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De braços dados com a roubalheira
Posted by Cottidianos
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00:29
Quinta-feira, 16 de fevereiro
Finalmente, uma voz ponderada na justiça
levanta seu martelo, e toma uma decisão acertada, e coerente com o que a Folha
e o Globo queriam ouvir, e que também era a decisão que o país esperava que
fosse tomada.
Após a reportagem que mostrava o caso do
hacker que ameaçou contar segredos do presidente Temer, e chantagear Marcela Temer,
Folha e O Globo foram censurados. A Folha recorreu da decisão judicial. Nesta
quarta-feira (15), Arnoldo Carmanho de Assis, desembargador do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal suspendeu os efeitos da liminar que proibia a
publicação de notícias relacionadas ao assunto, e obrigava o jornal a retirar
da página online a reportagem já publicada relativa ao tema tratado.
O desembargador entendeu que a liminar
dada na sexta-feira (10), por Hilmar Raposo Filho, juiz da 21a Vara
Cível de Brasília, é inconstitucional por violar o princípio da liberdade, peça
fundamental do Estado de Direito. Segundo esse raciocínio, o desembargador
argumenta que não cabe aos órgãos estatais, estabelecer o que deve e o que não
deve ser publicado pela imprensa.
Essa foi uma notícia que trouxe certo
alívio por afastar o fantasma da censura.
Outra notícia, trouxe ao país o
sentimento de que a balança da justiça cega do Supremo tende a ter, em alguns
momentos, dois pesos e duas medidas.
Depois do anúncio, feito por Temer, de
Moreira Franco como ministro do recriado Ministério da Secretaria-Geral da
Presidência da República, e da guerra de liminares que se sucederam a esse
anúncio, derrubando,e confirmando Franco como ministro, o ministro da mais alta
corte do país, Celso de Mello, confirmou a decisão de Temer em nomear Moreira
Franco. Foi uma decisão monocrática e o caso ainda irá ser votado em plenário
do STF.
Apenas a decisão de Celso de Mello já arranha
a imagem do Supremo, e se essa decisão for, realmente, confirmada em plenário,
a imagem da instituição ficará ainda mais arranhada.
A decisão de Temer de nomear Moreira
Franco parece uma clara tentativa de blindar o amigo, pois, como todos sabem,
ministro do governo tem direito a foro privilegiado. Moreira Franco havia sido
citado nada menos que 34 vezes em delações premiadas da Odebrecht. E é possível
que logo caia nas malhas da justiça. Então dar-lhe de presente o foro privilegiado
a um bom amigo e fiel colaborador é uma atitude compensadora.
A guerra de liminares contrárias à
nomeação do ministro alegava desvio de finalidade na nomeação feita por Temer.
Lembrem-se de que esse foi o mesmo argumento usado pelo ministro Gilmar Mendes
quando em março do ano passado, Dilma quis nomear Lula como ministro. Nesse
caso, Lula já era investigado na Lava Jato, mas pesando bem a situação, há mais
semelhanças que diferenças nas duas situações.
É impressionante a capacidade que Temer
tem de trazer para junto de si colaboradores citados e envolvidos em casos de escândalos
e corrupção. E mais impressionante ainda é a capacidade que ele tem de proteger
tais colaboradores. É igual galinha que põe suas pequenas crias debaixo das
asas... E aí de que ameaçá-las.
É constrangedor para os brasileiros e
brasileiros que querem ver o Poder Executivo caminhar no sentido favorável aos
ventos da transparência, ver que o presidente escolhe como ministro alguém tão
citado nas delações premiadas que envolvem o maior escândalo de corrupção. Tudo
bem que são citações, mas como diz o ditado popular “onde há fumaça há fogo”. E
de outra parte... Ser citado uma vez que seja já é constrangedor, imaginem ser
citado 34 vezes, ai então deve ter muita fumaça mesmo.
O que o Brasil espera é que este não
seja o entendimento da maioria dos juízes do Supremo. Sempre resta uma
esperança...
Se essa confirmação de Moreira Franco
como ministro causa constrangimento, outra causa o sentimento de indignação.
A imagem que o país está aprendendo a
formar de nosso Congresso é que aquilo ali, meu amigo, minha amiga, é cobra
engolindo cobra, e raposa protegendo raposa.
O Senador Romero Jucá, que está longe de
ser um modelo de virtude, de ética, e de moral, que responde na justiça por
atos cometidos antes do mandato, que é citado na Lava Jato, e que já foi pego
com boca na botija querendo abafar, matar, assassinar a Operação Lava Jato, teve
a audácia de apresentar um projeto que visar proteger os presidentes da Câmara
dos Deputados, e do Senado, também eles citados na Lava Jato. Só pra lembrar a
todos, Jucá é líder do governo no Congresso.
E
pasmem os Srs. que a proposta recebeu o apoio de 28 senadores de nove partidos.
O descarado projeto parte do princípio
de que, hoje, pela Carta Maior de nosso país, o presidente da nação não pode
ser responsabilizado por crimes cometidos antes do mandato.
Espertamente, Jucá, leia-se nas
entrelinhas, o governo, quer estender tal benefício também aos presidentes da
Câmara e do Senado. Desse modo, Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, e
Eunício de Oliveira (PMDB), presidente do Senado, citados na Lava Jato, não
poderão responder pelos crimes de que são acusados, pois os mesmo foram
cometidos antes de assumirem os seus respectivos mandatos.
Num momento em que os brasileiros
esperam que o seus governantes deem as mãos aos ideais de ética, justiça,e moralidade,
é revoltante que os seus representantes façam justamente o contrario: dar às
costas ao povo, e caminhar de mãos de dadas com a corrupção e com a
roubalheira.
E pensar que o senador Romero Jucá, já responde
a oito inquéritos no STF.
É assustador pensar que todas as ações
que temos visto ultimamente caminham no sentido de inibir e acabar com a Lava
Jato.
Mais uma vez, eu pergunto, Vem Pra Rua e
Brasil Livre cadê vocês? Porque estão quietos, e por que motivo não organizam
as gigantescas manifestações contra a corrupção?
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