 31 filmes e 02
documentários. Entretanto essa passagem pela telona representou uma “faca de
dois gumes” para a carreira do cantor e, agora, ator. Hollywood percebeu
rapidamente a fórmula: Elvis Presley = milhões de dólares. Sabendo disso
produziu filme após filme num ritmo frenético. Nem ao menos terminava um e já
outro era iniciado. O resultado disso foi uma série de filmes de baixa
qualidade, com o ator desempenhando papéis fracos em roteiros mais fracos
ainda. Os filmes sempre vinham acompanhados de trilha sonora, que, feita às
pressas, resultava em discos cuja qualidade técnica deixava a desejar. Claro
que Elvis não estava satisfeito com essa situação. Desde o início queria atuar
de verdade. Interpretar papéis sérios. Era esse seu objetivo quando entrou para
o fascinante mundo do cinema. Porém nem o coronel, nem Hollywood, estavam
interessados nisso. Os filmes estavam fazendo com que entrasse muito dinheiro
em caixa, portanto, para que mudar isso?
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