0
Males que vem para bem
Posted by Cottidianos
on
00:19
Segunda-feira,
28 de novembro
Renan Calheiros, Michel Temer, e Rodrigo Maia. |
Na
postagem do dia 24 de novembro este blog apresentou as 10 Medidas Contra a
Corrupção: um pacote de medidas de iniciativa do Ministério Público Federal. Essas
10 medidas possuem o objetivo de moralizar o nosso país, trazendo a toda a
sociedade brasileira, mais ética e transparência.
Ora
essas medidas não nasceram do nada. Elas tiveram origem a partir das
investigações da Operação Lava Jato. Deparando-se com tanta lama podre que
escorria nos subterrâneos da política, os Procuradores do MP, que atuam na Lava
Jato chegaram a uma conclusão a qual já chegamos todos nós: do jeito que está
não pode ficar.
A partir
dessa constatação, eles, com a colaboração de especialistas de todo o país,
elaboraram o texto. Após a redação do mesmo, o pacote com as 10 medidas seguiu
para Procuradoria Geral da União para que fosse revisada. Após isso, o texto foi submetido a uma
consulta popular, e o pacote com as 10 medidas contra a corrupção foi então
fechado. O pacote foi então apresentado à sociedade em forma de projeto de lei
de iniciativa popular, ocasião na qual foram recolhidas dois milhões de
assinaturas.
A iniciativa
do MP foi também bastante explorada em palestras por todo o país, explicando o
que era e como funcionava. Levado a
Câmara dos Deputados, o projeto de lei ganhou um relator que analisaria o texto
para aprovação ou não do texto. O projeto apresentado pelo MP foi então
modificado, e, àquelas 10 medidas originais foram apresentadas outras oito. Em vez
de 10, o pacote passou a ter então 18 medidas.
Em
contexto de Operação Lava Jato, na qual há grande número de políticos
envolvidos, a luta contra a corrupção ganha um caráter de urgência. E ela não é
uma luta do Ministério Público, nem da Polícia Federal, é uma luta de toda a
sociedade brasileira, de toda essa nação verde e amarela.
É uma
luta cheia de artimanhas e que merece muita atenção por parte de todos nós,
pelo fato de ser uma luta para que se criem e aperfeiçoem leis, por aqueles que
fazem a lei.
O problema
é que aqueles que fazem a lei, a grande maioria deles, foram os que cometeram
crimes. É certo que, nem vacilo da sociedade, eles queiram legislar em causa
própria para livrar-se da justiça.
Essa
tentativa de abafar a Operação Lava Jato, e de usar a lei para livrar-se dos
crimes de corrupção já ocorreu por diversas vezes por parte da elite política
dirigente de nosso país, seja através de conversas e conluios revelados em
escutas telefônicas legais, ou no próprio ambiente de sessões legislativas onde
os deputados, às pressas, e às escondidas tentaram votar projetos de lei que
apenas beneficiária eles mesmos. E só não conseguiram porque a sociedade e a
imprensa fizeram grande pressão.
Eles
já tentaram legislar em causa própria quando tentaram modificar o acordo de
leniência de empresas envolvidas nas investigações da Lava Jato, de uma forma
que anistiaria essas empresas de crimes. Tentaram votar o projeto que criaria
os crimes de responsabilidade para juízes e promotores, e também querem anistiar
o crime de caixa dois de campanha eleitoral.
Todas
essas iniciativas amarrariam as mãos dos Procuradores, e dos juízes, que,
assumiram a difícil missão de levar adiante a Lava Jato, e daria tranquilidade
aos políticos envolvidos em crimes de corrupção, pela certeza de que seus
crimes não seriam punidos.
O projeto
de criminalizar caixa dois não é uma criação do MP. Essa medida já existia no âmbito
da legislação eleitoral, mas as penas eram tão suaves, quase inexistentes para
esse crime, que ninguém dava a mínima para elas. E continuavam abastecendo suas
campanhas com dinheiro sujo, que tanto poderia vir do desvio de dinheiro do patrimônio
público, como do tráfico, ou de outra fonte ilícita. De que maneira provar
então que o dinheiro vinha dessas fontes?
O que
o MP sugere é que as penas para o crime de caixa dois de campanha sejam mais
rigorosas. O aumento das penalidades não anistia quem praticou esse crime após o
projeto virar lei.
E os
Srs. deputados e senadores querem justamente o contrário. Eles — que tanto se
fartaram e abasteceram seus bolsos e suas campanhas eleitorais com dinheiro de
origem duvidosa — querem que a nova mudança sirva apenas para os crimes
praticados depois da aprovação da lei. E todos os crimes que foram cometidos
antes dela se tornariam inexistentes. Uma boa para os corruptos, uma injustiça
contra o país.
Esse
projeto quase foi votado na semana passada. O relatório do deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), foi aprovado com 12 propostas, e os deputados corriam para
a apressar a votação do projeto no plenário da Câmara, justamente, colocando
prioridade para esse item de anistia ao caixa 2. Diante da pressão de alguns
partidos, da sociedade, e da imprensa, a votação foi adiada, e ocorrerá essa semana. Era consenso entre as elites
dirigentes que a anistia seria concedida, dando assim, os políticos, às costas
para o seu compromisso com os que o elegeram.
Entretanto
os ventos do destino fizeram com que o ministro Gedel Vieira Lima,
protagonizasse um escândalo, no qual também foi envolvido o nome do presidente
Michel Temer.
Então
o presidente, que também defendia a anistia, mudou de ideia e agora conclama os
seus pares: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do senado, Renan Calheiros,
a não apoiar nenhuma proposta de anistiar crimes de caixa dois de campanha
eleitoral.
A
queda de Gedel foi um mal para Temer, que reverteu em bem para o Brasil. Pois querendo
suavizar a citação de seu nome no escândalo, o presidente pousou de bom moço,
junto com os presidentes da Câmara e do Senado, e fizeram aquilo que não queriam
fazer.
Srs.
políticos, a sociedade está de olhos em vocês.
Postar um comentário