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A pesada cruz dos impostos
Posted by Cottidianos
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22:11
Quarta-feira,
13 de maio
“Cubra-me com
seu manto de amor
Guarda-me na paz
desse olhar
Cura-me as
feridas e a dor me faz suportar
Que as pedras do
meu caminho
Meus pés
suportem pisar
Mesmo ferido de
espinhos
Me ajude a
passar
Se ficaram
mágoas em mim
Mãe tira do meu
coração
E aqueles que eu
fiz sofrer
Peço perdão”
(Nossa Senhora – Roberto Carlos e Erasmo
Carlos)
Há
dias em que a energia espiritual circula mais forte no mundo astral, como se
fossem um ajuntamento de estrelas luminosas que fazem cair sobre a humanidade
inteira seus efeitos benéficos. Obviamente, aqueles que acreditam nessas energias
recebem maiores benefícios dessa conjunção de forças astrais. Mas todos, de um
modo ou de outro, acabam sendo beneficiados.
Hoje,
dia 13 de maio, é uma data duplamente festejada. Para a comunidade católica, é
dia de Nossa Senhora de Fátima. Difícil é não ter um sentimento de ternura,
diante do olhar terno e meigo da virgem de Fátima.
Para
a comunidade umbandista, é dia de homenagear os Pretos Velhos — espíritos de
antigos escravos africanos, que descem à terra, para a prática da caridade e do
bem. É difícil não se enternecer diante da fala mansa e amorosa, e do olhar
misericordioso desses iluminados espíritos.
Para
os brasileiros, de um modo geral, hoje também é dia de rememorar a alforria dos
escravos, ocorrida há 127 anos. Para o povo negro, é uma data ser lembrada com
carinho, mas não plenamente celebrada, uma vez que, após libertar os escravos
dos pesados grilhões que carregavam, não lhes foi dado uma vida digna. Eles
foram abandonados à própria sorte pelo poder pública da época. Libertaram-se dos
grilhões da escravidão, mas passaram a carregar as correntes do preconceito,
por causa de sua cor e classe social.
Dito
tudo isto, saúdo ao bravo e guerreiro trabalhador brasileiro.
O
trabalhador brasileiro também carrega correntes. Pesadas correntes, chamadas
impostos. Deus santo, como eles são pesados! O senhor de engenho, chamado
governo, faz questão de nos cobrar cada centavo, não contente com isso, ainda
cria mais impostos, sempre acrescentando mais argolas àquelas que o
contribuinte já suporta.
Porém,
alegrai-vos, eis que vos trago uma boa nova: No dia 31 de maio, você começará a
trabalhar apenas para si mesmo. Como assim, já não trabalhava ele para si
mesmo?! Não, respondo eu, enfático. Até agora você trabalhou para o governo,
para cumprir a carga tributária que lhe foi imposta.
Quando
a gente pensa sobre isso, vemos que é, realmente, uma coisa impressionante.
Cinco meses! Cinco meses de trabalho para pagar impostos municipais, estaduais
e federais. A estatística é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT).
Ainda
segundo o instituto, a nossa carga tributária aumentou muito nesses últimos
anos. Isso significa que estamos tendo que trabalhar bem mais para conseguirmos
pagar os impostos — perdão pelo trocadilho — que nos são impostos pelo governo.
Por
exemplo, em 2003, foram 39,98% da renda dos trabalhadores, destinada ao
pagamento de tributos. Neste ano de 2015, esse percentual subiu para 41,37%.
Estamos tendo que trabalhar duas vezes mais para os pagamentos de taxas, se
levarmos em consideração ao que se pagava na década de 70.
Pensemos
no governo como um leão feroz, que abocanha parte importante dos bens que você
compra. Por exemplo, você vai comprar uma TV. O leão dá uma mordida e leva 45%
daquilo que você pagou. Ah, um mouse, um simples mouse para seu computador,
pensa que fica imune à mordida. Não, de forma alguma! Lá está o leão, digo,
governo, abocanhando 40%. E assim vai: tablets, roupas, produtos de higiene
pessoal e limpeza, comidas, enfim, tudo é taxado. Uma mordida enorme é nos
videogames: 72% de impostos. Já pensou em quão barato seria comprar um
videogame, não fosse a alta carga tributária?
Ah,
como se engana aquele que pensa que quem paga mais tributos são os ricos. Nada
disso. Quem mais sofre com esse montanha de tributos, é justamente, os de menor
poder aquisitivo. Ainda segundo o IBPT, mais de 79% da população brasileira,
que recebe até três salários mínimos por mês, é quem paga a conta de 53% de
toda a arrecadação tributária do país. Isso acontece devido ao fato de o sistema
tributário brasileiro está de olho no consumo e deixar fatores como renda,
patrimônio e lucro, em segundo plano. “Como o sistema tributário brasileiro é
extremamente concentrado no consumo, o pobre acaba, proporcionalmente, pagando
mais. Isso faz com que a população de menor poder aquisitivo tenha um custo
tributário muito elevado.”, diz João Eloi Olenike, Presidente executivo do
IBPT. Realmente, são coisas desconexas, que não fazem sentido quando se pensa
de forma racional.
Tudo
bem, estaríamos “reclamando de barriga cheia”, se pagássemos essa imensa
quantidade de impostos e víssemos os resultados. Mas qual nada. Não vemos nem a
cor desse dinheiro. Para onde ele vai? Não sabemos. Ou melhor, sabemos sim.
Porém, o que ficamos sabendo de fato é que ele não vai nem para a saúde, nem
para a educação, nem para a segurança. Até que vai um pouco desse dinheiro para
estes serviços, mas é tão pouquinho que — usando de uma expressão bem popular —
não dá nem para “tapar o buraco de um dente”.
O
Brasil está entre os 30 países do mundo que impõem maior carga tributária sobre
os contribuintes, e também é um dos que oferecem o pior retorno dessa
arrecadação. Temos um péssimo retorno em todos os setores. Os serviços são
péssimos em saneamento, pavimentação de estradas, transportes. Isso sem falar
em educação, saúde e segurança.
Quase
todos os dias, vejo no Bom Dia Brasil, jornal televisivo matinal, exibido pela
Globo, mostras, primeiro, do descaso com quem paga a maior parte da conta dos
tributos, e segundo, o mau uso desses mesmos tributos pagos.
Para
não citar muitos casos, o que tornaria esta postagem interminável, cito apenas
um, mostrado no dia de hoje, pelo Bom Dia Brasil. a matéria falava a respeito
de equipamentos novos, ainda em caixas, destinados ao tratamento de pacientes
com câncer, que estão parados, sem uso, em hospitais do Distrito Federal. A
situação é ainda mais dramática, pois, sabemos que, pacientes com doença grave
como o câncer não tempo para esperar, o atendimento para eles tem de ser ágil e
rápido.
Para
vocês terem uma ideia da incompetência dos gestores da coisa pública, esses
equipamentos chegaram aos hospitais há dois anos, e sabem onde eles estão?
Ainda encaixotados e amontoados nos corredores dos hospitais. Ainda tem mais
drama. A única maquina que estava funcionando no Hospital de Base de Brasília,
quebrou, na semana passada. Pacientes que fazem radioterapia tiveram que
interromper o tratamento. A reportagem
dizia ainda que, no mesmo hospital de base, o tomógrafo havia quebrado há seis
meses. Em outro hospital público de Brasília, duas salas de Raio-x estão
fechados, e os aparelhos estão parados e sem manutenção. O Sindicato dos
Técnicos em Radiologia reclama de que o governo não pagou as empresas
especializadas nos equipamentos.
Essa incompetência em gerir os equipamentos
não é o único problema da saúde em Brasília: lá também faltam funcionários, há
unidades de saúde sem materiais básicos, como um simples esparadrapo. No
Hospital de Santa Maria, a 35 quilômetros da capital, 21 leitos de UTI estão
sem uso, pela falta de ventiladores mecânicos, usados como respirador
artificial por pacientes gravemente enfermos.
Situações
como essa, vejo, praticamente, todos os dias nos noticiários... E não apenas no
Distrito Federal, mas em todo o território nacional. Confesso a vocês que fico
impressionado com tanta incompetência. É sempre assim, quando não é má vontade,
é incompetência, quando não é incompetência, é roubo mesmo.
O
pagamento de taxas há muito tempo existe nos governos, e reconhecemos a sua
importância. Até que ficaríamos satisfeitos, mesmo pagando tantos tributos, se
víssemos o retorno desse dinheiro que pagamos ao governo.
O
IBPT também mediu os países que melhor dão retorno aos seus cidadãos, em
relação a carga tributária que eles pagam. Em primeiro lugar nesse ranking está
os Estados Unidos, seguidos da Austrália e a Coreia do Sul, em terceiro.
“A
Bélgica, que tinha uma carga tributária de 44% em 2011 e ocupava a 25ª
colocação no ranking do estudo anterior, passou a ser o 8ª país com melhor retorno
à sua população e reduziu sua carga para 30,70%. O Brasil, no entanto,
permanece como o último colocado e, apesar de registrar sucessivos recordes de
arrecadação de tributos, ainda não oferece condições adequadas para o
desenvolvimento da sociedade”, afirma João Eloi Olenike, presidente-executivo
do IBPT.
É
bom lembrar também que, em sistemas democráticos, como o nosso, tudo passa pela
questão do voto. O voto, nada mais é do que um contrato firmado entre eleitor e
político. O problema é que tem muita gente assinando contrato e dando poder a
quem não merece. No fim das contas, todo mundo acaba “pagando o pato”. Depois
você pode recorrer ás forças espirituais, mas apenas para aliviar o peso da
cruz... Porque para corrigir a bobeira que você fez... Aí o jeito é esperar
mais quatro anos... E votar certo.
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