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Nas trilhas de uma consciência ecológica

Posted by Cottidianos on 01:02
Sábado, 05 de abril

Em minha última postagem falei das mudanças climáticas, que podem afetar a sobrevivência do planeta e, consequentemente, a nossa sobrevivência. O texto anterior me motivou a compartilhar com vocês, outro texto que escrevi em julho de 2012. Naquele momento, havia acabado de acontecer, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio + 20. O evento aconteceu entre os dias 13 a 22 de junho daquele ano, e contou com a presença de chefes de estado de 190 nações. O objetivo desse mega encontro entre nações era discutir a questão do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. Em paralelo aos encontros oficiais houve várias discussões promovidas por demais setores da sociedade e, cujo objetivo, era trazer à tona, a discussão da relação homem-natureza. Do resultado dessa conferência da ONU, surgiu um documento que recebeu o título: O futuro que queremos, e estabelecia medidas de ordem prática para garantir um desenvolvimento sustentável efetivo. Um evento como esse, sem dúvida, tem uma grande importância, no sentido de chamar a humanidade ao centro da discussão sobre a questão de como melhor nos relacionarmos com a mãe natureza. 

Aproveito também para mostrar a vocês, fotos que fiz das belas paisagens que emolduram a minha prática de ciclismo. 

***



Sábado. 16 de Junho. Cinco e quarenta e cinco da manhã.

Acordei ainda bem sonolento com o barulho irritante e estridente do despertador. Tive vontade de jogar aquela coisa na parede. Lembrei-me que despertador e celular eram unos. Não dava pra quebrar o despertador sem que não quebrasse também o celular. Desisti da ideia e, como que um ébrio, levantei-me da cama. Odeio acordar cedo demais. Amo andar de bicicleta. A segunda proposição é mais forte. Então, mesmo sonolento, acabo me levantando cedo quando tenho que pedalar.

Na noite anterior havia combinado com um amigo de irmos pedalar juntos.

_ Nos encontramos às seis e meia no Parque Taquaral e de lá a gente vê que caminho faz. 

-- Combinado. – Disse eu.   
  
Fazia bastante frio aquela manhã. Mesmo assim me dirigi ao local combinado. Esperei. Esperei. Deram sete horas e o amigo não aparecia.

_ E agora? Volto pra casa? Perguntei-me. Não de jeito nenhum. Depois do esforço para acordar cedo agora vou pedalar sozinho mesmo.

Botei a bicicleta na estrada e o corpo pra esquentar. Segui pela rodovia Campinas/Mogi-Mirim. Já havia pedalado cerca de 6 km quando entrei à direita na rodovia e segui ladeando o Alphaville – um condomínio de “bacanas” – saindo em seguida numa estrada de terra – as tão desejadas trilhas para quem curte Mountain-Bike.

É como se num passe de mágica o indivíduo saísse da agitação da cidade e do movimento intenso das rodovias e caísse no ambiente campesino. A essa altura já estava completamente desperto e o frio já diminuíra bastante. Adoro pedalar por aquelas trilhas. É um dos meus passatempos favoritos. Gosto da sensação de liberdade que aquelas paragens me trazem. Uma alegria invade meu peito enquanto meus olhos se perdem nos verdes tapetes que a natureza tão caprichosamente desenhou. Um vento brando vem de encontro ao meu corpo suado e me presenteia com um pouco de refrigério.



Freqüentemente dou uma esticada até Joaquim-Egídio e/ou Pedreira. Nesses lugares é possível encontrar trilhas ainda mais bonitas. Em certos trechos, o ciclista percorre quilômetros e quilômetros sem encontrar quem quer que seja. Em alguns trechos do percurso, principalmente quando se vai beirando o rio é possível ouvir o doce murmurar das águas doces. È um canto tão agradável que, às vezes, paro, desço da bicicleta e fico só curtindo aquele momento especial... Em outros momentos me sinto voltar no tempo quando me deparo com as pedras colossais que se incorporam à paisagem. Várias! Muitas delas! Alguém poderia perguntar: “Há alguma beleza nas pedras?” Ao que eu responderia: “Amigo, naquelas há algo de mágico, de imponente, de exuberante.” Nessas trilhas a beleza da paisagem e o prazer de pedalar não saem de graça: paga-se o preço submeter o corpo a um esforço extenuante devido à própria distância que se leva para fazer o percurso e também devido as constantes e longas subidas.



O percurso que havia escolhido para a manhã de sábado em questão era mais leve, porém não menos agradável. Lá ia eu, sozinho, cruzando rios de águas tranquilas e serenas, atravessando fazendas naquele ambiente bucólico quando, de repente, um pequeno cartaz, pregado ao tronco de uma árvore, feito de papelão e envolto em plástico me chamou atenção.   Nele estava escrito: ESTRADA NÃO É LIXEIRA.

Desci da bicicleta e, enquanto me deliciava com uns goles d’água, fiquei a meditar na frase pregada no tronco daquela árvore. Tão simples e tão importante. Pensei: “Quem pôs esse aviso aqui deveria estar participando da Rio + 20.*




Naquele momento meu pensamento voltou à cidade de Campinas. Certa feita, andava eu, tranquilamente, pelas ruas da cidade quando passou um sujeito num carrão bonito. Tomava uma lata de refrigerante ou de cerveja, não lembro ao certo. Só que quando o tal sujeito sorveu o último gole da bebida estendeu o braço pela janela e jogou a lata na rua. Engraçado que naquela hora pensei a mesma coisa, AS RUAS DE NOSSAS CIDADES NÃO SÃO LIXEIRAS! Fiquei a matutar no motivo de se jogar a lata na rua quando se poderia simplesmente colocá-la num cantinho do carro e depois jogá-la em algum lugar apropriado. Cheguei a uma conclusão óbvia: sujeito sem educação!  Noutra ocasião voltava eu para casa quando vi um grupo de adolescente com uniformes escolares, certamente haviam saído de uma escola nas proximidades, atirar uma bomba dessas do tipo dos festejos juninos, dentro de uma lixeira que ficava à beira de uma movimentada avenida. Resultado: fumaça pelos ares e uma lixeira destruída. Mas uma vez fiquei a matutar: pra que essa vontade de destruir um objeto que estava ali para deixar a cidade mais asseada, mais bem apresentável. Que noções de cidadania tinham aqueles garotos? Acabados de sair de um banco escolar será que haviam assimilado o conceito de educação? Com certeza não compreendiam que são nossos pequenos gestos que tornam o viver em sociedade mais harmonioso.




 Expandindo um pouco mais a nossa consciência havemos de ter em mente que não somos os maiorais. Somos mais uma espécie dentre tantas outras que habitam o planeta. Animais racionais? O planeta Terra não existe por causa de nós humanos. Nós é que existimos por causa dele. Sem a nossa presença ele continuará existindo como sempre existiu, talvez, ainda melhor. SALVE O PLANETA! Essa expressão se distância do aspecto heróico e adquire contornos mais dramáticos. SALVAR O PLANETA! È uma questão de sobrevivência da raça humana.

O progresso corre veloz. Avança como um foguete. A mentalidade do homem é que, ao que parece, caminha a passos de tartaruga. Os países ricos que são os que mais poluem são também quem mais relutam em desenvolver alternativas que promovam o desenvolvimento sustentável. Só agora, ao que parece, depois de muito tempo de alerta dos cientistas e da própria natureza é que sentimos que o mundo pode desabar em nossas cabeças. Mas, como diz o ditado popular: antes tarde do que nunca.


Enfim, depois destas reflexões e de uns quarenta e tantos quilômetros pedalados cheguei em casa. Enquanto tomava aquele banho relaxante pensava: “Se eu pudesse subiria ao topo do mundo e colocaria lá um outdoor com os seguintes dizeres: NOSSO AR É PRECIOSO, NOSSAS MATAS SÃO SANTUÁRIOS ECOLOGICOS, NOSSOS RIOS SÃO DIAMANTES CRISTALINOS. NOSSO PLANETA NÃO É LIXO!

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