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O jogo de xadrez da política
Posted by Cottidianos
on
18:54
O cenário político brasileiro anda em
ritmo frenético, às vezes como se fosse o epílogo de uma novela dramática, às
vezes como se fosse o final de um policial.
Comecemos pela morte da ex-primeira dama, Marisa Letícia,
esposa do ex-presidente Lula, aos 66 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral
(AVC). Marisa faleceu em São Paulo na sexta-feira (3), no Hospital Sírio Libanês.
Ela estava internada naquele hospital desde o dia 26 de janeiro, após o
rompimento de um aneurisma ter provocado um acidente vascular cerebral. O corpo
de D. Marisa foi velado em São Bernardo do Campo, cidade na qual também foi
cremado. O velório foi encerrado com um discurso de Lula.
Dona Marisa Letícia acompanhou toda a
carreira do marido, primeiro como esposa de um sindicalista que ajudou a fundar
um grande partido, hoje afundado em escândalos da mais alta gravidade, e depois
como esposa do presidente da nação. Uma coisa se pode afirmar dela com certeza:
discrição. Nos dois mandatos em que o marido esteve à frente do comando da nação,
não se ouviu dizer que ela tenha se envolvido em alguma polêmica, ou dados
declarações polêmicas, ou coisas desse tipo.
É uma pena que uma mulher com um
histórico de vida tão bonito tenha feita a passagem para a vida eterna em meio
a escândalos e denúncias de corrupção envolvendo ela mesma, seu marido, e seus filhos.
D. Marisa havia se tornado ré em processo da Lava Jato, em um processo em que o
marido também figura como réu. Não se pode dizer dela que tenha passado os
últimos dias de sua vida na tranquilidade. Mas, enfim, fez a passagem, e os
segredos do lá não nos cabe conhecer no tempo presente, sendo que, para cada um
de nós, há um tempo destinado para isso. Eis porque é bom refletirmos muito bem
em nossas ações cotidianas, pois são as nossas pequenas ações diárias que
tecerão o manto que, um dia nos cobrira de glória, ou de vergonha, perante o
supremo criador.
Uma coisa nos deixa certo mal estar. É que,
nem mesmo na morte da ex-primeira dama, os seus mais próximos aproveitaram para
uma retomada de consciência, ao contrário, continuaram com seu jogo hipócrita
de acusações vãs. No discurso que fez no encerramento do velório, Lula disse
que Marisa foi vítima de atos de canalhice, imbecilidade, e maldade. Do mesmo
pensamento partilham seus correligionários ao dizer que Marisa Letícia foi
vítima de perseguição política.
Percebem: o discurso de Lula é o mesmo
em todos os momentos: o de alguém que se sente perseguido, nunca o discurso de
alguém que cometeu uma falha, ou ato impensado. Isso é perigoso, pois pessoas
que se colocam acima de todo o bem e todo o mal, podem manipular aos menos
desavisados, a qualquer tempo e a qualquer hora.
Assim como causa mal estar certas piadas
que circulavam na internet a respeito do estado de saúde da mulher de Lula
antes, e agora depois de sua morte.
Em Minas Gerais, um procurador do Estado,
chamado Rômulo Paiva, fez uma postagem ofensiva a Maria Letícia por ocasião da
piora de seu estado de saúde. “Morre logo, peste! Quero abrir logo o meu
champagne!”, escreveu ele na rede social. De quebra, ainda sobrou para a ex-presidente,
Dilma Rousseff. O procurador, a respeito da ex-presidente, deu uma ideia
desumana: “um banho de gasolina em Dilma Rousseff e tacar fogo”.
Em que sociedade estamos vivendo? Afinal
trata-se de seres humanos. Há que se ter respeito. Não se pode postar qualquer
coisa, a qualquer tempo e hora nas redes sociais. Até porque, na nossa condição
de humanos, não sabemos o que o amanhã nos reserva, pois, se hoje atiramos
pedras, amanhã, pedras podem ser atiradas em nós. A Corregedoria-Geral do
Ministério Público de Minas Gerais vai investigar a conduta do procurador.
Continuando no campo da política, houve
eleição no Senado, e na Câmara dos Deputados, e nas duas, o governo se deu bem,
como diz o ditado popular, “está com a faca e o queijo na mão”.
No Senado, venceu Eunício Oliveira,
(PMDB-CE), mantendo, desse modo, o comando do Senado, nas mãos do PMDB. Na Câmara
dos Deputados, após certa polêmica, se ele poderia ou não concorrer, venceu
Rodrigo Maia, que assumia, até então, um mandato interino.
E porque o governo está com a faca e o
queijo na mão? Porque os vencedores, que eram favoritos, e confirmaram seus
favoritismos, dão uma base sólida de sustentação ao governo. Em um momento crítico
no país, e nas instituições, eles podem dar ao governo, importantes vitórias.
E há pautas importantíssimas a serem
votadas no Senador, como por exemplo, a Reforma Previdenciária, a Reforma
Trabalhista, e a Reforma Fiscal.
Algumas atitudes do governo Temer
provocam estranheza e inundam de nevoas a transparência de seu governo, e, consequentemente,
seu desejo de que a Lava Jato prospere. Foi assim com os seus ministros e
auxiliares que caíram por corrupção: temer os segurou até o último momento. Apenas
quando a situação já era irreversível, e
com riscos de respingar no governo, é que Temer os demitiu.
Com Moreira Franco, Temer agiu um pouco
mais rápido na ação de “salvamento” do amigo. O político havia sido citado
dezenas de vezes nas agora oficializadas delações da Odebrecht. Se o governo
Temer prezasse os valores da transparência, teria escolhido um ministro sobre o
qual não pesassem suspeitas, mas Temer não agiu dessa forma. Ele nomeou Moreira
Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Com isso o novo ministro
recebe foro privilegiado. Digamos assim: um grande presente recebido das mãos
do presidente.
Dois pesos e duas medidas. Sempre dois
pesos e duas medidas. Lembram-se de quando Lula foi nomeado por Dilma para
ministro da Casa Civil, ao que tudo indica para ganhar a condição de foro
privilegiado? Armou-se uma confusão enorme e nomeação de Lula acabou não sendo
oficializada.
A situação agora não é diferente, apesar
do governo dizer que é, que Moreira Franco já estava fazendo parte do governo,
e bla, blá, bla.
Olhando de longe, a impressão que dá é a
de que estamos sendo governados por máfias. Máfias, silenciosas, perigosas,
poderosas, e para que o Brasil mude de fato, temos que ter à frente de nosso
país, país políticos que sirvam à nação, e não que a dilapidem.
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