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EU ACREDITO! - A Saga do Atlético Mineiro na Libertadores
Posted by Cottidianos
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02:50
Sexta-feira, 02 de agosto
Uma
partida de futebol não é apenas uma partida de futebol – quando não há
violência por partes das torcidas organizadas – é um belíssimo espetáculo. A
grandiosidade dos estádios lotados... A paixão que move a torcida e faz com o
que time tenha ainda mais vontade de vencer a disputa... O limite entre paixão por um clube de futebol
e o fanatismo é muito estreito. O embate
entre dois times é uma cartase – uma forma de descarregar nossas energias,
nossas decepções corriqueiras e exaltarmos a alegria, a vibração a paixão.
Imagem: http://www.lancenet.com.br/fotos/Libertadores-Foto-Vanderlei-Almeida-AFP_LANIMA20130725_0067_47.jpg |
Este
ano, o Atlético Mineiro foi o Campeão da Copa Libertadores da América. O time
fez uma campanha digna dos grandes épicos, daqueles que nos prendem a
respiração. A saga começou desde o início do campeonato, mas se fez sentir de
forma mais intensa, nos jogos da semifinal, que tiveram início na noite de quarta-feira
(03/07), no Isla Malvinas, na Argentina. No dia seguinte, às manchetes dos
jornais anunciavam: “Atlético Mineiro é
derrotado, na Argentina, por 2X0, pelo Newell’s Old Boys”. Jogadores
brasileiros acreditam na classificação no jogo de volta, no Brasil. Os
jogadores e torcida atleticanos acreditavam. Eu não! – Eu e meio mundo de gente. Não sou
atleticano, sou são paulino, mas torcia, naquele momento, pelo atlético mineiro.
Torcia, mas não acreditava.
A
situação era complicada para o galo, pois para ir a final o time tinha que
vencer o jogo de volta por 3X0. Tinha uma outra hipótese: ganhar por 2X0 e
levar a decisão para os pênaltis. Os
torcedores acreditavam e havia uma razão para isso, “uma luz no fim do túnel”,
como diz o ditado: haviam visto o goleiro Victor defender um pênalti, nos
últimos minutos contra o Tijuana, do México e garantir a classificação para a
semifinal.
O
jogo de volta, em Belo Horizonte, na noite de quarta-feira (10), no Estádio
Independente, foi de tirar o folego.
Teve todos os ingredientes que uma partida deve ter para ser, realmente,
considerada espetacular. Drama. Sofrimento. Tensão. Golaços... E bola rolando
soberana no gramado. O Atlético entrou em campo com fome de gols. Muita fome! Aos três minutos de bola rolando, Bernard
chuta com categoria e balança a rede do adversário. Alivio para a torcida.
Grande alívio! Durante todo o primeiro tempo o time atleticano partiu para cima
do Newells Old Boys como um tanque de guerra. Foram ataques e mais ataques. A
única coisa que o time argentino fez foi se defender. E se defendeu bem! Quando
o juiz apitou o fim do primeiro tempo o placar de 1X0 era preocupante para o
atlético. O galo precisava furar a defesa argentina e fazer, pelo menos mais um
gol. Início do segundo tempo. Os jogadores voltaram a campo ansiosos. A torcida
estava confiante, porém, apreensiva. O técnico argentino, Gerardo Martino,
arrumou o posicionamento do time. O jogo se equilibrou. O galo passou a suar
frio. Dessa vez foi à vez do técnico Cuca enxergar mais longe: colocou
Guilherme e Ronaldinho foi jogar pela esquerda. Com isso o time recuperou o
vigor do primeiro tempo. A coisa mais esperada, entretanto, não acontecia... O
gol. O jogo se encaminhava para uma derrota do atlético, até que, aos 39
minutos do segundo tempo aconteceu um fato curioso: metade das luzes dos
refletores do estádio se apagaram de repente. Fato provocado ou acidental? Ninguém
sabe ao certo. Quando a luz voltou, o som que se ouvia das arquibancadas era de
arrepiar. A torcida enlouquecida gritava a plenos pulmões: EU ACREDITO! EU ACREDITO!
EU ACREDITO!
Imagem: http://www.futebolbrasileirao.com/wp-content/uploads/2012/07/massa-do-galo.jpg |
Àquela
altura já havia dado tempo dos times se refazerem, dos jogadores descansarem. O
“Eu acredito” da torcida funcionou como uma eficiente injeção de ânimo e, no
finalzinho do segundo tempo, saiu, pelos pés de Guilherme, o tão esperado
segundo gol. A vaga na final tinha mesmo que ser nos pênaltis! Nervos à flor da
pele... Jogadores cansados... Torcida que não tinha mais unha para roer... Mais
drama! Mais sofrimento! Jô e Richarlyson perderam suas respectivas cobranças.
Silêncio da torcida. Casco e Cruzado, pelo lado argentino fazem a mesma coisa.
Foi a vez da estrela de Ronaldinho brilhar. Ele chutou com categoria e a bola
foi parar no fundo da rede. Ainda não era o fim. Faltava o argentino Maxi Rodrigues cobrar a
última penalidade. Como diz Galvão Bueno: “Haja Coração!” Ficaram frente a
frente, Maxi Rodrigues e Victor. Maxi
chutou e... a bola parou nas mãos de Victor. Com isso o atlético carimbou,
definitivamente, o passaporte para a tão sonhada final.
No
jogo da decisão pelo título da Libertadores o raio caiu duas vezes no mesmo
lugar, para a felicidade do Atlético. O time perdeu no Paraguai por 2X0. No
jogo de volta em Belo Horizonte, precisava vencer pelo mesmo placar... Venceu!
Levou o jogo para a prorrogação, garantiu o empate e jogo mais uma vez foi
decido nos pênaltis e... Incrível... Mais uma vez o atlético venceu, conquistou
o título inédito e levantou a tão sonhada taça para alegria da nação
atleticana.
Três
coisas me chamaram a atenção nessa saga atleticana:
1. A
perseverança – O time lutou. Jogou bem. Deu o melhor de si, Mesmo quando o
fantasma da derrota beta à porta, é preciso acreditar. Essa atitude caracteriza
os vencedores.
2. A
confiança da torcida – Ninguém vence sozinho. Na história de todo vencedor há
sempre alguém que o motivou, que o fez acreditar que era possível.
3. A
fé – Nesse caso, a fé do treinador, que ele certamente deve ter incutido também
nos jogadores. Enquanto Cuca se ajoelhava ali na beira do campo, ele estava
realmente orando. Sabia de suas limitações e das limitações do time e
acreditava na força que vem do alto. A fé de Cuca estava também na trilha
sonora que escolheu para embalar sua vitória: a bela música gospel “Noites Traiçoeiras”
– música sobre cuja autoria há controvérsias - gravada, dentre outros, pelo Pe.
Marcelo Rossi.
Os
jogos passam. A história permanece e as lições que ela deixa também. Se no jogo
da vida, também nós, gritarmos ao nosso inconsciente: “EU ACREDITO”! – mesmo
contra toda adversidade – certamente venceremos muitos campeonatos. E quem é
que não tem um jogo pra vencer, um campeonato para ganhar?
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