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Que as trevas do medo não prevaleçam sobre a luz da liberdade
Posted by Cottidianos
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00:27
Terça-feira,
17 de novembro
“Vidas
que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão tentar aos outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais”
(Luzes
da Ribalta - Charles Chaplin/
Versão: Antônio Almeida & João De
Barro)
Liberdade
se mata? Não. Liberdade não se mata. Ela é como as flores silvestres: Se você
arranca uma, milhares de outras, logo nascerão nos campos ao redor, tão simples
e tão belas quanto as anteriores. Liberdade é como o pássaro na densa floresta:
Se você destruir o seu ninho, ele logo voa e vai reproduzi-lo na próxima
árvore, ou na próxima floresta. A senhora liberdade tem o brilho das estrelas
que resplandecem no firmamento: É intensa e infinita.
Nascemos
para a liberdade e dela necessitamos como necessitamos do ar que respiramos, e
que nos mantém vivos e alertas. Force uma pessoa a permanecer com a cabeça
dentro d’água por alguns segundos. Do que essa pessoa terá mais precisado
quando esteve com a cabeça mergulhada na água? Com certeza, de ar que enchesse
e renovasse seus pulmões. E ao absorver aquilo que lhe era essencial, quanta
alegria, alívio e felicidade foram experimentados...
Outra
interessante metáfora para definir a liberdade é a relação sol-girassol. O
girassol preciso da maior quantidade possível de luz solar para que possa
fabricar energia. Para isso, a planta precisa estar constantemente voltada para
o sol.
Quando,
no período da escravidão, os escravos não mais suportavam a desumanidade com
que eram tratados pelos seus senhores, ou seus empregados, os feitores, o que
eles faziam? Fugiam em direção aos quilombos, ou para qualquer outro lugar onde
não tivessem que se submeter a tão severos castigos que lhes mutilavam o corpo
de lhes deixavam ferida a alma. Esses bravos guerreiros eram poucos, a maioria
se submetia àquelas torturas, àquelas humilhações.
Nos
dias atuais não é diferente. Poucos são os que têm a coragem de nadar contra a
correnteza, de ir contra maré. Até porque o submeter-se ao sacrifício exige
grande dose de esforço e resignação, a sua não-aceitação também é passível
também de esforço, resignação, renúncias e sofrimentos. A diferença é que,
neste segundo caso, é possível sair da caverna e ver o sol brilhar, enquanto no
primeiro, que representa a submissão a valores e idéias reinantes, resta apenas
ficar na caverna, iludindo-se com as próprias sombras projetadas na parede por
uma fogueira que acendeu ali por perto.
Como
nos tempos da escravidão, poucos são os que, sentindo o peso dos grilhões, tem
a coragem de fugir para os quilombos. Quando a liberdade fala mais alto dentro
do coração, ela não quer saber se o indivíduo tem 13 ou 30 anos, ela quer,
simplesmente, ser ouvida.
Ontem
foi Zumbi dos Palmares, que ainda adolescente, fugiu para as longínquas matas,
para a liberdade dos quilombos, e se tornou uma das figuras expressivas na luta
contra a escravidão. Dentro da escravidão moderna, temos a luta da menina
paquistanesa, Malala, que aos onze anos, já se sentia incomodada com a opressão
do Talibã sobre a sua região e, principalmente, sobre as mulheres de sua
região. Malala tinha sonhos de chegar à universidade e ser uma figura de
destaque no cenário educacional no seu país. Ela viu na proibição da presença
das meninas nas escolas, por parte do regime fundamentalista, um entrave na
conquista dessa realização, e foi à luta, servindo-se da faca de dois gumes que
é a Internet, para denunciar a opressão. Digo que a Internet é faca de dois
gumes, porque tanto podemos usá-la para o bem ou para o mal. Mal a usou para o
bem ao denunciar o mal.
O
mesmo espírito de liberdade que gritou no coração de Zumbi foi o mesmo que
ecoou no coração da jovem paquistanesa, pois a voz da liberdade é tão universal
quanto a voz da música. Uma nota musical tocada em um instrumento no Brasil, por
exemplo, é a mesma nota tocada por outro instrumento no Paquistão. Ambas soarão na mesma vibração. Um grito de
liberdade em solo brasileiro, também tem a mesma força e o mesmo significado
que um grito de liberdade em solo paquistanês.
Quando
cai a escuridão, acendem-se as luzes no firmamento. É natural que isso aconteça.
Por comparação também quando se faz trevas na humanidade, há sempre luzes que
surgem para dissipá-las, ou pelo menos, amenizá-las. Foi com Luther King,
Nelson Mandela, Luis Gama, Zumbi dos Palmares, Dom Oscar Romero, Madre Tereza
de Calcutá, e tantos outros que surgiram na humanidade para dignificar o amor,
para mostrar a raça humana que as coisas podem ser diferentes, que há um mundo
de paz possível fora do ódio e da intolerância. Que podemos nos dar as mãos e caminhar
juntos, ao invés de empunhar as armas do ódio e do terror.
O
espírito que há nós, em todos nós, que acreditamos na paz e no bem, deve ser
sempre um espírito guerreiro, nunca um espírito de covardes. O medo em nós não
deve se sobrepor a coragem. Em pleno século do progresso e da ciência, não
devemos querer voltar aos regimes medievais que fizeram a humanidade caminhar
para trás, e que a roubaram séculos de avanço no pensamento, nas ideias e ações.
A
luta contra o mal exige sacrifícios. Às vezes temos medo? Temos. Claro que
temos. Somos humanos e, nessa condição, nos sentimos fragilizados, até mesmo
assustados, diante da barbárie. Mas o nosso medo não deve durar mais que uma
noite. Formemos uma grande corrente de solidariedade. Rezemos, lutemos e
pressionemos para que os líderes das grandes nações esqueçam suas divergências,
que façam seus interesses convergir em uma única direção: a direção da paz no
mundo.
É
inaceitável que exista um céu no qual o deus que o rege se alegre em ver a
terra banhada com o sangue de inocentes, simplesmente, porque não comungam da
mesma fé, dos mesmos ideais.
O
mundo sofre com o terrorismo. Os franceses, os russos, os americanos, os
alemães, os britânicos ficam inseguros diante dos grupos terroristas. Nunca se
sabe quando eles vão agir. Esses grupos fundamentalistas se apoiam em
pensamentos e filosofias ultrapassadas, é verdade, mas sabem usar de maneira
inacreditável as modernas ferramentas de comunicação para espalhar medo e
terror. Há que se haver uma ação enérgica dos governos para que se unam em uma
mesma ação, um mesmo objetivo, antes que o mundo se torne um inferno.
No
Brasil, não estamos de todo em paz. Quiséramos nós que estivéssemos. Também
temos nossas mazelas, nossas guerras a vencer. Os grupos terroristas por aqui
se chamam PCC, Comando Vermelho e outras facções do crime organizado, a
espalhar medo nas populações das grandes cidades. Há também outro grupo
terrorista chamado “políticos e empresários corruptos”, que nos roubam sonhos e
esperanças de um Brasil melhor. Há a guerra no trânsito que mata tanto quanto
as guerras existentes nos países do Oriente Médio.
Como
vêem, no coração de todos os povos há um grito de paz, de liberdade, de
justiça, igualdade e fraternidade. Portanto, não deixemos esse grito morrer em
nosso peito. Deixemos que ele saia forte de nossa garganta e se junte a uma
coletividade, e faça tanto barulho que o medo seja afastado para sempre de
nossas vidas, de nossos países, e de nossos continentes. Que a coragem, a
esperança e o amor triunfem. É a nossa prece, o nosso grito, a nossa oração.
Que o infinito nos ouça e coloque suas poderosas forças do bem a favor de nossa
humanidade em flor.
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