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Eventos esportivos: um legado que não aconteceu
Posted by Cottidianos
on
00:04
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Antes de ir ao objeto desta postagem,
compartilho duas informações:
Primeira: a partir de zero hora deste
domingo, terminou o horário de verão, e os relógios devem ser atrasados em uma
hora, nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A outra informação é que, navegando essa
semana pela Internet, absolutamente por acaso, encontrei uma notícia que deve
ser compartilhada com os leitores do Cottidianos.
Quando comecei a escrever este blog
pensava apenas em fazê-lo circular entre os amigos mais próximos, porém ele já
ultrapassou as fronteiras do país, e do continente.
Durante a navegação citada acima,
cheguei ao site webstatsdomain.org, um serviço on-line gratuito que coleta e
analisa todos os dados sobre domínios na Internet. O referido site faz
avaliação de websites em todo o mundo. Para minha surpresa, descobri que o blog
está muito bem avaliado pelo site. Entre 30 milhões de domínios na web, o
Cottidianos está na 298a posição entre os mais visitados no mundo.
Não é uma primeira, nem quinta colação, mas em um universo de 30 milhões, é
como o blog estivesse entre os cinco primeiros colocados.
O Webstatsdomain também avaliou que o
blog é de navegação 100% segura, em dados informados pelo Google, AVG, Macfee,
e Wot.
Apesar de o site apontar o Brasil como a
principal fonte de acessos ao blog, ressalto que ele vem recebendo cada vez
mais visitantes fora do país.
O Webstatsdomain não é um site
brasileiro, e as informações estão escritas em inglês. Segue o link para
consulta:
Essa boa avaliação do site se deve aos
caros leitores e leitoras que acompanham, e confiam no trabalho de informar
desenvolvido por este blog. A todos e todas vocês, muito obrigado.
Dito isto, passo a tratar das mazelas do
nosso país, que, diga-se de passagem, não são poucas.
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Piscina abandonada no Parque Olímpico/RJ |
É impressionante a capacidade de
ingerência dos gestores da coisa pública. É como se eles construíssem pontes
que ligam nada a lugar nenhum. E isso antes fosse metafórico, mas é uma
realidade em nosso país.
Nas manchetes de jornais, vez em quando
surgem casos hilários como esse. Só para citar um bem atual, no estado do Rio
Janeiro, na cidade de Itaperuna, foi construída uma ponte que ligaria os
bairros Frigorífico e Carulas, aos bairros Aeroporto e Matadouro. Já foram
investidos R$ 14 milhões na ponte que, literalmente, liga nada a lugar nenhum.
Um fortuna investida em uma obra que não serve para absolutamente nada.
Se o Brasil fosse uma selva nela haveria
tantos elefantes brancos que não sobraria espaço para mais nenhum bicho além
das raposas e cobras, que por aqui também existem em grande quantidade. Aliás,
desconfia-se que sejam as raposas e cobras que geram tantos elefantes brancos.
E onde estão os órgãos fiscalizadores
governamentais que não veem esses absurdos e embargam as obras, ou não fazem
com que esse dinheiro jogado fora volte para os cofres públicos? Sim, pois para
algum lugar vai o dinheiro dessas obras superfaturadas.
Com os desdobramentos da Operação Lava
Jato — a quem os políticos de todos os partidos querem ver morta e enterrada —
hoje sabemos para onde vai toda essa fortuna que deveria estar servindo ao bem
da nação.
Apenas para fixar a ideia do que vou
falar a seguir, convido-os a olhar para o dicionário no vocábulo: legado. O
dicionário Michaelis apresenta para este vocábulo a seguinte definição “Aquilo que alguém transmite ou deixa a outro”.
Em se tratando de legado esportivo fomos
completamente enganados. Que legado nos foi deixado?
Quando se cogitou da realização de
grandes eventos esportivos em nosso país, a justificativa dada para a gastança
de dinheiro que se efetuaria foi a de que estes grandes eventos nos deixariam
uma herança.
Após a realização dos mesmos, eu pergunto
a vocês: que legado para a nação foram deixados por eles, além das obras
inacabadas, dos grandes estádios — que custaram fortunas para serem erguidos —
que não servem para coisa alguma.
A questão é que muito foi prometido e
pouco foi entregue, tanto por parte do poder público, quanto do COI (Comitê
Olímpico Internacional).
O Brasil recebeu os Jogos Pan-Americanos,
a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, e os Jogos Olímpicos. Grandes
eventos, sem dúvida, que deveriam ter deixado como herança excelentes e arrojados
centros de treinamento para os nossos atletas, e arrojada infraestrutura para
os habitantes das cidades.
Mas se nem o maior símbolo do esporte
brasileiro, o Maracanã, recebeu a atenção devida, imagine os outros esportes
que não recebem tanta atenção da mídia quanto o futebol.
Assunto já tratado em uma das postagens
deste blog, o Maracanã, palco da festa de abertura memorável dos Jogos
Olímpicos, está hoje ao abandono. O templo do futebol está às voltas com uma
queda de braço entre o Comitê Rio 2016, e a empresa responsável pela gestão do
estádio. A empresa quer que o Comitê assuma os reparos que precisam ser feitos.
O Comitê por sua vez diz que está endividado e o dinheiro que tem já está
destinado aos fornecedores.
Enquanto isso o governo do Rio de braços
cruzados, e sem saber para onde correr diante da crise que o estado atravessa,
espera uma nova licitação para resolver o problema.
O Parque Olímpico, construído no Bairro
da Tijuca, área nobre do Rio, é uma imagem opaca retratada num Rio à beira da
falência, sem dinheiro para pagar funcionários públicos, e deixando ao léu às
áreas de saúde, educação, e segurança.
Os eventos esportivos que deveriam estar
acontecendo por lá, seriam inexistente, não fosse um campeonato de vôlei de
praia ocorrido por lá depois dos jogos. A piscina olímpica onde a lenda americana
Michael Phelpis escreveu seu nome com letras de ouro, abandonada e suja, está irreconhecível,
tornando-se um ambiente perfeito para os mosquitos, que podem se tornar
ameaçadores ao difundir doenças como a dengue.
As arenas, 1, 2, e 3, chamadas de
instalações permanentes estão fechadas. A Arena 1 que estava prometida para se
tornar um Centro de Treinamento Olímpico (COT), nem tem previsão de início
desse projeto. A promessa para a Arena 3 era ser transformada em escola, o
projeto também está parado, e sem previsão de andamento. Outras áreas do Parque
que eram promessas de alguma coisa, continuam promessas, e nada se tornou em
realidade. A única realidade, no momento, é o descaso.
O que faltou à administração pública foi
um plano para o que fazer antes e depois dos jogos no aproveitamento das
estruturas já montadas. Aliás, no Brasil falta planejamento pra tudo. Talvez porque
as salas e gabinetes estejam ocupadas, com seus ocupantes planejando a melhor
forma de pagar, ou receber propina.
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