0
Uma multidão de fãs se despede de José Wilker
Posted by Cottidianos
on
23:02
Domingo,
06 de abril
Imagem: http://oglobo.globo.com/cultura/morre-ator-diretor-jose-wilker-12102357 |
Tem
gente que parece que não gosta de despedida, então, em um belo dia, vai embora
sem se despedir de ninguém. Segue seu caminho pela eternidade, destino certo de
cada ser que habita o planeta, destino que se mostra implacável, seja para os
seres do reino animal, seja do reino vegetal. Acho que só escapam os seres do
reino mineral. Ou será que alguém já ouviu dizer que um diamante morreu?
Pois
bem, José Wilker parece que era desse tipo de pessoa que não gostava de se
despedir. Foi embora, assim, de repente. Inventou a desculpa de um tal de
enfarte fulminante e foi embora deste mundo. Wilker era um cara tão dinâmico
que, na hora de morrer, driblou até a dor. O ator morreu enquanto dormia na
casa da atual namorada, Claúdia Montenegro, no Rio de Janeiro. Quando a
namorada viu que ele não acordava, ligou para o assessor e amigo de Wilker,
Claúdio Rangel. Quem iria esperar essa partida repentina por parte desse grande
talento da dramaturgia brasileira? Afinal de contas, ele havia passado uma
sexta-feira tranquila. Saiu para jantar com a namorada, não mostrou nenhum
sintoma de que havia algo de errado com a saúde.
O casal
de namorados jantou tranquilamente e depois foram para casa, em Ipanema, Zona
Sul do Rio. De madrugada, enquanto
dormia, José Wilker começou a passar mal. Claúdia, preocupada ligou pedindo
socorro. Levaram-no para o hospital, porém, já não havia mais o que fazer.
O corpo
do ator foi velado no Teatro Ipanema, Zona Sul do Rio e milhões de fãs,
acorreram ao local para se despedir do ator. Lá, os familiares, junto com os
amigos famosos de Wilker e os fãs, prestaram suas últimas homenagens.
O Teatro
Ipanema era uma espécie de segunda casa de José Wilker. Nos anos 70, naquele
teatro, ele havia encenado peças de grande sucesso. Dentre as peças que o ator
representou no Teatro Ipanema, estão A
China é Azul e a peça que se tornou um dos maiores sucessos apresentados no
Ipanema: O arquiteto e o imperador da
Assíria. Essa peça deu a Wilker o Prêmio Molière de melhor ator. Na TV,
foram décadas interpretando bons papeis. Não me lembro de Zé Wilker,
interpretando nenhum papel medíocre. Mesmo quando o papel que representava não
tinha muito destaque, como foi o caso de sua última atuação na TV, quando
interpretou o médico Hebert Marques, na novela Amor à Vida, o ator emprestava ao personagem um ar de dignidade
que, imediatamente, o afastava da zona da mediocridade.
Após
sair do Teatro Ipanema, sob uma forte salva de palmas, o corpo do ator foi
levado para uma cerimônia de cremação no fim da tarde deste domingo (06),
também no Rio de Janeiro, na qual estavam presentes, familiares e amigos,
Diverti-me
com os bordões criados por Zé Wilker na novela Senhora do Destino, quando ele
interpretou o divertido bicheiro Giovanni Improtta, apaixonado por Maria do
Carmo (Suzana Vieira), quando ele em meio ás suas trapalhadas, soltava bordões
como: “O tempo ruge, e a Sapucaí é grande”. Irritei-me com o personagem Coronel
Jesuíno Mendonça, vivido por ele na minissérie Gabriela, baseada na obra de
Jorge Amado, quando ele se dirigia a sua
mulher, Sinhazinha Mendonça (Maitê Proença), dizendo: “Se prepare, que hoje à
noite eu vou lhe usar”.
A
trama é ambientada na prospera Ilhéus, na Bahia, na década de 1920. Era um
tempo de grande prosperidade econômica devido a grande produção de cacau que
chegava a alcançar altos preços no mercado internacional. Nessa época, o papel
da mulher era apenas a manutenção da casa e do trabalho. A mulher não tinha
direito de ter outro trabalho que não fosse esse. A elas era negado até o direito
ao prazer, daí vem o sádico bordão utilizado por Wilker. O coronel Jesuíno Mendonça
foi tão bem interpretado por ele que chegava a irritar pelo desprezo que tinha
para com a mulher.
José
Wilker fará uma grande falta na arte de representar, pois além de ser um
profissional talentosíssimo, também era um defensor da arte e da cultura e, uma
voz que se levanta em defesa da arte em um país em que arte, cultura e educação
são relegados a segundo plano, certamente fará muita falta.
A José
Wilker, dedico, abaixo, um texto do compositor, maestro e produtor inglês de
trilhas sonoras, John Powell. John é famoso por suas produções para filmes da
Disney e da Dreamworks.
***
“A
pessoa inteira é um ator, não um reator.
O
colunista Sidney Harris conta uma história em que acompanhava uma amigo à banca
de jornais.
O
amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um
tratamento rude e grosseiro.
Pegando
o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo de Harris sorriu polidamente e
desejou um bom fim de semana ao jornaleiro.
Quando
os dois amigos desceram pela rua, o colunista perguntou:
"Ele
sempre te trata com tanta grosseria?"
"Sim,
infelizmente é sempre assim".
"E
você é sempre tão polido e amigável com ele?"
"Sim,
sou".
"Por
que você é tão educado, já que ele é tão indelicado com você?"
"Porque
não quero que ele decida como eu devo agir".
A
implicação desse diálogo é que a pessoa inteira é "seu próprio dono",
não se curva diante de qualquer vento que sopra; ela não está à mercê do mau
humor, da mesquinharia, da impaciência e da raiava dos outros.
Não
são os ambientes que se transformam, mas ela que transforma os ambientes”.
Postar um comentário